Red Eyes escrita por Lamartine


Capítulo 12
Capítulo doze


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o capítulo está aqui, me desculpem pelo atraso. Obrigada aos que comentaram no capítulo passado, você fazem meu dia.
Bom, caso queiram os nomes das músicas usadas por mim para escrever esse capítulo emocionante, é só pedirem.
Obirgada, comentem e boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/530880/chapter/12

Como já era de se esperar, Marcus estava sentado em sua cadeira, tão apático e sem vida quanto todas as outras vezes em que qualquer um de nós o tivesse visto. A sala estava com sua elegância usual, mas dessa vez algo estava alterado no ambiente, mesmo com a infelicidade permanente e a falta de interesse em absoluto, Marcus sempre prezou pela organização, mas ao adentrar a sala em que seu escritório se localizava após dezenas de pequenas, mas firmes batidas que foram totalmente ignoradas por ele, pude visivelmente perceber a alteração do seu interior. As cortinas estavam fechadas, mais do que o usual, pois mesmo que fosse um vampiro Marcus sempre apreciou o modo como os raios de sol adentravam a sala em determinadas horas do dia, horas estas que correspondiam às que cheguei, mas não era apenas isto que declarava o estado de diferença no ambiente, não, as características também emanavam do próprio Marcus que estava fitando um livro que não pude ler o título graças aos seus dedos que traçavam as letras na capa, seu olhar era tão devastado que quase me fez ficar devastada também junto a ele – o que tenho certeza que aconteceria caso os eventos anteriores não tivessem ocorrido primeiro comigo, mesmo assim, não pude deixar de me sentir um tanto quanto abalada com o atual momento.
“Mestre Marcus? Está tudo bem?” – Perguntei enquanto me aproximava hesitante e fechava a porta suavemente atrás de mim.
“Um dia encontramos – Aro e eu –uma jovem que possuía o mais belo sorriso que tive o prazer de contemplar, o lugar onde a encontramos não era tão longínquo de onde eu me estabelecera anteriormente e por algum tempo me perguntei como nunca a tinha isto ontem” – Ele começou em uma voz rouca e suave. Fechei os olhos ao ouvir a dor e a saudade em suas palavras. Deixei que continuasse seu conto – “Seu nome era Didyme, Aro a chamou de irmã, dia após dia enquanto Aro buscava encontrar um meio de contata-la e convencê-la a juntar-se a ele em sua nova etapa da vida, eu a observei, não no intuito de obter algum tipo de informação que facilitasse o caminho de Aro, eu apenas me contentei em observa-la, sem segundas e nem terceiras intenções. Nos dias em que passei a observa-la, eu notei algo, assim que a casa estava devidamente limpa e o sol era estrategicamente sobre as arvores tornando o ambiente florestal incrivelmente atraente, ela saia de casa levando consigo sempre o mesmo livro que segundo Aro ela lia desde que era uma criança. O título era simples e por algum motivo eu sempre me perguntei o porquê de alguém parar todos os dias para dar ao pequeno livro a oportunidade de ser lido, mas ela sempre teve um amor especial pelas coisas simples. Quando ela tornou-se finalmente um membro da tão sonhada imortalidade, eu senti imediatamente a profunda ligação que detínhamos, eu senti que pela primeira vez em muitos tempos, eu poderia ser feliz e por um tempo fomos, mas a felicidade dentro dos muros sufocantes de Volterra não era tão diferente de uma prisão desgastante para ela, ela detinha um dom, ela era capaz de tornar as pessoas felizes, mas não era um dom que Aro possuía interesse, por isso quando ela o pediu para que fossemos embora dos Volturi, Aro concedeu sua permissão” – Ele quase sorriu neste ponto até que sua expressão se escureceu de tal forma que cheguei a me perguntar se era mesmo as cortinas sobre as janelas que barravam a luz – “Mas então, ela sumiu, a procuramos durante toda a noite até que encontramos um incêndio próximo às florestas de Volterra e lá próximo às chamas estava um livro, o mais simples livro que já coloquei meus olhos sobre. Nada mais fazia sentido para mim, viver ou ser incinerado nas impiedosas chamas que a tinham levado para longe de mim, não fazia mais diferença, fio que nos ligava desapareceu, como se nunca tivesse estado lá antes e eu ainda me pergunto todos os dias como algo tão grandioso tornou-se tão simples”.
Naquele momento, Marcus ficou – se possível - ainda mais pensativo, seus olhos desfocados como se a cena descrita por ele anteriormente apenas tivesse passado neste mesmo momento, a dor em seus olhos confessaram que não importaria quantos dias, meses, anos, séculos e milênios se passassem, Didyme seria a simplicidade mais complexa e dolorosa de toda a sua vida.
