O Coelho Exorcista escrita por DarkAngelS2


Capítulo 10
O Mais Duro dos Corações


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoal!
O capitulo de hoje tem um foco um pouco diferente mas espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/530004/chapter/10

Era mais uma manhã agradável no Colégio Vera Cruz. O céu estava praticamente limpo, apenas algumas pequenas nuvens completamente brancas pairavam no céu. Uma brisa fresca vinha pelo norte e balançava todas as flores e os galhos das árvores, as folhas deixavam os galhos e viajavam pelo vento indo do chão até ao grande céu azul.

Um clima tão agradável com este era raro já que os verões no Japão são geralmente muito quentes mas nesta manhã, estava razoável. Isso também ajudou muitos alunos de Vera Cruz a relaxarem um pouco e se concentrarem um pouco mais nas aulas já que eles estavam em semana de provas e todos estavam se esforçando.

Para os alunos do curso de exorcismo também facilitou um monte. Todos estavam sempre preguiçosos e cansados por causa dos fortes raios do Sol e incidiam diretamente em seus rostos. Eles eram quem estavam se esforçando mais do que todos. Além de terem que se concentrar nas aulas normais, ainda tinham que se concentrar nas aulas práticas e teóricas de exorcismo.

Desde o começo do semestre foi assim: Rin estava sempre dormindo na aula, Shima ficava com seus olhos apenas focado em Izumo, Takara não se anunciava. Suguro, Takeru, Shiemi e Izumo eram os únicos que pareciam estar realmente focados nas aulas, embora Shiemi tivesse algumas dificuldades mas nunca deixou se distrair.

Yukio teve que passar um bom sermão no seu irmão devido às notas baixas que recebeu tanto no curso quanto no colégio. Rin, por outro lado, sempre vinha com a mesma desculpa dizendo que não conseguia dar conta das duas aulas. Parra Yukio era o contrário, ele era o número um de sua classe e sempre recebeu muitos elogios de seus professores e dos outros colegas, uma coisa que Rin invejava.

Mesmo assim, Rin nunca perdeu o ânimo e continuava seguindo do jeito que estava. Continuava se esforçando nas aulas mas nunca se deprimia quando não conseguia alguma coisa.

Para Usagi era um pouco diferente. Como ela havia perdido 2 semanas de suas memórias, era mais difícil para ela de se concentrar nas aulas normais. Ela já não conseguia acompanhar o resto da sua classe e muitas vezes teve dificuldades em resolver os deveres sozinha, e agora que estavam em semana de provas, ela tinha que recuperar toda a matéria que havia esquecido. Ela não tinha escolha senão entrar em um grupo de estudos na turma dela que se reunião às tardes para estudar. Isso era mais complicado já que nesse período ela tinha curso, por isso Suguro e Koneko a ajudavam durante os intervalos das aulas de exorcismo.

Foi realmente uma grande ajuda. Ela não tinha conseguido alcançar a média nas primeiras provas mas estava feliz com o resultado que tinha alcançado em pouco tempo.

Ela ficou feliz pelo que seus amigos estavam fazendo por ela, mesmo que ela tivesse esquecido completamente deles. Eles ainda estavam dispostos a ajuda-la mesmo estando ocupados com seus próprios estudos.

A relação com Rin estava um pouco diferente do começo. O ódio que ela tinha por Satã ainda prevalecia mas a atitude de Rin ao revelar que era o próprio filho dele ainda era estranha para ela. Rin tinha dito que eles ainda eram amigos mas ela não conseguia acreditar. Ela que sempre odiou demônios virou amiga de um? Como ela poderia acreditar nisso? Mesmo assim, ela sentia que podia acreditar no que ele havia dito, ainda que fosse difícil.

Rin continuava com sua atitude bagunceira e alegre com seus colegas, ele mesmo também estava recebendo a ajuda de Suguro e do Koneko já suas notas nas aulas não eram as melhores. Shiemi também tinha algumas dificuldades, por isso sempre estava por perto.

