Quando o dia amanheceu, ninguém foi a guilda. Já havia sido combinado de todos se encontrarem no parque.

Mira foi a primeira a chegar junto com os irmãos, em seguida do mestre e Laxus que estava acompanhado da Tribo do Trovão. A garçonete sorriu para o Dragon Slayer que desviou o olhar sem nenhuma razão aparente enquanto os irmãos dela e a Tribo se cumprimentavam.

Os grupos foram chegando aos poucos, Lucy e Gray, Kinana, Macao e Romeo, Wakaba, Gajeel, Levy... Natsu, Juvia e Erza chegaram um pouco depois do combinado pois eles pegaram os doces frescos na confeitaria onde a ruiva encomendou, a guerreira carregava dois bolos, ela própria sabia que não iria se contentar com apenas um pedaço. Mizuki foi uma das últimas a chegar (por ordem da própria Mirajane), sendo recebida com confetes e serpentinas.

– Feliz aniversário! – Gritaram todos.

– Valeu pessoal – Mizuki deu um sorriso forçado que deixou as pessoas confusas.

– Relaxem – Blume comentou – Ela gostou, só não sabe como reagir. Mizuki não está acostumada a comemorar o aniversário, ainda mais entre tantas pessoas.

– Como assim? – Mira perguntou.

– Semideuses não tem costume de comemorar aniversários, nem os Dragões – Mizuki disse – Na verdade só passei a comemorar quando conheci Kei... Ainda é um pouco estranho – Ela comentou.

– Você se acostuma – Keitaro sorriu para ela, em seguida se abaixando para cochichar algo em seu ouvido, o que fez Mizuki corar.

– Oh – Cana exclamou provocativa – Imagino que ele esteja falando do seu presente...

– Sim! – Kei exclamou feliz – Na verdade, eu...

– Não fala como se fosse a coisa mais natural do mundo! – Mizuki reclamou corando e dando um tapa em sua cabeça, apontando para Asuka, Romeo e Wendy em seguida – Tem crianças aqui!

– Ora, então foi exatamente o que pensei? – Cana provocou o que fez as garotas e até alguns garotos corarem pela insinuação.

– Não é nada disso! – Mizuki tentou rebater.

– É exatamente isso! – Cana retrucou rindo.

– Isso o que? – Natsu perguntou confuso. Cana apenas o fitou como se ele fosse retardado.

Ao ver que perderia a discussão e morrendo de vergonha, Mizuki se escondeu no peito de seu namorado, que ria enquanto fingiu a esconder de todos. Logo em seguida, as garotas a puxaram para uma pilha onde haviam alguns presentes e pediram para que ela abrisse.

Mizuki riu ao ver o peixe que Happy lhe deu e decidiu dá-lo de volta já que não iria comê-lo. Blume deu uma caixa com a mesma roupa rosinha que tinha dado a exceed dias atrás, devolvendo o presente junto com o bilhete "Não sou obrigada". Quando a Dragon Slayer fitou a exceed, ela deu de ombros e continuou a comer.

– Não é uma fase. Aceite – Blume reclamou.

– Poxa... – Mizuki fingiu choro para um pouco de drama.

– Por que você é assim? – Lily perguntou.

– Porque eu sou gótica, eu tenho que ser assim – Blume retrucou num óbvio tom de "não te interessa".

– Tudo bem, to acostumada! – Mizuki riu lançando um olhar desafiador a Blume – Mas eu nunca vou desistir - Os que estavam ao redor riram. E então Juvia decidiu entregar seu presente.

– Aqui está. Espero que goste!

Mizuki abriu a caixinha com cuidado e fitou o objeto. Eram dois conjuntos de colares duplos iguais. O pingente era um laço que fazia o símbolo do infinito, haviam pedras que coloriam a prata em cores, deixando o laço na cor branca. Os outros pingentes tinham a mesma pedra, porém nas cores azul, verde e rosa. Ela soltou uma exclamação abraçando Juvia com força.

– Eu adorei! Mas porque tem dois conjuntos?

– Juvia achou que você poderia ficar confusa entre quem dar o outro, então comprou dois.

– Confusa com o quê? É seu! – Mizuki exclamou indo colocar nela o laço branco.

– Ei! – Kei reclamou com ciúmes.

– Você já tem meu corpo, meu amor, meu dinheiro e se duvidar até minhas calcinhas, o que mais você quer? – Mizuki retrucou.

– Oh, então você é um pervertido por calcinhas? – Cana provocou.

– Não! – Kei exclamou envergonhado.

