O Coelho Exorcista escrita por DarkAngelS2


Capítulo 8
Contendo a Luz


Notas iniciais do capítulo

BUENAS TARDES MUCHACHOS!
Não, galera! A fic não esta abandonada! A desculpa dessa vez não é a faculdade porque, sim, eu tive tempo de escrever um pouco mas tive estes problemas:
1 - Não sabia como descrever as cenas;
2 - Como nossa cara Kazue Kato não fala de muitos demonios intermediarios e altos(que eram sobre os que eu queria escrever), eu mesma tive que buscar na internet alguma coisa pra escrever;
3 - MINHA INTERNET É UM LIXO. To sem internet a um mês eu acho, eu deveria ter postado esse capítulo 3 dias atrás mas né?

Bom, sem mais delongas, BOA LEITURA!



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Foi graças à Shura que as vidas de Usagi e Izumo foram salvas. Por mais que suas habilidades fizessem jus ao seu título de exorcista de classe alta, sua aparência e personalidades eram de se queixar. Diferente dos outros exorcistas, Shura não vestia nenhum uniforme. Ela usava roupas mais vulgares como um short bem curto por cima de uma meia calça, botas longas e pretas e a parte de cima do seu corpo era coberta por um biquíni vermelho e uma jaqueta preta curta. Mais destacado que seus cabelos e sua roupa, era a tatuagem no peito que permitia ela de guardar sua espada.

Durante o tempo em que as três percorriam a cidade à procura de Yukio, Shura não parava de reclamar sobre Mephisto, Yukio, sobre o trabalho e o cansaço. Claro, à essa hora, Shura poderia muito bem estar bebendo num bar, ou dormindo, ou dormindo em um bar.

Mas não seria só ela, todos os exorcistas agora adorariam estar dormindo em suas camas ou se divertindo em algum outro lugar. Mas não havia como, eles eram os únicos que poderiam garantir a segurança dos civis e deles mesmos em uma situação como essa.

– Droga! – Shura gritou desligando o celular – Aquele maldito do Mephisto! Não sabe nem cuidar de uma barreira! Justo quando eu tinha dinheiro suficiente pra umas 5 garrafas de sakê!

Shura batia os pés inconformada, correndo mais rápido que as duas garotas atrás dela.

– Ei, vocês! Estão muito devagar! Se apressem!

Izumo e Usagi tinham suas respirações ofegantes, suas pernas já estavam cansadas de tanto correr. Não acreditavam que conseguiriam dar um passo a mais sem cair no chão. Mas por pior que parecesse a situação delas, elas não podiam parar, mesmo que Shura estivesse muito a frente delas.

– Kirigakure-sensei! – a voz tremula de Izumo surgiu. Seus joelhos quase encostariam no chão se ela não tivesse se mantido firme em pé. Ela respirou bem fundo para recuperar o fôlego e então falou – Por que não explica o que está acontecendo? Ninguém nos disse nada até agora!

Shura recuou alguns passos até elas. Para ela parecia óbvio, e também era óbvio que as duas notaram uma interferência na barreira mas o olhar de Izumo suspeitava de alguma coisa. Só uma força muito grande poderia ter feito isso e ela sabia. Só não sabia quem ou oque, e como havia feito isso.

Shura encarou a garota a sua frente e deu um breve suspiro.

– Escutem, esses problemas que estamos tendo agora não foram coincidência. – sua voz era calma mas séria – Alguém interferiu com as funções da barreira e parece que não é de agora. Ela foi se danificando à mais ou menos uma ou duas semanas.

– Então isso não poderia ser trabalho de nenhum demônio. – Usagi falou.

– Não. Só se fosse um ao nível Supremo mas isso está fora de questão, eu já confirmei.

– Então o que pode ter sido?

– É o que estamos tentando descobrir mas por agora temos que lidar com outras coisas. O Mephisto disse que já concertou a barreira mas os demônios entraram desde o dia que a barreira começou a falhar. Muitos deles estiveram se escondendo nas sombras e por alguma razão estão se revelando agora.

Izumo não parecia satisfeita com a resposta. Ela sentia que Shura não estava sendo completamente honesta com elas mas teve que aceitar as palavras da exorcista a sua frente. Izumo era apenas uma exwire, faria muito sentido se membros superiores tivessem que esconder alguma coisa deles. Ela manteu seu rosto inexpressivo e não disse mais nada. Parecia que logo, logo ela teria alguma resposta.

