Percy

—Ah, quem diria, não? -Thalia comentou bebendo mais um pouco de seu vinho, abraçando o noivo. Eu e Annabeth vinhamos quase todos os dias visitar o casal, que, por algum motivo, continuava firme e forte. Bom, a maioria continuava.

Todos dizem que, depois da escola, perdemos contato com todos os nossos amigos. Para nós, não passava de uma grande mentira. Tudo parecia exatamente como era há 12 anos, quando Annabeth entrou pela porta da escola e eu fiquei paralisado com tanta beleza.

A diferença é que agora usávamos um anel de compromisso e dormíamos na mesma cama toda a noite, grande coisa.

A paz que encontramos depois de nossa adolescência ordinariamente problemática não era bem de se imaginar na vida real. Afinal, era bem clichê.

Mas depois que Annabeth passou apenas três anos longe e eu me senti muito mal, ambos concordamos que não conseguiríamos viver um sem o outro. Nos casamos um ano depois.

—Quem diria o que? -Jason perguntou. Digamos que a trupe inteira está reunida.

—Que um dia teríamos paz da novela mexicana que são Percy e Annabeth. -Thalia completou, rindo.

—Ou do drama de Calypso e Leo. -Hazel acrescentou e Calypso revirou os olhos para a amiga, se levantando para pegar mais comida.

—Vamos combinar, isso é coisa de adolescência. -Ela disse mordendo um pedaço de pizza.

—Foda-se, se eu quiser dizer que minha adolescência foi problemática mesmo tendo sido normal, eu digo. -Thalia deu de ombros.

—Ela nunca muda... -Luke revirou os olhos.

Ri baixinho, já bem cansado, e encarei Annabeth com os olhos pidões. Ela entendeu na hora.

—Bom, acho melhor eu e Percy irmos. E todo o resto também, todos nós temos que trabalhar amanhã.

—Está certa, infelizmente. -Piper fez bico e Annie riu, se despedindo de todo mundo. Como eu sou impaciente, só dei um aceno coletivo.

O percurso do apartamento de Thalia até o carro era curto e foi silencioso, somente se ouvia o barulho irritante dos saltos de Annabeth se chocando contra o chão. Ao entramos no carro, respirei fundo, sentindo o ar quente. Olhei para minha esposa sorrindo, e depositei um beijo em sua testa.

—Estou cansada.

—Eu também. -Suspirei e beijei os lábios da loira suavemente.

—É tão nostálgico pensar nos velhos tempos. Você era frouxo demais para ficar comigo, eu era cega demais e...

—E chorava no meu ombro toda vez que pensava no Lu...

—CALA A BOCA! Nem me lembra disso. -Ri baixinho com o desespero dela e liguei o carro.

—Eu sabia que você seria minha.

—É assim que tinha que ser, cabeça de alga. -Ela sorriu.

O percurso era repetitivo e silencioso, nada de muito diferente. O espelho do carro me mostrou claramente um caminhão e eu ouvi um estrondo. Arregalei os olhos e olhei para Annabeth, que também parecia assustada. A primeira coisa que fiz foi segurar sua mão, quase como instantaneamente. Comecei a sentir meu corpo ficando suspenso e aí caiu a ficha: o carro foi atingido, no banco de trás, e agora começava a capotar.

(...)

Não sei quando eu apaguei, só sei que, em algum momento, senti um impacto, e apesar de não ter sido grande coisa, desmaiei. Quando abri os olhos, vi o hospital a minha volta e Jason na minha frente, me olhando preocupado.

—Cara, você acordou! -Ele disse.

—E a Annabeth? -Perguntei instintivamente.

—Não sei, mas acho que está bem. Eu e Piper saímos pouco depois de vocês e vimos o carro... A Piper chorou que nem louca. -Ele sorriu de canto. -Vai ficar feliz que você acordou. Sabe como ela é emocional.

—Sei... -Dei uma risada fraca e tentei me sentar, gemendo ao sentir uma dor chata nas costas.

—Epa! -Jason se aproximou de mim e me ajudou a sentar. -Não é nada horrível, só uma pancada, sabe?

—Ah, tanto faz... -Fechei os olhos me acostumando com a posição. A porta do quarto abriu e meus olhos também, para ver quem era. Um médico de cabelos grisalhos entrou sorrindo.

—Vejo que acordou.

—E a Annabeth? -Imediatamente perguntei. Precisava de detalhes do estado dela.

—Ah, calme, rapaz apaixonado. Está tudo bem com ela. Bem... Com ela e com o bebê.

Encarei o doutor com os olhos arregalados e Jason soltou uma gargalhada infantil.

—Bebê?

FIM