O Coelho Exorcista escrita por DarkAngelS2


Capítulo 12
Memórias de um Inverno Escuro


Notas iniciais do capítulo

BOOOOUA TARDE POVO LINDO! POVO CHEROSO!

MAIS UM LINDO CAPITULO PROCÊIS E PROVAVELMENTE FICOU EXTENSO! YEY!

Meu caro povo! Tenho uma surpresa pra vocês neste glorioso capitulo.
TEMOS UMA FUCKING IMAGEM! SIM, UMA IMAGEM!
Eu desenhei umas das cenas que aparece no começo do capitulo!

Eu espero muito mais muito que vocês gostem, porque eu trabalhei muito nesse capitulo!
Eu já to planejando ele desdo quinto se nao to enganada, entao sim, faz muito tempo!

BOA LEITURA!



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Kyoto estava repleta de neve naquela manhã. As árvores, as ruas e os telhados das casas estavam todos cobertos com uma camada grossa de neve. Naquele dia em especial, Takeru de 6 anos estava rabugento porque seu pai insistia em leva-lo até à casa de uma colega de trabalho.

Do lado de fora de sua casa, Saito, o pai de Takeru, estava vestindo roupas grossas para se proteger do frio. Ele só vestia cores de tom cinza, preto e branco, como as calças, o moletom e o casaco. Saito esfregava suas mãos uma na outra para tentar esquenta-las enquanto esperava pacientemente pelo filho entrar no carro.

Por que eu tenho que ir também?! – ele resmungou com o rosto comum de uma criança irritada mas Saito, não respondeu de forma bruta.

– E o que você vai ficar fazendo sozinho em casa, hã? Entra logo no carro e vamos. Tem alguém que eu quero que você conheça. - ele girou o molho de chaves e abriu a porta do carro.

– Mas tem neve! É bem melhor ficar brincando aqui! - insistiu Takeru mais uma vez.

Uma mão solitária acariciou os cabelos castanhos do garotinho e quando se virou viu a figura de seu irmão mais velho parado atrás dele. Seus cabelos eram negros e curtos e os olhos eram azuis iguais aos do seu irmão mais novo.

– Deixe de reclamar, Takeru. Homens não fazem esse tipo de coisa. – o sorriso de Shin confortou a raivinha de Takeru e ele abriu um pequeno sorriso. Takeru admirava seu irmão mais que tudo. Ainda com 12 anos, Shin já era capaz de ver demônios e estava querendo se esforçar para se tornar um exorcista assim como seu pai.

– Então vamos? – Saito abriu a porta do carro e os dois filhos entraram, já tentando retirar toda a neve que havia caído nos braços e na cabeça. Depois de fechar a porta, Saito também entrou e deu partida. O carro começou a andar e os três fizeram uma viajem curta e silenciosa dentro do carro. Os dois irmãos ficaram um de cada lado da janela, Shin na direita e Takeru na esquerda.

Takeru ficava observando a beleza da rua coberta de neve enquanto a mesma caía do céu nublado. Neve era uma das coisas que ele mais gostava, além de ser divertido para brincar também era muito bonito de se ver.

– Pai, onde a gente vai mesmo? – perguntou Takeru, deixando de olhar pela janela.

– Já falei, vamos até a casa de uma colega do trabalho.

– Mas eu não entendi. Eu não trabalho!

– Há há há, é verdade. Mas a minha colega tem uma filha da sua idade. Imaginei que talvez vocês pudessem ser amigos.

– Eu não quero amigos! – com impulso ele se levantou do banco e falou em voz alta – Os amigos que eu tenho na escola são todos idiotas e irritantes! Eu não preciso de mais ninguém!

– Takeru, senta direito! – Shin ordenou e ele voltou a se sentar corretamente, com uma cara emburrada.

– Você não pode falar isso das pessoas.– Saitou voltou a falar – Eu conheço ela e é uma garotinha muito gentil. Você vai gostar dela.

– É uma garota?! Não mesmo! Garotas são esquisitas! – Takeru voltou a falar alto mas dessa vez não ficou em pé no banco, apenas de joelhos mas Shin corrigiu a maneira dele de sentar. Takeuro já estava querendo pular pela janela e voltar a pé pra casa mas Shin não deixou. Mais alguns minutos no carro, Takeuro impaciente apenas esperando a hora de poder fugir quando seu pai finalmente falou.

– Chegamos.

“É AGORA! PRECISO FUGIR!”, e na mesma hora que o carro parou, Takeru abriu a porta e saiu correndo pela rua cheia de neve.

– EI, VOLTA AQUI! – Shin gritou e foi atrás do irmão rebelde. Saito tomou um leve suspiro e viu os seus dois filhos discutindo em meio a neve. Enquanto os dois voltavam, Saito foi na frente e abriu o portãozinho do muro.

Passou por um caminho de pedra, rodeado por uma grama rala, ambos podiam ser visíveis pois a neve havia sido retirada no dia anterior. Alguns arbustos enfeitavam a frente da casa e também um entalhe de um Papai Noel preso à uma porta de madeira bem entalhada.

Ao apertar a campainha, uma voz feminina surgiu de forma alegra.

“Já estou indo!”

Alguns segundos depois, Shin e Takeru acabavam de chegar junto ao pai e porta se abriu. Uma mulher bonita com cabelos cor de vinho lisos e longos apareceu. Ela vestia também agasalhos com cores mais neutras e recebeu os três com um sorriso.

– Você veio, Saito! Que bom!

– É, levei um tempinho a mais porque alguém teimou em entrar no carro.

