A Raposa & A Fada escrita por Juliana Rizzutinho


Capítulo 1
Travessura


Notas iniciais do capítulo

Esqueça o Príncipe! Esqueça Ulysses, Kelpie e Paul. Aqui o foco é o relacionamento superfofo entre Edgar e Lydia (antes deles se casarem). E antes que me esqueça, Visconde Druitt não me pertence, e sim à Yana Troboso e à obra Kuroshitsuji. Música-tema é: http://www.youtube.com/watch?v=bqIxCtEveG8 Labrinth feat. Emeli Sandé - Beneath Your Beautiful (Atrás de sua beleza)



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Só mais uma fivela no cabelo e Lydia estava pronta. Para aquela ocasião, ela trajava um vestido carmim escuro, cabelos presos com um coque que deixava seu pescoço e colo ligeiramente descobertos. O perfume que escolheu era discreto, tinha toques de jasmim e bergamota, de origem francesa. Os sapatos eram pretos com detalhes em dourado. E a pequena bolsinha que ela levaria para noite, também em preto, era simplesmente divina. Casava perfeitamente com toda vestimenta.

Olhou-se no espelho e gostou do que viu. Ela tinha se trocado ali, na mansão dos Ashenbert, por insistência de seu noivo, Edgar. Aliás, também foi ele que a presenteou com vestido. Ela o achou atrevido, digo, o vestido. Mas quando o colocou. “Ah, ele era perfeito”. E como era bastante trabalhado, optou por usar pouquíssimas joias.

Lydia estava treinando firmemente para se acostumar com os costumes da nobreza britânica, que, diga-se de passagem, eram bem rígidos. Tudo era muito afetado, assim como ela achava o seu noivo há algum tempo atrás. Mas, quem resistia ao Edgar? Ela o rejeitou, bateu o pé, correu, fugiu para casa, na Escócia, mas ele foi busca-la. Insistente, aos poucos, a garota percebeu que no fundo o rapaz era como uma criança perdida e carente, mesmo que no começo ele demonstrasse apenas seu lado manipulativo e ludibriador.

Levantou-se e foi para porta. Naquela noite, a fairy doctor iria ao um jantar com Edgar. O anfitrião? Aleister Chan, o Visconde Druitt. Lydia não gostava dele. O achava pretensioso e insuportável e procurou várias desculpas para não ir. Mas, naquela tarde quente, com todas as janelas abertas, Edgar caiu de joelhos e começou a andar atrás dela com as mãos unidas em oração, dizendo:

— Por favor, por favor, não me deixe sofrer sozinho!

A garota colocou as mãos na cintura e disse em um tom divertido:

— Você é ordinário, não, conde?

Ele deu um daqueles ataques de risadas. E riu tanto que até fechou os olhos.

— Está bem, sou um canalha! Mas, um canalha perfeito, não acha?

Lydia deu as mãos para que ele se levantasse e falou:

— Você é perverso! Logo, o Visconde Druitt? Isso é chantagem! E ele vai querer cantar! E você sabe o quanto ele canta mal, não é?

—Por isso mesmo, meu amor! Rogo-te, não me deixe sofrer sozinho!

Passado alguns dias e lá estava ela, pronta para o jantar e caminhando para a porta quando ouviu três batidas.

Pelo que a garota sabia, geralmente, era Raven que vinha avisá-la e busca-la. Quando a porta abriu com o consentimento da fairy doctor, lá estava ele.

“Falando no diabo”, pensou em um tom irreverente.

— Vamos?

Ele, astuto como uma raposa, percebeu o quanto Lydia estava linda! Aliás, ela era uma garota realmente bonita e exótica. “Oh, Deus, quanto tempo perdi com tantas mulheres vazias”, refletiu. Edgar era descarado, sem-vergonha, um mulherengo. Arrasou milhares de corações até conhecer... Lydia. Logicamente, que no início, só estava atraído por ela, na ocasião que estavam buscando a Espada Merrow para tornar-se quem é hoje: o Conde Cavaleiro Azul. O senhor absoluto de Ibrazel, o reino das Fadas.

O conde apaixonou-se pouco a pouco pela fairy doctor. Pela sua coragem, bondade, inteligência. E esse amor foi tão profundo e arrebatador, que muita coisa em sua vida mudou inclusive seu comportamento. E ah, sim, não existia pessoa nenhuma no mundo com quem Edgar fosse tão sincero quanto era com Lydia. Depois, podemos colocar Raven. E depois, talvez... Era ele próprio.

Faltava muito pouco para o casamento dos dois. Mais ou menos um mês e meio. Edgar teve que enfrentar a ira silenciosa do Professor Carlton. E só por isso, Lydia o achava corajoso!

O conde ofereceu o braço à garota e ela aceitou. Caminharam em direção às escadas. E travesso, disse ao pé do seu ouvido:

— Você está linda! Quisera eu pudesse cancelar esse jantar, só para ficar com você...

