Minha Namorada Contratada escrita por pequenaapaixonadaporletras


Capítulo 4
As Decisões


Notas iniciais do capítulo

Capítulo para a Patty Lima, que fez um review tão pequeno, porém tão significativo. Espero que todos gostem.



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E lá estava eu, observando Bankotsu encarar o relógio com ferocidade. Como se fosse culpa do relógio que Kagome estivesse atrasada para o nosso almoço. Não que eu também não estivesse com raiva dele. O viado estava andando mais devagar de propósito, só pode!

– Ela já deveria ter chegado. - disse Bankotsu com um muxoxo.

– Acalme-se. - falei, controlando minha voz.

A verdade é: eu odeio esperar. Acho uma falta de respeito e de consideração deixar pessoas esperando. Quem diabos aquela puta pensa que é, para me deixar esperando? Quando ela chegar, vou lhe tratar com uma frieza até hoje desconhecida pelo universo. Kagome me paga.

– Ela me mandou um SMS. - disse Bankotsu, olhando o celular.

Fiquei tentado a pedir que ele lesse o SMS em voz alta. Porém, além de não querer que Bankotsu percebesse que eu estava interessado, também não queria que Kagura o percebesse. Ela estava lá, é claro, com os olhos me fitando por cima do cardápio que fingia examinar. Perguntei-me se ela percebia o quão ridículo era o papel que estava desempenhando, ali. Ao ponto de me fazer precisar de uma namorada fajuta. Embora esse plano me pareça cada vez mais idiota.

Respirei fundo e então peguei o meu suco de maracujá, dando uma longa golada no mesmo. De repente, os homens do local pareceram bem interessados em algo, ao ponto de praticamente todos virarem para encarar o mesmo ponto. Fiquei tentado a me virar, porém, permaneci quieto, com os sentidos apurados.

– Kagome! - chamou Bankotsu, acenando e sorrindo para o ponto que todos encaravam.

Ouvi passos de salto no silêncio que se instalou no local. Toc, toc, toc, no chão, batidas que se repetiam num ritmo hipnotizante, e que se aproximavam de mim. De repente, senti uma mão pousar suavemente como uma borboleta em meu ombro esquerdo. Ao olhar para quem estava ali, quase cuspi o suco que estava em minha boca.

Kagome não precisa estar vestida com trajes de dançarina para ser bela ou sexy. Puta. Estava usando um terno preto e uma saia lápis também preta, com uma blusa rosa-claro com um decote redondo que, infelizmente, não mostrava muito. Os sapatos que eu havia ouvido pareciam instrumentos de tortura medieval e a faziam ficar quase do meu tamanho. Maldita. Como sabia que ficava tão bem de preto? E por que diabos ela havia prendido o cabelo num coque e, me expliquem, por que porra ela está usando óculos com armação de tartaruga?

– Boa tarde, senhores. – disse ela.

Desde quando ela tinha essa voz tão controlada, tão suave?

– Boa tarde, senhorita Kagome. – sorriu Bankotsu – Junte-se a nós, por favor.

– Agradeço. – respondeu ela com simplicidade enquanto sentava numa cadeira entre mim e Bankotsu na mesa quadrada.

– Vamos aos negócios? – perguntei.

Ah, ela não havia sido perdoada ainda. E fiquei orgulhoso do tom frio e desinteressado com o qual lhe dirigi a palavra.

– Antes de começarmos, peço perdão pelo atraso. Estava agora passando um contrato importante a limpo. – ela esclareceu e eu fingi que não ouvia – Em seis línguas diferentes.

Maldita. Puta. Vagabunda. Filha de chocadeira. Por que tinha que ter uma desculpa dessas?

– Naraku ainda anda lhe entupindo de deveres, Kagome? – perguntou Bankotsu gentilmente.

– Faz parte do trabalho. – ela disse, erguendo a mão após uma breve examinada no cardápio – Bife à parmegiana, com arroz e salada de alface.

– Nada mais, senhorita? – perguntou o garçom com um sorriso.

Todos falam das garçonetes. Que são atrevidas, dadas, sem-vergonha... Mas nunca viram um garçom olhar para uma executiva bonita que não tem medo de pedir algo um tanto mais gorduroso.

– Na verdade, sim. Um copo de refrigerante de 500 ml e um cappuccino grande para a viagem, mas deixe o cappuccino para o final, junto com a sobremesa, por favor. – disse Kagome com simplicidade.

– E qual seria a sobremesa? – perguntou o homem.

Quase pude vê-lo adicionando “Pode ser eu” no fim da frase. Embora, com aquele jeito de olhar dele para ela, creio que todos puderam ver.

– Um mousse de maracujá. – ela devolveu o cardápio e inclinou-se sobre a mesa, olhando Bankotsu nos olhos – Vamos ao trabalho?

– Traga para mim mais um copo de suco. – pedi ao garçom, o encarando.

Creio que ele viu a sua deixa. Com mais um último olhar pertinente para Kagome, ele deixou a nossa mesa.

