Hermione caminhava pelos corredores de Hogwarts sentindo uma certa nostalgia. A escola estava como sempre fora. As paredes de pedra -que pareciam exalar magia-, os quadros de bruxos antigos -alguns acenavam alegremente quando ela passava-, os coloridos vitrais dos fundadores da escola -que se mexiam ocasionalmente- exceto, pelo infeliz fato de que a sensação de que aquela era sua casa se foi. 

Dezenove anos depois de tudo... Da guerra... Das perdas... O tempo podia levar muitas coisas mas, não o sofrimento deixado na memória de cada um deles. A castanha ainda tinha pesadelos com oque aconteceu na Mansão Malfoy. Havia noites em que acordava gritando e se debatendo contra os lençóis de sua cama. Era acordada por Rony, seu marido, que muitas das vezes tinha de segurar seus braços para que ela não se machucasse. 

Seu casamento com Rony com não ia como o esperado e muitas vezes -mais do que ela gostaria de admitir- ela se via pensando se não haviam se casado muito cedo por pressão. Meses após a guerra, todos ainda estavam com o emocional abalado pelas recentes mortes. Então inesperadamente, Harry pediu Ginny em casamento numa tentativa de trazer a felicidade para a Toca, tendo sucesso em sua missão. Com os preparativos para a festa, Molly mal teve tempo para pensar na morte de um de seus filhos embora, muitas vezes -quando pensava que ninguém estava vendo- Hermione podia vê-la olhando para Jorge com lágrimas nos olhos. 

Após o casamento de Harry e Ginny, o dela e o de Rony era o mais esperado. Algumas revistas bruxas publicavam matérias questionando se eles iam se casar e outras como "WEASLEY E GRANGER: ESTARÃO ELES PREPARANDO UMA CERIMONIA SECRETA?". Quando Rony lhe pediu em casamento em um restaurante do Beco Diagonal não foi surpresa para ela, o ruivo nunca soube lidar com a pressão.  

No começo, o casamento era puro amor e felicidade. Porém, com o passar dos anos foi caindo na rotina. Enquanto, Harry e Ginny tinham um filho e outro a caminho, Hermione não dava sinal de que estava grávida -que não era por falta de tentativas- ela culpava o gene Granger, já que era filha única assim como seu pai. Rony estava decepcionado por querer ter na casa várias cabeças ruivas correndo por todos os lados, e Hermione sabia disso. Alguns anos depois, veio a noticia de que ela estava grávida de gêmeos e ela pensou que o casamento iria melhorar.  

Mas depois que as crianças nasceram, Hermione e Rony brigavam mais do que e nunca. Depois que as crianças cresceram um pouco, ela os mandava para casa dos Potter para eles não terem de presenciar os gritos. Muitas vezes Hermione já pensou sobre o divorcio -que a essa altura já era permitido no Mundo Bruxo- porém, aguentava firme por suas joias: Hugo e Rose. 

Hermione suspirou ao chegar em frente a gárgula. Minerva pedira para que ela fosse visita-la na escola pois, tinha algo importante para lhe dizer. Sussurrou a senha para a gárgula que saltou para o lado dando acesso a escadaria. Subiu pelos degraus rapidamente, tomando cuidado para não tropeçar em suas longas vestes. Bateu na porta e esperou até ouvir um "Entre" abafado da atual diretora. 

—Bom dia, Minerva! -saudou Hermione sorrindo suavemente para sua antiga professora de Transfiguração 

—Bom dia, Hermione, sente-se por favor... -pediu a diretora apontando para a cadeira a sua frente. Assim que ela se sentou, Minerva recomeçou a falar- Por mais que eu adoraria que essa visita fosse informal, não é, minha querida –Hermione franziu o cenho levemente- Veja bem, Hermione, eu estava olhando para os livros de Albus e então, achei esse curioso feitiço que nos permite voltar no tempo... -Minerva agora se levantara e andava pela sala- O quanto desejarmos –ela olhou fixamente para a castanha- E ao mesmo tempo pensei em quem poderia aceitar essa missão... 

Hermione olhou para Minerva por alguns segundos. 

—A senhora está pedindo que eu volte no tempo? -perguntou lentamente enquanto, seu cérebro funcionava freneticamente pensando nas possibilidades 

—Hermione –falou Minerva num tom severo- Quando você voltar não haverá volta... Ao aceitar essa missão, você está aceitando abandonar seus filhos, amigos e seu marido... Tudo isso –ela gesticulou com os braços- Não será como antes...  

Hermione baixou o olhar por alguns instantes. As imagens de Rose e Hugo piscaram momentaneamente a sua frente e ela levantou a cabeça com determinação. Por mais que se ela aceitasse essa missão Hugo e Rose não seriam mais seus filhos, ela queria um futuro melhor para eles. 

—Eu aceito –foi uma surpresa sua voz não sair tremula 

Minerva assentiu, fez sinal para que ela se levanta-se e apontou a varinha para ela. 

—Boa sorte—sussurrou ela com um sorriso e lágrimas nos olhos- Aliquam Tempus