Winterspell (Magia do Inverno) escrita por ArtGirlLullaby


Capítulo 17
Capítulo 17: O par perfeito


Notas iniciais do capítulo

Chegou o capítulo que muitos esperavam (ou não) lol

Agora vocês vão conhecer a trupe da Mizuki (huwat?). Espero que gostem



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No dia seguinte, Mizuki ainda tinha restrição de não exagerar, porém já estava treinando um pouco de sua magia e exercícios. Ela e Juvia estavam nos fundos treinando movimentos leves de dança, que ajudavam tanto na circulação do corpo quanto para concentração segundo a Dragon Slayer. Sua exceed monitorava o treinamento sentada numa mesa próxima a elas, Natsu provavelmente ainda estava dormindo junto com Happy. Gajeel também assistia o treino intrigado com como aqueles movimentos poderia lhes ajudar em batalha.

Assim que Erza chegou ela decidiu se juntar as duas, transformando-se para um conjunto de biquíni e canga, enquanto as magas estavam com um vestido leve (no caso de Juvia) um Top, com shorts e um pano amarrado à sua cintura (Mizuki).

– Por que vocês estão de biquíni? - Indagou Gray assim que chegou e as avistou.

– Elas estão treinando. Ou algo do tipo – Respondeu Gajeel.

– Isso parece mais aquelas aulas de Yoga que a Lucy faz de vez em quando – Ele comentou franzindo o cenho.

As três continuaram sua dança lenta até chegar ao momento em que soltaram o ar. Então ela relaxaram.

– Realmente me sinto revigorada – Comentou Erza.

– Sim! – Juvia sorriu para a maga – Realmente ajuda o corpo a despertar de manhã!

– Sim, sim – Disse Mizuki dando um passo em direção à piscina – Mas agora, chega de moleza!

Antes que as duas magas pudessem entender o que acontecia, Mizuki manipulava a água da piscina para jogar esferas de água nelas. As duas deram um grito de susto, mas em seguida começaram a revidar. Erza para uma armadura que pudesse se desviar das esferas e Juvia retrucando cada ataque. Antes que percebessem, Gajeel já estava no meio da briga, com Gray e inclusive Natsu que mal havia chegado e se enfiou na confusão. Lily se aproximou de Blume, que observava tudo com cara de tédio.

– Você não devia interferir já que ela não devia estar fazendo esforço físico? – Perguntou ele apontando para a maga de água que agora revidava um ataque de Gray e Erza.

– Não sou a mãe dela. Ela sabe bem o que pode ou não fazer, só finge que não sabe – Disse ela esticando as pernas – Daqui a pouco ela cansa e desmaia.

– Não é isso que deveria evitar? – Ele pensou alto impressionado com a indiferença da exceed.

– Mizuki precisa aproveitar tudo o que for oferecido... – Murmurou a exceed.

Depois de cadeiras e mesas destruídos, algumas coisas queimadas, congeladas, molhadas e cortadas os magos pararam de brigar. Mizuki ainda saltitava feliz por estar conseguindo usar sua magia plenamente, embora estivesse reutilizando a água do ambiente.

– Acho que ainda não consigo usar minha própria magia... – Mizuki pensou alto.

– Você só sabe se tentar – Disse Erza.

– Que tal construir algo com gelo? – Perguntou Juvia.

– É, acho que posso tentar.

– Isso parece interessante. Que tal competirmos? – Disse Gray se levantando e se aquecendo.

– Prepare-se para perder – Mizuki sorriu.

– Acho que não.

– Por mim tudo bem desde que ela não comece a cantar aquela música maldita de novo! – Comentou Natsu limpando a orelha.

– Cala a boca Natsu, ta no meu momento de ser a Rainha do gelo.

– Isso vamos ver! – Disse Gray, enquanto já estava em posição – Ice Make... Hammer! – E então um machado de gelo se materializou na mão de Gray.

– Pfft, fácil – Disse Mizuki fazendo um movimento rápido com as mãos e transformando a água de sua magia em gelo, na forma de uma foice que só a lâmina devia ter o tamanho do machado.

– Só to aquecendo – Ele disse começando novamente – Ice Make Jail! – Então uma enorme gaiola se formou ali.

– Vamos lá... – Mizuki jogou as mãos transformando a água instantaneamente em neve, juntando-se e transformou em gelo depois, criando uma enorme estátua da Erza vestida com a The Knight.

– Uau! – Impressionou-se Erza.

– Bem, ainda não perdi! – Disse Gray – Ice Make Roof! – uma estrutura de gelo vazada se formou acima deles, como se fosse o teto de uma cúpula, cheia de detalhes e enfeites.

– Que bonito... – Juvia comentou sem pensar.

– É pra criar algo novo? Então ok! – Mizuki então movimentou as mãos sobre si mesma e passou no cabelo, criando um vestido que tinha um véu atrás e ficando com cristais de gelo no cabelo.

– Ah não! – Reclamou Natsu – Ela vai começar a cantar aquela música maldita que não desgruda!

– Cala a boca – Ela disse jogando uma bola de neve nele – Só vou encenar – Ela riu.

– Eu acho que isso pode te cansar demais – Blume finalmente interveio.

– Só vou ser um pouquinho Elsa – Ela disse – Muito bem, vamos começar com o chão!

Mizuki pisou firme, um círculo mágico azul claro que se expandiu criando o chão de gelo que tinha desenhos em espirais. Ela só o expandiu até que todos os presentes estivessem em cima deles. Então ergueu os braços e fez o chão se elevar alguns metros, todos olhavam ao redor um tanto perplexos. Mizuki deu dois giros e criou paredes fazendo espirais que iam até o alto, ela parou com as mãos erguidas e depois abriu os braços, criando o teto que fazia o um formato hexagonal, no meio fez algum tipo de lustre que refletia o que vinha de fora.

Ela continuou dançando enquanto continuava a criar as coisas ali, os outros apenas ficavam observando boquiabertos. Natsu e Juvia pareciam estar acostumados, provavelmente dos treinos. Foi então que Natsu se jogou no chão tampando os ouvidos e rolou reclamando.

– Ah, não! Ela ta cantando aquela música de novo! Eu vou morrer com ela me perseguindo! – Ele foi interrompido quando Mizuki jogou água nele.

– Eu tava praticamente balbuciando a música, seu chato. Não tenho culpa se você tem audição de Dragon Slayer.

– Eu sou um Dragon Slayer!

– Que seja. Você precisa aprender a Let it go.

– Não! – Natsu chorava agoniado, pois a música já começava a tocar novamente na sua cabeça.

– Que música que eles tão falando? – Perguntou Gajeel que estava longe demais para ouvir.

– Deixe pra lá – Disse Juvia dispensando o assunto.

– Então ganhei?! – Perguntou Mizuki feliz.

– Tá, ta. Que seja – Disse Gray emburrado.

