Plastic Ring escrita por Getaway6738


Capítulo 1
Capítulo 1 - You Need Me And I Need You


Notas iniciais do capítulo

Enfim, essa fic NÃO foi inspirada na musica da playlist, mas eu achei que ficaria perfeito fazer uma ligação entre a letra e uma ideia de one shot que eu tive ha tempos, (isso se categoriza como songfic) por isso coloquei trechos da musica que esta aqui em baixo. Então por favor gente, ESCUTEM A MUSICA enquanto vocês leem! :D Enfim, bora ler?

Le playlist: Nome: The Cab - Endlessly
Link: http://www.youtube.com/watch?v=fWWSo_kdaZ0
Tradução: http://letras.mus.br/the-cab/1957413/traducao.html

Essa fic também é postada no Wattpad e no Social Spirit.
Social Spirit: https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-originais-plastic-ring-3943863
Wattpad: https://www.wattpad.com/story/49594994-plastic-ring



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Fernando

É engraçado como o amor pode nascer nos lugares mais improváveis. Pessoas se conhecem na escola, no trabalho, às vezes em alguma festa, mas eu acabei conhecendo o amor num ponto de ônibus. Sei que é estranho, mas a vida tem dessas coisas.

Apaixonei-me por um completo estranho, um cara que pega ônibus todo dia no mesmo ponto que eu. Seu sorriso é encantador. Ele transborda confiança em seu modo de andar, e até o jeito que passa a mão em seus cabelos me faz derreter como picolé num dia quente de verão... É uma pena que nunca vá sequer ouvir sua voz por ser covarde demais para puxar papo com ele.

Sinto-me como se me faltassem alguns sentidos. Normalmente sou um cara bem extrovertido, mas com ele a única coisa que tenho coragem de fazer é olhá-lo de soslaio. Essa situação se repete há um ano e já estou desistindo completamente de chegar a conversar com ele algum dia.

Todos os dias, vou e volto do trabalho de ônibus. Sou contador e não ganho muito dinheiro na firma em que trabalho, por isso venho juntando algum para comprar um carro ou quem sabe parar de pagar aluguel na espelunca onde moro. Tenho cabelos castanhos claros, costumo usar um suéter por cima da minha camisa social, e uma calça jeans escura.

Vou para o ponto de ônibus, e, como sempre, ele já está lá. Hoje ele usa uma camisa branca de mangas pretas, mostrando sua tatuagem de ampulheta que tem em seu braço, uma calça jeans azul meio rasgada, seus costumeiros óculos de grau que cobrem boa parte de seu rosto, sem falar em seu relógio digital dos anos oitenta que, pelos meus cálculos, nem deve estar funcionando mais.

Sento-me a seu lado. Por enquanto, somos só nós dois no ponto. Olho para ele por alguns segundos e volto a olhar para a rua. Quando o olho novamente, ele está tirando algo de sua mochila preta. Alguns segundos depois, ele me cutuca e mostra um pequeno quadro branco com um “Oi” seguido de uma carinha feliz. Ele sorri e faz menção de me entregar o quadro com uma caneta atômica para que eu o responda.

Sorrio, coro e quase deixo o quadro cair no chão de tanto nervosismo quando tento pegá-lo. Ele falou comigo! Se bem que essa não é muito bem uma conversa... Mas o que importa é que ele falou comigo!

“Olá — faço outra carinha feliz ao lado e timidamente lhe devolvo o quadro.

Ele sorri e apaga o que escrevemos com o lado da mão, em seguida rabiscando mais alguma coisa, mas demorando mais tempo para escrever do que antes, e depois vira o quadro para mim.

“Eu sou o Marco (sim, já ouvi a piadinha do Marco Polo. Nada engaçado). E você? — pego o quadro ainda com um sorriso tímido no rosto e o respondo.

“Sou o Fernando, prazer (pode ficar tranquilo que nunca faria essa piada... Marco!) — Viro minha placa e ele começa a sorrir quando lê a minha resposta, em seguida pega o quadro de e volta a escrever.

(Polo! Trapaceiro...) Sua letra é bonita. Bem melhor do que a minha.

Valeu. A sua também é bonita — escrevo. — Você vem aqui sempre? Brincadeirinha, te vejo pegando ônibus aqui há bastante tempo — Ele sorri para mim e começa a escrever. Seu sorriso se torna ainda mais bonito por ser para mim.

Acho que já faz um ano que pego ônibus aqui. Trabalho numa floricultura no centro da cidade. E você, vai para onde?”.

“Região norte. Trabalho como contador — Marco sorri e pega o quadro novamente. Ele escreve alguma coisa nele e se levanta.

O meu ônibus já está chegando. Cuida desse quadro para mim até amanhã? — não pude nem respondê-lo. Quando voltei meus olhos novamente em sua direção, ele já estava dentro do ônibus.

