P.O.V. Lívia

– Então você é um espelho? – perguntou Seth confuso, pela terceira vez

Assenti já me preparando para explicar novamente.

– Não, eu entendi, é só que é difícil pensar em algo do tipo...

– Vai por mim eu sei. – falei

– Mas se tem todo esse negócio de treinamento, por que só agora seu pai te deixou voltar?

Ops, agora é o momento que gostaria de me esconder.

– Bem... é que... – eu não fazia ideia de como falar isso

Aos poucos a expressão de Seth foi se tornando triste, até seus olhos encararem a arei da praia.

– Você não vai ficar. - falou entre dentes começando a tremer

– Eu gostaria de ter opção, mas não tenho.

– Nós podemos fugir! – disse com os olhos arregalados – Os Cullens podem me ajudar a conseguir documentos falsos e fugimos! – continuou em expectativa

– Eles me achariam... Além do mais existem pessoas que precisam de mim, Seth! Pessoas que estão morrendo todos os dias porque não têm esperança! – falei tão convicta me assustei

Eu sempre achei que ao voltar pra La Push eu não quisesse mais voltar, porém agora ouvindo minhas próprias palavras eu sabia que o certo a fazer era ajuda-los. Talvez a ideia me assustasse tanto antes que eu queria voltar apenas para contrariar a decisão imposta por Arthur.

–Então eu vou com você Lív! – falou Seth se indireitando

– É perigoso...

– Eu caço vampiros todos os dias, o perigo está presente a cada dia da minha vida!

– Mas eu não posso arriscar sua vida contra algo que nem eu mesma sei o que é! – falei exasperada – Além do mais nem sei o que aconteceria se você entrasse lá!

– Lív eu não posso te perder! – angustia tomando sua face

Respirei fundo e toquei seu rosto tentando repetir algo que Ian havia me ensinado.

Aos poucos todas as memórias que eu tinha de Seth foram passadas, quando o vi pela primeira vez, quando ele me acompanhou até em casa, nossas conversas na praia, nosso primeiro beijo e por último nosso reencontro.

Assim que as memórias pararam Seth saiu de seu torpor me encarando admirado.

– Eu vou voltar Seth, porque eu amo você, amo todos nossos momentos e não vou abrir mão disso! Eu prometo que vou voltar... Mas por enquanto eu preciso que você me deixe ir.

Sem conseguir ouvir sua resposta uma voz veio em minha cabeça.

“ Lívia você precisa voltar agora!” Era a voz de Ian porém havia algo estranho, estava agitada e entrecortada “O penhasco! O penhasco é o portal!” então via as coisas girarem, fchei os olhos e me apoiei em Seth até me sentir estável.

– O que aconteceu? – disse me olhando preocupado

– Ian me pediu pra voltar. Acho que ele está com problemas! Ele estava agitado!

– Por favor não vai! –suplicou

– Sinto muito, mas eu vou voltar. – olhei no fundo de seus olhos – Confia em mim?

Ele assentiu, e me abraçou.

– Não pense que estou feliz com isso. – sussurrou magoado o que me fez encolher

Nos afastamos e olhei para o alto em direção ao penhasco.

– Preciso chegar lá.

Seth concordou e me puxou em direção a uma trilha na floresta, tentávamos andar o mais rápido possível.

– Esse, esse tal de Ian ele... Ele é só seu treinador?

– Está com ciúmes Seth? – perguntei com um meio sorriso

– Só gosto de saber se devo fazer cabeças rolarem.

Ri, o olhando.

– É só meu treinador e colega.

Chegamos ao pico do penhasco, vi seu rosto beirando o sofrimento.

– Eu vou voltar. – falei o abraçando pela última vez até sabe-se lá quando

Seu abraço era tão apertado que parecia que Seth queria me guardar dentro dele, para que nunca mais pudesse me distanciar, e eu entendia, de um modo incerto minha sensibilidade recém adquirida me permitia sentir a essência do imprinting. Ele preferia me ver de longe do que nem isso poder fazer.

Nos soltamos, ele não me encarava nos olhos apenas moveu a boca num “- Você tem certeza?” que mal pude ouvir.

– Sim. – sussurrei soltando sua mão que até então estava unida a minha.

Eu não tinha certeza do que deveria fazer mas vi um pequeno brilho sobre as águas do mar, caminhei para a beira do penhasco e me deixei cair de costas encarando as lágrimas que desciam pelo rosto de Seth, fechei os olhos e me preparei para o toque gelado da água sobre meu corpo, o que não aconteceu.

Senti meu corpo sendo sugada e quando torno a abrir os olhos estou na pequena entrada na pedra, por onde passei pelo portal na primeira vez. Estranho não encontrar Ian, mas mesmo assim saio de lá a procura dele.

O lugar estava vazio.

– Ian? - o chamei

– Procurando alguém Lívia? – soou uma voz severa, e nem um pouco amigável

Virei encontrando Arthur com a expressão furiosa.

– Temos contas a acertar mocinha! –falou me puxando pelo braço, pela mesma trilha que cheguei

P.O.V. Autora

Lívia era praticamente arrastada pelo seu pai, já havia tropeçado em incontáveis galhos, e a raiva tomava conta de seu ser.

“ Como ele pode agir assim comigo? Ele nem é meu pai de verdade!” – pensava revoltado

– Eu estou ouvindo! – disse Arthur apertando ainda mais seu braço

– Que bom! Assim não preciso ficar bancando a filhinha! – disse empurrando- o com uma força que nem ela mesmo tinha conhecimento – Fica tranquilo não vou fugir, só não quero você me tocando.

Lívia falava a verdade, pois sabia que um passo pra trás e seu pai a alcançaria e ainda mais furioso. Seus pensamentos rondavam em quais seriam as consequências para sua ida a La Push.

Arthur por outro lado remoia os pensamentos da jovem. Ele nunca havia se preocupado com a forma que tratava as pessoas ao seu redor, muito menos a alguém que o acabara de desrespeitar, sua resposta para este tipo de comportamento geralmente era algum tipo de punição física quando não a morte.

Ele não se achava mal, mas era um rei respeitado através do medo e não da admiração.

Mas se sempre sabia como agir a esse tipo de atitude, por que agora vindo de uma nanica, inconsequente e mimada (ao seu ver), ele só conseguiu manter-se calado e seguir o caminho? Seria aquilo alguma fraqueza? Eram perguntas que Arthur não conseguia responder, mas ele tinha certeza de uma coisa: ele não deixaria que nada ameaçasse seu poder, nem mesmo Lívia.

Ambos tão trancados em seus próprios mundos, que não conseguiam prestar atenção em nada além de suas próprias reflexões.

O que poderia ser uma grave erro. Talvez pelo homem que os seguia ou por parte de um pequeno grupo de Reflexio Venatores que se aproximava.