Um toque alto ecoou no bolso traseiro de Shura. Ela o puxou e atendeu assim que viu de quem era a ligação.

– Yukio, o que foi? Não tá dando conta do serviço? – ela sorria ao falar mas seu sorriso logo se desfez – Como assim? ... O QUE?! – o tom da voz dela chegou a assustar as duas garotas que agora estavam preocupadas – Entendi, estamos a caminho. – ela se apressou a colocar o celular de volta no bolso e mais uma vez, o trio voltou a se mexer.

– Vamos logo! Não temos tempo a perder!

Izumo e Usagi já tinham começado a se mexer mas para interferir em seu caminho, apareceu em questão de segundos, uma criatura pequena. Não tinha mais de dez metros de altura mas a sua aparência era horripilante. Ela possuía um rosto redondo e vermelho que brilhava e dentro para fora e seu corpo humanoide era escuro. Seus olhos eram brancos e enormemente redondos e por trás da cabeça, usava um tipo de capa que tinha o formato de um coração invertido (como o símbolo de espadas no baralho). Também vestia um tipo de saia longa e escura. Seus braços eram curtos e grossos e possuía garras gigantes que se projetavam na frente do corpo.

– Droga! Logo agora! – Shura resmungou. Aos olhos das meninas, esse pequeno demônio não parecia ser nada demais. Shura poderia cuidar dele, era o que elas achavam. Mal sabiam, um dos piores demônios estava bem a sua frente.

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O som das balas ecoava frequentemente e repetidas vezes, Yukio as recarregava. Não era culpa dele, o felino humanoide que percorria os telhados das casas era mais rápido que qualquer felino normal.

– Espera aí, seu maldito! – Rin não conseguiria acompanha-lo com os olhos se o corpo do felino não fosse coberto por chamas vermelhas e vivas. Elas cobriam seus pés e mãos, e completamente suas costas até sua cauda peluda.

Junto de Yukio estava o trio de Kyoto: Bon, Konekomaru e Shima. Estavam aos poucos sendo rodeados por Ghouls do tipo canino, estes tinham realmente a forma de cães, ao contrário daquele que havia invadido o dormitório dos irmãos Okumura.

Como eles já tinham enfrentado Ghouls duas vezes, já sabiam melhor como lidar com eles mas a escuridão da madrugada só os deixava mais fortes. Eram pelo menos cinco deles, quase não havia diferença entre eles. O que se poderia diferenciar seriam as costuras em lugares distintos de seus corpos e também a boca torta ou a falta de uma orelha.

Bon e Koneko nem perderam tempo, já sabiam o que deveriam fazer e começaram a recitar os cantos necessários para exorciza-los. Enquanto isso, Shima tentava afasta-los com seu cajado dourado. Shima não sabia se preferiria enfrentar cinco ghouls pequenos ou tentar lidar com o Kasha, que neste momento era perseguido por Rin. Como o felino estava apenas correndo, Shima pensou que seria muito mais fácil lidar com ele. Seria só correr, não é? Não.

Embora Koneko e Bon não pudessem parar de recitar os cantos, eles estavam preocupados com o Kasha que pulava de telhas em telhas. Ambos tinham o mesmo pensamento. Kasha é um demônio que roubava cadáveres de seus túmulos e leva-los para o inferno embora eles também os roubem para fins próprios, sendo para devorá-los ou usa-los como fantoches.

Este provavelmente estava procurando um cemitério por perto, seu nariz enorme podia sentir o cheiro de muitos mortos por perto e não estava enganado. Na área sul onde o grupo se encontrava realmente existia um cemitério em algum lugar. E não parecia estar longe.

– Rin! – a voz de Kuro corria em sua direção. Ele já não estava mais em sua forma de um gatinho inofensivo. Seu corpo havia crescido consideravelmente, ele tinha mais ou menos cinco vezes do seu tamanho normal. Consequentemente, suas costas e pernas estavam bem mais robustas e seus chifres aumentaram embora mantivessem seu formato.

– Bem na hora, Kuro! – ele se agarrou nos pelos do gato enquanto ele corria e começo a escalar até a sua nuca – Siga aquele macaco!

– Idiota! Ele não é um macaco, é um Kasha!

– Daqui parece um macaco oras!

