Enquanto andavam pelo centro de Magnolia, Juvia mostrava as lojas das quais gostava. Algumas de comidas, outras de roupas ou acessórios. Foi quando passava numa loja de acessórios que ela viu algo que lhe chamou a atenção.

– Lyon, pode esperar um pouco? Quero comprar isto... - ela indicou a vitrine.

Lyon fitou o objeto e corou. Era um daqueles colares em conjunto onde duas pessoas devem usar. No caso do que Juvia estava vendo, era um que tinha uma fita vermelha e o símbolo do infinito.

– V-Você não quer que eu compre?

– Não! - Ela exclamou, finalmente percebendo o que ele pensava e corou - Não é isso! Daqui a alguns dias será Aniversário de Mizuki. Pensei em comprar para ela de presente... - Disse.

– Oh! - Ele fez com um certo alívio - Se esse é o caso, então vamos dar uma olhada. Vou comprar um cartão para ela.

– Tudo bem! - Juvia sorriu - Tenho certeza que ela vai gostar!

Juvia e Lyon entraram na loja. Juvia comprou dois dos conjuntos de colares, isso porque tinha certeza que Mizuki iria querer dar um à ela e um à Natsu, então para ela não ficar dividida, comprou dois. O joalheiro ainda perguntou se ela não queria acrescentar algo. Juvia decidiu fazê-lo, e encomendou para daqui a dois dias a entrega. Quando saíram da Loja, Lyon comprou algumas flores para ela.

Juvia sorriu com o gesto, ninguém nunca havia lhe comprado flores então estava muito agradecida e feliz. Subindo a rua, Juvia começou a mostrar os restaurantes.

– Aquele ali tem uma massa ótima, mas não tem muito além de suco e refrigerante a se beber. Aquele outro tem um tempero secreto que dá vontade de ir só para descobrir, é muito boa a comida. Ali a sobremesa é divina! Aquele ali tem ótimos drinks e acompanhamentos, mas não peça algo muito alcoólico. A bebida deles é muito forte, então você sai mais ou menos do jeito da Cana.

– Como você conhece eles?

– Bem... O último você deve adivinhar - Ele assentiu se perguntando porque ela teria saído com a Cana - O das sobremesas também não é um mistério - Sorriu sem graça e ele devolveu o sorriso imaginando Erza levando todas para aquele lugar - O do tempero secreto foi Levy que descobriu e nos trouxe com o desafio de alguma de nós descobrir o que era, o que não deu certo. E o das massas... Lucy gosta muito de massas como macarrão, espagueti, e etc...

Lyon perdeu a feição triste que Juvia tomou. Não foi nenhum mistério para ele perceber que a amizade entre a Maga celestial e a maga d'água estava abalada, afinal, Lucy estava namorando o cara com quem ela havia sonhado. Ele imaginou como estaria a situação de Gray com Natsu e do próprio com a Lucy, já que eram de um mesmo time. Ele deixou isso de lado, hoje era o dia dele e de Juvia.

– Onde quer almoçar? - Perguntou ele.

– Você não quer escolher?

– Por mim qualquer lugar está bom, só quero que se sinta confortável - Sorriu.

– Humm... Tem um restaurante descendo a rua que gosto muito.

– Então vamos lá! - Sorriu lhe estendendo o braço.

Juvia observou o braço dele antes de fita-o novamente e ver o sorriso que ele tinha. Então ela sorriu corando e se segurou ao braço dele. De algum modo, era uma situação confortável, ela se imaginou nela com Gray mais vezes do que poderia contar... No meio-tempo que esteve com Lyon, ela se sentiu bem, e sentiu tudo o que esperava sentir quando ficasse com Gray... Lyon estava fazendo tudo como imaginava e as cortesias que ele tinha com ela, eram simplesmente encantadoras. Ele lhe tratava de um jeito que Gray nunca fez, mas...

Por que algo parecia fora do lugar?

Ela não quis dar atenção ao pensamento, apenas aproveitou o momento que tinha.

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Discretamente, Gray se aproximou a passos lentos e se escondendo atrás de caixas e entre becos. O casaco e o óculos ainda estavam nele, mas o chapéu e a camisa já haviam ido embora. Como ele perdeu a camisa, mas não o casaco era um mistério até para ele. Ele seguia tentando ser discreto, mas suas vestimentas acabavam por chamar mais atenção do que tudo.