– Legal! – Mizuki pulou erguendo os braços apenas para cair no chão em seguida e desfazer a magia toda ao seu redor transformando em flocos de neve.

– Mizuki! – Natsu e Juvia se aproximaram.

– Não se preocupem, é só porque usei boa parte da minha magia... Meu limite está muito curto por conta do selo mágico – Ela olhou para o símbolo em seu braço – Acho que vai levar mais algum tempo até que suma.

– Como podemos ajudar? – Perguntou Erza se aproximando.

– Não se preocupa, vou absorver a neve e recuperar minha magia.

Ela soltou o ar, depois respirou fundo e prendeu o ar se concentrando. A neve que caia da magia desfeita foi de grudando e desaparecendo aqui que encostava em Mizuki, pouco tempo depois ela estava normal e sorriu se levantando.

– Bom, agora quero trocar de roupa e comer algo. Deu mó fome!

E como se aquilo não fosse nada, Mizuki se levantou e entrou na guilda novamente, pedindo um prato especial à Mira, deixando todo o resto onde estavam sem nenhuma explicação mais importante. Blume suspirou indo para dentro também.

– Idiota –Murmurou a exceed antes de entrar e os outros decidirem fazer o mesmo.

Mizuki entrou e se sentou no bar, ao lado de uma garota que parecia ser uns 3 anos ou mais nova que ela. Ficou a observar a menina de cabelos azuis presos como maria-chiquinhas, o vestido roxo e... O cheiro peculiar dela. Sem perceber ela se aproximou um pouco.

– É... – quando a menina falou, Mizuki percebeu como estava invadindo seu espaço.

– Oh! Desculpe! Só fiquei curiosa, pois não te vi na guilda antes – Sua comida chegou e ela começou a comer enquanto conversava com a menina.

– Eu também nunca te vi... Você é nova?

– Sim! Entrei essa semana – Sorriu Mizuki.

– Que bom! – A menina sorriu.

Mizuki queria poder apertar a menina até ela explodir em arco-íris, mas não queria machucar a menina que parecia tão delicada. Uma exceed apareceu ao lado da menina e a Maga da água se surpreendeu.

– Quem é você? – Perguntou a Exceed.

Antes que Mizuki pudesse responder, Natsu e os outros adentraram a guilda e assim que viram a menina a cumprimentaram.

– Yo! Wendy! – Disse Natsu acenando.

– Natsu! Galera, como vão?

– Bem – Ele sorriu e depois estendeu a mão para a outra – Você já deve ter conhecido a Mizuki.

– Acabamos de nos conhecer – Respondeu Mizuki.

– Ah, sim. Mizuki, essa é a Wendy, a Dragon Slayer do céu!

– Pera - Disse Mizuki parando de comer e o fitando seriamente – Você ta me dizendo que essa menina de 14 anos é a Dragon Slayer do céu que eu tava esperando chegar?

– Sim... – Mizuki ficou pensativa olhando com atenção para a menina (Na verdade,Mizuki estava lutando contra todas as suas forças para não esmagar Wendy num abraço) e ela começou a cochichar para Natsu.

– Ela tá bem?

– Acho que sim.

– Quem é ela?

– É uma antiga amiga minha, a Dragon Slayer Mizuki – Sorriu Natsu.

Antes que Wendy pudesse dizer algo mais, os braços de Mizuki estavam a sua volta a apertando com força enquanto esfregava a bochecha no topo de sua cabeça.

– MEU DEUS DO CÉU ELA É MUITO FOFA! – Gritou Mizuki morrendo de amores por Wendy.

– N-não respiro! – Wendy disse tentando pegar algum fôlego e Mizuki fracassando epicamente em sua tentativa de não apertar ela até que explodisse.

– W-Wendy! – Chamou Charles.

– Mizuki, a menina não ta respirando, se controla – Reclamou Blume se aproximando e assim a maga largou a pequena para observá-la melhor.

– Que legal! É a primeira vez que encontro uma Dragon Slayer mais nova que eu! Mas espera, como você foi treinada se os dragões já deviam ter desaparecido quando você se tornou uma? – Perguntou confusa.

– Na verdade – Disse Natsu esfregando a nuca –, lembra daquela confusão dos sete anos congelados no tempo que eu te contei? – Mizuki assentiu – Ela estava com a gente.

– Então espera, se é assim então ela tem... Uns 20 anos num corpo de 14? – Perguntou Mizuki e Natsu assentiu.

– Bem, todos nós ainda nos consideramos com a mesma idade, mas seria algo assim...

Quando Natsu percebeu, Mizuki já estava encolhida num canto escuro com cara de cão sem dono cutucando o chão.

– Eu achei que finalmente ia deixar de ser a Dragon Slayer caçula – Ela murmurou fazendo bico.

– Hum, senhorita Mizuki? – Chamou Wendy.

– Sim?! – Disse Mizuki se levantando num pulo e voltando para perto de Wendy, se segurando para não voltar a apertá-la.

– Que tipo de Dragon Slayer você é?

– Sou a Dragon Slayer da água – Ela respondeu voltando a comer.

– Que legal! – Exclamou Wendy.

As duas começaram a conversar para se conhecerem, Mizuki apresentou Blume e Wendy também lhe apresentou Charles, que se manteve quieta observando Mizuki enquanto tomava seu chá. Blume percebeu que ela parecia tensa ou incomodada com algo, mas não se intrometeu naquilo. Fechou os olhos por um momento e então se levantou, saindo dali. Mizuki não se incomodou, se tinha algo que aprendeu com Blume, é que ela só dava satisfações e explicações quando achava que devia, se não fosse o caso, ela ficaria em silêncio.

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Enquanto isso, em outro local, Asuka corria atrás de seu balão que escapou dela, sem olhar por onde ia. Teria caído no rio se uma moça não a tivesse segurado a tempo. Seu balão ficou preso numa árvore próxima e a jovem mulher pegou para ela. Asuka sorriu observando a estranha. Ela tinha cabelos laranjas que faziam uma trança embutida transversal e caía sobre o ombro direito. Tanto seus olhos quanto as roupas pareciam serem feitas para combinar. Asuka não soube explicar o que a fez estranhar a mulher, ao mesmo tempo que queria ficar por perto dela.

Ouviu sua mãe chamar ao longe e então acenou para ela.

– Mamãe!

– Asuka! – Bizuka gritou aliviada se aproximando – Já disse para não sair correndo assim! Pode se perder!

– Não se preocupe – Disse a moça –, tenho certeza que não foi por querer.

– Ah, sim. Obrigada por ajudar nossa filha – Agradeceu Alzack pegando Asuka no colo – Podemos te ajudar em algo?

– Sim – a moça sorriu – Vejo que são da FairyTail, preciso encontrar algumas pessoas lá. Poderiam me guiar?