Passo o dia todo no trabalho pensando em amanhã. Quase não consigo me concentrar direito. Ele falou comigo, e ainda por cima deixou seu quadro comigo. Não entendi muito bem por que um cara como ele sairia por ai carregando um quadro branco, mas achei essa a coisa mais perfeita que ele poderia ter feito para falar comigo.

No outro dia, no mesmo horário, nos encontramos no ponto que dessa vez está lotado, então tivemos que ficar em pé. Ele sorri ao me ver e estende a mão pedindo o quadro que logo devolvi.

Pelo visto você cuidou bem do meu quadro — afirma.

Bom dia para você também, Marco — brinco. — Afinal, por que você deixou seu quadro comigo? — ele sorri e começa a escrever.

Por que você parece confiável — coro e sorrio.

Confiável? Eu? Posso ser um assassino e você nem iria saber! — brinco.

Você não se atreveria a matar uma beldade como eu — sorriu ao escrever. — Seria um atentado à oitava maravilha, e isso é crime”.

Posso te perguntar uma coisa, senhor oitava maravilha? — ele assentiu com a cabeça, e escrevo novamente.

Você... Me passaria seu número? — o fito, vendo sua expressão surpresa ao ler o quadro e sorri em seguida.

— “Vinte e cinco” — respondeu ele, me fazendo ficar com uma expressão de dúvida no rosto. Ele apagou o quadro novamente e escreveu — É a minha idade, seu bocó. Você não disse de qual número estava falando — solto uma risada e tiro o quadro de suas mãos.

Engraçadinho você. Quero o seu número de telefone! Passar plaquinhas é demorado demais”.

Ok, anota ai: 0000-0000, mas já vou avisando que não tenho credito para ligação”.

Relaxa. A gente conversa por mensagem — sorrio e vejo seu ônibus chegando. — Hora de você ir trabalhar — ele simplesmente sorri e entra em seu ônibus, acenando para mim lá de dentro.

Sinto que desde que começamos a conversar, meu destino virou de cabeça para baixo e decidiu escrever suas palavras ao contrário, mas não me importo. Até por que, se meu destino for com ele, não vou precisar de mais nada além de seu doce sorriso.

***

Várias semanas se passaram desde que começamos a conversar, sempre por mensagens ou pelo seu quadro branco quando nos encontramos de manhã. Chegamos ao ponto de faltarmos no trabalho um dia, por que acabamos não percebendo o tempo passar.

A nossa conversa é tão fluida que aquele sentimento de curiosidade e — não vou negar — paixão foi crescendo em meu peito, logo se transformando em algo que não posso descrever em outra palavra que não amor. Ele também parece estar gostando de mim, e esses sentimento de suposta reciprocidade é realmente muito bom.

No início não me importei muito dele nunca ter falado comigo, mas depois de um tempo decidi que quero ouvir sua voz. Resolvemos andar pelo bairro em nosso final de semana livre, e eu decidi aproveitar à deixa para pergunta-lo por que ele ainda não falou comigo.

Por que você nunca falou comigo desde que nós começamos a conversar, Marco? — pergunto.

A mudança de assunto foi meio repentina. Há cinco segundos, o assunto era como cachorros quentes receberam esse nome, sendo que eles não têm nada a ver com um cachorro literalmente quente. Marco faz uma cara de desentendido e em seguida, sorri e escreve em seu quadro:

Eu sou mudo Nando... — ao ler sua resposta, simplesmente congelo. Meu cérebro resolveu que vai pedir ferias mais cedo e pifou ou realmente li o que li? — Eu perdi a capacidade de falar aos dezesseis anos — Ele me olha com uma expressão de indagação, como se estivesse preocupado com a minha reação.

— Na verdade, eu não p-percebi... Eu... Desculpe — disse, corando em seguida.

“Tudo bem, cara. Não precisa pirar” — sorriu.

Ah que droga, que droga, que droga... Como eu pude ser tão estupido assim? Como eu pude não perceber isso? Sento-me no chão e coloco a cabeça entre os joelhos.

Marco se senta ao meu lado, e o silêncio reina. Ou ele quer me dar um espaço para pensar ou simplesmente está com raiva de mim... Tomara que não seja a segunda opção. O barulho dos carros passando na avenida me irrita, mas o que mais me incomoda são meus pensamentos. Deveria ter agido normalmente, mas ao invés disso, acabei agindo como se ele tivesse lepra ou coisa do tipo... Agora ele acha que sou um idiota.

Não que ele tivesse mentido para mim, mas não posso evitar me sentir um pouco traído, como se a culpa de não saber que ele é assim fosse dele, mas pensando melhor... Não é. Eu só fui um grande idiota mesmo.

Chuto o vazio e suspiro. A pergunta que devo me fazer agora é: eu estou preparado para amá-lo? Estou imerso em pensamentos quando sinto alguém me cutucando. Olho para cima e vejo Marco, ele sorri timidamente, como se cada movimento que ele faz fosse completamente calculado para que eu não tenha outro ataque e fuja.