Quando eles entraram na joalheria ele se preocupou. Primeiro encontro e já iriam comprar alianças?!

Por mais que Gray estivesse intrigado e até irritado com a situação, ele mesmo não conseguia entender que raios ele estava fazendo ali. Ele estava namorando, gostava de sua namorada, mas por algum motivo quando Juvia finalmente aceitou sair com Lyon, algo fez com que ele se sentisse... ruim. Algo pedia que ele fosse e os observasse. Ele manteve sua distância e ficou aénas observando e se repreendendo ao mesmo tempo. Que direito ele tinha de espiar um encontro da Juvia? Ele estava com Lucy e ela tinha o direito de seguir sua vida com quem quer que fosse.

Gray observou quando ambos se sentaram do lado de fora e pediram seus pratos. Gray queria ouvir a conversa, por isso tentou se aproximar. Trocou de beco, ficou atrás de caixas, mas não dava para ouvir. Ele se aproximou ficando abaixado do lado da fonte que havia ali, dessa vez sendo capaz de ouvir, porém muito baixo o que diziam.

– Como se sente com relação à Gray? - Perguntava Lyon.

– Ah - ela suspirou apoiando a cabeça em suas mãos sob a mesa - Não sei mais. Juvi-Eu– Corrigiu rapidamente - sempre tive certeza que era amor, mas... Talvez não seja assim...

Gray ficou pálido ao ouvir Juvia revelar isso, se aproximou mais um pouco para entender melhor.

– Mas? - Inqueriu Lyon.

– Depois de conversar com Mizuki, eu percebi que talvez não seja esse o caso - Ela ajeitou a postura e continuou - Gray foi o primeiro amigo que eu tive. Ele foi o primeiro que me salvou, que me mostrou que há coisas que valem a pena viver. Ele me tirou da chuva constante e me mostrou como o céu é lindo. Gray foi a primeira pessoa a se importar comigo. Eu tive uma conexão com ele a primeira vista... Eu sempre tive certeza que era amor...

– O que te fez mudar de ideia? - Perguntou Lyon interessado.

– Mizuki - respondeu - Nós duas conversamos bastante. Certa vez lhe perguntei sobre as "Ligações" entre elementos. Ela me explicou que vários deles combinam entre si e criam uma nova magia, daí se originou a diversidade. Água e Fogo são contrapostos, dependendo da situação, se elibram e até atraem. No caso de NAtsu e Mizuki eles se equilibram, mas não se atraem, embora eu acho que eles combinem.

– Gelo e Água Combinam - Ele pensou alto.

– Gelo e água tem uma ligação direta. É necessário Água para fazer o gelo e gelo se transforma em água se estiver calor. Foi quando eu comecei a pensar... Se o que tanto me atraia em Gray era realmente o sentimento que eu achava que tinha ou a Ligação dos elementos - Admitiu.

– Entendo... Mas se fosse assim, também sentira alguma ligação comigo não? - Perguntou ele.

– Se lembra de quando nos conhecemos? Você teve uma atração instantânea comigo...

– De fato - Ele disse pensativo.

– Eu estava tão centrada no Gray que nunca dei espaço para você ou para saber o que era... Tinha medo de machucar Gray simplesmente tentando ir em frente depois de tanto tentar. Agora ele está namorando, seguindo em frente enquanto eu estou parada. Eu cansei de ficar parada e esperar que ele me veja diferente, isso não vai acontecer... - Ela corou um pouco antes de continuar - Eu senti uma atração por você algumas vezes, mas nunca deixei que fosse além

Lyon arregalou os olhos surpreso com sua confissão, depois sorriu e segurou a mão que ela tinha apoiada à mesa.

– E agora você quer tentar? - Ele perguntou suavemente.

– Sim - Ela disse retribuindo o gesto - Gray seguiu em frente e assim eu também devo.

Juvia deu um sorriso doce à Lyon e foi retribuido. Seus pedidos chegaram e eles começaram a comer falando sobre outra coisa qualquer.