– Ahh, que seja!

Kuro e Rin se afastaram do outro grupo e perseguiram o felino humanoide por outra direção. Yukio não pode deixar de ficar preocupado, se Rin fizesse alguma besteira, ele seria o culpado. Bon e Koneko também queriam acabar com aquilo logo, eram apenas mais alguns versos.

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– Pare de fugir, macaco! – Rin exclamou conforme o Kasha se distanciava cada vez mais deles. Ele avançava, parava, farejava o cadáver mais próximo e então continuava. Quando ouviu Rin gritando a pouco tempo, ele virou o rosto e deu um rosnado estranho para afasta-lo mas depois continuou seu caminho.

Rin já podia ver ao longe um terreno sem nenhuma casa, apenas um grande portão negro e um muro cinzento com grades negras mas a grama verde e as flores adicionavam uma cor ao cenário mesmo à noite. As chamas vermelhas do demônio já haviam se instalado dentro do local da mesma forma que Rin e Kuro.

– Rin, aquele ali rouba os cadáveres e leva eles pro inferno mas ele também faz coisas bem horríveis com eles.

– Sério? Eu fiquei me perguntando porque ele viria à um lugar como esse... – Rin ficou sério, agarrou a bainha nas suas costas e sacou a sua espada. As chamas azuis de Satã cobriram seu corpo, sua cauda e suas orelhas se tornaram mais visíveis. – Se é assim, eu não posso permitir uma coisa horrível como essa.

Rin desceu das costas de Kuro e avançou até o demônio felino, este percebeu seus passos rápidos e se virou contra ele. Rin moveu a espada na sua frente e o felino deu um grande salto para trás, dando um rugido logo depois. Ele começou a correr em ziguezague tentando confundir o garoto. Em um segundo estava a sua frente e no outro, suas garras estavam quase alcançando os seus olhos. Rin curvou seu corpo para trás e rolou para o lado logo em seguida. O Kasha mais uma vez rugiu para ele e avançou de novo. Dessa vez, Rin não conseguiu desviar. As garras rasparam no lado esquerdo do seu quadril, rasgando sua camisa e a manchando de sangue. O fogo que havia em suas mãos acabou por queimar levemente sua camisa e o local onde Rin foi ferido. Ele gritava conforme as garras cortavam sua pele e o fogo a queimava levemente.

– Rin! - Kuro pulou em cima do outro felino mas este rapidamente se moveu e pulou para o lado. – Você está bem?

– Sim... – ele se levantou pondo a mão no ferimento. Enquanto isso, o outro demônio já procurava por uma lápide onde não houvesse um esqueleto enterrado. Quando finalmente encontrou um ele fez um som de satisfação com a boca.

Ele estava prestes a enfiar suas longas garras sobre a terra quando uma espada azul atravessou sua frente. Kasha saltou e rugiu mais uma vez para Rin.

– Ei, você! – Rin já estava irritado, ele apertava com força a ferida. – Estas pessoas estão aqui para descansarem em paz! Então apenas deixe elas descansarem em paz, droga! – sua voz soou tão forte que por um segundo chegou a amedrontar o felino humanoide na sua frente. Era como se uma grande força o estivesse fazendo recuar seus passos. Os olhos demoníacos de Rin o fitavam e ele não conseguia se mexer.

– Nii-san! – a voz de Yukio chegou trazendo consigo duas armas que apareceram disparando. Duas das balas acertaram o ombro esquerdo do demônio. Ele grunhiu de dor e saltou para trás.

Junto de Yukio não estavam só o trio de Kyoto, Shiemi correu até Rin os olhos cheios de preocupação, Rin pode guardar a sua espada. No ombro da loira estava seu fiel companheiro, um demônio pequeno que cabia na palma de sua mão. Era um greenman, mas ela o chamava de Nii-chan.

– Rin, você está bem? Você está cheio de sangue!

– Tudo bem, não é nada sério. – Rin sorria para tentar não preocupar mais Shiemi. Mesmo que sua camisa estivesse manchada de sangue, Shiemi notou a queimadura no seu corpo, ela imediatamente se meteu para examina-la. A queimadura dele era leve mas quando Rin foi atacado naquela hora, as chamas haviam entrado em contato com o ferimento e conseguiram, de alguma forma, parar o sangramento mas Shiemi não podia deixar assim. Ela pediu ao pequeno demônio feito que folhinhas verdes uma planta especial para queimaduras e ela saiu do pequeno corpo do demônio verde.