Shin deu um olhar malicioso para o irmão e este cruzou os braços e ficou de cara amarrada.

– Esses são seus filhos, então? – ela perguntou olhando para os dois.

– É. O maior é o Shin e o pequeno é o Takeru.

– Muito prazer. – Shin falou fazendo a reverencia de costume no Japão.

– O prazer é todo meu! Meu nome é Yui. Totsuka Yui. – ela sorriu mais uma vez e olhou para Takeru que ainda parecia não estar feliz de estar ali. Shin notou a falta de educação do irmão e teve que dar um pequeno puxão de orelha nele.

– Ei, Takeru, cumprimente a pessoa que está nos recebendo!

– AI! AI! TA BOM! MUITO PRAZER!

– Essa não é a forma certa!

– Não tem problema. – Yui sorriu de novo, sem se importar com o que Takeru fazia. Ela foi até ao garotinho e ajoelhou-se na frente dele. Takeru ficou quieto sem saber o que ela iria fazer. – Você é o Takeru não é? Seu pai me falou de você.

Takeru não respondeu e também não sabia o que responder.

– Eu tenho uma filha da sua idade. Não quer conhecer ela?

Takeru foi intimidado pelo sorriso bondoso que Yui fazia para ele e então a mulher se levantou e chamou pela filha.

– Usagi! Venha até aqui! Temos visitas!

Um pouco de silêncio e depois passos pequenos vieram da sala até a porta de entrada. Yui podia ver sua filha escondida atrás da porta, embora os outros não. Ela não falou nada mas parecia estar com medo de ver pessoas estranhas.

– Vamos, não tenha medo. – tentou Yui de novo – Tem um garoto da sua idade. Venha dar oi pra ele.

Aos poucos a menina tímida foi aparecendo devagarinho por trás da porta. Ela só mostrou uma pequena parte de seu rosto, onde só seu olho direito pode ser visto. Assim que viu as pessoas paradas lá, voltou a se esconder atrás da porta.

– Vamos, ele quer ser seu amigo.

“Eu não disse isso...”, Takeru falou para si mesmo.

Mais uma vez, ela voltou a aparecer e desta vez, pelo menos metade de seu rosto pode ser vista. Os cabelos roxos mal chegavam ao ombro e os olhos eram um verde brilhante. Ela tinha o rosto do formado de uma maçã e as bochechas eram igualmente vermelhas.

Com uma voz tímida e baixa, ela falou sorrindo. Seu olhos brilhando ao ver o menino ao olhar para ele.

– O-Olá….

Era diferente do que ele achava. Diferente dos seus colegas da escola, ela era fofinha e quieta, tímida e frágil. Takeru ficou com o rosto rosado no momento em que ela apareceu e, tentando desviar o olhar e esconder o rosto corado, ele respondeu.

– Oi….

*********

– Hibiki-san! Hibiki-san!

A voz de uma mulher gritava no ouvido de Takeru. Quando ele finalmente abriu os olhos viu que estava na sala de aula e a professora de biologia, ruiva e de óculos, estava na frente de sua mesa segundo o livro na mão. O resto dos alunos estava encarando ele.

– Se você estava dormindo, tenho certeza de que teve a maior nota da prova, não é? – ela disse cruzando os braços e fuzilando Takeru com os olhos.

– Não….– respondeu calmo, como se ainda estivesse com sono.

– Foi o que eu imaginei. Então se quer dormir, durma à noite!

– Desculpe.

A professora estava voltando para o quadro quando viu mais alguém que estava na mesma situação que Takeru.

– OKUMURA-KUN! – ela gritou bem ao lado de Rin e ele se levantou rapidamente da mesa.

– BATATA E BISCOITO! Hã… o que?

Do silêncio ao barulho, a sala inteira começou a rir da cena patética que Rin fizera. Houveram alguns comentários que não puderam ser entendidos pela quantidade de risos que se instalaram na sala. Rin ficou profundamente envergonhado e permaneceu quieto no seu lugar, a professora queria socar Rin na mesma hora. Uma pena que não podia.

Takeru, ao contrário do resto da classe, não riu mas ficou feliz por não ser o único naquela situação. Alguma coisa boa havia acontecido para afastar sua mente de lembranças antigas mas em meio à tanto barulho na sala ele notou algo perto da janela. Um corvo bicava o vidro com força, como se estivesse tentando quebra-lo para entrar. Ele não sabia o porquê, mas ficou com os olhos presos àquele corvo só que então sua atenção voltou novamente para a professora que já havia aturado muita bagunça de seus alunos. Quando voltou seus olhos para a janela de novo, o corvo já não estava mais lá.

Diferente de como era no curso de exorcismo, Takeru não precisava esconder seus cabelos castanhos por debaixo de uma peruca verde, e seus olhos não brilhavam como no dia em que os demônios invadiram a barreira. Podia-se dizer que naquele momento ele era um garoto normal. Ao menos, ele desejaria que fosse sempre assim. Sem precisar se esconder por trás de um óculos, queria que pudesse ver normalmente todas as pessoas e não só durante as aulas. Infelizmente, isso só era possível graças a Mephisto que conseguia desenvolver um colírio especial com um tipo de poder demoníaco que enfraquecia o brilho de seus olhos por apenas algumas horas. Ele queria usar sempre esse colírio mas se fizesse isso o efeito diminuiria, por isso ele só usava nas manhãs já que não podia usar óculos na sala de aula.

