Annabeth

Estava sentada no sofá discutindo com a minha mãe, o que era comum, mas não por esse motivo.

–Não!

–Ah, sim!

–Mãe, não!

–Você gosta dele!

–Atena Chase, enfie nessa sua cabeça que o Percy é como um irmão para mim!

–Então é melhor enfiar isso na cabeça dele, sua cega!

–Ele não gosta de mim!

–Ele pega as outras meninas porque não pode te namorar sua tonta.

–VOCÊ TÁ LOUCA.

–NÃO TO NÃO. Ele te am...- Ouvimos a campainha tocar, vimos um Percy com cara de paisagem olhando para nós.

–Oi Percy meu querido. -Minha mãe disse e o abraçou.

–Oi tia Atena. -Ele deu um beijo na bochecha da minha mãe e pulou em mim.

–Trêeees anos! - Ele riu

–Três ano! - Dei um sorriso tão grande que por um momento achei que minhas bochechas iriam explodir.

–O que quer fazer hoje? - Perguntou-me

–Hm... shopping não, já fomos lá ontem, parque não, ta frio, sorveteria também não pelo mesmo motivo do parque... vish, não sei...

–Porque não fazem algo mais normal? Veem uns filmes, pedem pizza, sei lá? - Minha mãe se pronunciou

–ISSO, PERCY, VOCÊ DORMIU AQUI SEMANA PASSADA. EU DURMO NA SUA CASA HOJE! -Gritei tentando escapar da minha mãe pelo menos por hoje.

–Que pressa é essa, eu quero ver meu presente e... - Ele disse confuso

–AH, SIM! Seu presente, um minuto... - Fui para o meu quarto que por acaso ficava no porão, mas eu adorava dormir lá, não tinha ninguém para me incomodar. Só dois comodos: meu quarto, e meu banheiro.

Meu presente era uma prancha. De surf, isso aí. Ele me disse sobre a paixão com o surf assim que nos conhecemos direito. Então, coloquei algumas frases ditas por nós e fotos, levei num cara aí e fim! Não me julguem, não entendo de pranchas. Mas eu gostei, e estava ansiosa para ver o que Percy acharia.

–Percyto... - Chamei-o. Quando tínhamos 15 anos, esse apelido pegou.

–Annie... - Eu não gostava nada que ele me chamasse de Annita, ele sabia bem disso, deixei muito claro para ele. Não gosto nada desse nome. Eu mostrei-lhe a prancha e sua boca se abriu em um perfeito 'O' - Oh... meu... OH MEU DEUS ANNABETH! - Ele gargalhou alto e eu sorri. Gostava de sua risada, era contagiante, então comecei a rir alto também.

–Ta, eu sei, eu sou demais, agora quero meu presente.

–Delicada como um coice de cavalo - Ele sorriu e tirou de seu bolso uma caixinha, que peguei rapidamente - Nossa, desesperada... - Sorri cinica e abri a caixinha. Havia uma pulseira, mas não uma pulseira qualquer. Nela, haviam pingentes. Um com um microfone, outro com uma tartaruga, uma prancha, uma carinha feliz. E percebi que todos os pingentes representavam algo simbólico que acontecera durante os ultimos três anos.

–Ah, Percyto... - Meus olhos já estavam completamente marejados. O abracei forte e não quis mais soltar. Era confortável ali.

–O que quer fazer? - Perguntou quando finalmente nos separamos.

–Sinceramente? To com preguiça de sair.

–Vamos ficar em casa então, oxe...

–Fazendo o que? - Pensei - JÁ SEI! Vamos dormir na sua casa e fazer uma maratona de Harry Potter!

–Ah, não, sempre vemos HP...

–Podemos ver todos os episódios e temporadas de iCarly, ou só algumas...

–Você tem todas as temporadas de iCarly em DVD? - Perguntei surpresa.

–Meu amor, para que serve locadora?

Minha mãe olhava tudo de longe, peguei um travesseiro do sofá e joguei nela.

–EI! - Ela exclamou

–Que foi? Intrometida! - Disse levemente revoltada. Minha mãe me irritava muito, é como se ela fosse a filha e eu a mãe. Percy riu, já estava acostumado - Vamos?

–Claro - Ele sorriu. Antes de irmos para sua casa, passamos na locadora. Pegamos o DVD e fomos para sua casa.

A casa de Percy era grande. Ele era filho de Poseidon e Sally Jackson, que eram separados. Poseidon morava em New York, enquanto Sally e Percy moravam na Flórida. Poseidon Jackson era rico. Muito, muito rico. Nunca soube direito com o que ele trabalhava, não gosto de falar em trabalho com Percy. Só sei que tem algo haver com navios. Já Sally tinha um dos melhores restaurantes de toda Flórida Central.

–MÃE! CHEGUEI! - Percy gritou para Sally.