– Ora, esperava mais de você... – O mestre comentou fingindo desapontamento.

– Mas...!

Antes que Kei continuasse, Mizuki o interrompeu passando os braços em volta de seu pescoço e lhe dando um beijo. Aos que estavam ao redor começaram a assoviar e bater palmas, mas nenhum dos dois pareceu ligar. Quando se afastaram, Kei reparou que tinha algo em seu pescoço e fitou o símbolo do infinito ali com a cor azul.

– Pronto! – Mizuki sorriu – Agora me ajude com o meu!

Ela se virou de costas e Kei fez o pedido, colocando nela o colar na cor verde. Ela fitou o colar e sorriu para ele, chamando Natsu para colocar também.

– Por que eu tenho que usar isso? – O Dragon Slayer reclamou.

– Porque eu tô mandando! Olha só! Combina com seu cabelo rosa!

– Rosa é cor de macho! – Elfman gritou.

– Ninguém tá falando disso – Evergreen reclamou.

Natsu colocou o colar e fez cara feia por um momento até Juvia apontar para Kei que também tinha um. Então os dois começaram a conversar sem dar muita importância.

Assim que os presentes iam se seguindo e conforme as pessoas entregavam, elas voltavam para a festa. Ao fim disso, Mizuki decidiu se trocar e colocar o conjunto de roupas que se formou com os presentes. Depois de toda a festa, comes e bebes, Mizuki se excluiu um pouco, indo para um lugar um pouco mais afastado e se deitando no colo de Kei enquanto ele acariciava seus cabelos e ela aproveitava a luz do sol em sua pele com um leve sorriso. Gray e Lucy também estavam num posição parecida, com a diferença que estavam no bingo e a maga estava sentada em seu colo conferindo os números enquanto Gray atrás dela, lhe abraçava e também conferia.

– 36! – Levy gritou.

Lucy marcou o número e sorriu. Faltava apenas dois números para completar o bingo e ela ganharia a cesta de café-da-manhã que desejava desde o dia anterior. De repente um grito tirou a atenção de todos. Gray quase a derrubou quando tentou se levantar, mas ao perceber permaneceu sentado e a segurou pela cintura.

– Desculpe.

– Tudo bem – Lucy sorriu – Foi a Juvia gritando?

– Acho que sim – Ele respondeu tentando olhar por cima dos outros membros do bingo para a roda onde Juvia estava.

Juvia subiu a colina para onde o bingo acontecia rapidamente, encolhendo-se em si mesma e com as bochechas corando num tom de vermelho tão forte que Gray tinha certeza que se estivesse escuro ele iria brilhar. Mira e Cana correram atrás dela, segurando uma por cada braço e arrastando de volta para onde estavam. A Mulher da Chuva protestou tanto que fez todo mundo do bingo parar e entender a cena, até mesmo Mizuki e Kei foram até eles.

– Não vale fugir! – Cana ria.

– J-ju-juvia não pode fazer isso! – A Maga exclamava.

– Você quem sugeriu e escolheu! – Mira disse sorrindo.

– M-M-mas não pensei que im pedir algo assim!

Natsu e os outros que estavam na rodinha subiam devagar, Natsu também com um leve tom de rosa nas bochechas, as mãos atrás da cabeça como se fingisse não ser nada., Lisanna ao seu lado dava risinhos e Elfman falava algo sobre ser muito homem (como sempre).

– Ah vai, o Natsu aceitou melhor que você! – Reclamou Cana – Digo, é o Natsu, mas até ele já concordou!

– Ei! O que isso deveria significar?! – Ele reclamou.

– O que tá acontecendo? – Mizuki perguntou enquanto fazia carinho em Hime que voara para seu colo.

– Decidimos jogar verdade ou desafio – Mira disse. Somente essa sentença fez Mizuki ter certeza que Juvia se enfiou numa fria – Chegou na vez de Juvia, então Cana desafiou ela a beijar o Natsu – Ela disse sorrindo.

De repente o silêncio se fez entre tantos. Lucy e Gray não souberam muito bem como reagir a notícia, quer dizer, Juvia e Natsu eram próximos e livres para ficarem juntos... De repente Lucy lembrou de quando o Dragon Slayer mencionou sua Parceira. Ele disse que era alguém que ela conhecia e que por isso não queria dizer.

– Será que... – Lucy pensou baixo.

– O que foi? – Gray perguntou num cochicho, sem coragem de quebrar o silêncio.

– Natsu disse que eu conhecia a Parceira dele... – Gray engoliu seco – Será que ele se referia à Juvia?