Ela sorriu corada. Aliás, cada vez mais que o casamento se aproximava, mais atrevido Edgar ficava. Seus beijos foram ficando mais ardentes, brincadeiras maliciosas inesperadas. Ah, ele era terrível! Lydia não conseguiu expressar uma palavra. Mas, no fundo, confessava que nunca iria esperar casar-se com um homem tão belo.

Desceram as escadas, saíram da mansão e subiram na carruagem. Desta vez, Raven daria às vezes de cocheiro. Durante o trajeto conversavam amenidades. Quando de repente, ele disparou:

— Eu te assusto?

Hum?

— Diga-me, eu te assusto?

— Por que essa pergunta agora?

— Porque toda vez que te elogio, aliás... De uns tempos para cá, você fica... Petrificada.

— Não é isso...

—Não? Por quê?

— É que... Sempre tem algo de segundas intenções no ...

Ela não pôde terminar a frase, pois foi surpreendida por um beijo. E quando a fairy doctor se deu conta, seu corpo estava amolecido. Enquanto a beijava, ele passava a mão pelo rosto dela e com a outra a segurava pela cintura. A garota soltou-se dele e disse:

— Viu, só? Não consigo mais terminar as frases com você...

— Desculpe, mas... Lydia, eu perco a censura com você. Tenho vontade de beijá-la, beijá-la e beijá-la. E aí começo a pensar coisas...

— Indecentes? – perguntou ela assustada.

— É... Bem, nada que um casal apaixonado não faria depois de casados...

Mas a conversa parou por ali. Tinham chegado à mansão dos Druitt. Mais tarde, durante o jantar, Edgar “atacou” Lydia mais uma vez. Sentaram-se lado a lado. E em volta deles, casais influentes, famílias nobres, enfim, tudo meio exagerado, como seria do estilo de Lord Druitt.

E tudo aconteceu quando o Duque Silas realizava uma palestra sobre escravidão em outros países e o quanto isso era penoso para Inglaterra em termos econômicos.

— Veja bem, conde! A Inglaterra tem mesmo que brigar para que não existam tantas colônias exploradas ao redor do mundo. Como iremos lucrar com escravos?

— Sem dúvida, até porque...

Enquanto Edgar mostrava toda sua teoria, Lydia disfarçava interesse, apesar de que seu foco era o delicioso crepe Suzette a ser desfrutado ali, na sua frente.

Quando deu mais uma garfada no doce, sentiu algo a tocando no tornozelo.

“Não, não pode ser... Ele não estaria fazendo isso, não é?”, indagou-se. E sim, para o desespero da garota, Edgar estava roçando o pé no seu tornozelo. “E como ele tinha conseguido brecha para passar o pé debaixo do vestido e me provocar?”. Desta vez, Lydia corou violentamente.

— O que acha senhorita Carlton?

Duque Silas tinha feito uma pergunta à fairy doctor. Mas como ela iria prestar atenção se o seu foco... “Que diabos ele está pensando?”, refletiu irritada. Quando ela se deu por conta, lá estava ele, olhando-a de soslaio com um sorriso ligeiro e malicioso.

Lydia tomou o guardanapo e, de forma delicada, desculpou-se:

— Perdoe-me, o que senhor perguntou?

Enquanto isso, o anfitrião da festa levantou-se e declarou:

— Senhoras e senhores, convido-os a irem para sala de chá, onde será servida a bebida das mais finas especiarias, enquanto desfrutam das mais lindas canções que irei interpretar.

Pouco a pouco, as pessoas saíram da mesa. E quando Lydia estava um pouquinho mais a frente de Edgar, ele aproximou-se bem perto e assoprou na sua nuca. Um arrepio intenso e até assustador tomou conta da fairy doctor.

Ela voltou-se olhando brava para ele.

— Você é tonto? – ralhou baixinho.

— Tonto? Inebriado por você, minha fada! – sussurrou nos seus ouvidos. – Aliás, seria vergonhoso dizer o que sinto quando vejo a sua nuca descoberta.

Ela de novo o olhou repreendendo. Mas pensa que ele ligou? Nem de longe!

Os convidados seguiram para outra sala, menos Edgar e Lydia. Isso porque o nosso conde iria aprontar de novo!

Passaram em frente a uma saleta que tinha sua porta aberta. Edgar a puxou para dentro de ali.

— Não, seu maluco! Não! – protestou baixinho.

Ele rindo como um moleque travesso largou a sua mão e fechou a porta. Ela suspendeu a respiração.

— Devemos voltar para lá!

— E por quê? Posso saber? – perguntou encostado na porta inclinando levemente a cabeça. Alguns fios da franja escorregaram lânguidos de forma que o deixava com a expressão como tivesse todas as segundas, terceiras e quartas intenções.

“Oh, Deus, ele está impossível! O que faço?”.

