Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 98
Epílogo




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E foi basicamente assim que chegámos ao ponto em estamos hoje: na Ordem, Gina cria, a partir daquela substância dourada que descobrimos chamar-se Aza, os fios da vida de cada um de nós; entrega-os depois a Tech e Dest, que tratam de os entrelaçar uns nos outros, cruzando as vidas que têm de ser cruzadas, afastando as que escusam de se cruzar e negociando comigo o momento em que têm de ser extintas. É então que Hisui entra, arrancando aquele fio da vida da tapeçaria que forma a história do mundo, queimando-o e largando as cinzas de volta no mar de Aza.

Agora sim, as vidas estão organizadas como lhes é devido.

Ou estão organizadas como Tech e Dest decidiram que estão organizadas. Já muitos foram os que lhes pediram satisfações sobre o que se passa na vida de cada um, mas aqueles gémeos limitam-se a fazer sorrisos amarelos e a dizer que nem eles controlam tudo. Será mesmo assim? Admito que tenho dúvidas.

Mas já que puxei o assunto, permitam-me que vos conte das coisas que se passaram nestes últimos anos.

Comecemos por Bella e Dest, que penso serem o casal mais “normal” no meio de todos nós. Ela abandonou a guarda de Atlantis depois de concluir a escola, mudando-se para o Templo do seu Supremo por algum tempo, até este decidir criar a Guarda da Reorganização, um pequeno conjunto de Adeptos e Dadivados da Guerra que tem por função proteger os deuses da profecia. Achámos tal medida desnecessária, em especial Hisui, que sempre é a Deusa da Destruição, mas tivemos de a reconsiderar quando se operou a primeira de muitas tentativas de assassínio aos deuses da profecia. Não fosse por Bella e Dest não estaria vivo para ver nascer o seu primeiro filho, ou filha, mais concretamente, porque nasceu uma menina, loira e de olhos azuis. Menino foi o segundo, uma fiel fotocópia do pai, que o faz inchar de orgulho a cada palavra que o rapazinho diz.

Igualmente normais acabaram por se revelar Saya e Lilás. Ela conseguiu um Templo somente para si quanto terminou os seus estudos em Atlantis, um lindo castelo feito de gelo branco e azul que, apesar de tudo, é agradavelmente quente no interior. Talvez isso se deva à pequena filha de ambos, uma ternura de cabelos negros e olhos verdes que, imagine-se, acende luzinhas no ar sempre que bate as mãozinhas rechonchudas. Foi isso artimanha minha e de Lilás, admito, que demos à pequenina o poder do seu falecido avô, o de ser a Deusa Suprema da Luz.

E, por falecidos, isso lembra-me do Deus Supremo da Morte. Yngrid e Darkness são também um casal em tudo normal, não fossem preferir viver os dois em Atlantis no lugar de continuarem a viver no Templo do novo diretor da escola. Tudo isto se deveu a alguns problemas que Darkness teve, quando se soube que o diretor da escola era o Deus Supremo da Morte. Yngrid, engolindo a sua timidez e insegurança e fazendo uso da arte de falar que os livros lhe tinham ensinado, defendeu o marido até às últimas consequências. As quais acabaram por ser o afastamento de Darkness do seu Templo pela maior quantidade de tempo que lhe fosse possível, mantendo o seu poder a um nível tão enfraquecido que era quase debilitante. Ainda assim, ele não se queixava e ainda tinha energia para correr atrás das duas pestinhas que eram as suas filhas gémeas, com a ajuda do filho primogénito, que exibia os longos cabelos vermelhos da mãe e os olhos avermelhados do pai.

Mas, surpresa das surpresas, também Hisui e Ouro se revelaram um casal bastante normal. É certo que, em público, Hisui se mostra um pouco distante de Ouro, não são muitas as demonstrações de afeto trocadas por ambos. No entanto, eu, que me cruzo sempre com ela na Ordem, já tive a oportunidade de ver o quanto eles de adoram, o quanto ela chega a ser doce para o marido. E, diga-se a quem duvidar do amor de ambos, que eles tiveram três filhos rapazes e todos garantem que não têm pais mais apaixonados que os seus.