– Claro! – Sorriu Bizuka – Estávamos a caminho de qualquer maneira, venha conosco.

Alzack colocou a pequena Azuka no chão e começou a caminhar em direção a guilda novamente. Nenhum dos três perceberam o estranho sorriso na estranha que os acompanhava.

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Lucy ainda brincava com a fofura da pequena exceed do homem que encontrou a caminho da guilda. Ele tinha uma marca no braço, então devia de ser de alguma guilda fazendo uma visita. O seu jeito descontraído lembrava Natsu, embora sua pele fosse bem mais morena e seus cabelos verdes fossem mais longos e arrumados melhor do que os do Dragon Slayer. Ele tinha uma marca no olho esquerdo que fez a maga ficar curiosa, mas achou melhor não perguntar. A exceed pareceu cansar de voar e pousou no ombro dele dando um suspiro, o que fez ele rir.

– Já cansou?

– Não sou como a minha irmã que voa durante horas sem cansar.

– Se ficar sempre viajando nos meus ombros, vai engordar virar uma bolinha de pelos e não vai conseguir mais voar, vai precisar ir rolando para os lugares.

– Eu não vou virar uma bolinha!

Lucy riu. Definitivamente ele lembrava um pouco Natsu, embora sua brincadeira com a exceed que tinha idade de criança fosse mais para provocar a pequena por ser fofa, quase como um pai irritando sua filha porque acha engraçado.

– Ela sabe que você já chegou?

– Provavelmente não – Ele riu sem graça e apontou para a exceed em seu ombro – Ela avisou a irmã, mas duvido que ela tenha dito algo.

– De alguma forma, isso realmente parece a cara dela – Sorriu Lucy com a irmã de exceed no pensamento – Ah, chegamos!

Disse Lucy avistando o portão da guilda, o rapaz parou ali, surpreso com o tamanho do lugar. A pequena exceed voou até a cabeça de Lucy e ficou maravilhada. Lucy acenou para que entrassem junto com ela. Ao cruzar a porta, recebeu as boas-vindas dos membros que já estavam ali, podia ver Gajeel e Natsu brigando por algum motivo idiota enquanto Erza, Juvia, Mizuki e Wendy conversavam.

– Wendy! – Chamou Lucy se aproximando da amiga.

– Lucy! - A Dragon Slayer sorriu para a maga estelar – Você atrasou.

– Ah, encontrei esses dois enquanto vinha para a guilda e guiei eles pela cidade.

A pequena exceed ainda na cabeça de Lucy de repente soltou um grito e voou até o balcão onde os Exceeds estavam sentados.

– Blume! – Ela gritou voando em direção à exceed gótica, que a parou no meio do caminho do que parecia um abraço, estendendo o braço e a impedindo ao empurrar sua testa.

– Nada de abraços – Ela respondeu indiferente.

– Mas...! – A pequena exceed começou a chorar.

– Blume, já disse para não fazer sua irmã chorar! – Reclamou Mizuki pegando a pequena nos braços.

– Vocês mimam a Hime demais – Reclamou a outra dando de ombros e indo fazer algo que fosse mais interessante que o choro da caçula.

– Espera – Disse Mizuki afastando a pequena exceed do seu abraço rapidamente -, se você está aqui, então o Kei...

– Bem aqui! – Mizuki olhou para o corredor que dava para a porta, só então percebendo o rapaz que mencionara ali.

– Keith! – Gritou Mizuki feliz.

Ela abriu um sorriso enorme, colocando Hime em cima da mesa – Já sem chorar – se levantando num pulo e correndo até ele. Lucy pode ver como aquela alegria não era nada comparado ao que ela já tinha visto de Mizuki. Ela estava radiando a alegria em ver o rapaz, de um modo contagiante e sem igual. Era como se ela reencontrasse uma pessoa que não via a anos, alguém que ela...

Que ela amava.

A ficha de Lucy caiu quando ao chegar nele, ambos se envolveram num abraço que misturava alegria e saudade. Não era um abraço de nível íntimo para que se sentissem constrangidos por presenciarem (provavelmente porque estavam em público), mas um abraço que explodia emoção. Carinho, zelo, saudade, amor... Um tipo de abraço que Lucy sabia que não havia sentido ainda.

O rapaz ergueu um pouco Mizuki no ar e a girou. Ela riu alto pela ação dele, quando ele a colocou no chão, a Dragon Slayer se ergueu um pouco enquanto ele se inclinou e eles trocaram um rápido beijo.

Imediatamente metade da guilda ficou em silêncio por conta da cena inesperada, mas os dois pareceram ignorar isso enquanto encostavam suas testas e riam baixo por algo que os outros não podiam ouvir. Mizuki afastou-se um pouco dele com seus dedos entrelaçados aos dedos morenos dele.

– Quando chegou? – Ela perguntou sorrindo.

– Hoje de manhã – Imediatamente Mizuki se virou irritada.

– Blume! – Gritou brava.

– Não sou pombo correio – A Exceed reclamou folheando um livro qualquer que encontrou.

– Não tem jeito – ele riu baixo.

– Mizu – Disse Hime pousando em seu ombro – Eu to com fome.

– Ah é, não devem ter comido ainda – Ela soltou uma das mãos e puxou o cara de cabelos verdes pela mão que ainda tinha os dedos entrelaçados – Vem, vou te apresentar a guilda! – Ela sorriu.

– Certo! – Ele sorriu de volta.

Como se ela revivesse o momento, Lucy se lembrou de uma cena muito parecida com aquela. Há anos atrás. Quando uma certa garota procurava um modo de entrar na guilda favorita e foi salva de virar uma escrava sexual por um mago estranho, que anos depois veio a ser seu melhor amigo.

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“Vem comigo!”

“Sim!”

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Embora fosse uma memória feliz, por algum motivo aquilo lhe deu um aperto no peito. Ela voltou sua atenção aos dois novamente, Mizuki pedia algum prato a Mira. Mizuki era como o Natsu, porém de modo um tanto mais reservado. Ela não se envolvia nas brigas a não ser que chegasse a ela e parecia sempre estar pensativa sobre algo, agora Lucy sabia de alguns segredos da maga, mas tinha a sensação que não era só isso. Enquanto isso, Kei parecia ser um jeito descontraído, porém focado. Do tipo que tem a hora e lugar para se brincar e fazer piadas, embora não fosse carrancudo, mas sim um relaxado.

Era como se ela visse uma realidade alternativa onde ela e Natsu estavam bem ali a sua frente e eram reais. Eram um só. Isso fez Lucy ter uma pontada de inveja em Mizuki. A maga tinha seu amor obviamente correspondido. Dizer que eles não se amavam era o mesmo que dizer que o Sol não queima ou que a água não molha. Era óbvio e quase palpável a relação dos dois e o que sentiam e até mesmo a extensão desse sentimento.