Assim que Shiemi colocou as plantas, Rin as apertou no quadril com sua jaqueta para que não caíssem. Agora só faltava lidar com o Kasha que estava perto do muro gemendo de dor e rosnando para o grupo.

– Eu li que existe uma forma de afastar um Kasha em um livro – Bon disse. – Mas precisaríamos de um myohachi para isso.

– Impossível! – Shima falou – Não tem nenhum tipo de canto para exorcizar esse aí?

Bon apertou a mão.

– Na verdade, eu não sei qual é....

– O QUE?! – Rin exclamou – Desde quando você não sabe de alguma coisa?!

– Fique quieto!

Mesmo tento tuas balas ficadas no ombro e gemendo de dor, o felino já havia se acostumado com elas. Ele já estava preparado para atacar novamente. Seu corpo balançava de um lado para o outro, Yukio já estava preparado para adivinhar os passos dele.

O demônio se moveu, Yukio ia díspar quando algo parou os dois.

De longe, um feixe de luz forte subia aos céus como uma torre e iluminava sua região. Todos viraram seus olhos para lá, confusos e curiosos, apenas pensando o que mais teriam que enfrentar. O Kasha, por outro lado, não estava curioso, nem confuso. Ele encarou aquela “coisa” por alguns segundos e então seu alvo deixou de serem os exorcistas ou os cadáveres. Ele saiu correndo ignorando toda a dor e os exorcistas para ir de encontro à algo que ele precisava destruir. Ele não sabia quem e não importava, mas o “o que” era mais importante. Isso ele sabia e não podia deixar passar. Meros cadáveres não eram mais seu objetivo.

Rin, por um momento, se sentiu da mesma forma. Claro, ele não sentiu como se precisasse destruir alguma coisa e também não tinha ideia do que poderia ser. Mas sentia uma pressão no ar, uma força grande. Nesse momento, ele se lembrou do ghoul deformado que invadira seu dormitório.

“Aquela que nos ameaça...”.

Rin tinha certeza, essa pessoa ou essa coisa com certeza tinha alguma ligação para fazer com que os demônios ficassem desesperados assim. Até mesmo os demônios que estavam no céu tomaram seu rumo para o mesmo local. A grande e fina torre de luz.

– Vamos até lá! – Yukio falou com a voz firme. Ninguém discordou.

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15 minutos antes....

– Não olhem pros olhos dele! – Shura gritou rápido assim que viu a criatura flutuando entre ela e as duas garotas. Infelizmente olhar nos olhos era algo automático que elas faziam, e no instante em que seus olhares se encontraram com os do demônio, começaram a arder de uma forma horrível.

Usagi e Izumo apertaram seus olhos e gritaram de dor, suas mãos estavam sobre o rosto. Elas tentaram o suficiente para aguentar a dor e poderem abrir seus olhos de novo. Se continuassem dessa forma, poderiam causar mais problemas para Shura.

Elas sentiram a brisa de um dos ataques da exorcista ser usado de novo, a Presa da Serpente liberou várias lâminas de vento que atingiram o demônio deformado. As duas exwires puderam abrir seus olhos novamente, agora a dor já era amena e elas já sabiam o que não podiam fazer.

– Escutem! - Shura repetiu – Vocês duas devem sair daqui o mais rápido possível! – As duas ficaram inquietas. Mesmo que estivessem ali para ajudar, Shura estava mando elas fugirem. A razão era óbvia, esse era um tipo de demônio que elas não podiam dar conta com seu nível de poder atual. – Esse é um demônio de nível alto! Saiam daqui e vão até o Yukio!

– Mas... – Usagi tentou responder.

– Vocês não dão conta! Vão agora!

Não havia o que discutir, ela era de um nível superior ao delas e de um jeito ou de outro, elas teriam que obedecer as ordens. Izumo e Usagi acenaram com a cabeça foram por um beco escuro entre as casas, mas a criatura não demonstrou interesse na exorcista de cabelos vermelhos. Ao invés disso, ele perseguiu as outras duas pelo beco. Shura não esperava por esse tipo de movimento e agora tinha que dar um jeito de proteger as duas.