Takeru se sentia feliz por estar na mesma turma que Rin já que por um pequeno erro, ele foi parar na mesma turma que Usagi estava. Ele tentou não manter contato com ela naquele tempo mas quando Fujimaru apareceu de repente eles acabaram se encontrando. Felizmente, agora ela não se lembraria de nada então ele estava seguro.

Ao término das aulas naquela manhã de quarta-feira, os exwires se dirigiam para o curso de exorcismo mais uma vez através das chaves douradas. Naquele momento eram apenas Rin e Takeru no corredor, Takeru de volta com os cabelos verdes e os óculos escuros.

– Ei, ei, já não é hora de tirar esse disfarce ridículo? – Rin falou.

– Não posso.

– Seria mais fácil se você contasse a verdade. Por que ela tem que ficar sem saber disso?

Takeru suspirou e tentou dar uma explicação rápida.

– Ela me conheceu com óculos e com essa coisa na cabeça. Que tipo de desculpa de você daria pra vestir isso? – Rin ficou pensando sozinho e algumas vezes chegou a murmurar para si mesmo mas sem nenhuma explicação válida – Além do mais, mesmo que ficasse só com óculos, ela iria insistir pra eu tirar. Não faria sentido dizer que era só pra fugir do meu irmão.

Rin suspirou.

– Você quem sabe, mas isso não vai colar por muito tempo.

– Eu sei bem….

Na sala de aula, novamente, os alunos do curso iam chegando um a um e nada dos professores ainda. Usagi e Shiemi ainda não tinham chegado também. Izumo ficou no canto da sala como de costume enquanto Suguro ficava tirando com Rin porque Takeru tinha contado pra ele sobre a atenção que Rin tinha chamado durante a aula.

– Batata e biscoito?! Que tipo de sonho foi esse?! – Suguro falou rindo e Rin mal podia esconder a vergonha.

– E-Eu não fui o único que dormiu hoje! Ele também! – Rin tentou tirar a atenção dele mesmo e direciona-la para Takeru que estava sentado atrás dele.

– É – ele respondeu – mas diferente de você eu não sonho com batatas.

– Calado!

– Relaxa, Okumura. – falou Shima, próximo a ele – Todos nós temos sonhos esquisitos.

– Shimaaaa! – os olhos de Rin voltaram a brilhar.

– Mas claro, não como os seus!

– Malditos!

O som das risadas foi abafado quando as duas alunas chegaram na sala, acompanhadas por Yukio, que chegou pondo e maleta na mesa e explicando a matéria no quadro. Por ser Yukio quem estava lá na frente, Shiemi estava sempre prestando muita atenção como a maioria dos alunos, Rin era uma exceção mas além dele, Takeru também não estava num clima muito bom para prestar atenção no quadro. Toda vez que tentava abrir seus olhos, que estavam para se fechar, sentia que ia cair na mesa a qualquer momento.

Em seus devaneios, uma voz o chamava….

Takeru! Takeru, olha isso!

– Takeru! – a voz de Yukio ecoou forte do quarto até o fundo da sala, onde ele se sentava. Takeru ergueu o rosto com susto e quando percebeu todos o olhavam. Yukio continuou. – Pode continuar pra gente?

– D-Desculpa, eu me perdi.

– Quarto parágrafo.

– Ah, sim.

Takeru continuou a leitura que eles estavam fazendo naquele momento. Não era comum Takeru se distrair nas aulas, ele era sempre muito aplicado embora não conversasse com frequência ou se distraísse nas aulas.

Depois de mais algumas horas no curso, a última aula finalmente chegou ao fim e o grupo de exwires saiu aliviado da sala. Houveram vários comentários sobre como todos estavam cansados por causa das provas e que agora finalmente podiam relaxar um pouco. Takeru e Usagi eram os últimos que haviam saído da sala, então eles não acompanharam bem a conversa dos outros.

– Desde quando você dorme? – Usagi perguntou para ele.

– Desde que eu nasci. – curto e sarcástico.

– O que eu quis dizer é que é estranho ver você dormindo na aula.

– Você é metida hein, blueberry. – disse com rispidez.

– Ah! Desisto de falar com você!

– Obrigado.

– Mas… – ela tentou dizer com mais calma – como posso dizer?.... Parecia que estava tendo um sonho bom….

– O que? Nada disso. – ele falou sem deixar de olhar para frente, sua mente quase entrando em outro devaneio – Era apenas uma lembrança triste….

Foi nesse momento que a voz de Rin alcançou os dois que estavam atrás do grupo. Rin falava alto e com grande empolgação.

– Qual é?! As provas acabaram! A gente devia fazer alguma coisa pra comemorar!

– Tipo o que? Comer monja? – Shima falou.

– Não!

– Então o que? Vai cozinhar alguma coisa?

– Eu tava pensando em alguma coisa que todo mundo pudesse fazer.

– Tipo um jogo? – Suguro falava agora.

– É! Tipo, isso! Talvez no fliperama, ou baseball! Algo assim!

– Eu não tenho dinheiro pro fliperama.

– Eu também não. – Shima falou.

– Nem eu – agora Konekomaru.

– SÉRIO ISSO?!

– Bem, acho que pode ser baseball então. – Shima falou antes que Rin pudesse dizer mais alguma coisa. Naquela hora, quase todo mundo ficou dando outras ideias mas que não foram bem aceitas porque pareciam chatas ou coisas do gênero.

“Baseball…?”, quando se deu conta, o grupo estava mais a frente que Takeru, que estava parado no mesmo lugar. Rin notou que ele não estava com eles e o viu parado um pouco mais atrás.