Izumo era diferente, ela estava sempre sozinha tanto no curso quanto no colégio. Ela estudava sozinha, lia sozinha, sentava sozinha e sua expressão nunca era de alguém solitária. Ela nunca queria a companhia de ninguém, embora ela já tivesse sido vista com Paku, a única garota que ela considerava amiga. Izumo e Paku sempre almoçavam juntas, parecia ser a única pessoa que podia colocar um sorriso em Izumo já que ela sempre estava com uma expressão de quem não se importava com nada e ninguém.

Mesmo que Usagi tivesse que se concentrar nas suas aulas, uma coisa nunca saia da cabeça dela. Mesmo quando estava escrevendo ou respondendo à Suguro, seus olhos frequentemente colidiam com Izumo.

Foi graças a ela que a vida de Usagi foi salva várias vezes durante a invasão dos demônios. Já havia passado pouco mais de uma semana desde que Usagi saiu do tribunal e ela não tinha encontrado uma oportunidade para agradecer a ela devido aos problemas com os estudos.

E não eram só os estudos, um dia depois que ela saiu do tribunal, Usagi ficou no pé de Shin o tempo todo, querendo saber se ele havia encontrado alguma forma de ajudá-la a controlar seu poder mas ele ainda não tinha achado uma resposta.

Os outros estavam aceitando bem o fato dela ser a filha de um Deus, embora ainda soasse confuso. Eles pareciam um pouco curiosos mas não faziam perguntas, tratavam ela como uma pessoa normal, a melhor coisa que qualquer humano iria querer.

–--------

Na manhã de quinta-feira, Usagi acordou mais uma vez cedo porque queria revisar todo o conteúdo que Suguro explicou pra ela no dia anterior. Não podia deixar que tirasse mais uma nota a baixo da média caso contrário seus avós iriam retira-la do colégio, coisa que ela não queria.

Então, após revisar tudo o que conseguiu, ela deixou o dormitório com Fujimaru trancado no quarto já que ele não podia sair. Ela acompanhou as outras alunas até a sua sala de aula e foi para o seu lugar.

Todos os alunos pareciam nervosos pois o professor de literatura era muito rígido e ele mesmo dissera que iria ferrar com todos na prova de hoje. Usagi não pode deixar de sentir o mesmo.

Enquanto tentava relembrar as partes importantes do conteúdo, Usagi viu um borrão do corpo de Izumo passando pela porta da sua sala. Mais uma vez ela se lembrou do que Takeru tinha dito à ela.

“Eu ainda tenho que agradecer a ela por aquele dia...”, ela pensou, “Mas já se passou uma semana. Será que não é estranho agradecer por uma coisa que aconteceu a tanto tempo?”

Ela ficou confusa. Pelo o que ela via, Suguro e Izumo eram como água e óleo, ele nunca falava alguma coisa boa dela e os dois estavam sempre brigando mas Shiemi e Rin tinham uma grande admiração por ela. Shima era um caso à parte, já que ele não consegue odiar garotas.

“Não! Eu tenho que fazer isso! Assim que eu for dispensada da prova vou falar com ela!”

Assim que o professor entrou na sala, todos os alunos se sentaram rapidamente e trataram de ficar quietos, escondendo muito bem as colinhas nas mangas da roupa ou na própria barriga.

O professor não falou nada, assim que distribuiu todas as provas, tornou a ler todas as questões com os alunos e tirar dúvidas caso tivessem. Assim, deu-se início a prova.

–---------

Passados 40 minutos de pensar, pensar, pensar, ranger os dentes, olhar para o lado, escrever e apagar, Usagi se levantou da mesa e entregou a prova para o professor. Este dispensou ela e o resto dos alunos que já haviam terminado também.

Os alunos só eram dispensados das provas quando faltavam apenas 10 minutos para acabar a aula. Eles teriam algum descanso para beber água ou ir ao banheiro. Assim que a sirene tocasse, eles retornariam para suas classes.

Usagi sabia que a turma de Izumo também tinha prova na primeira aula, por isso aproveitou esta oportunidade para falar com a garota antes de voltar para a aula.

Ela parecia nervosa, não sabia bem o que dizer quando a encontrasse mas então, depois de andar pelo corredor ela viu Izumo lendo um os livros de exorcismo sozinha em um banco qualquer.