O demônio flutuante mexia as garras nas mãos como se fosse um canivete mostrando suas lâminas, um gemido estranho saía de sua boca num tom robótico. Izumo e Usagi apertaram o passo assim que ouviram o som do demônio se aproximando delas. O porquê disso elas não sabiam.

– O que a gente faz? – Usagi perguntou à garota a sua frente.

– Apenas corra!

Não havia, de maneira alguma, como lutar em um beco estreito onde elas se encontravam e mesmo quando saíram dele até a outra rua da cidade, Shura havia dito que este era um demônio de nível alto. Se elas o enfrentassem, seriam mortas na mesma hora.

Mais uma vez, a luz dos postes iluminou a área e elas já tinham mais liberdade para correr mas no mesmo instante que puseram os pés pra fora do beco, uma onda sônica ecoou com força da boca do demônio, destruindo as pedras da calçada e jogando as duas para longe.

O som robótico vinha se aproximando lentamente delas, parecia dar uma risada maliciosa enquanto via as duas caídas no chão destruído.

– Não tem jeito.... – Izumo disse, se levantando com dificuldade de chão e limpando o sangue da boca. Ela estava séria. – Temos que dar um jeito de distrair esse aí.

– Mas, a Kirigakure-sensei disse....

– SE FUGIRMOS, MORREMOS! TEMOS QUE LUTAR SE QUISERMOS VIVER! VOCÊ É UMA EXORCISTA OU NÃO É?!

As palavras de Izumo bateram forte no coração da Usagi, embora ela soubesse que Izumo estivesse certa. Não adiantaria em nada ficar fugindo, mesmo se fosse apenas para distrair elas tinham que tentar de alguma forma. Usagi sabia também que deveria lutar, mas o medo que ela sentia lutar não era por causa do demônio (embora este fosse aterrorizante) mas ela tinha medo do que poderia fazer ao lutar contra um de nível alto. Que a fizesse se sentir pressionada e então... se esquecer.

Eu humildemente invoco os deuses da colheita. Uke! Mike! – as raposas brancas apareceram diante de Izumo quando ela os chamou. – Como não podemos olhar nos olhos desse cara, o melhor jeito é atacar de longe.

– Entendi. – ela fez um aceno com a cabeça para o coelho que estava aos seus pés.

Começou quase na mesma hora, as duas raposas brancas saltaram e começaram a correr em círculos em volta do demônio que ficou movendo sua cabeça à 360º enquanto seu corpo permanecia estático. Ele não confundiu, nem ficou tonto. Assim que Uke e Mike diminuíram a velocidade, ele os atacou. Sua boca abriu, seus dentes triangulares estavam mais expostos que antes e então uma onda sônica surgiu. Mais uma vez, todos foram jogados para longe. Shura chegou no mesmo instante.

– Eu não disse pra vocês correrem?!

A cabeça do demônio parou de girar, seus olhos brilharam mais fortes que antes. Fujimaru deu um impulso e, assim como fez na primeira vez com os Moromi, saltou de várias direções e atingiu a criatura. No primeiro raspão que recebeu, seu braço começou a queimar em uma luz intensa mas pequena. Seu grito não parecia ser um grito de dor, mas sim um de aviso, um de ameaça.

Ele voou rápido até a garota, que nem teve tempo para desviar seus olhares. Assim que os olhos dela começaram a arder ela os fechou rapidamente mas o demônio já havia posto suas garras nela. Conforme ele seu corpo subia, o dela também.

Usagi fez de tudo para tentar não abrir os olhos mas mesmo assim a luz continuava a queimar seus olhos.

– Me...solte.... – sua voz era fraca mas seu corpo se movia com muito esforço. Ela agarrou os pequenos braços do demônio, as mãos dela apertavam com força. Quanto mais apertava, uma luz branca brilhava em sua mão, queimando a pele do demônio. – Eu disse...me solte! – ela não percebeu mas seus olhos estavam bem abertos mas ela não sentia nada. A cor original deles, o verde, agora era de um amarelo dourado. A voz dela soava ameaçadora, o demônio a sua frente começou a tremer e a gemer de dor, suas garras começaram a apertar o pescoço da garota. Fujimaru apressou-se para salva-la mas Takeru foi mais rápido que ele.