Ao lado da fonte, Gray ainda abaixado, fitava o chão entre o choque e tristeza. Ele sabia que Juvia ficaria chateada e magoada quando descobrisse que, depois de tanto tempo tentando alcança-lo, ele seguiu em frente com outra. Ele não imaginava que a Maga da Água ficaria tão... machucada. Cada palavra que ela tinah dito carregava tristeza, frustração e até raiva. O namoro oficial já completava quase uma semana e nesse meio tempo ele havia reparado que a Maga não só não foi mais atrás dele, como ela também mantinha uma distância, quase evitando-o. Ele havia pensando que era porque havia virado amiga de Mizuki e as duas estavam se conhecendo, mas após ouvi-la... Ele soube. Não, ele sempre soube, mas não admitia para si mesmo.

Juvia estava se afastando dele por bem. Por vontade própria. Ela provavelmente não tinha intenção nem mesmo de manter uma dupla para algumas missões e agora que tinha uma opção melhor - Sua melhor amiga de mesmo elemento -, ela se retirou como um soldado ao perder uma guerra. Cheio de frustrações, sonhos destruidos, lembranças desgastadas e cicatrizes.

Dentro de si, o mago de gelo tinha vontade de ir até lá, pedir desculpas à Juvia e que ela não se afastasse dele como tentava e dizer... O que? Ele não tinha o direito de se interferir assim na vida dela... Nem mesmo de estar ali espionando os dois.

Se levantando, ele bufou. Tinha como tudo ficar pior?

– Gray? - Indagou uma voz atrás dele que o fez dar um pulo.

Óh, porcaria de frase que sempre estraga tudo.

Ele virou-se e deu de cara com os DragonsSlayers contrapostos. Mizuki tinha uma sobrancelha arqueada que mostrava confusão, junto com Natsu. Foi vendo os dois um do lado do outro confusos que ele percebeu o que todos comentavam. Eles eram realmente parecidos e combinavam. Literalmente eram contrapostos.

– Princesa do gelo, o que está fazendo aqui? - Perguntou Natsu.

– Eu... Estou procurando minha camisa.

– Que casaco é esse? - Indagou Mizuki.

– Eu perdi a camisa, tive que roubar um casaco ou o pessoal me olha estranho - Ele emendou, rezando para que nem Juvia, nem Lyon tenham os notado.

– Eu ficaria mais preocupado com suas calças, pervertido.

Gray olhou para baixo e viu que por baixo do casaco estava apenas de cueca. Ele fechou com raiva, agradecendo o fato que ele ia até os calcanhares, e se perguntou se o casaco era mágico ou algo do tipo para não ter sido descartado ainda. Mizuki olhou além do seu ombro e viu Juvia conversando animadamente com Lyon, imediatamente entendendo o que ele estava fazendo ali, ela se irritou.

– Você está espiando a Juvia?! - Exclamou ela.

Gray fez sinal pedindo silêncio e olhou para trás para ver se um dos dois havia percebido o tumulto. Não, estavam distraídos demais na conversa, ele não sabia se ficava feliz ou irritado por isso.

– Silêncio uma ova! - continuou Mizuki - Você não tem o direito disso!

– Mizuki, sei que você é nova na guilda então não sabe, mas Lyon é meu irmão de consideração, só estou preocupado com ele.

– E que tipo de mau Juvia faria à ele? Ela não é uma má pessoa, jamais machucaria um amigo!

Ai, essa doeu.

Natsu só fazia uma cara de assustado. Ele sabia o que acontecia quando Mizuki ficava brava, então não se arriscou se intrometer. Ele ainda queria viver até amanhã, obrigado.

– Você se enganou, eu tava de passagem e decidi dar uma olhada! - Ele dizia.

– Então para onde estava indo? - Perguntou Natsu.

Gray xingou mentalmente Natsu por aquela pergunta. O que poderia dizer? Convincente o bastante para que eles não lhe denunciassem? O que tinha para fazer ali? O que...

Então se lembrou do que ouviu Juvia falar mais cedo.

– Eu vim comprar um almoço para Lucy. Ela gosta de uma casa de massas que tem aqui perto, mas eu não sei onde é...

Natsu fez uma expressão neutra, sendo atingido no ponto fraco sem que o amigo soubesse. Mizuki percebeu, mas foi rápida o bastante para disfarçar, tomou a frente num suspiro.

– Subindo a rua, é uma casa pintada de amarelo - Ela informou.

– Como sabe? - Gray indagou confuso.

– É a única casa de massas por aqui. Mas fecha em 20 minutos, é melhor correr.

– Ai, droga!