– Ahm... – Usagi se aproximou dela com vergonha. – Kamiki-san....

– Ah, é você. – Izumo continuava com a mesma expressão de sempre. – O que você quer?

– Ahh.... Bem... é que.... – ela estava nervosa, não sabia o que dizer.

– O que foi? Fale logo.

– É que.... Semana passada, o Wasabi me disse que você me salvou daqueles demônios então.... Eu sei que já passou um tempo mas eu queria agradecer pelo que você fez. – ela corou, apenas esperando uma reação de Izumo mas ela....

– Sério? Você veio aqui só pra me dizer isso?

As expectativas de Usagi se partiram ao meio. Ela voltou a falar.

– B-Bem, é que a Shiemi e o Okumura falam bastante de você então eu achei que devia—

– Devia? – disse num tom mais forte – Escuta, eu não preciso que você me agradeça. Apenas esqueça que isso aconteceu.

– Mas—

A sirene tocou, avisando todos os alunos que foram dispensados da prova para voltarem para as suas classes.

– Esqueça! Eu estou ocupada!

Izumo retornou a sua classe sem nenhum arrependimento em suas palavras. Usagi ficou parada vendo a garota desaparecer de vista e então voltou para a sua classe. Naquele momento ela percebeu, não tinha como, em hipótese alguma, de que ela gostasse de Izumo. Voltou à sala com uma profunda raiva, agora sabia como Suguro se sentia. Não sabia como Rin e Shiemi conseguiam gostar daquela garota, especialmente Shiemi que sempre dizia que ela era uma boa pessoa. Usagi não conseguia ver isso.

O restante das aulas se seguiu como o de costume mas Usagi não conseguia parar de pensar no que Izumo tinha dito. Toda vez que se lembrava, sua raiva voltava e muitas vezes ela tentou parar de pensar nisso para focar nas aulas mas não adiantava. O rosto de Izumo sempre voltava a sua mente.

Depois do almoço, o curso de exorcismo não foi muito diferente. Agora ela se sentia incomodada só de estar na mesma sala que Izumo. Felizmente, estudar com Suguro durante os intervalos das aulas já fazia ela desviar sua atenção. Os alunos estavam todos amontoados pedindo ajuda para Suguro que mal conseguia dar conta de todos, por isso Konekomaru o ajudava de vez em quando.

– Não falei? Álgebra é a coisa mais fácil que existe. – Suguro disse.

– Nossa, quando eu vi parecia muito pior! – Usagi falou.

– É bem mais fácil quando você explica, Suguro. – Shiemi adicionou com um sorriso.

Izumo permanecia no lado esquerdo da sala, lendo sozinha. Não parecia estar estudando ou algo do tipo, apenas lendo o mesmo livro pequeno da mesma manhã.

Rin foi o primeiro a notar que Izumo não se juntara a eles e isso era uma atitude frequente dela, por isso ele quis convida-la.

– Ei, Izumo! – ele a chamou – Você não vai estudar? Vem logo aqui!

Izumo fez uma cara feia para eles mas não disse nada. Rin já tinha percebido que não era uma boa hora para conversar. Usagi particularmente não queria que ela se juntasse a eles já que não iria conseguir encara-la depois da manhã de hoje. Suguro também fez uma cara feia para ela assim que ela voltou os olhos para os livros e cochichou.

– É melhor deixar assim. A Kamiki já dá mundo trabalho, especialmente nas batalhas.

Assim que o curso acabou, Izumo foi a primeira a se levantar. Assim que guardou todas as suas coisas, ela deixou a sala mas sem perceber deixou cair alguma coisa pequena logo ao lado do seu lugar na sala.

O resto da turma saiu e assim que Usagi foi fazer o mesmo, viu o pequeno objeto caído ao lado da mesa da colega. Enquanto os outros seguiram em frente, ela foi até a mesa e apanhou do chão um tipo de chaveiro em forma de pelúcia. Ele tinha a forma de uma raposa laranja bem engraçada e bonitinha. Certamente algo que não parecia ser o estilo da Izumo mas estava lá. Se não fosse dela, de quem seria?