– Quem é ele? – Perguntou Mira educadamente enquanto pegava os pedidos.

– Ah sim! – Mizuki pareceu se lembrar, virando-se para toda a guilda – Pessoal, esse aqui é o Keitaro! Meu namorado!

Lucy jurou que ouviu alguns pratos se quebrarem. Olhos esbugalhados, gritos de surpresa, pessoas desmaiando (ela tinha certeza que Mira estava nesse grupo) e mais reações exageradas. As perguntas começaram a voar de toda a parte, Keitaro parecia não saber o que fazer com toda aquela atenção, então só Mizuki respondia. A maga estelar olhou para Natsu que estava em um canto da Guilda apenas observando os dois com uma cara de criança curiosa e confusa. Se perguntou como ele estaria reagindo aquilo, ele gostava de Mizuki, não?

– Desde quando?! – Perguntou Mira se recuperando.

– Desde... Sempre? – Ela indagou para o rapaz de cabelos verdes que ergueu os ombros como quem diz “não sei”.

– Por que nunca contou nada?! – Perguntou Cana.

– Mas eu disse! Eu disse que já tinha um Par e que ele estava a caminho daqui!

– Mas você nunca falou nada sobre ele! – Reclamou Lisanna.

– Eu falei! – Ela respondeu como se não quisesse ter culpa.

– Pra quem?! – Perguntou Mira irritada.

– Pra Juvia.

O olhar de todos os shippadores da guilda cairam sobre a maga de água que estava tomando um chá gelado no balcão.

– Por que você nunca disse nada?! – Perguntou Erza ao seu lado.

– Ninguém me perguntou – Ela respondeu simplesmente fazendo Lucy bater sua palma na testa.

– Mas a gente conversou sobre isso! – Reclamou a maga estelar.

– Não, pera... Elas não estavam com a gente quando conversamos sobre isso – Levy lembrou.

– Ah, é verdade – Respondeu Lisanna.

As meninas continuaram a discutir, enquanto Mizuki e Keitaro haviam se distanciado da discussão e dançavam em cima de uma mesa alegremente enquanto um pequeno grupo tocava percussão. Mizuki rodava com Keitaro rindo enquanto eles dançavam de um modo animado e um pouco desajeitado. Lucy percebeu o incomodo dele por estar dançando daquele jeito, porém também reparou que toda vez que Mizuki ria ou sorria para ele, seus lábios também formavam um leve sorriso. Ficou claro para ela que ele faria até as coisas que ele mais odiava apenas para ver aquele sorriso nela, os dois tocaram suas testas sorridentes. Mizuki lhe deu outro leve beijo e riu.

Ver aquela cena fez Lucy suspirar percebendo o que tentava negar. Ela nunca teria um relacionamento tão puro e mágico com Gray. A relação deles era boa, mas não chegava nem perto do que ela queria ou poderia sentir. Os beijos e carinhos eram bons, mas não despertavam a vontade de sentir aquilo para o resto de sua vida. Vendo Mizuki e Keitaro agindo de forma tão sentimental, a fez sentir que bem a sua frente, estava a representação do que ela e Natsu poderiam ter sido... Ou ser algum dia, quem saberia?

Ela suspirou novamente, sorrindo de leve para a imagem mental de ser ela e Natsu dançado em cima da mesa como bobos enquanto alguém toca algo, dele a abraçando ao retornar de uma missão e dela correndo até ele assim como Mizuki fez com seu namorado. Somente ao sentir aquele calor bom no peito Lucy percebeu o quanto queria que aquilo fosse real para ela.

O quanto ela queria que ela e Natsu fossem algo mais.

E de como o namoro com Gray, havia sido um erro já que ela amava o outro amigo.

O mago de fogo se levantou de repente e foi até o casal que dançava. Mizuki parou de dançar e fez Keitaro descer também.

– Nana, esse é o Keith.

– Prazer, Keith – Natsu disse estendendo a mão.

– Só eu chamo ele de Keith – Mizuki reclamou abraçando Keitaro como se Natsu fosse o roubar.

– Ah, é. Esqueci sobre a Possessão... – Comentou Natsu ao ver o modo ciumento que Mizuki tinha com quem o tentava o tratar de modo mais íntimo.

– Mas... – Wendy começou se aproximando com Gajeel – A Possessão não acontece só depois de vo... você... V-v-você... – Wendy corou sem conseguir terminar a frase.

– A Possessão só vem depois do Ritual de vocêe seu Parceiro se tornarem um só em emoção, alma, espírito e corpo.

– Como assim? – Indagou Erza que estava por perto.

– Bem... – Gajeel olhou para Wendy que estava corada até as orelhas, Mizuki que também estava corada e Natsu que parecia alheio ao que falavam – Sendo direto seria – Gajeel bateu o dorso de uma mão na palma da outra, fazendo Erza e os que estavam ao redor corarem de imediato.

– Q-querd-dizerq-que v-v-vo-cês... – Lucy gaguejou apontando para Mizuki.

– N-não foi c-como se quiséssemos q-que rolasse tão cedo... – Mizuki respondeu envergonhada por tal fato se tornar público.

– Sério? – Falou Keitaro de braços cruzados – Porque se me lembro bem você era quem tava gritando pra eu não parar... – Mizuki deu um soco que fez o garoto calar a boca ao ir de cara numa pilastra.

– Keith, quando eu falar, você cala a boca!

– M-m-meus p-para-parabéns... – Disse Erza se aproximando e cumprimentando enquanto gaguejava completamente corada – Nos ensine tudo o que sabe.

– O-obrigada? – Respondeu Mizuki aceitado a mão de Erza sem saber como responder – E como assim ensinar tudo o que sei?!

Antes que Mizuki percebesse, as garotas da Guilda já haviam a levado para uma mesa afastada e a cercavam com olhares curiosos e exigentes.

– Pode ir falando... Como foi?

Mizuki quis evaporar no ar, mas o selo mágico em seu braço não lhe deixou. Ela rezou para que sua mãe lhe ajudasse, mas conhecendo bem a criatura ela provavelmente responderia com um “vai, filhona!”.

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Keitaro massageou o local onde se formava um calo. Hime chegou até ele e pousou em sua cabeça, com as patas no machucado que depois de um tempo diminuiu consideravelmente o tamanho.

– Oh, ela tem habilidades... – Exclamou Gajeel surpreso.

– Blume também tem, mas dificilmente usa – Ele comentou olhando para a dita exceed que deu de ombros.

– Será que podemos desenvolver também? – Indagou Charles.

– Se treinarem seu lado de mago, poderão sim – Respondeu Blume – Mas você já tem sua habilidade, só precisa treiná-la.

Charles assentiu. Visão do futuro ainda não era algo que ela gostava de ter, mas ela precisava aprender a aceitar e lidar com o que tinha. Principalmente depois das últimas visões.

– Ei, Keitaro – Chamou Natsu.