Meu coração morto partiu-se com a dor de Marcus e eu senti a picada de veneno enchendo meus olhos. Lágrimas congeladas que nunca iriam cair, assim como as que Marcus não conseguiu chorar de joelhos no meio de uma floresta escura segurando o mais simples livro do mundo em suas mãos enquanto o sentido de sua vida era levado numa dança das chamas. Antes que eu pudesse pensar em algo a dizer, sua voz rouca tomou o ambiente novamente.
“Apesar do que todos imaginam, eu reconheço um culpado quando o vejo, mas a dor que Aro sentiu ao ver sua irmã nas chamas por suas próprias mãos foi um preço mais do que satisfatório para seu crime” – Ele disse apático e eu prendi minha respiração desnecessária. Aro matou sua própria irmã? – “A ambição de Aro já o custou muito, Jane e embora eu deva odia-lo, eu apenas espero que ele consiga restaurar-se. Ele teme Jane, ele teme porque ele sabe do tamanho de sua ambição, ele teme destruí-la Jane, assim como fizera com Didyme e eu sei, eu li seus laços, ele não suportaria destruir algo que ele ama novamente. O peso da culpa pela morte de Didyme irá assombra-lo até o final dos séculos e não há nada que ele possa fazer o que aconteceria se ele a destruísse também?”– Marcus me fitava e eu apenas absorvia tudo o que havia sido dito.
“ Com licença mestre” – Eu sai da sala como se o ambiente estivesse em chamas. Aro matara sua própria irmã? Qual era o tamanho da sua ambição? Ele seria capaz de fazer o mesmo comigo?
As perguntas rondaram minha mente até que cheguei até o corredor que levava ao escritório de Aro, reunindo tudo o que tinha entrei sem ao menos bater e a porta fechou-se atrás de mim com um estrondo contido. Aro em sua cadeira nem mesmo levantou seus olhos.
“Me dê apenas um motivo pelo qual eu não deva apenas manda-la embora com um castigo de insubordinação” – Ele falou calmamente.
“Quanto tempo faz hoje desde o dia do desastre na floresta?”– Perguntei dura e ele me fitou assustado.
“ Do que está falando?”– Ele perguntou e eu bufei exasperada.
“ Como você foi capaz de fazer isso com mestre Marcus? Como foi capaz de fazer isso com sua própria irmã?”– Perguntei incrédula.
Aro levantou-se.
“ Saia” – Ele disse.
“Por que você fez isso Aro?”– Perguntei e seus olhos escureceram.
“ Porque o dom de Marcus é precioso demais para ser desperdiçado, porque Didyme sabia das consequências, ela sabia quem Marcus era e mesmo assim ela insistiu em algo que não havia possibilidade de acontecer” – Ele quase rosnou olhando-me nos olhos com raiva e dor.
“Mas e o que você sentia? E o seu amor por ela?” – Perguntei incrédula.
“O que eu senti nunca me fez desistir de fazer o que era necessário antes, por que faria naquele período?” – Ele perguntou/declarou, mas entre sua fachada a dor crua era evidente.
“Você sabe o que? Eu não acredito em você, em uma única palavra que você proferiu você mente para si mesmo quase e tão constantemente quanto mente para as pessoas, você segue regras rígidas feitas por si mesmo, mas você as inflige com seus olhos que apesar de escuros, refletem toda a dor crua que sente. A morte de Didyme estraçalhou você” – Aro retrocedeu como se eu apenas o tivesse dado uma bofetada.
“Você não faz a mínima ideia do que está dizendo” – Ele tentou.
“E agora você está com medo, porque pela primeira vez desde Didyme, você está sentindo a esperança de algo melhor e você teme, você está com tanto medo de perder o que pode ter que não se deu conta que ter medo de perder algo é o mesmo que já o ter perdido” – Eu falei desesperada por um pingo de senso o bater.
“Não há sequer uma hora no dia em que eu não pense no que causei a minha irmã e a Marcus naquela noite. A ambição que carrego é maior do que qualquer sentimento que possa sentir e eu nunca poderei fazer de você alguém feliz, porque a felicidade não alcança pessoas como eu” – Ele disse em uma voz quebrada e eu apenas o abracei, com força, ficando na ponta dos pés para alcança-lo.
“Eu não preciso que me faça feliz, Aro, eu só quero que fique comigo” – Eu sussurrei e senti seus braços cercarem minha cintura e me abraçarem ainda mais forte contra ele.
“Eu irei destruí-la assim como eu destruir tudo o que já me importei um dia, Jane. Não me deixe destruí-la” – Ele sussurrou desesperadamente.
“Eu prometo” – Eu sorri.
Enquanto o sol ia embora por entre as montanhas de Volterra, um novo inicio era formado num escritório em um castelo cercado de vampiros e memórias.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários fazem meu dia :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Red Eyes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.