– Ei, Takeru! Você não vem?!

– … Tô indo.

*********

Os dias seguintes se passaram alegres e tranquilos. Agora, Takeru ia com seu pai toda vez que ele ia visitar Yui , e ele e Usagi ficavam brincando o dia todo. A maior parte do tempo ficavam brincando na neve, fazendo guerras ou apenas construindo um boneco. Shin os acompanhava de vez em quando.

No Natal, foi um dos dias mais feliz para Takeru. Ele amava o Natal e era a primeira vez que Usagi e Yui iriam passar o feriado com a família dele. Foi nesse dia que Takeru conheceu Fujimaru pela primeira vez. Usagi havia levado ele para a casa do amigo para que os três pudessem brincar juntos e foi isso que o ocorreu. Foi um Natal como todos os outros, só que mais cheio de vida.

– Ei, Usagi, porque você tem esse nome? – Takeru perguntou para ela enquanto eles desembrulhavam seus presentes. Ela não entendeu direito a pergunta mas tentou responder o que achava certo.

– Ahhh...hummmm, acho que é porque tem um coelho na Lua!

– Queee? Que ridículo! Você tem mais cara de blueberry pra mim.

– Blueberry? Que isso?

– Sério que você não sabe? São aquelas frutinhas azuis, é parecido com o seu cabelo.

Usagi abriu bem os olhos e eles começaram a brilhar, suas bochechas ficaram rosadas e ela abriu um grande sorriso pro menino.

– Esse é meu apelido?!

– Ahm…não sei. Se você quiser….

– EBAAA! EU TENHO UM APELIDO!

– Sério? Tem muitas palavras melhores que essa.

– Não, eu gostei desse! – ela se levantou do chão, ainda sorrindo para ele – A mamãe sempre faz bolo com essa frutinha e você disse que é parecido comigo! Eu gostei desse!

– Bem...se você diz….

Ele tentou esconder seu sorriso mas não conseguiu porque logo depois ele terminou de desembrulhar um presente bem largo e dele saíram um taco de baseball, uma luva e uma bola. Ele saltou com um grito de felicidade que ecoou pela casa toda. Ele, Usagi e Shin saíram para fora pra testar o novo presente.

– Como se joga? – Usagi perguntou, os três parados na rua deserta.

– Não é difícil, é só você jogar a bola e rebater – ele tentou fazer uma demonstração de como rebater a bola mas acabou por dar três rodopios no mesmo lugar e cair no chão. Usagi e Shin começaram a rir dele.

– Você ainda tem muuuuito que aprender. – disse Shin sorrindo.

Eles ficam mais ou menos uma hora brincando com o novo presente que Takeru tinha ganhando. Demorou bastante tempo até que ele finalmente coseguisse rebater a bola mas quando fez isso, a bola voou longe e eles tiveram que sair pra procurar. Levou mais uns 10 minutos até que Shin encontrasse ela no lugar da cenoura de um boneco de neve.

Eles retornaram para a casa, Yui já estava se despedindo da família de Takeru, enquanto Usagi e Takeru estavam do lado de fora da casa. Eles estavam admirando a neve colorida do azul da noite e pelas luzes coloridas de Natal. Nunca haviam visto um cenário mais lindo que aquele, era como se a noite quisesse dançar pois as luzinhas de Natal balançavam com o vento e coloriam os flocos de neve que começavam a cair.

– Ei, Takeru, minha mãe disse que eu vou estudar na mesma escola que você ano que vem! – ela dizia sorrindo.

– Sério?! – ele respondeu com surpresa e com um grande sorriso no rosto.

– Sim! A gente vai poder se ver todos os dias!

Takeru estava realmente feliz por saber que logo, logo eles poderiamos e ver com mais frequência mas depois o sorriso dele desapareceu.

– Não...Não vai ser assim….

– Hã? Por quê não?

– Meus colegas da escola são todos idiotas…. Todos eles só sabem de conversar em grupo e quando um de nós não faz o que os outros gostam...eles te abandonam….

Usagi ficou olhando para ele, esperando que fosse dizer mais alguma coisa.

– Quando você entrar pra escola, um monte de gente vai querer falar com você e daí você vai se esquecer de mim….Igual a todos eles….

– EU NÃO VOU!

Takeru voltou seu olhar triste para a menina irritada, com as bochechas rosadas de raiva.

– Eu não vou te abandonar! E também não vou te esquecer! É UMA PROMESSA!

– Promessa?....

– Sim! Eu nunca vou te esquecer! Nós vamos ser amigos pra sempre!

– Então… – ele estendeu o dedo mindinho e os cruzou com os dela, agora sorrindo – é uma promessa!

**********

O grupo chegou aliviado depois de uma longa caminhada até a parte elevada da cidade onde havia um pequeno campo de baseball, cercado por longas e altas grades, onde um corvo se pendurava nas barras de metal, observando os garotas que chegavam e os que saiam.

Do campo saiam três crianças cansadas acompanhadas por suas mães. As crianças pareciam estar discutindo entre si sobre como se jogava e ficaram apontando os dedos umas para as outras até desaparecerem na distância.

Os alunos foram deixando suas mochilas todas amontoadas nos bancos do campo e se juntaram no meio do campo, estavam decidindo o que iriam fazer. Suguru já tinha decidido que ia lançar a bola e Konekomaru iria recebe-la. Shima e Shiemi iria entre as bases para apanha-la, o resto iria rebater.

– Certo! – Rin falou espontaneamente – Quem quer começar?

