Eu estava observando meu quarto... Ele era exageradamente rosa. As paredes e o carpete eram rosa claro, as cortinas eram um rosa mais escuro, quase rosa choque e a colcha sobre a cama tinha a coloração fúcsia. Havia bichos de pelúcia e até a própria pantera cor-de-rosa, meu desenho favorito da infância — não era difícil de se imaginar isso — estava lá em "minha" cama. A casa de meu pai não era tão longe da casa de mamãe, não sei como nunca se esbarraram antes.

— Seu pai que escolheu como seria seu quarto. — diz Lily com um sorriso sincero no rosto. Sinceridade?

Realmente meu pai não me conhecia mais. Eu já não era fanática por rosa. Meu pai ainda me via como a garotinha do passado, a única que ele conhecia. Mas eu não era mais assim.

— Fantástico, não? Vou deixar você se organizar. Compramos roupas para você! O armário está cheio de modelitos para você. — ela então me olha de cima abaixo. Eu usava short jeans, coturno e uma camiseta do Guns. — Se bem que vejo que, pelas suas roupas você não deve gostar das roupas que compramos...

Ela observa o quarto e me analisa. Acho que ela notou que isso tudo não era para mim.

— ... Vou conversar com seu pai. — ela continua — E então podemos sair nós duas em um passeio de garotas e comprar roupas que sejam mais a seu estilo. E se quiser decorar seu quarto a seu modo, podemos procurar coisas que o decorem a seu estilo.

Ela parece me entender melhor que meu pai. Como isso é possível?

— Obrigada, Lily.

— De nada, querida. — Ela sorri e então sai fechando a porta do quarto e me deixando naquele rosa todo sozinha.

Antigamente esse seria o quarto dos meus sonhos. Hoje, ele no mínimo me é enjoativo e no máximo faz crescer dentro de mim uma pequena vontade de suicídio. Lily, ao meu ver, depois de falar um pouco com a mesma, parece não ser uma pessoa tão ruim quanto eu pensava. Caminho em direção ao meu armário e o abro. Vestidos rosas, em tons e modelos diferentes, calças jeans e camisas com o título Think Pink estampado eram a maior parte no armário, mas com sorte achei um vestidinho preto que separava a minha realidade desse mundo cor-de-rosa.

Vou em direção ao banheiro que ficava ao fim do corredor fora do quarto e tomo um banho. Isso seria todo o final de semana. Meu pai antigamente não poderia me ver nem nos fins de semana, mas após reencontrar minha mãe em um cafe próximo de casa. Tenho 99,9% de certeza que minha mãe ficou com saudades dele, e ficou mexida com o reencontro e então permitiu que ele tivesse a mim e ao Noah nos fins de semana, acredito que seja para não perder a ligação com meu pai.

Visto o vestido preto de saia rodada e renda. Calço meu sneaker preto e saio enquanto enxugo meus cabelos e dou de cara com uma menina ruiva natural de cabelos longos e levemente ondulados, saia preta e blusa clara de cor quase branca e sapatilha nos pés. Seus olhos eram âmbar e algumas sardas enfeitavam seu rosto. Ela sorri ao me ver.

— Você deve ser Pietra, não é? — sua voz era gentil e agradável de se escutar, e ela era baixinha.

— Sim... E você é...

— Sou Cassandra, mas por favor, chame-me de Cassie. Sou sobrinha de Lily.

— Sobrinha?

— Sim, eu moro aqui. Na verdade meu quarto é na frente do seu. — ela sorri gentil. — Vamos, a minha tia, seu pai, a Rebecca e seu irmão estão esperando você lá embaixo para a gente sair.

A encaro com dúvida.

— Vamos a um passeio ao ar livre! — ela exclama animada.

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Cassandra havia no meio do caminho, ido para casa de uma amiga dizendo que em breve nos encontraria, por fim, lá estava eu, com todos eles andando pelo parque próximo a casa de meu pai e Lily. O parque era todo gramado e crianças brincavam e corriam por todo lado. Havia um lago ali próximo onde algumas crianças brincavam correndo em volta ou molhando-se lentamente. Haviam várias árvores ali próximo onde alguns escalavam, outros sentavam e se encostavam nela.

Sentamos perto de uma árvore na qual fiz questão de escalar depois de tirar meus sapatos. Sentei-me no tronco mais alto e firme que pude. A vista dali de cima era a sensacional e me proporcionava a vista do parque inteiro e um puco mais, afinal, a árvore, apesar de ter alguns galhos baixos, era bem alta. Fico sentada ali, só admirando e olhando as crianças brincarem. Uns amores de tão fofas. Logo noto que Rebecca se junta a um grupinho de crianças. Rebecca tinha os cabelos loiros enroladinhos. Parecia a própria cachinhos dourados.

Ela primeiro age como uma menina fresca, aparentemente se recusando a fazer o que todas as outras faziam, mas logo notei, que, apesar da criação, de ser mimada, ela ainda é uma criança como qualquer outra e logo estava correndo, pulando e se divertindo como todas as outras crianças.

Não muito longe dali havia um grupo de jovens. Era a turma de Chris. E de Craig. Afinal, soube a pouco que eles são da mesma turma. Eles não me viam ali em cima, afinal, quem vai olhar para o topo de uma árvore quando tem um belo parque para olhar? Alguns fumavam, mas um deles tocava violão. Era mais que óbvio que só estavam matando tempo juntos. Tinha aproximadamente dezessete pessoas, de todos os estilos, e todos em harmonia. Onde isso era possível? Estilos, pessoas, gostos diferentes mesclados em uma turma saindo para se divertir todos juntos? Nunca imaginei nada assim, até que vejo o Trio do Capeta e entendo. Elas não eram da turma de Chris, e depois disso avistei alguns que eram da minha turma.

Elas convidaram somente pessoas populares e com quem elas tinham afinidade. E eu não era uma delas.

Passo a mão pelo meu medalhão em meu pescoço e começo a observar a foto do meu momento de felicidade, na época que meus pais eram casados um com o outro, na época em que meu pai me conhecia e minha mãe era mais unida comigo.

Olho para meu pai com Lily. Era parece feliz. E Lily também parecia. Ela se aninhava nele enquanto ele falava coisas em seu ouvido, como um dia já fez com a minha mãe.

Mas... Onde está Noah?

Sentada no galho, começo a me remexer em busca de Noah.

Quando de repente o encontro. Ele estava infiltrado naquele bando de jovens. Ao notarem ele, vejo olhares me buscarem, mas um me encontra de imediato, o olhar de Craig. Eu gelo enquanto um sorriso brota de seus lábios. Os outros logo desistiram de tentar me achar. Craig sabia que eu estava ali. E isso definitivamente não era bom.