Notas Mortais escrita por Ryskalla


Capítulo 1
O Poder do Criador


Notas iniciais do capítulo

É, estou fazendo minha estréia no mundo do "terror" XD Espero que esteja começando bem ^^



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A coisa engraçada é que nunca dá para saber quando é que ele vem. Digo, esse poder. O Poder do Criador. Você só sabe mesmo quando ele se manifesta após pensar em alguma coisa.

E então essa coisa aparece na sua frente. Tal como você imaginou.

É um poder muito útil se você quer criar um delicioso pote cheio de sorvete de morango, ou uma bolsa carregada de notas de cem reais. Ou mesmo a garota dos seus sonhos, infelizmente eu não cheguei a pensar nisso.

Devo dizer que foi um dia maravilhoso, porque estava quente e eu queria uma casquinha. A casquinha simplesmente surgiu na minha mão e foi algo, não sei explicar sem falar uma palavra bem feia. Digamos que é aquela famosa palavra que inicia com a letra F. Tipo foca e acho que já entenderam.

Eu imaginei uma bicicleta e lá estava ela. Era como se eu fosse o rei do universo, poderia criar o que eu quisesse... O que eu quisesse...

Minha mãe não estava em casa quando cheguei, segundo o bilhete, parecia que meu avô tinha piorado e ela foi para casa dele. Naquela noite eu iria dormir sozinho em casa. Ótimo, pensei, não precisarei esconder meu poder.

O grande problema estava no fato de que eu não conseguia pensar. Meu pensamento estava limitado à pergunta: O que eu posso pensar? Era como se todas as coisas maneiras sumissem da minha mente. E havia claramente outro problema: Eu não poderia simplesmente pensar em qualquer coisa. Era um poder perigoso, e se eu pensasse em algo que pudesse me matar? Como naqueles filmes de terror onde uma criatura macabra aparece no espelho e uma música sinistra começa a tocar...

Fiquei com medo de olhar para o espelho. Tinha medo de ver algo nele, corri para a minha cama. Os nossos pensamentos podem matar a gente. Escondi meu rosto no cobertor e imaginei novamente uma casquinha: nada. Respirei, aliviado. O poder fora embora. Inexplicável como a sua chegada.

Bem, talvez eu tivesse imaginado tudo aquilo.

Havia um som. É minha mãe, pensei, está ligando para saber se estou bem. Demorei um pouco para levantar da cama. Ainda não me sentia confiante para ir até a sala. Foi terrivelmente frustrante ao chegar lá ver que o telefone não havia tocado. Bom, não até aquele momento. Seu toque estridente me assustou e eu imediatamente atendi.

Nossa, atendeu rápido. — Minha mãe estava com uma voz levemente divertida. — Você geralmente deixa o telefone tocar até quase cair a ligação.”

É que eu pensei ter ouvido o telefone tocar antes. — Resmunguei impaciente, queria saber sobre meu avô. — Como está o meu vô?”

“Foi só um susto, ele está bem agora, mas acabei perdendo a hora. Fiquei conversando com a Vitória, tudo bem se voltar só amanhã?

“Bem, esse era o combinado inicial, não?”

“Verdade. — E soltou uma curta risada. — Está tudo bem por aí?

“Sim, sim.”

“Ok, então. Durma bem, filho. Beijinhos.”

“Beijinhos.”

Desliguei e ouvi novamente o barulho. Estava um pouco baixo para eu saber o que era. Casquinha. Nada. Aparentemente eu estava seguro.

Só aparentemente.

Quando eu passei pelo corredor fiz a besteira de olhar para o espelho do banheiro e lá estava ela. Bom, na hora eu não sabia que era ela. Apenas vi um vulto e corri para a segurança da minha cama, fiquei embaixo do cobertor.

Quem foi o idiota que nos iludiu afirmando que os cobertores nos protegem de alguma coisa?

Minha respiração estava acelerada e o barulhinho aumentava. Era uma caixinha de música. Uma maldita caixa de música. Olhei para a porta do meu quarto e só aí vi que era ela. Uma mulher magra, um pouco torta e com longos cabelos negros. Eles mais pareciam um amontoado de palha. Seus olhos não possuíam brilho e eram donos de uma escuridão profunda. Aquilo não era o pior de tudo. O pior era o sorriso escancarado dela e aquele maldito batom vermelho. O sorriso parecia ocupar o seu rosto todo.

Merda. Merda. Merda. Merda. Merda. Merda.

Ela continuou parada por um longo período, apenas me encarando. Aquela música chata tocando e seus olhos vidrados em mim. Achei que só o fato dela ficar ali, parada, era ruim o bastante.

Não, não era.

Ela deu o primeiro passo. E depois outro. Seu andar era meio travado e seu sorriso aumentava ainda mais. Aquela merda pode ficar maior?

Eu sinceramente não sei o que aconteceu depois daquilo. Apenas sei que fechei meus olhos. E quando abri novamente, pensei que tivesse sido um sonho.

Não foi.

Aquela praga ainda estava no meu quarto. Só que eu era um fantasma agora. Ela olhava para o espelho da sua caixinha de música e sorria alegremente. Seu olhar desviou para mim e depois para o meu cadáver em cima da minha cama. Havia um reflexo no espelho...

Foi então que me dei conta.

A pessoa do reflexo era a próxima portadora do poder. E, como se adivinhasse que eu havia entendido, ela riu. Se eu já não estivesse morto, provavelmente teria morrido só por ouvir aquela risada arranhada, doentia, inumana... E, lentamente, ela desapareceu.

Quem me deu aquele poder foi a praga daquela velha. Porque ela era uma maldita esperta... Quem nunca teve pensamentos ruins antes de dormir após ouvir um barulhinho? Você simplesmente não consegue dormir e sua mente começa a pensar em qualquer merda pra te assustar e espantar ainda mais o seu sono. É isso o que ela quer. Porque quando você pensa nisso, ela pode virar realidade também. Pode fazer novas vítimas.

Agora meus pensamentos estão ecoando, tentando achar alguém que me escute. Talvez algum médium estilo Chico Xavier ou coisa parecida.

E o pior de tudo... É que você nunca sabe quando o poder vem.


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