– Na verdade… – Usagi falou tímida assim que Rin terminou de falar – Eu não sei jogar….

– Nem eu. – Takeru se juntou a ela, erguendo a mão para falar.

– Sério isso?!

Rin ficou boquiaberto, não esperava que eles fossem revelar isso só agora que todos já estavam discutindo tudo. Ele respirou fundo e voltou a falar.

– Ahh, bem então vamos ver o que vocês conseguem fazer.

Por um breve momento, Usagi e Takeru não entenderam mas logo depois Rin entregou um taco de metal para Takeru e ele e Suguro foram até o meio do campo enquanto o resto ia se sentar nos bancos.

– SÓ REBATE COM FORÇA! – Rin exclamou ao longe. Takeru por um momento não se sentiu muito bem de estar naquele lugar. Era verdade que ele era muito bom nesse esporte e desde que se lembrava começou a praticar assim que estava na quinta série, ainda assim sentia-se nervoso, seus colegas o observavam atentamente enquanto faziam pequenos comentários.

Suguro anunciou que ia lançar e Takeru preparou o taco, quando ele arremessou a bola, Takeru já não tinha certeza do que queria fazer. Por um momento sua mente ficou em branco e foi movimentar o taco no ultimo segundo. A bola passou por cima do taco e saiu quicando por de trás de Takeru.

– Tudo bem, as vezes isso acontece. Usagi, sua vez. – ele deu um tapa nas costas dela e ela foi apanhar a bola ainda rolando pelo chão. Takeru passou o taco para ela e ele se juntou ao resto dos colegas. Usagi se colocou no lugar em que o garoto estava antes e atirou a bola para Suguro de novo.

Mais uma vez ele arremessou a bola e Usagi segurava firme o taco, ela moveu o taco com força um pouco antes da bola a alcançar e acabou girando no mesmo lugar. Com vergonha, ela tentou esconder o rosto vermelho por trás da franja mas ninguém pareceu se importar muito.

– Vocês não querem tentar de novo? – Rin voltou a perguntar, Usagi tentou falar mas foi abafada por Takeru na mesma hora.

– Na verdade, vocês podem começar. Eu não sei se vou jogar. – ele disse sorrindo.

– Que?! Isso não pode! – Rin resmungou.

– Sim, desse jeito não tem graça – Shiemi comentou.

– Tudo bem, eu sou péssimo. Não vai fazer diferença se eu for ou não, verdade.

Foi então que rolou uma pequena discussão entre eles mas Takeru definitivamente não estava disposto a jogar. Suguro ficou irritado por ter que ficar esperando enquanto assistia os outros resmungarem de longe. Izumo estava da mesma maneira, embora não falasse nada.

– Que seja! Vamos logo com isso! Se você não vai jogar então sai! – Izumo falou finalmente em alto e bom tom, o que fez todos se calarem na mesma hora e deixar Takeru levemente irritado.

Sem mais delongas, cada um se separou e foram para seus devidos lugares no campo, Izumo como primeira rebatedora, e Takeru se distanciou deles indo para os bancos onde as mochilas estavam amontoadas. O corvo que estava na entrada agora estava mas perto de Takeru e ficava dando saltinhos e piando alto na grade. Takeru tentou não dar atenção ao bicho e se concentrar na partida.

**********

Foi naquele dia, naquele maldito dia de Ano Novo que tudo aconteceu. Yui e Usagi estavam voltando de um dos templos de Kyoto pela manhã, passando pelas muitas pessoas que vinham de lá para cá e daqui para lá. Estava um dia realmente normal, um céu azul e sem vento, as pessoas ainda vestidas com agasalhos e algumas mulheres vestindo os kimonos tradicionais. Ela e a filha estavam vestidas basicamente da mesma forma, com kimonos coloridos e casacos fofos.

Yui caminhava normalmente enquanto a filha estava agarrada à mão da mãe enquanto olhava os passos profundos que deixava para trás ao caminhar pela neve. Parecia que seria realmente, uma manhã como qualquer outra. Yui estava feliz porque iria rever seus pais nesse dia mas foi na volta para a casa que Yui sentiu alguma coisa diferente. Ela não sabia explicar o porquê, mas os Coal Tals estavam se movimentando em grande massa e o mais estranho era que estavam rodeando sempre próximos a elas.

Claro, os exorcistas também notaram essa atividade estranha dos Coal Tals pelo radar, onde eles apareciam de forma concentrada na área em que Yui e Usagi se encontravam.

Yui já começara a se preocupar mais quando viu os pequenos demônios se juntarem e tomarem a forma de um lobo completamente negro e grande. Ela não podia arriscar mais, ergueu Usagi no colo e foi carregando ela o mais apressada que pode.

– Mamãe, tamo indo pra onde? – perguntou a filha curiosa, que naquela época ainda não via os demônios.

– Vai ficar tudo bem. A mamãe só esta com pressa.

Yui mal conseguia andar rápido por causa do kimono que restringia seus movimentos, justo nesse dia que eles resolveram aparecer e ela não sabia por quê. Ela só tinha dois papéis de invocação de demônios e não sabia de quantos mais poderia precisar.

–---------

A situação piorou cada vez mais. O radar do pessoal de Vera Cruz não parava de alarmar sobre demônios surgindo cada vez mais em Kyoto. Nesse dia, muitos exorcistas haviam sido separados e nessa cidade, um dos poucos exorcistas que estavam lá era a família Hibiki.

Saito já tinha percebido a situação e estava junto de outros 4 exorcistas lidando com alguns demônios de nível baixo pelas ruas. Então um toque de um celular surgiu vindo do bolso de Saito.