Gray saiu em disparada, subindo a rua. Ele queria continuar espionando, mas iria aproveitar a deixa de Mizuki. Quando estava à uma boa distância, ela gritou para ele.

– Viva e deixe viver!

Gray engoliu seco, sem olhar para trás, sabendo que ela não tinha um olhar agradável. Ele entendeu a mensagem.

"Eu sei o que estava fazendo. Você seguiu em frente, deixe-a livre então".

Ele não podia negar que ela estava certa. Subiu a rua, e somente quando chegou à casa de massas e conseguiu pega-la aberta ele deixou cair a ficha.

O que Natsu estava fazendo ali com Mizuki? Estavam num encontro?

Bem, Lucy estava com ele, o que fazia de Natsu livre para sair com quem quisesse. E... bem, ele tinha admitir que faziam um belo casal. Mesmo assim, porque algo não parecia certo? Alguma coisa não estava se encaixando na situação toda.

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– Mizu! Natsu! - Acenou Juvia quando saiam do restaurante após a refeição.

Mizuki e Natsuvoltaram-se para Juvia, que saia do restaurante de mãos dadas com Lyon. A Dragon Slayer sorriu.

– Juju-nee! - Ela disse - Então, se divertindo?

– Sim! - Ela sorriu - O que vocês estão fazendo aqui?

– Mizuki está procurando um apartamento - Respondeu Natsu.

– Sério? - Perguntou Juvia.

– É. Não aguento mais o Nana-nii queimando minhas roupas... - Mizuki fez careta.

– Para com o apelido estranho e estamos quites, pois eu não aguento mais paga-las - Ele imitou a careta. Juvia e Lyon riram.

– Porque não fica na Fairy Hills?

– Eu não tenho dinheiro nem para almoçar, graças ao Natsu, imagina quanto vou ter para pagar o aluguel.

– Bem-vinda ao mundo da Lucy - Comentou Lyon. Todos riram levemente.

– Ah, desculpe, nem apresentei vocês! - Disse Juvia - Mizuki, esse é Lyon. Irmão de criação do Gray e mago do gelo. Lyon, esta é Mizuki, a Dragon Slayer da Água e irmã de criação de Natsu.

– Oh! - Ele fez surpreso - Não sabia que tinha uma irmã Natsu...

– Não sei se o pouco tempo que tivemos na infância nos coloca nessa categoria, mas ok! - Ele deu de ombros.

– É um prazer! - Disse Mizuki estendendo a mão.

– Igualmente - Ele disse apertando.

No curto espaço de segundos, Lyon sentiu um choque percorrer seu corpo e imagens rápidas passando em seus olhos.

Água corrente. Gelo em todo o lugar. Magia entrelaçada. Sacrifício.

Mizuki soltou sua mão e ele se esqueceu do que viu quando fitou seus olhos novamente.

– Mizuki, se não conseguir achar um apartamento, pode dividir o quarto comigo na Fairy Hills - Disse Juvia.

– Hã?! Tem certeza?!

– Claro! Seria um alívio para mim cortar o aluguel na metade e ficaria feliz em dividir o quarto com você!

– Mas, ele não ficaria pequeno?

– Não, os quartos são um pouco grandes lá. Só teriamos que arrumar espaço... - Mizuki pulou em Juvia a abraçando.

– Juju! Eu te amo! - Juvia riu com a atitude da amiga.

– Graças a Deus vou me livrar de você... - Suspirou Natsu aliviado.

– Ei! eu não sou tão ruim assim! - Ela fez bico - Mas estou aliviada de me livrar de você... - Ela tentou retrucar.

Natsu sorriu abraçando-a por trás e a erguendo do chão.

– Qual é, não mente e não negue! Você me ama e só não está triste porque estará com Juvia!

– Pior que nem dá pra negar - Mizuki fez bico.

Lyon e Juvia riram.

– Bem, nós estamos indo - Disse Juvia.

– Ok, até! - Disse Mizuki se prendendo ao braço de Natsu e se afastando na direção oposta.

– Eles se dão muito bem. Até um pouco melhor do que ele com a Lucy.

– Eu faço parte do time que torce por eles, mas não acho que vá acontecer - Ela sorriu triste - Bem, vamos?

Ele assentiu e a guiou pelas ruas.