– Pode me chamar de Kei – O rapaz respondeu.

– Ela não vai ficar brava?

– Não. Mizuki gosta de ser a única a me chamar pelo meu antigo nome – Antes que Natsu pudesse perguntar mais ele se adiantou – O que você queria saber?

– Ah sim... – Então Natsu ficou sério e se sentou ao lado dele – Quais são suas intenções com Mizuki?

– Isso é brincadeira, certo? – Retorquiu Keitaro ao que foi respondido com um olhar severo – As melhores possíveis.

– Bem, pelo o que vi vocês já são bem íntimos, então qual é o próximo passo?

– E-eu... – Keilhou para Mizuki pedindo ajuda, mas a própria maga não sabia como livrar os dois daquela situação.

Então o mestre saiu do escritório para beber algo e Mizuki agradeceu ao universo por aquela chance.

– Ah, Mestre! Você nos chamou?! – Ela disse empurrando as garotas levemente para fora do caminho.

– Quê? Eu não...

– Ah, sim! Eu não tinha te apresentado o Keith ainda, nada mais justo do que você querer conhece-lo! – Exclamou Mizuki puxando o namorado até o mestre.

– Ah... – Kei disse uma vez na frente do mestre e lhe estendeu a mão – Prazer, sou Keitaro.

– Makarov. Mestre da Fairy Tail – Ele respondeu cumprimentando o garoto.

– Ah, sim. Com Keith aqui poderei explicar algumas coisas melhor, ele tem informações atualizadas.

– Então ele é o seu namorado? – Makarov indagou ao que ela assentiu – Entendi. Certo, vamos para minha sala.

Kei se virou para ela erguendo uma sobrancelha confuso, Mizuki só respondeu sorrindo para ele. Foi no momento em que o rapaz ficou de perfil que Makarov reparou num pequeno detalhe quase imperceptível que provavelmente ninguém havia notado ainda: as orelhas pontudas. Não eram orelhas longas e anormais, eram apenas levemente pontudas, porém o bastante para que não fosse algo comum para humanos. Makarov logo percebeu que tanto Mizuki quanto o namorado tinham muitos segredos ainda.

Os três subiram as escadas, logo depois a exceed gótica os acompanhou e a mais nova terminou de tomar o pouco de leite que Mira lhe deu e ela sugeriu que comesse a refeição que havia feito para Keitaro, já que eles estavam em reunião com o mestre. Os outros três exceeds da Guilda se aproximaram da exceed que parecia ser um gato persa com manchinhas que a faziam parecer que sempre usava luvas e sapatos, fora as orelhas também da cor marrom e a mancha em seu rosto que formava o pequeno desenho de uma coroa em sua testa.

O que justificava seu nome de princesa.

– Prazer em conhecê-la! – Exclamou Happy se aproximando – Eu sou Happy.

– Sou a Charles – a exceed sorriu.

– Panther Lily – ele se limitou a assentir.

– Oi pessoal! Meu nome é Hime! – A gatinha sorriu – Sou irmã da Blume.

– É um pouco difícil de imaginar – Lily pensou alto comparando mentalmente as duas exceeds. Era um contraste e tanto o rosa purpurizado da mais nova e o véu da noite da mais velha.

– Blume nasceu antes. Mizu diz que eu fui achada, como ela é a mamãe da família, então somos irmãs – a gata dizia feliz balançando seu rabo e batendo os pés na mesa.

– Ah, entendi – Disse Charles cruzando os braços.

– Oh, o que temos aqui...

Os exceeds ergueram o olhar e observaram Laxus – que havia acabado de chegar – erguer a pequena gata por parte do vestido e aproximando do seu rosto.

– Mais um gato pra coleção – Ele constatou fazendo uma leve careta.

– Me solta! Eu ordeno que me solte! – A exceed reclamou se rebatendo.

– Laxus! – Mira exclamou se aproximando e afastando a exceed dele – Não maltrate a pobrezinha!

– Quem é ela? – Ele perguntou.

– É uma das exceeds da Mizuki. Ela chegou hoje de manhã com o namorado dela.

– Entendi. Onde estão?

– No escritório conversando com o Mestre.

– Certo – Ele assentiu se sentando – Me vê uma cerveja.

– Eu vou te atender, mas se eu ouvir uma reclamação que seja da pobrezinha, eu vou fazer você pagar.

Laxus engoliu seco com a ameaça da maga, mas não pode deixar de sentir uma leve atração por como seria sua punição. Ele afastou o pensamento, não era nenhum tipo de sadomasoquista para pensar naquilo.

– Você gosta dela – a pequena exceed constatou e ele ergueu uma sobrancelha.

– Acho que você esta falando muito com Happy – O dito exceed gritou um “Aye!” de algum lugar da guilda.

– Não – ela balançou a cabeça – Eu posso ver. Você gosta dela e ela de você. Sua linha vermelha e liga a ela.

– Linha vermelha?

– A Linha vermelha do destino – Ela explicou – Todo mundo tem um par, uma pessoa com quem vai passar o resto da vida para amá-la. As pessoas são ligadas por essa linha invisível que está amarrada no mindinho da mão de cada um e te liga a essa outra pessoa, pois o final da linha está marrado no dedo dela.

– E? – Ele indagou querendo saber onde ela queria chegar.

– A sua linha te liga a ela – Hime sorriu – o único problema é que nenhum de vocês parece disposto a dar o primeiro passo.

Laxus rolou os olhos e agradeceu a bebida deixada por Mira, bebericando enquanto observava a maga Take Over se afastar. E olhando feio para os homens que olhavam para regiões que não deveriam.

– Blume diz que eu tenho poder de cupido. Eu posso te ajudar – A gatinha sorriu pousando em sua cabeça – o que parecia ser uma mania dela pousar nos outros.

– E por que eu precisaria?

– Porque você é lento e tem uma fila de caras que podem cortar caminho pra ficar com a tia Mira – A exceed respondeu.

– Ah, não enche.

Mira fitou Laxus conversando com a exceed em sua cabeça e sorriu para a imagem rara. Quer dizer, quando ela veria Laxus interagindo com uma exceed tão fofinha, pequena a ponto de deixa-la em sua cabeça? Provavelmente em outra vida. A sua admiração durou pouco, pois logo em seguida o Dragon Slayer puxou a gata pelo vestido e largou na mesa fazendo com que ela começasse a chorar devido ao galo se formando em sua testa, enquanto ele reclamava de não ser encosto.

A garçonete suspirou e foi até o local cuidar da pequena e brigar com Laxus por ter feito Hime chorar.

– Pessoal – chamou Blume do andar de cima –, as pessoas que estavam na missão de captura dos atiradores devem vir no escritório agora. Levy, Wendy e Charles também. – Ela anunciou antes de voltar e sendo assim, as três chamadas por nome e Natsu, Lucy, Gray, Erza, Gajeel, Laxus acompanhados de seus exceeds também entraram no escritório do mestre.

