Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 93
Capítulo 93




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Yngrid acabara de sair do Átrio das raparigas quando viu Darkness aproximar-se de si, com os longos cabelos castanhos ondulando atrás de si e um pequeno sorriso a adornar-lhe os lábios.

– Bom-dia, Yngrid.

– Bom-dia, Darkness – respondeu a rapariga, sorrindo.

– Posso fazer-te um pedido atrevido?

– A-atrevido? – gaguejou Yngrid, corando.

Darkness sorriu e ofereceu o seu braço a Yngrid.

– Gostaria de tomar o pequeno-almoço na tua companhia.

Yngrid corou que nem um tomate, ficando sem saber como reagir.

A sua vontade era aceitar, está claro, mas seria isso certo? Tomar o pequeno-almoço na companhia de um professor não era nada demais, era uma coisa perfeitamente normal… mas então porque tinha ela aquela impressão de que havia um significado mais profundo para aquele pedido? Ou seriam apenas os seus desejos, aqueles desejos que ela não tinha coragem para admitir ter, a falar mais algo?

Decidida a descobrir, Yngrid colocou o seu braço no deu Darkness, deixando que ele a guiasse na direção da sala dos professores. Sentia os olhares dos outros alunos poisar sobre si enquanto passavam pelos corredores e, se não estivesse já completamente corada, teria corado ainda mais, a cada passo que davam.

Finalmente, chegaram à sala dos professores. Estavam lá vários, em mesas separadas por grandes biombos, juntando-se dois, três ou quatro numa só mesa. Eles, ao contrário dos alunos, ignoraram-nos completamente enquanto Darkness levava Yngrid para um canto mais resguardado.

– Apesar de todos os nossos encontros nos Arquivos Classificados e das nossas agradáveis conversas no meu gabinete, tenho a impressão de que não te conheço como deve ser – disse Darkness, oferecendo-lhe uma pequena pilha de torradas barradas com manteiga.

– P-pois – murmurou Yngrid, aceitando as torradas, sem saber que mais dizer.

– Gostarias disso, Yngrid? – perguntou Darkness, inclinando ligeiramente a cabeça para o lado, com aquele seu sorriso amoroso a derrete-la.

Sem se conseguir controlar, Yngrid acenou com a cabeça.

Darkness fez um sorriso satisfeito, tão amplo que revelou as pontinhas afiadas dos seus caninos. Ele puxou uma tosta mista para si, sem parar de sorrir, e começaram a comer, com Darkness a tentar avançar com uma conversa. Ao início Yngrid estava demasiado melindrada com a situação para dar respostas com mais de duas ou três palavras, mais à medida que o tempo foi avançando, ela conseguiu libertar-se, ficando extremamente desiludida quando Darkness anunciou ser hora de regressarem aos seus afazeres.

Levantaram-se e estavam quase a sair da sala quando Darkness segurou a mão de Yngrid, fazendo-a parar e virar-se na sua direção.

– Até logo – murmurou ele, com um sorriso torto, maroto.

– Até logo – respondeu Yngrid, sem se dar conta disso.

Portanto, sentiu o ar faltar-lhe nos pulmões quando Darkness se chegou à frente, aproximando os seus rostos de um modo que não deixava dúvidas quanto ao beijo que se seguiria, caso ela não o parasse. E Yngrid estava demasiado chocada sequer para respirar. Assim, Darkness chegou ainda mais à frente, até depositar um suave beijo nos lábios de Yngrid, pressionando-os com ternura e carinho e mantendo-se assim por alguns segundos, que no entanto pareceram uma eternidade.

Quando Darkness se afastou, os seus lábios produziram um estalido muito suave e íntimo que fez Yngrid corar e arrepiar-se.

Darkness soltou um risinho, parecendo prestes a rebentar às gargalhadas de regozijo, os olhos avermelhados brilhando como dois pequenos sóis.

– Bem, vemo-nos depois – despediu-se ele, começando a andar de costas na direção da porta enquanto passava nervosamente as mãos pelo cabelo, recusando-se a despegar os olhos de Yngrid. Andar para trás deu mau resultado, porque calculou mal a distância a que estava da porta e, quando finalmente se virou, foi contra ela, batendo com a testa na madeira. Ele soltou um risinho nervoso na direção de Yngrid, corando de forma adorável, e depois foi-se apressadamente embora.