“Não, ela não parece ser do tipo que gosta dessas coisas fofinhas”, Usagi pensou seriamente, “Hum, acho que devo devolver...”.

Ou talvez não?

A manhã seguinte foi de Izumo se sentindo completamente insegura e desconfortável, claro, tentando disfarçar essa impressão mas Usagi percebeu o que aquilo estava causando a ela. Se sentiu até mal por não ter devolvido o chaveiro ainda mas a expressão de Izumo era impagável. Uma hora o rosto dela parecia estar vermelho de raiva e ao mesmo tempo de preocupação, consequentemente ela acabava ficando muito mais chata do que o normal mas era realmente uma cena imperdível.

Infelizmente, ela não podia se distrair muito com essa nova diversão. As provas ainda não haviam acabado e exatamente hoje ela teria uma prova de matemática. Ficou rezando durante as aulas que a prova fosse exatamente como Suguro explicou, já que era a melhor forma dela se lembrar.

Assim que o professor chegou na sala, todos os alunos se sentaram e sem perder nenhum minuto a mais, ele distribuiu as provas para os alunos. Para sua sorte, álgebra era realmente um assunto fácil e as questões eram resolvidas quase que imediatamente na sua cabeça.

Ela rabiscou a folha rapidamente, escrevendo tudo o que tinha aprendido para resolver as questões. Algumas eram mais complicadas mas grande parte da prova já tinha garantido sua média.

Ela ficou mais ou menos uns 30 minutos fazendo a prova e teve que esperar mais 20 para poder sair para o intervalo e não foi só ela. Outros alunos também comentavam aos sussurros como a prova estava fácil.

Os alunos terminaram a prova quase ao mesmo tempo. O próprio professor ficou impressionado. Ele olhou para o relógio e faltavam apenas mais 15 minutos para o intervalo. Cinco minutos a mais não faria problema algum, então ele liberou os alunos, que saíram apressados da sala mortos de fome.

– Honestamente, o que foi aquela prova? – os comentários continuavam.

– Sim, a questão 1 tava tão na cara!

– Sério?! Acho que eu errei essa!

Comentários aqui e ali e aos poucos mais alunos de outras turmas foram deixando suas salas para comer. Um pouco mais a frente, Usagi encontrou Suguro, Shima e Koneko sentados nas escadarias de entrada da escola. Sem perder tempo, ela se aproximou deles.

– Eiii! – ela chamou, todos olharam para trás – Bom dia!

– E aí? Como foi a prova? – Suguro perguntou.

– Fácil demais! Aquela aula de ontem me ajudou muito!

– Há há, o mesmo foi pra gente. – Shima dizia agora. – Senta aí, vamos conversar.

Sem reclamar ela se sentou num degrau acima do deles e ficaram conversando, a maior parte foi sobre a prova. Suguro ficou reclamando que o professor podia ter sido um pouco mais exigente já que o assunto da prova já era fácil demais. Shima discordava, achava que daquele jeito estava bom e preferia que continuasse assim. Konekomaru também tinha ficado um pouco decepcionado mas logo que pensou em falar algo, viu Izumo caminhando apressada pelos campos verdes da escola.

– Ei, vocês notaram que a Kamiki está meio estranha hoje?

Usagi engoliu o seco e se lembrou do chaveiro de pelúcia. Não havia contado para ninguém ainda que ela havia encontrado o objeto na sala e que pertencia à Izumo.

– Mais do que o normal? E isso é possível? – Suguro falou.

– Ei, não fale mal da Izumo-chan! – Shima retrucou.

– Eu falo. Aquela ali é irritante!

– Ei, ei, não comecem a discutir agora. – Koneko tentou impedir os dois de começarem uma discussão. Usagi quase ria.

– Mas honestamente, - Usagi falou – eu até que acho você bem parecido com a Kamiki, Suguro.

– Eu e ela?!

– É. Tipo, a maneira como vocês ficam irritados ou como vocês falam um do outro. Eu acho isso bem parecido.