Todos se ajeitaram do modo que poderiam estar confortáveis. Mizuki estava apoiada na janela atrás da mesa de Makarov e Kei ao lado de uma estante, próximo a ela. Makarov começou a falar resumindo tudo o que houve até o momento, assim os que não estavam presentes antes (como Wendy e Charles) saberiam do que ser tratava. O ataque contra Mizuki, como ela reviveu, sobre a aparição da deusa, a verdadeira missão de impedir que a magia maligna se espalhasse tudo mundo breve apenas para dar início a nova reunião.

– Hoje temos Keitaro conosco junto a Blume e Hime, embora a outra exceed seja muito nova para entender o que ocorre – Ele terminava de falar e voltou-se para a Dragon Slayer – Antes de voltarmos a o que vira, gostaria de saber o que houve exatamente na missão em que você e Juvia foram juntas.

Juvia trocou olhares com ela e Mizuki assentiu, permitindo que falasse. Sendo assim, a maga da água deu um passo a frente e começou a contar.

– Nossa missão era simples. Nós deveríamos apenas ajudar um local que estava impregnado de pragas e ajudar a seca fazendo chover, já que os rios haviam secado, mas... – Ela mordeu o lábio.

– Era uma armadilha.

Todos fitaram Mizuki que falava enquanto trocava de posição encostada na janela.

– O que era uma armadilha exatamente? – Perguntou Gray confuso.

– Tudo. A missão inteira era uma armadilha – Mizuki suspirou – A terra não foi secada e colocada uma espécie específica de praga por acaso. Queriam perturbar e atrapalhar os fazendeiros, sem se importar se morreriam ou não, porque sabiam que chamariam alguma guilda. Era magia maligna, eu percebi isso assim que pisamos lá. Eu devia ter chamado reforços, mas não imaginei que seria algo tão sério ou elaborado. Eles me queriam lá, provavelmente iriam corromper todos até chegar a mim.

– Assim que chegamos – Continuou Juvia –, a chuva ajudou os fazendeiros e fomos investigar a praga e os rios secos. Não sei dizer o que eram, mas com certeza não era uma praga qualquer. Estavam absorvendo a água do rio e seu ninho formava uma barragem para que não chegasse as fazendas. Então Mizuki e eu tentamos matá-los, e deu certo até que os responsáveis apareceram. Era um mago que tinha a habilidade de controlar os insetos.

– Eu nunca havia ouvido falar dessa magia – Comentou Levy.

– Ela não existe – Respondeu Keitaro, surpreendendo a todos com sua resposta – A vida em si não pode ser controlada. Os insetos poderiam ser domados sim, mas não a ponto de modificá-los – Ele explicou – Só existe uma magia proibida que pode fazer isso.

– E qual é? – Perguntou Lucy curiosa.

– Necromancia – Respondeu Blume – é a uma magia negra, com ela é capaz de se invocar espíritos e controlar cadáveres.

– Isso significa que vocês estavam lutando contra um Necromante?! – Exclamou Erza.

– Não – Respondeu Kei parecendo irritado – É mais provável que o mago estivesse morto e sendo controlado por um necromante, a magia desse mago devia envolver a natureza e então ele pode não só controlar o corpo como a magia do corpo – Ele olhou para Mizuki demonstrando sua insatisfação – Você estava onde com a cabeça ao enfrentar somente as duas contra um mago negro?

– Não havia nada a ser feito – Ela respondeu.

– Era um Necromante, Mizuki! – Ele elevou a voz bravo – Você sabe as consequências se ele conseguisse te matar e ter o controle do seu corpo ou do da Juvia?!

– Eu sei, mas não houve tempo para chamar ajuda, ele e os insetos começaram a nos atacar! – Ela respondeu se irritando também.

– É verdade – Juvia afirmou – Assim que começamos a lutar com ele, Mizuki percebeu que não estava adiantando e só então entendemos que era um morto-vivo – Juvia fitou o chão – Não sabíamos como enfrentar aquilo, então demos um jeito de congelá-lo e quebramos o gelo. Funcionou, os insetos também caíram mortos e a barragem desfeita.

– Mas ele não estava sozinho – Mizuki falou – Logo que voltamos mais três mortos-vivos vieram nos atacar. Porém, eles foram bem específicos ao me escolher como alvo.

– Eles não ligaram muito para mim – explicou Juvia – Estavam atacando Mizuki diretamente, mesmo comigo interferindo e os atacando, eles só atacaram ela. Quando conseguiram nos cansar, uma flecha estranha veio do nada e acertou o braço dela. Depois disso ela não conseguia mais se curar ou usar quase nada de magia – Juvia disse.

– E por que esconderam isso?! – Gritou Natsu irritado com Juvia.

– Não grite com ela! – Interveio Gray.

– Não se mete no meio, Gelinho! – Respondeu Natsu o empurrando.

– Os dois parem – Erza interveio se colocando no meio dos dois – Elas devem ter uma ótima explicação.

– Eu não deixei – Respondeu Mizuki – Queria envolver o mínimo de pessoas possível. Somente o fato de vocês estarem sabendo do que está acontecendo os coloca em perigo.

– Foi isso que você quis dizer quando disse que sabedoria é poder, mas também pode ser veneno? – Perguntou Lucy e ela assentiu.

– Se você sabe demais contra pessoas poderosas a ponto delas correrem algum tipo de risco, elas vão querer te eliminar, então você precisa saber um modo de se salvar. Essa é a minha atual situação – Ela disse se levantando e encarando todos seriamente – Pessoas me querem morta porque sei demais não só sobre os planos delas, mas também sobre como impedir.

– Você se envolveu numa encrenca das grandes, criança – Disse Makarov cruzando os braços e pensando – Como escaparam?

– Esse é o estranho – Admitiu Mizuki – Assim que a flecha me atingiu ela fez esse selo de magia, então eles pararam de nos atacar e caíram mortos, abandonados pelo Necromante.

– Isso é muito sério e perigoso... Se chamarmos o conselho eles poderiam nos ajudar.

– Não – Kei e Mizuki disseram imediatamente o assustando, Kei continuou – Como ela já deve ter dito, a magia negra lá é muito forte. Não é qualquer mago que pode chegar perto, muito menos soldados.

– Na verdade os magos que podem entrar sem se corromperem, serem manchados pela malignidade ou serem usados como marionetes é bem pequena – Disse Blume.

– Mizuki – Natsu a chamou e perguntou ainda sério sobre o assunto – Você falou sobre as pessoas que estão atrás de você, mas não disse quem são.

–Verdade. Quem são essas pessoas? – Perguntou Makarov com um leve suspiro ela respondeu.

– São bruxas.

