Capítulo 10

POV Anne.

Acordei um pouco atordoada, eu estava deitada em um quarto de hospital, até que me lembrei o motivo de eu estar aqui, minha melhor amiga estava aqui. Senti alguém se remexer ao meu lado e notei que Lucca estava deitado ali comigo, dei um sorriso de canto. Levantei-me e fui até o banheiro e só joguei um pouco de água no rosto. Hoje eu teria que ser forte.

—- Oi amor, tá melhor? – Lucca perguntou parando na porta do banheiro e abrindo a boca de sono ainda.

—- To sim, obrigado pela preocupação. – Virei-me e parei na sua frente, notei olheiras nele – amor, não quer ir pra casa? Eu to bem, eu vou ficar bem, ontem eu tava em choque, mas hoje eu meio que já aceitei a situação dela e vou ficar aqui cuidando dela. – Falei tocando o seu rosto.

—- Não amor, eu to bem, eu ... – Ele me olhou, eu vi preocupação e tristeza ali. – Ela também é minha amiga Anne, ela é o nosso cupido, quem fez nós dois perceber que estávamos apaixonados.

—- Eu sei, ok então. Vamos, já ocupamos tempo demais esse quarto. – Falei puxando-o pra fora e nos dirigindo pro quarto da Mel.

Chegando lá eu notei que meu corpo inteiro iria entrar em choque de novo, mas eu aguentei firme. Ela estava horrível, quer dizer, isso é meio impossível pra ela, ela é linda, mas agora ela estava cheia de hematomas nos braços e com muitas faixas em algumas partes do corpo, com muitos tubos a mantendo viva. Notei que Barry não estava mais ali, mas Tony por outro lado estava dormindo ao lado dela, com uma das mãos no cabelo dela e a outra junto com sua mão. Dirigi-me ao seu lado e toquei o seu ombro, ele se despertou com um pouco de dificuldade.

—- Acho melhor você ir lá tomar um café com o Lucca, depois vocês voltam. – Falei calmamente.

—- Okay. Tá melhor? – Tony perguntou se pondo em pé e pegando sua blusa. Notei um curativo em sua cabeça.

—- To sim, obrigada, por tudo ontem – Falei o abraçando.

—- Foi o mínimo que eu poderia fazer – Ele falou dando um pequeno sorriso. Ele se voltou ao corpo de minha amiga e deu um leve beijo em sua testa e foi em direção a porta acompanhado de meu namorado.

Sentei na cadeira que até então estava o Tony, fiquei encarando os machucados dela. Foi uma batida feia, bem feia. Peguei sua mão e comecei a fazer uma leve massagem, ao longo dos anos notei que sempre que ela estava nervosa ela não parava quieta com as mãos e eu sempre puxava sua mão e começava a fazer uma leve massagem, e assim ela se acalmava.

—- Eu sei que ta sendo difícil pra você loirinha, eu queria ter um jeito de conseguir mudar ou impedir tudo isso... mas temos que encarar como um desafio, e nós duas amamos isso, mesmo que tenha que ser nessa situação. – Respirei fundo e a encarei. Depois de todos esses anos de amizade, percebi o quanto eu sentia falta daqueles olhos azuis tempestuosos. – Por favor Mel, se for pra escolher, escolhe ficar. Eu realmente não sei como eu faria sem você. Claro que eu teria nossos amigos, mas você sempre foi a que me entende melhor que todos, a que me ajuda, e a que me fez abrir os olhos pro amor. Você sempre aguentou apanhar dos vilões, sair com uns cortes, leves ou profundos, mas sempre vencia eles, eles sempre acabavam caídos.

Sorri de leve e apertei sua mão. Respirei fundo. Ual, eu estava sendo forte. Parecia que ela estava ali, junto comigo, tipo mesmo, olhando pra mim e sorrindo, escutando tudo o que eu to falando.

—- Me lembro da vez que você, seus irmãos, seu pai e o Dick foram em uma missão, vocês 5 contra mais de 100 caras que estavam naquela fábrica. Eu te falando que isso era quase suicídio, mas você falou, quase me jogou na cara que era boa em luta e que eles não iriam se safar já que tinham provocado você. E o melhor de tudo, ainda me fez ficar em casa com uma Jessie louca do meu lado por ela não poder ter ido junto com vocês na missão. Mas por sorte, foi o que aconteceu, vocês venceram, Gordon prendeu os caras e vocês saíram como heróis, e quando tu chegou em casa tava com um corte bem feio nas costas, eu gritei e você riu, eu pedi se tava doendo e você falando que tava fazendo cóssegas, que aquilo não era nada. Você era louca, ainda é, mas a sua loucura é um pouco parecida com a minha, eu sou a racional e você a intuitiva, eu sou querendo ou não a sua consciência, já que você faz muita coisa sem pensar e eu fico lá te enchendo até te convencer que aquilo não presta ou não é necessário... Enfim, eu preciso de você aqui, escutar seus gritos, seus escândalos, suas neuras, te acalmar dos seus ataques de raiva, por favor Mel. -- Segurei sua mão, dei um leve beijinho e deitei minha cabeça do seu lado.