Gray arregalou os olhos pela surpresa da possibilidade e voltou-se para onde tentavam arrastar Juvia até Natsu que parecia confortável demais com aquela situação. O mago de gelo ficou tenso, sem saber o que pensar do assunto. O primeiro a quebrar o silêncio foi Gajeel que começou a gargalhar como se fosse a melhor piada do mundo.

– Não ria! – Juvia reclamou.

– Vocês se ferraram! – Ele disse entre risos com a mão na barriga.

– Bem, agora a Juvia amarelou e tá querendo fugir! – Cana reclamou.

– Por que você aceitou? – Levy perguntou a Natsu.

– Não é como se fossemos morrer por isso – Ele deu de ombros desviando o olhar.

Ele falou a mesma coisa pra mim, Lucy pensou. Então Natsu era capaz de beijar qualquer um como se não fosse nada demais? O pensamento fez Lucy abaixar a cabeça um pouco decepcionada.

– É verdade! – Cana exclamou animada roubando a atenção da loira novamente – Vamos lá, Juvia!

– Não! – Juvia choramingou – Eu mudo para verdade!

– Sério? – Cana indagou um pouco pensativa e então virou-se para ela – Então vamos lá: é verdade que você e Lyon deram um mega beijo durante o encontro de vocês?

– Que?! – Mira exclamou – Como ninguém me contou sobre isso?

Juvia pareceu não entender bem o que Cana disse primeiramente, ela abaixou a cabeça, dando uma olhada discreta para Gray que parecia prestar muita atenção no assunto, depois ergueu a cabeça dando um leve sorriso inocente e abrindo a boca para responder.

Então de repente ela se virou e começou a andar até Natsu apressada.

– É só um beijo, certo? – Ela indagou.

– Hã?! – Cana exclamou – Então é verdade?

– Pera, você se recusou a responder! Juvia! – Mira exclamava querendo saber indo até a maga de água – Juvia, responde!

– Juvia decidiu fazer o desafio, então não preciso responder – Juvia disse nervosa.

– Mas o que...?! – Gray murmurou.

– Se ela se recusou a dizer, provavelmente é verdade – Levy disse dando uma leve risada, Gray fez uma careta sem que ela visse.

– Não é nada demais – Juvia disse mais para ela mesma do que para Natsu.

Ficaram a assistir a cena com uma certa expectativa. Natsu corou quando Juvia se aproximou dele e não soube como fazer, quando o Dragon Slayer ia se aproximar, Cana voltou a falar.

– Ah! E não vale selinho!

– O que?! – Os dois exclamaram.

– Tem que ser um beijo, lábios um no outro por pelo menos dez segundos.

– Ah não! – Natsu reclamou.

– Cinco! – Juvia disse, sabendo que Cana não iria desistir da ideia.

– Hum... Tá certo, cinco é melhor do que nada – Ela riu.

Juvia respirou fundo e voltou-se para Natsu. Ok, ela podia fazer isso. Era só pensar que era uma situação parecida com a do Lyon, certo? Natsu era atraente, era legal e divertido, um bom amigo, ela confiava nele e... Bem, era isso que podia pensar. Não conseguia pensar em nada mais.

Juvia segurou o rosto dele entre suas mãos e respirou fundo.

Não era nada demais. Assim como com o Lyon foi no calor do momento, poderia dar um beijo em Natsu sem significar nada, não é? Mesmo que outros vissem, não era nada demais... Juvia puxou o Dragon Slayer e fechando os olhos, selou os lábios com os dele.

Mira agarrou o braço da primeira pessoa ao seu lado com força, tentando conter sua animação. Não era o casal que ela queria ou que Hime tinha visto, mas era um casal e Mira não resistia.

– MIRA VOCÊ TÁ ESMAGANDO MEU BRAÇO! – Lisanna gritou quase chorando por não sentir mais o braço esquerdo.

– Olha, não é que ela fez? – Cana disse surpresa.

Depois de cinco segundos Natsu e Juvia se afastaram, um pra cada lado, bem distante do outro. Natsu estava apoiando a cabeça numa arvore, de joelhos como se fosse vomitar, Lisanna lhe deu apoio emocional (com o braço que ainda sentia) em seu ombro. Juvia também estava desolada sendo confortada por Mizuki que dava tapinhas e dizia que podia ter sido pior.

– NUNCA. MAIS! – Gritou Natsu.

– Eu nunca mais vou beijar alguém na minha vida! – Juvia reclamou.

– Não fala assim – Mizuki disse tentando acalmar a maga – Lembra que você ainda tá me devendo sobrinhos, Juju!