O silêncio e tensão no escritório aumentou. Bruxas? Então existia uma diferença tão grande entre os magos e bruxas? Polyushka era uma feiticeira, mas sua magia era específica para cuidados... Ao perceber a confusão nos magos, Blume ficou de pé na mesa do mestre e começou a explicou melhor.

– Bruxas são magos que decidiram por tomar sua magia ao lado negro. Porém, sem o controle e devido equilíbrio entre luz e sombras dentro do mago, ele é corrompido. O mago nem se dá conta, e quando percebe já é tarde demais, sua mente, alma e corpo já estão devotos da mais pura magia negra, ele se corrompe no momento em que decide ser um mago maligno, e então não há mais volta.

– Se o mago que chegou a esse ponto negar a magia negra ele morre, pois a escuridão dentro dele já é grande demais para ser ignorada ou retirada – continua Mizuki – se ele aceita, abre mão de tudo o que foi um dia, seus princípios, morais... Poderíamos dizer que é como um demônio semi-imortal.

– Semi-imortal? – Pergunta Laxus.

– Ele é imortal quanto ao tempo, porém ainda pode ser morto por outra pessoa – Explica Kei.

– Ainda há outro fator – Disse Blume – Por algum motivo todos lá são mulheres. Bruxas nesse mundo normalmente não vivem muito tempo, pois a magia maligna instalada no corpo o consome, bruxos em geral tendem a se tornar pó de cinzas em menos de dois anos.

– O que acontece é que temos um problema grande aqui – Explicou Kei se afastando da estante e mostrando um pequeno frasco.

– Isso é... – Gajeel pensou alto.

– Sim, esse é o mesmo veneno que vocês viram aquelas pessoas tomando.

– Você descobriu exatamente o que é? – Perguntou Mizuki.

– Sim. Isso é mais do que um veneno que corrompe sua alma – Ele começou a explicar – As bruxas acharam um modo de prolongar a vida delas.

– Como assim? – Indagou Charles.

– A malignidade consome o corpo e o desintegra, porém com isso, elas parem ele de fazer isso.

– Espera – Disse Mizuki alarmada – Você tá me dizendo que elas arranjaram uma cura para a desintegração?

– Sim – Kei respondeu sério – Essa poção é um veneno para um humano comum ou alguém não preparado, mas para um bruxo isso pode ser a cura – Ele elevou o olhar e mostrou o frasco para todos – No caso dessas poções em específico, elas são repletas de malignidade, são feitas a partir do sangue de alguma coisa que ainda não descobri o que é, mas tem o poder de permanecer se curando, assim mesmo que o corpo comece a se deteriorar, ele vai se curando ao mesmo tempo e cria um ciclo vicioso de cura.

– Então as bruxas que já tomaram isso podem se curar mesmo que nós as ataquemos? – Perguntou Erza um tanto apavorada.

– Exatamente – Kei suspirou – Eu descobri que essa poção é o último teste para elas. Se você que entrar na irmandade das bruxas, a dark guild delas por assim dizer, você precisa ter sua alma corrompida, se você sobreviver a corrupção, aí te dão isto, e isto determina se você é forte o suficiente para estar entre elas. Só é usado como veneno pelas marionetes, para que não revelem nada.

– Mas isso não serve só para curar a deterioração? – Perguntou Makarov.

– Sim, mas o efeito é muito forte. Isso pode matar ou te manter vivo, depende de como seu corpo reage. É por causa disso que todas as bruxas são mulheres, somente elas estão sobrevivendo.

– O que acontece com aqueles que não tomam ou se recusam a tomar? – Perguntou Levy.

– Elas os matam – Ele suspirou – Não dá nem pra dizer se é certo ou errado considerando que é uma criatura maligna matando outra.

– Mizuki – Erza a chamou – Eu posso te perguntar por que elas estão divididas entre te matar e te sequestrar?

– Quanto a isso... – Mizuki fitou Keith e só depois que ele assentiu ela continuou – Eu me infiltrei na irmandade – Houve uma exclamação em conjunto e Makarov os fez ficarem quietos.

– Pode nos contar isso melhor? – Pediu Makarov.

– Vou tentar resumir para ser mais prática – Ela respondeu e continuou – Como semi-deusa, sou imune a malignidade das bruxas, porque no meu sangue é em parte divino. Então me infiltrei como uma maga que queria se juntar a elas. O plano era descobrir como iriam liberar a Winterspell e consegui. Para liberar a criatura que irá realizar essa magia, eles precisam não só dos Elementos da Vida como das Relíquias de Gelo.

– Relíquias de Gelo? O que é isso? – Perguntou Juvia.

– As Relíquias são os objetos que ainda seguram parte da existência desse ser. Sem elas, é impossível invoca-la. O problema está que quando foi lá, eles já tinham dois dos seis Elementos e todas as Relíquias. Eu tinha que fazer algo... – Ela deixou a frase morrer.

– E o que você fez? – Perguntou Laxus.

– Ela roubou uma das Relíquias – Respondeu Kei, visivelmente aborrecido com aquilo – Não era parte do plano, nós que aguardávamos o retorno dela, não podíamos nem sonhar com aquilo.

– O que houve depois que você roubou? – Laxus insistiu nas respostas.

– Eu voltei para a vila onde eles me esperavam. Embora os exceeds não fossem afetados pela magia maligna e Keith tenha proteção contra isso, não quis arriscar mais do que um membro do grupo – Ela falou e então tomou uma postura mais melancólica – E se soubesse de como iria acontecer, eu teria tido mais cuidado.

– Ainda teria roubado? – Erza indagou.

– Era necessário. Havíamos acabado de descobrir seus planos e elas já estavam com parte deles completo. Eu roubei um dos objetos principais, isso as fez precisarem parar tudo o que já estava feito... Eu não me arrependo do que fiz, mas as consequências não podem ser perdoadas.

– E quais foram? – Perguntou Gajeel.

– Elas atacaram a vila – Mizuki se encolheu enquanto falava – Eu havia ido esconder a Relíquia, quando voltamos para buscar três amigos que ficaram para observar, já era tarde – Ela se abraçou enquanto falava – As casas estavam queimadas, derretidas, congeladas, haviam corpos dos moradores espalhados, com as mais diversas formas da morte e... – Ela abaixou a cabeça, sem conseguir terminar. Keith foi até ela e colocou uma mão em seu ombro, tomando a fala.

– Os moradores que não morreram nos ataques foram corrompidos e usados como marionetes... Isso inclui nossos três amigos – Ele abaixou o olhar – Não sabíamos o quanto era perigoso ou como isso era ruim... Eles nos atacaram, tentamos salvá-los, mas já não havia como e tivemos que dar um fim em suas prisões.

Erza engoliu seco com a palavra “Fim”. Ela entendia a situação e não pode imaginar como eles se sentiram quando tiveram que finalizar seus amigos para libertá-los da maldição de os aprisionava em seus corpos. Lembrou-se de como foi ruim lutar contra seus amigos na Torre do Céu e como doeu precisar lutar contra Jellal principalmente.