Ela falou sorrindo, mas não esperava por uma resposta negativa. Imaginava que Suguro iria virar o rosto, fazer uma cara de mau humorado e negar tudo o que ela disse, e foi exatamente isso o que aconteceu. Suguro não pode deixar de dizer que tudo aquilo que ela achava não deixava de ser uma mera impressão mas Konekomaru e Shima também concordavam com ela, isso pode causar boas risadas naquela hora.

– Mas por falar nisso, você também se parece com a Moriyama. – Konekomaru dizia para Usagi.

– Moriyama...Ah, sim! A Shiemi, né? Bem, – ela pausou, agora ficava com um sorriso meio triste – eu não acho que isso seja bem verdade. Eu me esqueci de muitas coisas então não acho que eu possa me parecer com ela...

Agora, mais uma vez, o silêncio havia voltado mas Suguro tornou a quebra-lo.

– Tá falando do que? Isso não tem nada a ver. – Os olhos dela começaram a brilhar. – Escuta, existem coisas que vão permanecer em você mesmo que perca suas memórias. Não tem razão para ficar triste por isso.

Nada além do som do vento se ouvia naquela hora. Usagi sorria levemente e suas bochechas tornaram a ficarem rosadas. Shima tirou o celular do bolso e falou, abrindo um aplicativo de notas no celular.

– Pode repetir, por favor? – ele disse sem desviar o olhar da tela.

– Pra que? – Suguro perguntou.

– Ora, essa é uma boa frase! – sorriu – Eu posso usar ela durante o festival com alguma garota.

– Não use minhas frases pra essas coisas!

Houve um momento de risadas naquela hora, apesar de Suguro continuar sério com relação a atitude do amigo. Usagi voltou para o assunto e ficou confusa quando Shima havia comentado sobre esse festival.

– Ei, que festival é esse? – ela comentou.

– Ué, nós estamos quase em agosto. – Shima respondeu – O que nós temos em agosto?

– Humm...Bem... – ela voltou a ficar pensativa, não levou muito tempo até se lembrar do festival que havia todo o ano e, era um de seus favoritos. – Tanabata! É o Festival de Tanabata!

– Isso, isso aí!

– Os senpais do terceiro ano tiveram a ideia de fazer um evento nesse dia e querem soltar fogos de artifício aqui na academia – Konekomaru falou.

– Sério?! E o Mephisto deixou isso?! – Usagi perguntou.

– Claro. O s.r. Pheles adora um evento. – Shima respondeu, terminando de anotar a frase de Suguro no celular. Ele guardou o aparelho de volta no bolso.

O Festival de Tanabata é um dos festivais mais famosos no Japão e também um dos mais lindos, depois do Ano Novo. Usagi adorava esse festival devido a quantidade de enfeites e bambuzais que as lojas disponibilizavam para atrair clientes, as ruas eram iluminadas com lâmpadas e fogos de artifícos, mas o que mais gostava era da história por trás do festival. A história conta sobre dois amantes (que seriam duas estrelas) que haviam sido separados e só se encontravam uma vez a cada ano.

– Vocês acham que a Kamiki iria nesse festival? – ela comentou com os colegas, que se entre olharam.

– A Kamiki? Impossível – Suguro falou.

– Realmente, eu não consigo ver ela envolvida nesse tipo de coisa – Konekomaru adicionou.

– Mas eu adoraria ver a Izumo-chan num kimono – Shima disse corando.

Todos já pareciam ter sua opinião formada, embora Usagi não acreditasse completamente que Izumo não gostasse de festivais. Aliás, quem no Japão não gosta? Além do mais, por mais que fosse difícil imaginar esse tipo de coisa, talvez, Izumo não fosse exatamente a pessoa durona que sempre se mostrava ser. O próprio chaveiro de raposa poderia ser uma prova disso, o fato dela estar tão incomodada hoje. Certamente seria uma face que ela não queria que ninguém visse, isso passou pela cabeça de Usagi.

– Acho que eu devia ir perguntar a ela.

– Vai mesmo? – Suguro indagou.

– Sim, eu volto rápido.