Lyon levou Juviaà uma loja onde comprou algo em duas caixas, Juvia ficou olhando sem entender muito bem. Ele perguntou o número de sapato dela e quando ela respondeu, ele suspirou aliviado. Ele lhe puxou por algumas ruas até que saíssem da cidade. Atravessando uma floresta. Juvia ficou confusa, mas sempre que perguntava, ele dizia-lhe que era uma surpresa. Desceram algumas colinas e somente depois de algum tempo, chegaram ao lugar planejado.

– Um lago? - Indagou Juvia.

– Sim - Lyon sorriu - Pegue seu presente.

Juvia o fez, ao abrir a caixa, qual não foi sua surpresa ao ver um par de patins de gelo ali? Não era um qualquer, eram azuis como seu cabelo com desenhos detalhados nele. Juvia prendeu a respiração por um momento. Depois fitou Lyon e ele sorriu antes que ela dissesse algo.

– Juvia, o que magos de gelo fazem? - Disse ele pulando no lago.

Juvia quase deixou a caixa cair quando se levantava, mas logo Lyon caiu no lago em pé. Então ela percebeu que ele havia congelado a superfície do lago. e o gelo foi se expandindo até chegar à margem de onde ela estava. Não era um lago muito grande, mas ainda sim foi impressionante. Então ele foi até ela e lhe estendeu a mão.

– Vamos patinar um pouco? - Ele sorriu.

Juvia retribuiu o sorriso animada, tirando as botas apressadamente para colocar os patins. Então se ergueu e foi guiada por Lyon.

– Você vai ter trabalho, nunca patinei na minha vida.

– Vou te ensinar então.

Durante algum tempo, ele gastou apenas ensinando-a como ficar em pé, andando e virando para os lados. Juvia estava feliz e se divertido, não havia se arrependido em nada de ter aceito seu convite. Lyon, começou a ensinar alguns passos como girar no gelo e até pular. Juvia caiu várias vezes, mas estava alegre demais para ligar para algum arranhão. Quando começou a escurecer, Lyon a chamou, pois passar pela floresta a noite além de perigoso, não era uma certeza que encontraria o caminho de novo.

Lyon a acompanhou até o centro de Magnólia, ao chegarem ali, Juvia percebeu que faltava quarenta minutos para o trem dele sair. Por isso, pediu para que ele fosse à estação.

– Não, eu devo te acompanhar até sua casa.

– Lyon, não seja tolo, se fazer isso ficará preso até amanhã de manhã em Magnolia. Precisa voltar logo, não?

– S-sim, mas...

– Sem "mas" Lyon. Juv-Eu sei me cuidar.

Lyon sorriu diante da correção dela. Ela pegou a sacola com seus patins, a outra caixa era um par parecido com o dela no qual ela entregaria como presente à Mizuki. E depois pegou o pequeno buquê de flores que estava com Lyon.

– Obrigada por hoje. Me diverti muito... - Sorriu ela.

– De nada... Talvez possamos fazer isso mais vezes.

Havia certa insegurança em Lyon e ela percebeu. Depois de tanto tempo negado por conta do amor consumado por Gray... ele tinha medo que ela não gostasse dele, ou pior: o visse como uma substituição. Juvia sorriu ao lhe responder sinceramente.

– Eu adoraria.

Juvia se aproximou e lhe deu um abraço de despedida. Demorou-se um pouco, ela percebeu que Lyon estava relutante em lhe deixar ir, e tinha que admitir: estar nos braços de alguém era reconfortante. Ela estava confortável e bem ali. Quando se afastou, olhou nos olhos do mago de Gelo por um momento, e se perdeu ali. Seus lábios se moveram num sussurro que ela mal pode notar.

– Me beija...

Antes que ela pudesse mudar de ideia, Lyon já unia seus lábios, a abraçando com mais força. Juvia retribuiu pouco depois que a surpresa passou. Lábios frios, porém carinhosos e gentis, tentando ao máximo aproveitar o momento. Juvia se sentia tão leve e especial que teve que se concentrar um pouco para não desfazer-se em água. Quando o relógio da igreja de Magnólia alcançou o número sete, o sino ecoou pro toda cidade. Juvia se separou de Lyon no susto, rosto corado e sem graça, quando finalmente caiu a ficha.

– Lyon! Você só tem mais 20 minutos!