– Gostaria de ter tido mais tempo para analisar as opções, porém, creio que não mudaria nada. – começou Kagome – Sinto que não vai ser possível realizar esse pedido seu, Bankotsu.

– O quê? – perguntou Bankotsu.

Eu vi, pelo rosto dele, que ele pensava que Kagome era capaz de tudo. Era como se alguém tivesse lhe contado que o papai Noel não existia, ou então que os filmes da sua saga predileta foram cancelados. Ele estava mais que decepcionado, estava incrédulo.

– As minhas colegas são respeitáveis. Mencionei isso do melhor jeito possível, e mesmo assim, todas elas recusaram. Algumas até acharam interessante, porém, ao descobrirem da perseguidora, ficaram com medo e decidiram não participar do plano mirabolante. – ela esclareceu.

– Mas, Kagome... – falou Bankotsu, ainda incrédulo.

Ela respirou fundo. Então, pousou os olhos castanhos em mim por um longo momento. Eu estava comendo calmamente quando ela passou a me encarar. Encarei-lhe de volta, erguendo uma sobrancelha, e ela suspirou. Devagar, olhou com calma para Bankotsu.

– Bankotsu, isso é realmente importante para você? – perguntou Kagome.

– Sim. Embora seja problema de Sesshoumaru, me afeta também. – ele esclareceu – Eu quero meu companheiro de farras de volta.

– Quão importante é isso para você? – ela insistiu.

– Extremamente. – ele afirmou.

– Bem, existe somente uma pessoa louca o suficiente para aceitar esse tipo de proposta. – o rosto de Bankotsu se iluminou – Eu.

Ah, eu gostei da idéia. Uma namorada, mesmo que fajuta, sendo a Kagome, era uma idéia deliciosa. Porém, Bankotsu quase ficou branco. Ele não esperava que ela se oferecesse, podia ver isso estampado em seu rosto.

– Seria um favor para um amigo, e não vou aceitar nenhum pagamento. – ela esclareceu – Porém, estaria à disposição do Sesshoumaru quando ele precisasse dispor da minha presença.

Ah, mulher, não diga que estaria à minha disposição sempre que eu quisesse. Você está pedindo que eu pense besteiras.

– Não precisa ser você, Kagome. – disse Bankotsu num fio de voz.

– Você não estava tão empenhado nesse plano? – perguntei.

Porém, fomos interrompidos quando o garçom voltou com um grande sorriso. Filho da puta, não entendeu ainda que ela não é da sua laia? Mas por que isso está me incomodando, de qualquer forma? Kagome sorriu levemente ao pegar o garfo e a faca, feliz. Mesmo sendo uma mulher japonesa, cortou um pedaço do bife com requinte e o levou a boca com uma expressão feliz. Ao acabar de mastigar, fez uma crítica positiva ao garçom, que lhe sorriu ainda mais.

– Obrigado. – disse ao garçom, enquanto recolhia eu mesmo meu suco da sua bandeja.

– Algo mais? – perguntou ele.

Sim, que você saia de perto de nós e, de preferência, não apareça nunca mais, pensei. Mas é claro que o que saiu da minha boca foi um simples e educado:

– Não, obrigado.

Ele sorriu para Kagome mais uma vez e se retirou.

– Se me permitem, eu já lhes dei uma solução para o problema. Creio que estejamos sendo seguidos pela amante de Sesshoumaru. Sugiro que resolvam isso logo e com grandes sorrisos. Vou comer enquanto isso. – ela sorriu para nós dois e começou a comer.

– Você não está falando sério! – exclamou Bankotsu.

– Por que a idéia lhe traz tanto repúdio, Bankotsu? – perguntei friamente.

– Porque ela é uma mulher ocupada, também. – disse ele, nervoso, enquanto olhava para o lado.

– Contanto que possa dar a notícia de que estou namorando para as minhas colegas... Elas andam pegando no meu pé ultimamente sobre isso. – disse Kagome enquanto cortava mais um pedaço de bife – Seria conveniente para ambas as partes. Mas, já vou avisar: nada de sexo. – ela disse, me olhando.

Mulher, você realmente quer que eu pense essas coisas, pensei. É a única explicação. Bankotsu agora definitivamente estava branco. Ele parecia completamente chocado, sem palavras para nada.

– Eu aceito sua proposta. – falei, por fim.

Bankotsu me encarou, aterrorizado. Nem eu sabia por que havia feito aquilo. Era-me conveniente, claro. Fora que, quanto mais sabia de Kagome, mais queria saber. Essa é a primeira vez que eu encontro uma mulher que parece ter potencial. Se não a fizesse minha amiga, pelo menos teria uma ótima sócia, no futuro. Ou, quem sabe, uma esposa gostosa para caralho. Espera, quem estava pensando em casar?

– Tudo bem. – concordou Bankotsu, por fim.

Kagome me lançou um sorriso cúmplice.

– Espero que esteja livre hoje à noite, amor. – ela piscou, acariciando a última palavra com a voz, a tornando sexy.

E então, eu tive um lapso. E me decidi: eu ia levar Kagome para a cama. Ninguém mandou que ela provocasse a onça com a vara curta.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?