– Yui, você já viu? Eu não entend--

Saito! – ela o interrompeu rapidamente, falando com a respiração fraca e a voz preocupada. – Tem muitos deles aqui na frente da minha casa! Meus familiares – ela se referia aos demônios – não conseguem dar conta de todos! Eu preciso de ajuda!

– Ok! Não se preocupe que em um instante eu chego aí!

Obrigada…. Usagi se afaste da janela! Não!

Saito ouviu o som do celular batendo no chão e depois a janela se quebrando em meio aos gritos de Yui e Usagi.

– YUI?! YUI! DROGA!

Ele enfiou com força o celular de volta no bolso e ordenou ao resto dos exorcistas para a casa de Yui imediatamente mas não iria ser fácil pois o caminho estava completamente bloqueado por vários demônios.

– Pai?... – em meio ao tumulto Takeru saiu da porta de casa, com seu irmão logo depois. – O que tá acontecendo?

– Vocês dois fiquem dentro de casa! E não saiam em circunstância alguma! Shin, cuida do seu irmão!

– Tá. – Shin respondeu.

Quando todos já estavam partindo, uma torre de luz surgiu do nada e então os demônios começaram a se mover um a um. O caminho foi abrindo e Saito e os outros aproveitaram essa oportunidade, ainda que preocupados.

– Aquela luz...A Usagi mora por lá…. – Takeru falou para si mesmo.

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Demônios continuavam indo e vindo de todas as partes, Yui já estava gravemente ferida e Usagi, ela ficou ao lado de sua mãe, vendo o sangue escorrer pelo quadril.

– Mamãe… – os olhos da garota estavam muito bem abertos e cheios de lágrimas, tinham adquirido a cor dourada e os cabelos e parte de seu corpo estavam brancos como a neve. – Fiquem longe….FIQUEM LONGE DELA!

Com um estrondo forte, uma luz começou a rodea-la e agora se corpo estava completamente branco. Sentindo uma profunda raiva e tristeza, ela não conseguia parar de gritar e ao mesmo tempo que era defendida pela própria luz, também afetava a parte interna do seu corpo que começou a cuspir sangue pela boca.

Foi nesse instante que Saito e seu grupo chegaram, todos bombardeando os demônios amontoados no lugar. Infelizmente, seus dois filhos também apareceram porque Takeru fugiu e Shin não conseguiu segura-lo a tempo. Agora estavam ali, se deparando com um show de tiros e sangue pelos lados e a garota, ferida e em choque, envolta por um turbilhão de luz.

Takeru se espantou em ver Usagi daquela maneira e por um momento até ficou com medo mas tomou coragem para alcança-la. Ele passou pelos adultos a sua frente e indo até a garota.

– NÃO SE APROXIMA DELA! – Saito gritou mas não houve tempo para ele escutar o pai. Takeru tentou tirar a amiga da luz mas ao tocar nela, ele foi jogado para longe, gemendo e se contorcendo até finalmente desmaiar.

– Droga!

Um último suspiro, foi o que Yui precisou, ela se ergueu ignorando a dor que sentia. Agarrou um tipo de selo e o colou na testa da filha.

– Acalme-se….Já passou….

E assim, tudo acabou. Quando Usagi finalmente voltou ao normal e adormeceu, Yui também acabou por desmaiar com um sorriso no rosto.

Os exorcistas ficaram eufóricos naquele dia. Todos andaram de um lado para o outro, ambulâncias iam chegando, mais exorcistas vieram também e a área da casa de Yui foi isolada, sendo guardada por vários deles.

Mephisto também apareceu em meio ao tumulto, como sempre em horas onde as coisas sempre ficavam sérias. Ele agia como de costume a situação naquele dia realmente lhe chamou a atenção. Ele acompanhou Yui e a filha no carro da ambulância, coisa que nunca faria a menos que tivesse uma razão óbvia e soube pelos médicos que Yui ainda estava viva mas por pouco tempo.

– S.r. Pheles…. – Yui dizia numa voz fraca e baixa quando acordou. Mephisto a encarava com o sorriso de sempre.

– Yui… o que foi tudo isso?

– Ela não pode falar! – disse o médico.

– Cale-se!

– Pheles… Eu tenho um pedido…. Minha filha, Usagi, deixe que ela se torne uma exorcista no futuro….

– Isso eu não posso Yui. Sabe que os alunos devem sempre ter seus méritos pra isso.

– Por favor...minha filha...ela é diferente. Ela precisa encontrar uma maneira de controlar esse poder...só pode fazer isso lidando com demônios… Ela… – dizia cada vez mais baixo – ela não é filha de um demônio… O pai dela… é Tsukuyomi…

– Tsukuyomi?

– ...O Deus da Lua… Por favor...ajude ela… Por favor....

Yui já estava quase morrendo quando Mephisto abriu um largo sorriso e disse com firmeza.

– Certo! Eu vou aceita-la! Vou manter ela sobre vigilância para que as coisas não fiquem fora do controle de novo!

– Obrigada… Pheles...Obrigada….

Yui pode virar seu rosto e ver sua filha adormecida ali ao seu lado. As lágrimas escorreram pelo rosto dela enquanto sentia sentia-se cada vez mais fraca.