– Foi tão ruim assim? – Cana perguntou para os dois que estavam miseráveis.

– Foi como beijar a minha irmã! E eu nem tenho uma irmã pra saber como seria! – Natsu se exaltou com cara de desespero – Nunca mais! Eu tava errado, isso pode me matar sim!

– Amigos e nada mais que amigos pelo resto da vida? – Juvia sugeriu olhando para ele.

– Concordo – E assim que eles se olharam, voltaram a desviar o olhar e ficar com nojo – Depois que conseguirmos apagar essa memória pra sempre das nossas vidas!

O pessoal da guilda ria enquanto Mira riscava outra combinação de nomes em seu caderno e anotando do lado "Mais um navio que afundou". Lucy e Gray suspiraram aliviados, depois sorriram um para o outro mesmo sem entender porque estavam tão aliviados.

Pouco depois do último bingo (onde Gajeel ganhou uma coleção de livros pra raiva de Lucy e Levy), alguns membros decidiram encerrar o festival com música e dança. Não havia exatamente um passo, somente pessoas dançando, pulando e trocando de parceiros. O mestre observava os membros com um sorriso satisfeito.

Bisuka tirava fotos de Alzack ensinando a filha a dançar, Hime decidiu brincar com a menina logo depois, deixando o casal ter um momento a sós. Wendy dançava com Natsu, girando e rindo enquanto Juvia tentava seguir o ritmo deles na companhia de Freed. Elfman e Evergreen estavam fora das vistas, algo que Makarov achou desnecessário já que a ausência de ambos denunciava que estavam aproveitando um tempo juntos. Afinal porque ainda tentavam fingir que não estava acontecendo nada? Erza estava sentada comendo o resto do bolo que sobrou enquanto conversava com Mira e Levy, ao lado dela Romeo, os exceeds, Lisanna, Kinana, Gray e Lucy conversavam sobre outro assunto. Bixlow, Gajeel, Wakaba e Macao estavam jogados no chão junto com Cana, desmaiados por culpa da bebida.

Para sua surpresa, Laxus se sentou ao lado de Mira, observando a dança como se não tivesse interesse e a maga apenas sorriu para ele. Makarov riu pela idiotice do neto em querer chama-la sem se sentir envergonhado, talvez um dia o Dragon Slayer percebesse as oportunidades que perdia.

Romeo de repente se levantou e pediu para dançar com Wendy, Natsu percebeu como ambos estavam sem graça e só para se divertir, se curvou e deixou que ele levasse Wendy. Os dois jovens começaram a dançar sem graça enquanto mago de fogo tomava distancia rindo. Quando o Dragon Slayer se aproximou do grupo sentado, olhou por apenas alguns segundos antes de correr até eles, por um momento, Lucy achou que ele a chamaria para dançar e se animou, já que Gray não queria dançar de modo algum.

Qual não foi sua surpresa e frustração quando ele passou por ela e chamou Lisanna?

Os dois voltaram para a roda de dança rindo, Lucy teve um gosto amargo na boca no qual não conseguiu disfarçar a expressão de desgosto.

– O que houve? – Gray perguntou percebendo o incomodo da namorada.

– Temos que conversar – Antes que perguntasse ela continuou – Depois. A sós. Não aqui, nem agora.

Gray assentiu, sabendo do que provavelmente ela iria falar. Assim os dois continuaram a assistir os outros a dançar.

– Você ia chamar ela, não? – Lisanna perguntou à Natsu num tom baixo, mas sabendo que ele ouviria.

– Desculpa por te usar – Ele disse sem graça.

– Tudo bem, eu entendo. Também hesitaria se alguém que eu gosto estivesse com outra pessoa.

– Isso não aconteceu comigo? – Ele indagou.

– Nah – Ela riu – Nós crescemos e seguimos vidas diferentes. Não temos mais aquela conexão que tínhamos quando crianças, não é?

– É – ele sorriu aliviado.

– Além disso, eu acho que ninguém seria capaz de fazer você se sentir como Lucy faz – Ela falou baixinho – Vocês se gostam – ela falou imitando o Happy.

– Você tá andando muito com o Happy – Natsu comentou desviando o olhar e Lisanna riu.

Mizuki que estava conversando com o mestre, se juntou a dança trazendo Kei consigo. Eles se juntaram a Natsu, Juvia e Lisanna, trocando pares. Mizuki escapou rodopiando para fora da roda, o som de sua risada se misturando a dos outros. Então ela virou para trás de si e observou a lua que subia no céu escurecido.

E então tudo mudou.