Ele pensou um pouco, pegando a passagem no bolso. Era verdade, seu trem saia às 19h30m. Ele soltou um palavrão, antes de pegar suas coisas e Juvia riu do seu jeito atrapalhado.

– Droga! Desculpa,Juvia!

– Está tudo bem! Vá!

– M-mas...!

Ele foi silenciado quando ela se aproximou dando-lhe um beijo na bochecha e sorrindo.

– Vá antes que perca o trem! - Ela sorriu.

Lyon sorriu de volta e saiu correndo em direção à estação, gritando no caminho que a amava. Juvia sorriu acenando para ele. Quando ele ficou fora de vista, ela tocou os lábios e corou ao lembrar do beijo. Depois cheirou as flores e sorriu feliz, indo em direção à sua casa.

Seus pés a moviam como se fossem automáticos, Juvia estava perdida em pensamentos de como seu dia foi bom, como Lyon era charmoso e tudo mais enquanto brincava com as pétalas das flores em seu buquê. Ela nem sabia que flores eram, apenas que era azuis e muito bonitas.

Seguindo pelas ruas, mal prestou atenção quando alguém a chamou. Somente quando chamaram mais duas vezes ela ergueu o rosto e respondeu.

– Oi, Juvia! - Ela se virou e encontrou a fonte da voz.

– Gray-sam- - Ela cortou a sentença. Não mais– Gray, o que está fazendo aqui?

Gray reparou na sua rápida correção, mas decidiu não comentar sobre tal.

– Acompanhei Lucy para casa. E você?

– Voltando para a minha - Sorriu sem graça.

– Então vou te acompanhar.

– O que? Não! não precisa!

– Faço questão, e você parece um pouco atrapalhada com isso... - Ele pegou as sacolas, mas a deixou com o buquê - Vamos?

Juvia suspirou o seguindo, ela sabia que nesse ponto, Gray era irredutível. Caminharam pelo silêncio algum tempo. Juvia imersa em pensamentos e se sentindo desconfortável pela situação. Gray por não ter nada melhor a dizer. Foi quando estavam à menos de uma quadra do alojamento que ele quebrou o silêncio.

– Onde está Lyon?

– No trem, quase perdeu ele - riu ela.

– Por que?

– Hummm - Ela corou e voltou a atenção nas flores - N-nósn-no-nos... distraímos.

Gray arqueou uma sobrancelha, mas entendeu assim que viu Juvia tentando esconder o rosto entre as flores por estar vermelha. Ele desviou o olhar.

– Ele... Te tratou bem?

– Sim! - Ela disse feliz - Ele é charmoso, educado, cavalheiro, doce...

Ok, o que Gray estava ouvindo era: "Ele é tudo o que você não é". Ele havia perguntado, mas não queria ouvir aquilo, não que Lyon era melhor que ele no sentido garotas. Era mais por consideração. A cada palavra ele sentia uma seta lhe espetar, afinal, ele nunca tratou Juvia assim, era natural que ela se sentisse melhor com seu irmão.

– Fomos numa loja comprar algumas coisas, depois almoçamos, conversamos, passeamos fomos à floresta...

Ele nem queria saber o que houve nessa floresta.

– Me diverti muito hoje! - Ela contava animada.

– Que bom - Ele sorriu sincero - Faz tempo que não te vejo assim... Na verdade não me lembro de te ver assim alguma vez.

– Juvi-Eu tenho me esforçado para deixar a chuva para trás - explicou.

Eles chegaram à entrada da Fairy Hills, Juvia entrou pulando os degraus, Gray sorriu diante da infantilidade dela. Quando estava na porta o esperou para pegar as sacolas.

– Obrigada! - Sorriu.

– De nada...

Antes que ela pudesse ter entrado ou se despedido, Gray se aproximou e lhe deu um beijo na testa. Completamente confusa e atônita, ela ficou para olhando para ele sem entender. Ele se afastou dando um leve sorriso e bagunçou seu cabelo de leve.

– Se cuida.

E assim, Gray se virou, com as mãos nos bolsos indo embora, somente depois percebendo o que havia feito. Apressou os passos tentando entender e se condenando pelo o que aconteceu.

.

.

– WHAT THE HELL?!

Foi a primeira coisa que Juvia ouviu ao entrar no quarto e desviando de uma almofada jogada mortalmente em sua direção. Mizuki estava sentada em sua cama e agora colocava um travesseiro contra seu rosto gritando frustrada.