...

3 meses se passaram, a Mel tinha sido transferida para um hospital da SHIELD, os pais dela preferiram assim, já que ambos tinham seus inimigos assim como sua filha, então lá ela estava em segurança. A minha rotinha, a do Tony, Barry, e de todos os nossos amigos era ir visita-la, cada um passava a noite com ela cuidando pra qualquer mudança de estado dela.

Ela já tinha sido retirada de todos aqueles tubos, apenas com um pra respiração, mas os médicos diminuíam as quantidades de sedativos e colocavam eletrodos na sua cabeça dando pequenas descargas elétricas e estimulando seu cérebro a funcionar. Coisas como mexer um dedo, mover o pé (de leve) ela fazia, eu estava lá em um dos dias... Mas abrir os olhos ela nunca fez. Sua mãe estava um neura, minha mãe largou o trabalho, pediu férias na verdade pra cuidar da tia Diana, assim como eu e a Mel, elas eram melhores amigas. E pois é, eu estou aqui atualizando esse diário idiota dela a 3 meses, percebi que aqui é um jeito de me deixar mais perto dela. Bom, é isso por hoje. E só pra constar: Melanie, quando você acordar, eu juro que vou fazer você engolir esse diário, é uma droga e viciante, eu te odeio (brincadeira).

Fechei o notbook dela e deixei ele na escrivaninha dela. Eu não estava no hospital, era o horário do Kevin, eu estava no quarto dela, deixando tudo arrumado, tudo do jeitinho dela de sempre deixar as coisas. Sorri a ver as nossas fotos no painel, em nossas viagens, festas no campus, em jantares, natais, mas a melhor ainda foi a de nosso grupo (Eu, Lucca, Mel, Tony, Barry, Henry, Jassie, Dick, Damian, Helena, Kevin e o Will) em uma festa a fantasia, todos nós estávamos (respectivamente, como os nomes ali em cima) de: Hera Venenosa, Charada, Harley Quinn, Pinguim, Coringa, Duas Caras, Mulher Maravilha, Robin, Batman, Canário Negro, Superman e Arqueiro Verde. Nossos pais também estavam fantasiados, mas não me lembro do que eles estavam, enfim, essa é a melhor foto, com as melhores lembranças.

—- Essa foto é hilária, vai dizer que eu não tava lindo de Charada – Lucca falou me abraçando por trás.

—- Nem vem maninho, eu que tava o mais gato nessa fantasia de superman – Kevin entrou no quarto e se jogou na cama da Mel, tomando a foto da minha mão – Mas véi, vocês meninas tavam gatas, meeeeeeeeeeeeeeeeeeu deus.

—- Ó o respeito muleque – Lucca falou dando um tapa na cabeça do irmão.

Eu dei risada alta com os dois ali.

—- Vamo vamo, saiam desse quarto, ninguém bagunça VIO senhor Kevin, arruma a cama e sai.

—- Ta boooom mandona, já to arrumando. – Falou ele puxando a colcha da cama e saindo do quarto.

Fomos para a sala e ligamos a TV, ficamos assistindo até que eu me lembrei que era o horário que o Kevin deveria estar lá com a Mel.

—- KEVIN O QUE VOCÊ TA FAZENDO AQUI???? NÃO ERA O SEU HORÁRIO DE ESTAR COM A MEL. VOCÊ NÃO PODIA TER DEIXADO ELA SOZINHA.

—- Primeira coisa, calma. E segunda, o Barry tá lá com ela, ele acabou de chegar de Central City e queria ficar com ela.

—- Sério? – olhei pasma pra ele – Barry me falou que voltava só semana que vem...

—- Pois é, mas ele voltou agora. – Kevin falou voltando a atenção pro filme.

Já estava quase anoitecendo, e nós continuávamos assistir filme, até que alguém quase arrebenta a porta do apartamento de tanto bater. Fui abri-la e me deparei com um Barry todo descabelado e arfando.

—- A Mel... – Ele falou olhando pra mim e tomando ar.

—- O que tem ela Barry? – Perguntei já com medo. Lucca e Kevin estavam logo atrás de mim.

—- Ela... Ela acordou – Ele falou abrindo um sorriso imenso e saindo correndo de novo.

—- O Que? – Falei não acreditando, mas sai correndo atrás.