Eu estava lá, em cima da minha árvore predileta rabiscando coisas aleatórias — sobre Christopher é claro — matando aula, no primeiro dia. Então ele surge ao lado da Kiara oferecida. Ele me nota e imediatamente viro o rosto enquanto sinto minhas bochechas esquentarem. O que ele deve estar pensando de mim? Que eu sou uma obsessiva maníaca que fica seguindo ele por aí? Eu não sou sempre assim, e esse não era o caso. Kiara o arrasta para o meio da floresta. Fico tentada a segui-los, mas o que ele pensaria de mim?

Quer saber? Foda-se o que ele vai pensar de mim, eu quero saber se ele não corre perigo perto dessa oferecida do infernos.

Desço da árvore as pressas tentando alcançá-los, mas então, na descida da árvore, piso em falso e acabo indo direto de encontro ao chão. Espera, não era só o chão. Eu caí em cima de alguém que estava de baixo da árvore.

— Desculpa! Desculpa! Eu te machuquei? Eu juro que foi sem querer, eu estava descendo da árvore e...

O garoto ri. Ele tinha os cabelos negros e um piercing na boca como eu. Do lado, seu cabelo era raspado e ele tinha um estilo meio, bad boy?

— Não entendi uma única palavra além do seu pedido de desculpas.

— E estava dizendo que eu...

Ele indica para que eu pare enquanto se levanta me ajudando logo em seguida a levantar-me também.

— Não precisa. Você caiu, se desculpou, agora cai fora.

Esbugalho os olhos. Nossa, por que a grosseria?

— Eu já pedi desculpas, não precisa ser grosso, eu já estava indo.

Ele revira os olhos, e minha vontade é de socar a cara dele. Nossa, eu com vontade de socar alguém? Achei que isso só fosse possível quando eu estivesse com ciúmes do meu Christopher.

— Eu não fui grosso, e já que já estava indo, pode continuar. Não vou te impedir.

— Não. Você não manda em mim então eu vou ficar.

Ele revira os olhos novamente. E então por algum motivo seus olhos param no chão e ele logo se abaixa para pegar... o meu caderno!

— Me dá meu caderno! — exclamo enquanto ele balança a cabeça em negativa.

— Não.

Estico os braços para pegar e com uma mão ele me afastava e com a outra mantinha o caderno longe do meu alcança mas de um jeito que pudesse ter total visão do que ele continha.

— Ora, ora. O que temos aqui... Uma pobre menininha apaixonadinha... — coro — Espera um minutinho... Christopher? — coro ainda mais — Esse não é o nome do garoto novo?

Coro violentamente muito mais do que antes e ele ri da minha reação.

— Me-dá-o-meu-caderno! — falo pausadamente.

Ele abaixa um pouco o braço do caderno e deixa mais fraca a mão que me mantém longe do meu caderno precioso. Pulo para alcançar o caderno, mais ele percebe a tempo de impedir.

— Calma, azuladinha. Por que a pressa?

— Se ele ver isso... — percebo sua curiosidade e me corto — Por favor me devolve o caderno.

Ele parece pensativo antes de dizer:

— Está bem.

Paro de tentar pegar o caderno e ele me entrega o mesmo, mas antes arrancando a folha onde tinha MUITA coisa de Christopher.

— Eu fico com isso.

— Mas... — tento.

— "Mas" nada. Eu disse que te daria o caderno não a folha.

Olho para ele com fúria, ódio e medo.

— Por favor, — tento novamente — se o Chris ver essa folha ele vai pensar que eu sou algum tipo de maníaca psicopata que perseguiria ele até os confins do inferno. E eu não sou assim.

— Mas essa é impressão que você passa.

Reviro os olhos.

— Só me dá a folha, tudo bem?

Ele parece hesitante.

— Não, vou ficar com ela.

Esbugalho os olhos enquanto ele dobra e guarda a folha em seu bolso da frente.

— Tchau, azuladinha.

Ele se vira e começa a andar. Que ódio! Penso de novo e tenho uma ideia maluca. Corro atrás dele e rapidamente tento colocar a mão em seus bolsos e raptar minha folha — MINHA folha — de volta. Um detalhe que eu esqueci de contar sobre mim: eu sou lerda. Ele coloca sua mão sobre a minha impedindo de chegar até o bolso.

— Que isso, azuladinha! Esta tentando me assediar?

Coro violentamente e tiro minha mão de baixo da dele.

— N-Não estava não!

Ele me olha com malicia.

— Eu sei que eu sou lindo, mas se quer um pouco de mim, — ele se aproxima — é só pedir, docinho.

Me afasto e corro de volta para a árvore. Por que eu tenho que ter tanta sorte — note bem a quantidade absurda de ironia que sorte carrega — em minha vida?

Pego meu caderno e faço questão de jogá-lo dentro da mochila, antes arrancando todas e qualquer folha em que tivesse o nome do meu amado. Não posso correr riscos de parecer uma maníaca. Paro em uma folha onde vejo escrito:

Meu nome? Pietra Medina.

Minha missão? Fazer com que Chris goste de mim.

Meu obstáculo? As bitches que gostam dele, a família dele, a irmã dele, os amigos dele, as ex-namoradas dele...

Meus aliados? Eu, eu mesma e Pietra.

Pessoas que aprovam? Eu, Deus, Samanta, Jessica, e meu gato Tutankamon. ( eu sei que Tutankamon aprova, ele me ama. )

Pessoas que se recusam a ver como nos amamos? O resto do mundo.

"Observações: Ele é tãããããããão gato! Eu amooooooo ele demaaaaaais! MEEEU Christopherzinho.."

Meu Deus amado. Fico estática. Eu sou mesmo uma maníaca lunática psicopaticamente apaixonada por ele. Definitivamente isso não é saudável para mim. Mas quer saber, tudo que é bom faz mal, e se eu souber equilibrar tudo e deixar de ser tão maluca eu posso deixar meu amor por ele mais... saudável. Isso é possível, não é? Pelo amor de Deus, tem que ser, tem que ser... Afinal, eu não sou daquelas que pensam tipo se ele não for meu, não será de mais ninguém. Não sou desse tipo. Pelo amor de Deus, eu sou inteligente e não sou assassina, muito menos faria isso com ele: só quero que ele seja feliz.