Já eram onze e trinta e dois da noite naquela sexta-feira e Usagi ainda não conseguia dormir. Seu quarto era iluminado pela luz da lua que estava radiante naquela noite e os olhos lima da garota não conseguiam descansar enquanto aquela lua continuasse linda como todas as noites.

Cansada de tentar dormir, Usagi levantou-se da cama e rapidamente se envolveu em um hobbie de lã, tentando se aquecer os braços com as mãos. Ela puxou a cadeira da escrivaninha que ficava bem em frente da janela e lá se sentou, com os ombros apoiados na mesa e o queixo apoiado nas mãos, admirando a lua daquela noite.

“Eu não sei porque, mas desde que me lembro, sempre tive minha mente voltada para a Lua. Meu pai mora lá e minha mãe dizia que toda a noite ele fica me observando e me protegendo.”

Sem sentir mais o calor da garota por perto, Fujimaru, um coelho branco de olhos azuis desceu da cama e foi até os pés da menina. Ela sentiu seus pelos fofos e o trouxe com suas mãos até o seu colo, depois ele pulou para cima da escrivaninha.

– Desculpe, eu acordei você? – ela perguntou enquanto acariciava a cabeça do orelhudo – Amanhã já vamos partir de Kyoto para Academia de Verdadeira Cruz. Acho que vamos ficar bem, não é? – o coelho inclinou a cabeça para o lado, não entendendo uma palavra do que ela dizia, ela deu um risinho e levou o pequenino para volta para a cama novamente. Na manhã seguinte, os dois acordaram cedo às sete horas em ponto e desceram as escadarias para tomar café da manhã.

À espera na cozinha, estavam os avós da garota: Kazuto, o avô e Asuna, a avó. Asuna recebeu a neta com um sorriso costumeiro enquanto botava a mesa para todos tomarem café da manhã juntos enquanto Kazuto abaixava o jornal da manhã para receber um beijo da neta.

– Vamos sente-se, Usagi. Você precisa se alimentar bem hoje. – disse a avó, já se sentando ao lado do marido, este largou o jornal. Todos se sentaram e agradeceram pela comida e então começaram a comer. Usagi amava a comida da avó, ela comia com muita vontade a tigela de arroz e não se importava de repetir uma segunda vez

– Você pegou tudo o que precisa? – Asuna perguntou.

– Sim, deixei tudo pronto ontem.

– Já tem o seu uniforme? – perguntava Kazuto, agora.

– Sim, mas como não tem aulas nos fins de semana não vou precisar ir com ele agora.

Os avós se sentiam muito preocupados com a neta já que era a primeira vez que ela estaria por conta própria desde que a mãe havia morrido. De certa forma, Usagi também se sentia um pouco insegura já que iria para uma cidade diferente estudar e não haveria nenhum conhecido para ajudá-la a não ser Mephisto, diretor da academia e um conhecido de sua mãe. Usagi nunca havia visto o homem pessoalmente mas já ouvira falar muito dele pela mãe e recentemente havia recebido uma carta do mesmo, falando sobre um curso para exorcistas que havia lá.

“Exorcistas, é?”, pensou, “Mesmo que seja por uma vingança tola, eu...”. Em seus devaneios, Asuna se preocupo com a expressão triste que a neta fazia naquela hora. Logo que se deu conta disso, Usagi piscou os olhos rapidamente e voltou a sua expressão alegre de sempre, pegou a tigela de arroz e a levou para a pia. Lavou-os rapidamente e então subiu para o segundo andar para terminar de se arrumar, Fujimaru seguia aos pulos como de costume. Depois de escovar os dentes e pentear seus cabelos roxos e longos, ela desceu com uma mala na mão e uma mochila nas costas.

– Você está com as passagens do metrô? – perguntou Asuna.

– Sim, tenho tudo o que preciso.

– Não perca os horários. – disse Kazuto – E não fale com ninguém suspeito.

– Eu sei bem disso, vovô. – ela sorria enquanto acenava para um taxi com as mãos que imediatamente parou na frente da calçada da casa dos avós da garota. Ela pegou o taxi e em cerca de 15 minutos chegou até a estação de metrô mas ainda faltavam 30 minutos para que ela pudesse embarcar, então a única coisa que podia fazer agora era esperar sentada no banco da estação.

A estação não estava cheia de pessoas naquele dia, o que era um milagre, então seria mais confortável embarcar no metrô mas o que incomodava a garota era que a estação estava repleta de Coal Tal. Usagi abanava as mãos para afastar os pequenos demônios negros em forma de esferas, enquanto Fujimaru mostrava sua cara peluda para fora da mochila da garota.

Os Coal Tal ficavam vagando pela estação mas Usagi notou que havia um bando deles em volta de um grupo de rapazes nada convidativos, aparentemente não deveriam ser pessoas legais para se cumprimentar, para estarem envoltos por vários de pequenos demônios. Na verdade, era provável que eles nem soubessem da existência deles. Um dos rapazes notou o olhar da garota que imediatamente o desfez, e foi até ela dizer “olá”.

– Mocinha, o que está fazendo sozinha nesta estação? Seus pais vão ficar preocupados. – disse o mais jovem dos três rapazes, que também parecia ser o líder. Usagi não respondeu. – Oh, vejo que você tem um amiguinho de pelúcia com você. – ele disse quando viu as orelhas do coelho para fora da mochila, ameaçou pega-lo mas a voz fria da garota o congelou.

– Não toque nele. – ela disse.

Por um segundo ele hesitou mas então pensou “Uma garota me fazendo parar?”, e assim ele agarrou as orelhas peludas do coelho e o puxou com força. Usagi se levantou rapidamente do banco e pode ver as feições do homem se revelarem cada vez mais demoníacas, com os dentes um pouco pontudos. Era estranho ver esse tipo de acontecimento nas manhãs já que os demônios são mais ativos durante a noite.

Com apenas um nome, “Fujimaru!”, ela deu sua ordem e o coelho se tornou ameaçador ainda na sua mesma forma. No entanto, ele escapou das mãos do rapaz tão rápido que nem se pode ver. Em um segundo, ele pulou em cima do rosto do rapaz mais alto, afastando os Coal Tal, e no outro fez o mesmo com o mais baixo. O líder não sabia o que estava acontecendo, era como se uma luz branca estivesse afastando todos os demônios deles e assim, Fujimaru foi para cima do mesmo. Ele cambaleou um pouco e seus joelhos tocaram o chão. Fujimaru saltou para os braços da dona e finalmente o metrô de Usagi chegou.

– Na próxima vez vocês podem sofrer a punição divina, então se cuidem. – ela pegou sua mala e a sua mochila e passou por cima dos rapazes agora meio tontos, embarcou no metrô e seguiu com a viagem tranquila até a Academia Verdadeira Cruz.

Não foi uma viagem muito longa, mas ela pode descansar tranquila já que demorou a dormir na noite passada. Ela acordou quando entraram em um túnel, já estavam quase lá. Ela pode ver a luz se aproximando cada vez mais de seus olhos até que finalmente, lá estava. De longe, Usagi já podia ver o Vaticano e a academia onde poderia se tornar uma exorcista.

– É lá que se encontra...o filho de Satã?