Hey, me escuta (ou me leia, sei lá)— ele segura seu quadro e ao perceber que li tudo, ele apaga o que estava escrito e começa a escrever novamente — Eu sei mais do que qualquer um o peso da barra que é ser mudo — apagou e voltou a escrever, agora em letras miúdas — Mas desde o dia em que tomei coragem para conversar com você, esse peso vem se tornando mais suportável, por que eu gosto de estar contigo, gosto de conversar contigo... Você me faz bem, e não é por causa de alguma confusão sua que eu vou parar de conversar com você — ele apaga novamente e estende a mão em minha direção com o mesmo sorriso tímido de antes, me puxando para que eu levante. Marco volta a escrever e vira o quadro em minha direção.

Mas se você não quiser mais conversar comigo, eu vou entender. Um monte de gente já fez isso. Você não seria o primeiro dessa lista”.

— Não quero te ignorar — respondo. Ele simplesmente sorri ao ouvir a minha voz. — Eu... Desculpe-me, eu fui um imbecil, é que eu achei que você só estava sendo ou misterioso ou coisa do tipo...

Relaxa, eu deveria ter te contado, afinal sou naturalmente misterioso — brincou, tentando deixar o clima um pouco mais leve. Ele apaga o quadro e começa a escrever algo, mas em seguida suspira, apaga tudo e escreve novamente. — Olha, eu gosto de você, talvez mais até do que você gostaria que eu gostasse...”.

Eu sorrio, me sento mais perto dele e coloco minha mão em cima da sua, que é um pouco maior do que a minha. Esse momento não precisa de falas. Acho que somente algo tão simples e puro como isso pode descrever o amor que sinto por ele. Marco apaga o quadro e em seguida escreve algo com pressa, o deixando em meu colo, se levantando e saindo em disparada.

Me espera aqui — pede ele.

Fico atônito, mas mesmo assim resolvo esperar por ele. O tempo parece não passar enquanto ele não volta Os carros e pessoas passam sem parar, e nem um sinal dele. Após esperar durante quinze minutos, o vejo correndo em minha direção. Ao ficar na minha frente, ele, ainda ofegante, pega o quadro, apaga o que estava escrito e volta a rabiscá-lo.

Tem uma loja no final da rua onde eles vendem anéis de plástico por vinte e cinco centavos cada, eu juro — ele apaga o quadro e volta a escrever. Minhas bochechas estão coradas e meu coração, disparado. — É, eu sei que é barato, não é de ouro como nos seus sonhos, mas espero que você ainda o use.

Sorrio. Ele tira dois anéis de plástico pretos de seu bolso e apaga novamente o quadro.

“A tinta pode marcar minha pele, e meu jeans pode estar rasgado. Eu não sou perfeito, mas juro que sou perfeito para você — meu rosto fica mais vermelho ainda e depois de rapidamente apagar o quadro, ele volta a riscá-lo. — E não tem garantia de que isso vai ser fácil. Não é um milagre que você precisa, acredite em mim”.

Não sou um anjo, eu sou só eu, mas vou te amar infinitamente. — continuou — Asas não são do que você precisa... Você precisa de mim.”.

Agora acho que entendi. Ninguém está preparado para o amor, ninguém nunca está, e é por isso que amar é a melhor coisa que pode acontecer com você, por que não dá para predizer o que acontecerá. Quero com todas as minhas forças ficar com ele. Quero tentar aguentar essa barra, mesmo tendo medo de não dar certo, por que sei que ele estará comigo.

— Convencido — brinco, segurando sua mão com força. Ele sorri assim como eu, e me puxa para mais perto de si. — A gente está na rua, seu louco. Aqui não... — ele faz cara de quem diz “Não me importo” e me puxa para um beijo.

O colar de nossos lábios me faz sentir como se cada molécula do meu corpo ansiasse por ele. O calor de seu corpo junto ao meu nessa manhã fria faz eu me sentir em casa, como se durante todo esse tempo estivesse esperando pacientemente por ele.

Ao nos separarmos, vejo um sorriso diferente em seu rosto, ele estende sua mão com os anéis e segura a minha. Lentamente ele coloca um anel em meu anelar e estende sua mão para que eu faça o mesmo.

Seu sorriso, aquele que ele só usa quando está comigo... Esse é o sorriso que quero ver pelo resto da minha vida. É engraçado como o amor pode nascer nos lugares mais improváveis, mas o que realmente importa é que algum dia, você querendo ou não, ele vai nascer em você.

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Caso você queira saber como são os personagens:

Fernando

Marco


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Notas finais do capítulo

Então! Curtiu? Favorite, comente e se possível recomende que você vai estar me ajudando pra caramba. Eu respondo todos os comentários, então não seja tímida(o).