O cetro foi lançado e atingiu o centro da testa do demônio flutuante. Takeru recitou um dos versos fatais que achava que poderia funcionar mas isto apenas o irritou mais. Assim que ele soltou Usagi no meio do ar, Shura chamou seu familiar e então apareceu ao lado dela uma grande cobra branca.

– Salve ela! – Shura ordenou, a grande cobra atendeu seu pedido e seu corpo se contorceu rápido até o outro lado, ergueu sua cabeça para que a garota se agarra-se nela. Naquela hora, seus olhos já haviam voltado para a sua cor original.

– AH! – ela deu um pequeno grito quando viu os olhos dourados da cobra à sua frente. – Por favor, não me coma....

– Eu não tenho porquê fazer isso. – respondeu a cobra, baixando sua cabeça para que ela colocasse seus pés em segurança no chão.

– Obrigada....

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Takeru agarrou seu cetro no chão assim que ele caiu. O demônio flutuante agora tinha sua raiva concentrada apenas no garoto. Takeru corria por outro lado, tentando afasta-lo dos outros mas logo atrás deles, Shura vinha de carona com seu familiar.

“O que aquele idiota está tentando fazer?!”, ela pensou, “Espera, agora pouco...”. Na sua mente, vieram as imagens de quando o demônio agarrou Usagi pelo pescoço e sua reação de quando foi atingido pelo coelho. “Entendi, então era essa de quem o Mephisto tinha falado...”.

O demônio tentava agarrar Takeru com suas garras a todo custo mas ele bloqueava seus ataques com o cetro, enquanto entoava qualquer verso fatal que achava que poderia dar certo. Enquanto ele se defendia, pela primeira vez Usagi pode ver que o garoto não estava usando seus óculos escuros e ainda assim mantinha seus olhos bem abertos e sem sentir nenhum tipo de dor. Mesmo que ele olhasse diretamente para os olhos brilhantes e vermelhos do demônio.

Shura começou a chamar a atenção do demônio flutuante usando as lâminas de vento que saiam de sua espada. Assim que ele se virou para ela, Shura já podia deixar que os outros escapassem.

– Eu vou dar um jeito nesse aqui! Vocês vão até o Yukio!

Ninguém tinha o que argumentar, eles sabiam que a única pessoa que poderia lidar com esse tipo de demônio era ela. E ela não conseguiria lutar direito se eles estivessem por perto.

Takeru se apressou a voltar seus passos e se encontrar com as outras duas que estavam mais distantes dele.

–---------

– O que houve? Já está cansada? – Izumo perguntava com desgosto para a colega ao lado que já estava sentada em cima dos joelhos.

– Minha cabeça dói....

– Hunf, isso aconteceu porque você se deixou ser pega. Honestamente, você é mais fraca do que eu imaginei.

– Eu não fui pega.

– Lógico que foi.

– Claro que não! Eu se eu tivesse sido pega, eu morreria! Eu não colocaria minha vida em risco de propósito!

Izumo começou a encara-la curiosa, alguma coisa nas palavras dela pareciam ter sentido e ela realmente parecia saber o que estava dizendo mas nas era como se algo em sua mente estivesse faltando.

Foi nessa hora que Takeru chegou, mudando a direção dos olhos de Izumo.

– Ei, vocês estão bem? – as duas encaravam ele. Era a primeira vez que viam seus olhos na vida e como eram claros. Literalmente claros. Era um azul que quase chegava a ser branco e como brilhava naquela noite.

– Ei, por que escolheu tirar os óculos justo hoje? – Usagi perguntou.

– Nada em especial. De qualquer forma, temos que sair daqui.

– Espera, mas a Kirigakure-sensei?

– Ela disse que dá um jeito, então vamos.

– Espera! – Takeru já se apressava pra andar quando a mão da garota o puxou pelo ombro – Você não tem nada pra nos contar?

– Não, não tenho. – ele não virou o rosto e nem olhou para ela – Temos que nos apressar.

– Eu vi você olhar diretamente nos olhos daquele cara! Por que você não foi afetado que nem a gente!

– Isso não importa.

– Não importa?!

– NÃO! Não importa! A gente tem que sair daqui agora senão... – ele não precisou terminar de falar. Os céus revelavam completamente o que ele queria dizer. Os demônios começavam a se juntar em volta dos prédios de onde eles estavam, enquanto outros pequenos demônios apareciam pelos becos entre as casas. Não eram muitos e todos pareciam ser de nível baixo mas Usagi e Izumo já pareciam ter se ferido bastante na última luta. Takeru queria evitar confronto a qualquer custo.