Começando então a entrar nos casais estranhos, vamos referir o menos estranho de todos eles. Não é que o facto de não se aguentarem muito tempo sem se pegarem um ao outro seja estranho, mas… enfim… Circe não é capaz de resistir a cada sorriso que Snow lhe lança e parece-me que, se resistisse, Snow rapidamente arranjaria outra maneira de a fazer perder a cabeça. Foi com isso que eles conseguiram fazer três crianças, duas meninas e um rapaz, sendo ele o mais novo e, portanto, tendo praticamente três mães a tomar conta dele. Chega a ser hilariante, ver mãe e irmãs a tentar educar aquela pobre criança.

E, continuando na linha de “não conseguir resistir ao marido”, penso que quem se segue serão a Gina e o Niko. Juro que simplesmente não sei o que se passa com aqueles dois. Ou talvez sei, lembrando-me de que Gina é a Deusa da Criação. Talvez seja por isso que ela parece ter desenvolvido um qualquer gosto em ter tantos filhos quanto puder. Quatro já nasceram e um quinto vem caminho. Ou melhor dizendo, um quinto e um sexto, que desta vez serão gémeos. E, sinceramente, não me parece que ela e Niko vão parar por aqui.

Bem, passando agora aos casais estranhos mas completamente oposto aos anteriores, começaria pela Elpída e pelo Tech. Tão depressa a rapariga se desfaz em mimos com o marido como diz que o odeia, dá-lhe um carolo e obriga-o a dormir no sofá. Ainda assim, não dormiu no sofá vezes suficientes para o impedir de ter dois filhos com Elpída, um rapaz e uma rapariga. O que é de admirar é que ele se tenha atrevido a ter um segundo filho com ela, depois do que aconteceu com o primeiro. Não querendo entrar em pormenores, diga-se apenas que o humor dela desceu consideravelmente durante a gravidez, o que se traduziu em muitas dores de costas para Tech, devido às noites passadas no sofá.

Mais estranhos que eles, só Softhe e Burn. Talvez tudo tenha começado quando Burn convidou Softhe para ser uma Dadivada do Fogo mas Dest se meteu ao barulho, dizendo que Softhe lidaria muito melhor ao receber alguns poderes sobre a Terra. Ao início, Burn ficara completamente fora de si e recusara-se a estar sequer na mesma sala que Dest. Fora Softhe quem o demovera dessa briga infantil, à custa da primeira grande discussão enquanto casal oficial. No entanto, segundo mexerico contando por Tech, fora à conta de uma dessas grandes discussões que Softhe e Burn tinham gerado o seu primeiro e, até agora, único filho. Não entendi muito bem o que o Destino pretendia dizer com aquilo, mas também não me preocupei em pedir pormenores. Sei apenas que eles estão à espera de ver Softhe e Burn ter uma nova grande discussão para pedirem a Gina que teça mais um fio da vida, o fio que será do segundo filho dos dois. Ou melhor dizendo, filha, porque eles atreveram-se até a planear o género da criança.

E, enfim, só resta falar de mim e Shark. Não diria que somos um casal estranho, mas eu, que sou a mulher dele e sei o que passamos naquele Templo por onde escorre água de todos os lados, também não posso dizer que somos um casal normal. Temos as nossas discussões, o que é normal, e… sim, estou à espera do nosso primeiro filho. Ou filha. A verdade era que eu poderia saber tudo sobre a criança que carrego abrindo apenas o Livro dos Nomes. Mas não o quero fazer. Quero descobrir o meu filho pelas suas atitudes, não pelo que li no livro. Quero ter a oportunidade de me surpreender com ele, quer seja para sentir alegria e orgulho, quer seja para sentir tristeza e deceção. Sei que, aconteça o que acontecer, vou amá-lo muito.

Agora feito o relato, despeço-me de todos vós.

Um beijo e um abraço,

Da Protetora da Humanidade,

De terceiro nome L,

De segundo nome Helena,

E de primeiro nome Alexandra.


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Notas finais do capítulo

'CABOU!! ^0^



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