“Meu amor… me desculpe mas a mamãe não vai estar mais por perto …”, e com as ultimas forças que tinha, Yui abraçou a filha enquanto suas lágrimas corriam pelo rosto sem parar, “Eu queria ficar mais tempo com você...queria muito mas...não fique triste. Sorria e cresça forte. Você vai fazer muitos amigos, cuide bem deles e nunca os abandone...porque....eles são...a fonte de toda a sua luz e sempre estarão do seu lado… Vai ser difícil daqui pra frente mas não se esqueça... Eu te amo…”

Os batimentos cardíacos pararam e um som agudo ecoou da máquina da ambulância.

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Depois da morte de Yui, tudo foi muito complicado. Ainda naquele dia, quando Takeru despertou no hospital, estava numa sala completamente branca e finalmente abriu os olhos de novo mas…

– O que...é isso?...Tem alguém aí? Eu não vejo nada. – ele falava devagar mas não obteve nenhuma resposta. – Ta tudo branco. Eu não enxergo. Alguém apaga essa luz, por favor… ALGUÉM ME OUVE?! TÁ CLARO DEMAIS! EU NÃO ENXERGO! POR FAVOR! TA MUITO CLARO! ALGUÉM APAGA ESSA LUZ, POR FAVOR!

Ele gritava muito alto, esperando que alguém viesse ao seus socorro. Ele virava o rosto de um lado para o outro mas não via nada além do branco, ele chegou a entrar em desespero e a chorar, então os médicos finalmente vieram.

Levou uns 15 minutos para que ele pudesse se acalmar de verdade porque ele sempre ficava repetindo a mesma coisa. Ele só começou a se acalmar quando escondeu seus olhos com as mãos e tudo ficou mais escuro.

Muitos exorcistas doutores foram chamados para tentar examinar o que ele tinha mas ninguém conseguiu resolver pois se tratava de um coisa que ninguém conhecia. O próprio Mephisto teve que checar por si mesmo e, baseado no que Yui lhe disse, tentou encontrar a solução por si mesmo.

Levou muito tempo para que Usagi e Takeru voltarem para a escola, Usagi porque ainda não aceitava a morte da mãe e ficava traumatizada quando via os demônios lá fora, e Takeru porque Mephisto demorou para encontrar um jeito de resolver o problema dele mas depois de vários meses, ele finalmente conseguiu.

Quando Takeru pode enxergar novamente, nunca se sentiu mais feliz na vida, era como se tudo fosse novo pra ele de novo. E o que mais lhe deu força até esse dia é que poderia ver a sua amiga de novo.

Quando finalmente foi para a escola, pode ver ela lá, ainda tímida e com medo dos outros mas ele estava feliz, muito feliz, tanto que nem conseguia se conter. Ele correu até a menina e chamou por ela. Usagi virou o rosto e o viu.

Quem é você?...

Ele ficou paralisado, seu sorriso ainda colado na cara começou a se desfazer. Ele queria falar alguma coisa mas não conseguiu, as palavras não saiam da sua boca. Com medo, seus passos foram recuando e ele saiu correndo e Usagi ficou lá, vendo ele desaparecer.

“Quem era aquele menino?...”

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Ele não entendia, a palavra POR QUÊ vinha na sua mente toda hora. Ele corria sem rumo pelos corredores, chorando e sem saber o que fazer. Shin o avistou se escondendo em um canto solitário entre as paredes e foi até o irmão.

– Takeru, o que houve? – ele se abaixou para olhar o rosto do irmão.

– Ela prometeu… – ele falava baixo mas começou a ficar mais alta – Ela disse que não ia se esquecer de mim! Ela disse que não ia me abandonar! ELA ME VIU MAS NÃO SABIA QUEM EU ERA! POR QUE?!

Shin não sabia o que responder para ele, só pode ver as lágrimas correndo pelo rosto do irmão como os rios. Shin também se sentia triste, e pior ainda por ouvir Takeru falando essas coisas tristes.

– POR QUE ELA NÃO SE LEMBRA DE MIM?! ELA ME PROMETEU, SHIN! ELA ME PROMETEU!

Shin abraçou o menino que não parava de chorar. Ele não conseguia mais ficar naquele lugar. Takeru teve que voltar para a casa e só retornou no dia seguinte. Ele achava que conseguiria falar com ela de novo mas não. Toda vez que criava alguma coragem, o medo o dominava e ele desistia. Foi assim por dias, então semanas, então anos. Quando percebeu, eles tinham se tornado estranhos….

**********

– OK, a Izumo começa então! – Rin anunciou para os outros.

– BOA SORTE, IZUMO-CHAN! – Shima gritou mais de longe.

– CALA A BOCA! – ela respondeu.

Suguro se preparou para arremessar o mais forte que podia pra não deixar Izumo rebater mas assim que lançou, ela rebateu com força e partiu direto pra primeira base. Rin deu gargalhadas pela expressão que Suguro fez naquela hora.

– Que pessoal animado, não? – Usagi falou sentando-se no banco ao lado de Takeru.

– Demais pro meu gosto. – ele respondeu num tom mau humorado, sem olhar para ela. Um silêncio se instalou enquanto Rin se preparava para rebater a próxima bola.

– Ei...posso perguntar uma coisa? – ela falou meio nervosa, mexendo as mãos uma na outra.

– O que é?

– O seu sobrenome é Hibiki, não é?

– Então você sabe? Mas que honra. – ele disse sarcasticamente, mas se sentindo um pouco surpreso com a pergunta.

– Eu ouvi do Shin que… a sua família era responsável por me proteger. Então… – ela não conseguiu terminar a frase mas Takeru entendeu o que ela queria dizer.

– Nós nunca nos conhecemos, se é isso que vai perguntar.