– Eu não falei?

– Não deveria haver tantos nessa área. – Izumo confirmou devido ao tempo que percorreu as ruas sem esbarrar com nenhum demônio até aquele momento.

– Vamos por aqui. – Takeru apontou o único beco onde não havia nenhum demônio se escondendo e todos seguiram por este caminho. Os demônios foram se movendo conforme eles corriam. Os que estavam mais em cima não precisaram se dar a esse esforço.

Um demônio grande sem membros, apenas com um único olho e um par de asas se pôs diante deles. Sua boca era camuflada com a sua pele, só se podia vê-la quando estava aberta e nessa hora que ela se mostrava para eles soltando um grande rugido. Usagi apertou sua cabeça com mais força.

Como Takeru queria sair dali o mais rápido possível, ele foi o primeiro a atacar. Ele recitava os versos fatais ao mesmo tempo que atacava o demônio com seu cetro. Em um minuto ele se foi mas haviam mais demônios atrás deles. Eles vinham se juntando nos céus. Foi quando uma sombra agarrou os pés da garota apoiada na parede. A sombra começou a arrasta-la de volta para o beco escuro. Enquanto se debatia, ela pode ver os seus olhos verdes e brilhantes da sombra.

– ME LARGA! – Usagi gritava movendo as pernas em todos os sentidos. Izumo agarrou ela pelos braços e Takeru exorcizou a sombra. A cabeça da garota começou a doer cada vez mais forte, sua respiração era pesada e ofegante.

– Ei, você tá bem? – Takeru se ajoelhou na frente dela mas ela não conseguia parar de olhar para o chão.

– Vamos...sair.... – ela disse com a voz fraca, o corpo tremendo – VAMOS SAIR DAQUI, POR FAVOR!

Não demorou muito até Ghouls, Salamanders, Reapers e outros demônios de nível baixo começassem a cerca-los novamente. Os olhos de Usagi já tinham começado a lacrimejar. Ela não queria estar ali, ela não queria lutar, ela entendia sua posição. Provavelmente Takeru também entendia.

Ela era o alvo.

Foi um reaper grande que começou o ataque. Ele podia ver claramente que Usagi estava com as emoções fortemente em evidência. Foi por isso que ele agarrou ela primeiro, envolvendo a garota com a língua de sapo.

– Não! Me larga! – ela se debatia, respirando mais profundamente.

Izumo já havia chamado seus familiares mas não acreditava que fosse conseguir fazer alguma coisa. Uke e Mike tentaram atacar o reaper mas um Salamander, um lagarto com o corpo cheio de chamas, entrou em seu caminho.

Fujimaru dessa vez usou todo o poder que tinha para salvar sua dona. Ele atravessou o sapo como um flash, um vulto de luz mostrava o seu caminho, mas quanto mais poder usava mais fraco ele se sentia. E o pior disso era que sua dona piorava também.

Assim como foi no dormitório de Rin, o corpo da garota começou a brilhar mais uma vez mas não era de propósito. Seu corpo começou a ficar inteiramente branco, seus olhos mudaram novamente para o amarelo dourado e então ocorreu, um forte feixe de luz surgiu envolvendo todo o corpo da garota. O grupo de Yukio chegou ao mesmo tempo.

– O que é isso? – Yukio indagou.

– Yukio olha lá! – Rin apontou para o centro da luz onde via a garota e os dois exorcistas em volta.

– Aquela é....

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– EU DISSE PRA VOCÊ ME LARGAR!

Ela gritou o mais alto que pode, a luz se expandiu e os demônios em volta começaram a afastar seus passos mas ainda assim eles não podiam recuar. Ela estava ali, estava ali para matar todos eles. Um poder que havia queimado a língua do sapo e que também a fazia gritar de dor também.

– Não! – Takeru gritou.

O corpo da garota desceu ao chão assim que se libertou da língua do sapo. Ela estava de joelhos e não conseguia parar de gritar. Ela abraçava sua cabeça enquanto suas lágrimas escorriam de seus olhos. “Faça parar!”, era isso que sua expressão parecia dizer.

Takeru foi ao seu socorro.

– Ei, acalme-se! – ele pôs as mãos nos ombros dela mas ela se recusava a olhar para cima. Seus dentes rangiam tentando não gritar mais.