— Porque... Porque... Porque não é de bom tom nós dois, sozinhos, aqui.

Enquanto isso a garota começou a andar para trás e ele avançando em direção a ela.

—Ah, é? E alguém irá lembrar-se de nós quando nosso querido visconde mostrará os dotes de sua “linda voz”?

Ela acabou se encostando à imensa estante de livros. E ali, ele simplesmente a encurralou. E como os olhos dele brilhavam, até o tom violeta tinha se intensificado. “Hum, isso é mau sinal, mau sinal....Ele vai me atacar”. E ela conseguiu desvencilhar? Nem mil anos! Ele a enlaçou pela cintura e a beijou. E desta vez, mais intensamente do que na carruagem.

Pouco a pouco ela correspondia ao beijo. Instintivamente, Lydia entrelaçou a mão entre os cabelos do conde. Enquanto isso, naquele momento, o coração dele acelerou como um louco fugindo do hospício. O toque suave do tecido do vestido, o perfume que ela exalava, a sua respiração, tudo, tudo o excitava. Logo o rapaz que conheceu tantas mulheres, tantos corpos. Mas era Lydia, a mulher que elegeu para viver até o fim dos seus dias.

A mão direita do jovem conde percorria as costas da garota. Ele pensou como seria tocá-la sem aquelas vestimentas todas. O contato de sua pele sem nada para atrapalhar. E de forma súbita, Edgar investiu no pescoço de Lydia. Enquanto os lábios dele percorriam a pele delicada e macia da fairy doctor, ela ficou completamente sem ação e pensou: “Hum, como isso é bom... bom...”. Mas, um lado do seu cérebro acordou e a recatada miss Carlton a repreendeu: “Pare com isso! Você nem se casou! O qual longe quer ir com esse homem? Ele ainda não é seu marido!!”.

Mais um pouco e... Edgar estava quase chegando a beijar seus seios. A coisa estava se esquentando. E ele parecia não querer recuar. Ela o empurrou violentamente e o rapaz, assustado, arregalou os olhos:

— Chega, entendeu? Chega! - exigiu.

—Mas, Ly...

— Não, senhor! Não, senhor! O que você pensa que sou?

Deu a volta entorno dele e seguiu para porta, mas foi impedida. Ele a reteve com uma das mãos.

— Fique! Só fiz isso porque...

— Por quê?

— Ly, desculpe, mas você me enlouquece. O que posso fazer? Meu lado arteiro é acionado quando fico perto de você! Seu perfume, seus cabelos, sua pele, as curvas do seu corpo...

E aí mais, uma vez ele a puxou para si e mais um beijo começou a surgir... E conforme ele iria ficar mais impetuoso...

— Ahãm!

O casal se soltou rapidamente e sem-jeito. E ali, na batente da porta, estava o mordomo dos Druitt:

— Conde? Visconde Druitt o espera! Aliás, o senhor e sua noiva!

Lydia abaixou os olhos e Edgar com a maior cara de pau:

— Sim, já estamos indo.

— Então... – o mordomo fez mesura e continuou ali, como quem dissesse: “Vou escolta-los e nem que seja a última coisa que faço na vida”.

Lydia começou a ir em direção à porta, mas pôde virar-se rapidamente para Edgar e falou sussurrando:

— Viu? Não disse que não era de bom tom ficarmos sozinhos?

Ele deu de ombros e respondeu com um sorriso diabólico:

— Não faz mal! Talvez na carruagem, durante nossa volta, podemos prosseguir na parte em que fomos interrompidos. E olha que Raven nunca nos atrapalha...

Fim!


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Notas finais do capítulo

E aí, gostou? Não é incrível como esses dois têm química? É engraçado, mas há uma naturalidade até nas travessuras de ambos. Essa história teve como foco, o namoro e o noivado de Edgar com Lydia. Tentei basear-me no estilo que a própria Mizue Tani, que é a autora do light novel, escreve. Sobretudo nas pequenas histórias que são reunidas como coletâneas. Exemplo disso, os volumes 8, 12, 15, 17, 22, 28 e 33 (sendo que os dois primeiros encontram-se traduzidos para o inglês). E aí brinquei de colocar como pano de fundo uma festa do afetado Visconde Druitt de Kuroshitsuji. Como ele é exagerado, nada mais correto, toma-lo como referência sobre a vida aristocrática britânica nos anos vitorianos. Aqui os dois estão naquele clima pré-casamento! E o bacana, é tentar mostrar algo que no anime só deu aquela passadela, o lado mulherengo do Edgar antes de conhecer a Lydia. É lógico ele dá umas derrapadas feias, mas nada como uma fairy doctor brava para coloca-lo na coleira. ^^Na próxima história, você irá descobrir um momento divertido e bem lúdico desse casal depois do matrimônio! Então, até a próxima semana e faça uma autora feliz, deixe seu review.



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