– O que foi aquilo lá em baixo?!

– V-você viu?! - Exclamou sem graça.

– Qualquer um que olhasse pela janela veria.

Oh God...

– E-eu... Eu também não entendi! - Admitiu Juvia confusa e começou a chorar no colo de Mizuki perdida. A chuva começou a cair do lado de fora e Mizuki deixou - Primeiro ele começa a namorar, diz que não me quer. Aí eu decido seguir em frente e saio com o Lyon. Daí na volta ele tinha acabado de deixar Lucy em casa e me acompanha. Daí ele me dá um beijo na testa e age carinhoso! Eu não entendo!

Mizuki suspirou dando tapas leves nas costas de Juvia.

– Chora amiga, o mundo não faz sentido, principalmente os homens.

Então Juvia reparou em algo desmaiado no chão, assim fazendo a chuva parar.

– Éh... Aquilo é o Natsu?

Mizuki olhou discretamente e viu o amigo desmaiado dando de ombros.

– Deve ser... Pera!

Juvia observou sentada na cama enquanto Mizuki se levantava e pegava Natsu pela gola, depois o jogando pela janela.

– Você não pode ficar na Fairy Hills, é pra garotas! Xispa!

Natsu caiu e gritou algo que Mizuki não entendeu, depois disso ele correu em direção à sua casa.

– Vocês são muito... - Mizuki arqueou uma sobrancelha - Confusos.

Ela sorriu para Juvia.

– É normal - Deu de ombros e pulou na cama abraçando um travesseiro - Agora me conta seu encontro com Lyon.

– É... Não tenho o que contar.

Mizuki parou por um momento, fitando Juvia confusa. Quando entendeu ela se ergueu e começou a bater na amiga com o travesseiro brava.

– Você contou tudo pra ele não foi?! Agora não tem o que me contar! Argh! Eu não vou te perdoar!

Juvia ria enquanto Mizuki continuava a bater nela com o travesseiro, pouco depois ela pegou um e retribuiu, começando a guerra.

.

.

.

Natsu corria pelas ruas. Ele se sentia um pouco estranho sem Mizuki por perto. Se lembrou que era assim quando eram crianças também, a magia dela agia por sua presença em si, sua ausência causava isso sempre. Quando ele estava passando por uma rua ouviu seu nome sendo chamado. Olhou na direção e viu uma garota loira olhando-o pela janela. Seu coração pulou uma batida ao ver Lucy. Eles nunca haviam ficado sozinhos desde que ela virou namorada do Gray.

– Natsu! - Ela acenou.

– Oi, Lucy! - Ele retribuiu.

Ele se controlou, cada pedaço de si pedia, implorava para que ele fosse até ela. Ela estava de pijamas e cabelos soltos, pronta para dormir e a tentação de acompanha-la era grande. Mas no estado em que estava, não podia. Acabaria fazendo-a odiá-lo para sempre.

– Você sumiu - Ela disse.

– Foi mal, tem tanta coisa pra fazer - ele disse desviando.

– Tudo bem, eu entendo - Ela sorriu - Eu vou alugar um filme na tv, quer ver?

Essa era, sem dúvida, a primeira vez que Lucy o convidava para ficar por lá. Se a situação fosse outra, ele teria invadido e feito a zona, mas nessa... ele tinha que e negar.

– Hã... Hoje não!

– Éh, tem certeza?

– Tenho, amanhã vou ajudar Mizuki com a mudança, preciso acordar, argh, cedo.

Bem, Natsu, está conseguindo.

– Tem certeza? Pode ficar aqui, eu te acordo. Além disso você tá todo molhado.

– Não, tá tudo bem! Eu tenho que ir! Tchau, Lucy! - Ele acenou e saiu correndo.

– Tchau...

Lucy fechou a janela pensativa, observando pelo vidro Natsu se distanciar. Não era impressão, ele estava realmente se distanciando, não só fisicamente. Ele nunca lhe negaria companhia, então... O que estava acontecendo? Lucy fitou a janela molhada triste. A ideia de Natsu deixar de ser seu melhor amigo lhe assombrava, mas ela não percebia o quão terrível era.

– Natsu... - Disse pensativa.

Não me deixe. Pensou ao ir dormir, perdendo a vontade de ver o filme.