–Oi, Perseu... Annabeth! Olá! - Tia Sally sorriu - Ah, parece que foi ontem que você apareceu por essa porta pela primeira vez. AH... falando em passado, achei uns videos caseiros do Percy quando era bebe; o meu favorito é o do pum no banho e...

–MÃE! - Percy adivertiu e eu ri.

–Adoraria ver, srta. Jackson, mas temos que fazer uma maratona aqui - Eu ri.

–Ah, claro... três anos - Ela riu - Foi ótimo te ver, Annie - Abracei Sally e subimos para o quarto do Percy. Era grande, azul e tinha um aquário. Uma cama de casal, mas sempre durmo no quarto de hóspedes, e uma televisão grande. Era lindo, quase tão aconchegante quanto o meu.

(...)

Eram 2:00 da madrugada e ainda viamos iCarly e comíamos brigadeiro. O episódio já estava acabando, e quando acabasse iria para o quarto de hóspedes. Uma pena, a cama de Percy é uma delicia!

–Annie? - Ele me chamou.

–Oi - Respondi, o fitando.

–Ainda ta triste por causa do Luke? - Perguntou-me.

–Não... - menti, e ele me olhou com cara de deboche - Só um pouco...

–Chase...

–Ta, eu to muito triste, ta tão na cara assim? Eu... eu amava o Luke, e ele foi tão gentil para depois... me jogar fora - Funguei.

–Soube que ele está... - Ele começou, mas o interrompi

–Com a Thalia? É... - Olhei para baixo. Thalia, ou Lia, minha melhor amiga. Punk, cabeça quente, mas uma ótima conselheira. Meu coração doeu muito ao descobrir que ela e o Luke estão juntos. Acho que é por isso que ele terminou comigo.

–Annie, eu conheço a Thalia. Se ela está com o Luke depois do que aconteceu com vocês, tenho certeza que ela realmente ama ele - Percy disse e meus olhos marejaram.

–Ai está o problema. Ele a ama também. E nunca, nunca vai me amar... - Comecei a chorar, baixo, mas de um modo doloroso, mas bom. Como cutucar um dedão que dói. Nossa, que comparação ótima.

–Vem cá - Percy esticou o braço e eu me enterrei em seu peito. Um ombro amigo é o que mais pedimos nessas horas. Geralmente, ele é meu travesseiro. É bom saber que posso confiar em Percy para tudo.

–Obrigado, Percy. De novo - Sorri e vi ele sorrindo também.

–Somos o time perfeito - Ele riu

–Isso aí, Percabeth, o tim...

–Percabeth - Ele ri com gosto

–Ei! Combina! - Fiz bico mas ri do mesmo jeito.

–Pode sempre contar comigo - Ele beijou minha testa.

–Eu sei, okay? - Sorri - Posso dormir no seu quarto hoje? - Pergunto

–Claro, eu durmo no de hospedes e... - Ele começou.

–Não, a casa é sua, e quero você perto de mim - Sorri fraco. Ele corou ou é impressão minha?

–Tudo bem - Ele deitou-se e eu sorri, fechando os olhos.

(...)

Apesar de ter chorado e de ter ido dormir tarde, eu dormi muito bem. Estava com uma camiseta de Percy improvisada de pijama e com calças (um pouquinho largas, devo constar) da mãe de Percy. Sally como sempre se mostrou disposta e fez o café da manhã para mim e Percy (Observação: Ela só faz o café quando estou aqui, se não estou, ela pede para o Percy fazer).

–Então, Annabeth, eu, Poseidon e Percy vamos a praia no próximo mês, quer ir? - Sally sorriu docemente.

–Com o maior prazer! Nunca fui a praia com você, Perseu - Ri para ele.

–É... será uma experiência legal - Ele sorriu de canto.

–Pode crer. Mas quer uma noticia triste? - Perguntei para ele.

–Qual noticia? - Ele perguntou arque

–AMANHÃ TEM AULA - Coloquei a mão na cabeça num gesto dramático.

–AH, POR QUE FOSTES ME LEMBRAR, Ó DAMA QUE DA O CORPO NAS ESQUINAS PARA SOBREVIVER?

–AH, AGORA EU SOU A VILÃ, MEU JOVEM? ESTÁ BEM, MAS LEMBRE-SE, QUANDO DOMINIC COMPLETAR SETE ANOS, ELE MORRERÁ! - Não entendeu? Bem, é uma peça que nossa professora de Artes inventou. Ela é meio doida. A peça se chamava "A história de Dominic, o bruxo" e falava sobre uma traição da bruxa Morgana ao garoto, dizendo-lhe que ensinaria magia e depois tentando o matar. Meio idiota, não?

Tia Sally balançou a cabeça negativamente, mas de brincadeira, já que ela ria.

–Percy, vou me trocar para ir para casa. Já volto - Disse subindo as escadas e colocando as roupas que trouxe: calça jeans e moletom vermelho. Desci as escadas e me despedi de Percy e Sally, depois saindo, indo em rumo a minha casa.