– O que está acontecendo? – Izumo pela primeira vez estava impressionada, era como se as respostas que ela procurava estivessem se mostrando. Embora de uma maneira que ela não esperava acontecer.

– Usagi, olhe pra mim! – Takeru repetiu. – Tente se acalmar! Eu estou aqui!

Mas não adiantou, a voz de Takeru não alcançava os ouvidos dela mesmo que ele estivesse a sua frente. Na mente dela, tudo começou a se desfazer, a quebrar, tudo o que menos queria que acontecesse estava acontecendo e era essa a fonte de toda a sua dor.

Não podendo suportar tudo isso, a luz começou a se expandir ainda mais e com isso trazia também inúmeros demônios pelos céus e pela terra. Os demônios que estavam separados nas diferentes regiões agora estavam todos ali. Eles iam se amontoando ao redor dos três exorcistas.

Os demônios atacaram todos juntos para cima da grande luz mas no momento em que fizeram, seus corpos começaram a queimar e a se desfazer. Mesmo com o dano, eles continuaram a atacar e assim recebendo mais danos até que seus corpos se desfizessem por completo.

Takeru não sabia o que fazer, ele queria evitar confronto exatamente por causa dessa situação e agora que estava acontecendo, ele não tinha a mínima ideia do que fazer. Mas havia alguém que sabia, Takeru sabia quem era esse alguém mas achava que seria impossível que essa pessoa chegasse nesse momento.

Felizmente, ele chegou mas não veio sozinho. Ele estava acompanhado de todos os exorcistas de Vera Cruz. Como os demônios já haviam recebido bastante dano por causa da luz, agora era mais fácil de exorciza-los. Mas o homem em especial, ele não veio exorcizar nenhum demônio. Ele vinha vestindo o uniforme negro como todos os exorcistas. Caminhou até a fonte da luz onde viu Takeru segurando a garota.

O homem puxou um pedaço de papel com algumas inscrições, afastou Takeru de Usagi e grudou o papel na testa dela. Ele recitou alguns versos que conhecia e pouco a pouco a luz foi diminuindo, os olhos de Usagi voltaram a sua cor original e seus olhos e fecharam. Ela caiu adormecida nos braços do homem de cabelos negros.

Takeru se sentiu salvo mas ao mesmo tempo preocupado quando viu que aquela pessoa estava ali.

– O-Obrigad-AH! – ele recebeu uma pancada na cabeça do homem, que parecia estar irritado.

– Idiota! É só eu sair por 2 semanas e você vem pra Tóquio!

– Não foi minha culpa! Você estava fora, o que eu podia fazer?!

– Me ligar! Eu mandei você me ligar caso alguma coisa acontecesse!

– Do meu jeito é mais fácil!

– Imbecil! – Takereu recebeu mais uma pancada. – Alias, que droga de peruca é essa! Pensou que eu não fosse te reconhecer? Tira isso daí! – Ele se esforçou para tirar a peruca verde do irmão mas finalmente pode mostrar os cabelos castanhos do pequeno exwire.

Enquanto os dois discutiam, Shura e o grupo de Yukio se aproximaram. Shura e Yukio o reconheceram quase que de imediato, os exwires, por outro lado ainda estavam confusos.

– Yo, Shin, por onde você andou? – Shura acenou com um sorriso.

– Ouvi alguns boatos na Europa e tive que investigar. – respondeu.

– Você é Hibiki Shin? – Yukio perguntou.

– Sim, eu mesmo.

– Então, Takeru... – Yukio voltou seus olhos para os olhos brilhantes do garoto. Ele não devolveu o olhar.

– É, desculpe pelo trabalho que meu irmão deu a vocês todos.

Rin não entendia nada do que estava acontecendo mas ver Usagi daquela forma era realmente algo que ele não esperava. E poder finalmente ver o verdadeiro rosto de Takeru era ainda uma coisa mais surpreendente.

Takeru se levantou e foi até seus colegas.

– Eu sei que tenho muitas explicações pra dar mas...não agora.


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Notas finais do capítulo

Ah, pro pessoal que é curioso, o demônio que Shura e CIA enfrentaram se chama Monstro de Flatwoods. Eu não sabia como nomea-lo haha. É bem creepy na verdade.

Mas então, gostaram? Algum comentário? *w*



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