– Só então percebemos como essa magia é perigosa. O Conselho iria mandar soldados para averiguar, fora a burocracia toda... Não há muito tempo e muito menos necessidade de arriscar tanto.

– Quanto temos para impedir? – Perguntou Gray.

– Não sei, depende de por quanto tempo conseguiremos manter o Coração de Gelo escondido e se elas não vão conseguir os outros Elementos – Respondeu Mizuki.

– Você disse que são em seis, certo? Quais são eles?

– Eles são os mesmos dos elementos mágicos e cada um representa uma forma para a vida: A Luz da Vida que corresponde ao fogo, Água da Vida correspondendo a água obviamente, Areias do Tempo que corresponde a terra, o Sopro de Vida correspondendo o ar... Os outros dois seriam dos elementos Luz e Sombras, que são justamente as que elas já tem e provavelmente já estão como marionetes.

– Isso nos deixa em desvantagem – Erza pensa alto – Você não pode destruir a Relíquia para impedir?

– Não podemos – Blume respondeu – As Relíquias servem exatamente para que sua existência se divida por elas, assim não pode se unir numa só. Quebrando elas, uma por uma ou de uma vez, liberaria a existência. No caso de apenas uma quebrada a existência se dividiria pelos outros ainda intactos.

– Entendi – Respondeu Erza – Então não podemos quebrá-las, mas também não podemos colocá-las juntos. Isso é complicado.

– Mizuki – Chamou Makarov para que ela o fitasse – Entendo seus motivos para não queira o Conselho nisso, mas não posso deixar meus membros irem numa missão de tão alto nível e num perigo tão grande assim.

– Não será um problema – Disse Mizuki – Eu só vou chamar aqueles que são fortes o bastante para ela, imunes a malignidade, além dos que vão receber alguma proteção divina.

– Como assim? – Perguntou Lucy curiosa.

– Como filha da Deusa Iara, conheço algumas criaturas que não são deuses ou imortais, mas são tão fortes quanto. Elas podem oferecer a bênção que vai os proteger da Malignidade, atualmente é com algumas delas que estão os Elementos da Vida que encontramos na jornada.

– Dragon Slayers e Exceeds são imunes a essa magia negra e a malignidade – Disse Blume – Não sabemos por que exatamente, mas temos certeza disso. Sendo assim, Natsu, Wendy, Gajeel e seus exceeds seriam os mais indicados a irem.

– Eu também sou um Dragon Slayer – Laxus se manifestou.

– Sim, mas porque uma lacrima foi implantada em você – Mizuki constatou – Eu não sei se para a segunda geração poderia ser diferente, nem se você é realmente imune já que não recebeu a magia de nenhum dragão. Não posso permitir que vá.

– Não estou pedindo permissão, estou dizendo que vou – Laxus respondeu tomando uma postura mais séria.

Os membros começaram a discutir quem seria melhor ir entre eles. Dentre as escolhas da guilda toda e os que já sabiam de tudo. Wendy ainda tentando assimilar toda a informação nova que adquiriu em pouco tempo quando uma pergunta veio a sua cabeça.

– Hummm – Mizuki parou imediatamente, erguendo uma mão como se pedisse silêncio e encarando Wendy – Você falou sobre os Elementos da Vida e que tanto elas como vocês já encontraram alguns... Mas como sabem quando encontraram um?

Mizuki estava pronta para responder quando uma batida na porta interrompeu a reunião. Mirajane apareceu na porta dizendo que havia uma pessoa querendo falar com Mizuki. A Dragon Slayer pediu que avisasse a pessoa que depois falaria com ela, foi então que a resposta de Mirajane lhe surpreendeu.

– Ela disse que era importante para sua missão.

Mizuki ergueu as sobrancelhas surpresa. Mirajane não sabia de nada sobre o que havia sido conversado na sala, então não tinha como ela saber ou inventar aquilo. A maga olhou para o namorado confusa.

– Você chamou Sandie?

– Não – Ele respondeu – Você não contou para mais ninguém que não estava nessa sala?

– Não. Sempre mantive isso em segredo, somente Natsu e Makarov sabiam sobre a missão e nem sabiam sobre o que era exatamente ou sua importância.

– Bem, acho que deveríamos ir até lá – Disse Makarov se levantando – Toda ajuda é bem-vinda a esse ponto.

Todos assentiram saindo aos poucos devido ao número grande de pessoas dentro da sala. Todos conversavam entre si sobre a missão, Blume teve um mal pressentimento e agarrou o colar de guizo que Mizuki lhe deu, pronta para uma eventualidade. Os namorados saíram de mãos dadas, até o balcão que se abria para o hall da guilda. Ambos paralisaram assim que puderam visualizar o hall onde todos bebiam e conversavam animados. A mulher se encontrava bem na porta de entrada brincando com Asuka, enquanto Alzack e Bizuka procuravam se sentar.

Ao notar a expressão de choque e perplexidade de Mizuki, Lucy que estava ao seu lado, tentou entender o que acontecia.

– Mizuki, o que há... – Antes que Lucy encostasse sua mão no ombro da maga, levou um susto pela ação repentina da maga que de repente exclamou parecendo muito preocupada.

– Blume! Tira a Asuka dali!

– Ok!

No segundo seguinte, Blume havia sumido, estava ao lado de Asuka, que sumiu em seguida aparecendo no balcão ao lado de Hime que estava no ombro de Mirajane, que também levou um susto.

Antes que alguém pudesse perguntar o que acontecia. Mizuki erguera sua mão e gritou um encantamento – coisa que raramente ela fazia. Imediatamente dezenas de lanças de gelo apareceram no ar, todas voltadas para a mulher que brincava com Asuka segundos antes. Keitaro também sacou o que parecia um rifle e mirava diretamente na cabeça da mulher.

– Mas o que...? – Foi tudo o que a guilda conseguiu dizer com a ação repentina dos dois.

– Abaixe essa arma! – Disse Erza.

– Não posso! – Mizuki respondeu – Ela nos mata no primeiro segundo em que hesitarmos.

No andar de baixo a mulher vestida de laranja começou a rir de modo que todos sentiram um frio estranho passar por seus corpos. A mulher então deu um sorriso estranho para Mizuki.

Um sorriso maligno.

– É bom finalmente conhecer a tão falada “falsa irmã” – Ela disse fitando Mizuki.

E foi com isso que Lucy foi a primeira a ter a conclusão do que ocorria e porque ela e Kei estavam tão tensos com a situação, ela mesma agora estava apavorada. A resposta saiu da maga estelar como se fosse culpa dela o fato de que ela não estava conseguindo respirar direito.

Era uma bruxa.


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Notas finais do capítulo

CLIFF-HANGER. ADORO