– Sério! Ah, que alívio! Não, não é bem isso que eu queria dizer…

– Tudo bem, eu entendo. – ele disse com um sorriso enquanto Rin rebatia a bola e disparava para a primeira base. Izumo seguia para a segunda.

– Sabe...de alguma forma, eu fico feliz por ter te encontrado aqui. – ela disse normalmente, Takeru agora a olhava mais surpreso ainda. – Eu não lembro de nada de quando eu era criança mas, eu não sei, você me lembra um garoto que eu conheci...Eu não lembro exatamente como ele era, talvez seja a minha imaginação mas...ele parecia feliz…

Ela sorria a cada palavra, os olhos de Takeru ficaram bem abertos. Não sabia mais como se sentir mas era como se um fragmento de uma pequena felicidade tivesse se instalado nele, mas agora as palavras dela iam perdendo o sorriso.

– Quando eu penso nisso, eu me sinto mal pelas pessoas que eu esqueci. Eu devo ter trazido tanta tristeza pra tantas pessoas...Eu fico imaginando o que essas pessoas pensam de mim.

Então ele percebeu que não era só ele que se sentia assim. Não se tratava apenas dele, ou dela, mas de todos. Ele não sabia exatamente como reagir mas aos pensar sobre as coisas que ela dizia, uma risada longa saiu automaticamente da boca dele e ele não conseguia parar de rir, o que deixou ela profundamente envergonhada e irritada.

– Qual é a graça?! – ela disse com o rosto vermelho.

– Não, não...– disse tentando se conter – Desculpa..Haha...Você sai falando esse tipo de coisa? Você é idiota por acaso? Hahaha!

O rosto dela ficou vermelho como uma pimenta enquanto ele ria da cara dela.

– Esqueça! Apenas esqueça!

– Não, não. Foi mal por isso. – disse agora mais calmo – Eu também sou um idiota que nem você. – ele falou sorrindo e o que dizia a seguir, não era apenas para ela como para ele também.

– Hã?

– Nada. Escuta bem, coisas tristes vem pra todo mundo, assim como vem coisas felizes. Você não é especial, nem diferente de ninguém aqui. Olhe em volta. Você vê alguém triste por acaso?

Usagi tornou a olhar para o campo. O pessoal estava todo falando uns com os outros, rindo, sorrindo, se irritando, debochando mas todos estavam felizes. Os olhos de Usagi tornaram a brilhar quando viu aquela cena.

– Não, não vejo….

Takeru voltou a sorrir finalmente. Rin chamou Usagi para rebater a próxima bola e ela se levantou, mais alegre do que antes. Quando ela se dirigia até a área, Takeru a parou com a mão no ombro da garota.

– Se for possível, não se esqueça de uma única coisa. – os olhos totalmente fixos com os dela e ele sorriu. – Nunca se arrependa daquilo que te fez sorrir.

– USAGI! VEM LOGO! – Rin chamou mais uma vez.

– Desculpa, Rin. Será que eu posso rebater essa? – Takeru falou no lugar dela. Ele tinha ainda tinha suas razões para mentir mas isto seria uma história futura.

– Tem certeza?

– Sim. Pode deixar!

Agora, muito decido, ele apanhou o taco de metal com firmeza. Sabia que agora poderia fazer aquilo com perfeição. Ele se preparou e Suguro arremessou a bola, ela veio voando em sua direção e BAM, a bola saltou no ar para muito longe. Takeru largou o taco no chão e passou a correr de base a base. Rin exclamou.

– UM HOME RUN!

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Já estava escurecendo e todos os alunos voltaram para os seus dormitórios. A ala masculina estava muito quieta porque nem todos haviam chegado ainda mas Takeru voltou junto com os alunos do curso, se dirigindo rapidamente pro seu quarto. Ele queria descansar bastante depois do dia de hoje, tirou os óculos na mesma hora.

Que tristeza…”, uma voz sombria se instalou no quarto escuro de Takeru. Ele olhou em volta mas não havia ninguém.

– Quem tá aí?

Você parece ter passado por muitas coisas difíceis…”, disse novamente, Takeru girava a toda hora tentando achar a origem da voz mas sem sorte.

– Onde você tá?! Sai logo daí!

“Não quer desistir de tudo isso? Você ainda guarda bastante rancor não é?

– QUEM É VOCÊ, DROGA?!

Silêncio.

Eu?...”, agora Takeru podia sentir de onde vinha e olhou para a janela do quarto. O corvo estava parado lá, olhando fixamente para ele. “Eu sou aquele que entende você. Eu estou aqui pra te ajudar a acabar com toda essa tristeza”.

Sem nenhum aviso, o corvo voou na direção dele, indo direto para o seu rosto. As penas começaram a se distorcer como fumaça e tentavam invadir a mente do garoto enquanto ele se contorcia para tirar o demônio do rosto.

– SAI!

Os olhos dele brilharam forte sem que ele fizesse algo e o corvo se afastou de volta para a janela, ainda o encarando. Uma gota de suor escorria pelo rosto do garoto.

Parece que você ainda não consegue odiar completamente. Mas…”, o corvo voou mais uma vez, seu corpo se desfazendo em uma sombra que atravessou o estomago de Takeru, “Se um dia você odiar esse seu destino...eu vou te ajudar…


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Notas finais do capítulo

E aí galera! Gostaram? Mereço reviews? E a imagem?
O próximo capitulo provavelmente vai demorar pra sair e vai ter foco no Shin! :D
Ah, leitores fantasma, vocês já podem se manifestar. Eu não mordo :)



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