A rapariga ficou alguns segundos parada, até que se começou a rir baixinho.

* * *

Hisui colocou a torta de chocolate e framboesa no forno, deixando que as lágrimas lhe escorressem silenciosa e livremente pelo rosto. Quando se endireitou, depois de fechar a porta do forno, Ouro aproximou-se por fim. Poisou suavemente as mãos no maxilar da rapariga e fez os polegares deslizarem pelas maçãs do seu rosto, limpando os rastos molhados das lágrimas.

– Não chores – murmurou ele, com uma expressão triste.

– Não consigo evitar – negou Hisui, abanando a cabeça – Fazer este bolo faz-me pensar… como seria vê-la fazê-lo. Comê-lo vindo das mãos dela. Gostaria tanto de ter… sei lá, uma fotografia, um retrato, para saber como ela era…

– De certeza que era muito bonita, tal como tu és – garantiu Ouro, abraçando Hisui contra si, com toda a força.

A rapariga deixou-se ficar, enterrando o rosto na curva do pescoço do namorado. Fechou os olhos e deixou-se preencher pelo carinho e pela proximidade de Ouro, perdendo de tal modo a noção do tempo que apenas se afastaram quando o forno apitou, avisando que a torta estava pronta.

– Coloca a mesa – disse Ouro, dando um longo beijo na testa de Hisui – Eu trato do resto.

Hisui cedeu, colocando pratos de sobremesa para si e para Ouro enquanto ele decorava a torta com algumas framboesas. Estando finalmente o doce pronto, sentaram-se e cortaram uma fatia para cada um. Hisui recomeçou a chorar à primeira garfada, mas comeu tudo sem um só soluço. Ouro absteve-se também de fazer comentários, apesar de lançar olhares tristes à namorada de tantos em tantos segundos.

– Estava bom – gabou ele, quando terminaram.

Hisui acenou uma concordância, limpando as lágrimas.

Ouro ficou a olhar para ela alguns segundos, certificando-se de que ela estava pronta para mudar de cenário, antes de sugerir.

– Vamos ver como está o Burn?

Hisui olhou para ele, lembrando-se subitamente de que Burn estava mal, e acenou com a cabeça, cedendo.

Saíram da cozinha de mãos dadas, na direção da enfermaria, mas não chegaram tão longe. Antes disso, um pequeno grupo de professores aproximou-se, todos com expressões graves e pouco amigáveis.

– Hisui – disse um deles – Temos de falar.

– Sobre?

– Não podes manter a Aina e a Aino presas eternamente. Nós precisamos de alguém a governar a escola, precisamos delas.

– Se o problema é esse, ter alguém na diretoria da escola, então arranjem outra pessoa – disse Hisui – Das masmorras, as gémeas não saem.

– Não tens autoridade para decidir isso – disse outro professor.

Hisui soltou uma gargalhada seca e perigosa.

– A história da profecia já correu a escola toda, portanto, vocês sabem perfeitamente com quem estão a falar. Se mais alguém nesta escola, para além de mim e dos outros deuses da profecia tem uma autoridade acima da nossa, façam o favor de avisar.

Os professores trocaram olhares, sabendo que não havia maneira de refutarem aquele argumento.

– Muito bem – disse o primeiro que falara – Nesse caso, faz o favor de nos acompanhar, e aos outros deuses da profecia, para decidirmos quem ficará no comando de Atlantis.

– Isso não pode ficar para depois? – perguntou Hisui, aborrecida.

– Não – negou o deus, num tom duro – Tem de ser decidido agora.

Hisui suspirou, mas acenou.

Vários professores foram procurar Gina, Tech, Dest e L e reuniram-se todos numa sala, juntamente com os professores, para alegria dos outros alunos, cujas aulas foram todas canceladas.

Quando finalmente puderam começar a reunião e a discussão se instalou, Hisui soltou um pequeno suspiro. Ficaria ali presa por muito tempo.


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