Ela sorriu para os amigos e se foi. Ainda não tinha certeza do que pensar sobre ela. Usagi ainda estava grata por Izumo ter salvo a vida dela mas mesmo assim se sentia irritada pelo dia anterior quando Izumo não pareceu se importar com nenhum tipo de agradecimento de uma pessoa. Mas ela tinha que ir, precisava devolver o objeto que guardava no bolso de sua saia.

– Se me lembro bem, ela passou por aqui.

Usagi atravessou um campo verde ao lado dos muros da academia, cobertos pelas sombras das altas paredes da mesma. Andando um pouco mais, ela pode ouvir a voz de Izumo falando. Não entendia o que era mas ela falava num tom diferente do que normalmente, e tinha mais alguém. Usagi olhou por trás de uma árvore e Izumo estava lá, apenas uns dois metros de distância.

Izumo estava agachada quando um gato preto se enroscava nas pernas dela, ronronando bem alto.

– Ohh, você é tão bonitinho – ela murmurava.

– Kamiki...san?

Izumo olhou para trás rapidamente e viu Usagi parada logo atrás dela. Izumo se levantou tão rápido que o gato deu um salto e se afastou. Ela já trocou olhares rápidos com Usagi, voltou para o gato fugindo e novamente para Usagi.

– O-O que você quer? – ela perguntou nervosa, mas não podia esconder a vermelhidão de seu rosto. Usagi deu uma pequena risada.

– Eu queria saber se tem algo te incomodando. Você parece bem estressada hoje.

– Ah, sério?! – ela não se arriscava a olhar para a outra – E o que isso importa?

– Bem, eu não sei se você sabe mas os alunos do terceiro ano vão soltar fogos de artifício no Tanabata. Achei que talvez você quisesse ir.

– E o que te faz pensar que eu queira? – agora ela encarava Usagi, com o rosto ainda vermelho.

– Nada. Mas acho que seria divertido já que somos colegas de curso.

– Eu passo.

– Eu também.... Acho que isso é seu.

Usagi retirou do bolso o chaveiro de raposa e estendeu até Izumo que logo de relance, seus olhos brilhavam visivelmente mas ela não quis mostrar isso.

– O que que tem isso?

– Você deixou cair ontem no curso. Vim te devolver.

– Tch, ridículo. É óbvio que eu não teria uma coisa dessas.

– Ah, mesmo? – ela tentou parecer surpresa – Bem, então acho que vou ficar com ele. É mui—

– Claro que não!

Sem nenhum aviso, Izumo arrancou o objeto da mão de Usagi e esta sorriu querendo não rir. O rosto de Izumo ficou vermelho como uma pimenta e mais uma vez ela tentou fazer a costumeira expressão de “não me importo com nada”, apesar de ser visível que ela se importasse.

– O-Obrigada... – ela murmurou, olhando para o chão.

– O que?

– Quer saber, eu não me importo que você tenha dito pra alguém. Não vai mudar em nada! – Izumo já ia fazer seu caminho de volta para sua sala mas Usagi voltou a falar e Izumo parou no meio do caminho.

– Eu não contei nada. Eu não vou contar.

– Eu também não me importo. – disse pausadamente.

– Eu vou admitir, é bem difícil de lidar com você. Mas você salvou minha vida e eu sou muito grata a você...de um jeito ou de outro.

Izumo voltou a olhar para ela, seu rosto já não estava vermelho como antes.

– Desculpa, mas eu não posso fazer o que você disse e simplesmente esquecer o que você fez por mim. Mas eu vou esquecer o que eu vi hoje, tudo bem?

Ela sorria tentando parecer amigável e Izumo notou isso no tom da voz dela mas ainda assim, ela se recusava a mostrar sua outra face.

– Faça como quiser... – ela disse calmamente e voltou para a sua sala.

– Não se esqueça do festival! – gritou ela, tentando alcançar a distância que havia entre as duas.

O sinal que anunciava o fim do intervalo finalmente ecoou e Usagi também fez seu caminho para a sua sala de aula. No fim, nem tudo foi entediante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo capitulo vai ter mais foco em Rin e Shiemi :)
Obrigada!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Coelho Exorcista" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.