Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 92
Capítulo 92




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528977/chapter/92

– O Burn está mal – informou Bella – Parece que as Parcas conseguiram virar o seu poder do fogo contra ele.

Gina franziu ligeiramente o sobrolho, aproximando-se de Burn. Estendeu a mão e poisou-a na testa do rapaz, fazendo-o inspirar profundamente, aparentemente em alívio.

– Ele está quase cozido por dentro – murmurou Gina – Se não fizermos nada, o cérebro dele ainda é capaz de derreter ou assim. Ele está mesmo muito quente…

– Consegues salvá-lo, Gina? – perguntou Softhe, com os olhos cheios de lágrimas.

Gina olhou para Softhe, fixando-a por algum tempo, como se estivesse a preparar-se para lhe dar uma má notícia. Softhe apercebeu-se do seu olhar, porque as lágrimas começaram a escorrer-lhe pelo rosto enquanto ela soluçava:

– Por favor, Gina…

A Criação soltou um pequeno suspiro, tornou a olhar para Burn, e retirou a mão da testa suada do rapaz.

– Não consigo reverter o que as Parcas fizeram, é algo que está para além das minhas capacidades – começou ela – Mas tenho a certeza de que o Burn conseguiria “concertar-se” a si mesmo se estivesse apto para isso, algo que, com esta temperatura corporal, obviamente não está. Portanto, diria que o primeiro passo seria tentar baixar-lhe a febre.

– As Adeptas da Cura, e até a Suprema, já tentaram tudo – murmurou Softhe – A temperatura dele…

– Sim, irá queimar os medicamentos de imediato – confirmou Gina – E aposto que a água também não tem dado muito efeito – disse, atirando um pequeno gesto de cabeça na direção da vasilha de água fria que estava ao lado de Softhe – Do que ele precisa… é de gelo – disse Gina, lançando um olhar sugestivo na direção de Saya, fazendo-a engolir em seco – Do mais puro e frio gelo.

Todos seguiram o olhar de Gina na direção de Saya e a rapariga, ao ver-se vítima de tantos olhares, baixou a cabeça.

– Consegues fazê-lo, Saya? – perguntou Gina, parecendo estar mais a tentar incentivar a amiga a falar do que propriamente a tentar conhecer os limites do poder dela.

– Sabes que sim – murmurou Saya – Mas… não sei se tocar-lhe irá ser boa ideia – hesitou a rapariga, agarrando a mão enluvada com a mão esquerda.

– Não o mataras – negou Gina, afastando-se de Burn e oferecendo o lugar em que estivera, à cabeceira da cama, a Saya – No estado em que ele está, o calor dele magoar-te-á mais a ti do que o teu frio a ele.

– A Saya será magoada? – perguntou Lilás, desconfiado e parecendo pronto a impedir a rapariga, no caso de ela aceitar ajudar Bunr.

– Nada de grave – garantiu Gina.

– Eu consigo – disse Saya, lançando um sorriso tranquilizador a Lilás antes de avançar para Burn, descalçando a sua luva e revelando a mão de gelo.

Os amigos que não tinham estado no Olimpo e ainda não tinham visto a mão de Saya sustiveram audivelmente a respiração, mas escusaram-se aos comentários ou às perguntas. Ficaram apenas a observar Saya poisar a sua mão de gelo sobre a testa de Burn.

– Autch – resmungou a rapariga, enquanto gelo começava a subir-lhe pelo braço, desaparecendo no interior da manga da sua t-shirt e algumas lascas surgindo na base do seu pescoço, onde por fim pararam. Surgiram também algumas lascas em redor dos dedos da sua mão de gelo, colando-se à testa de Burn.

– Estás bem, Saya? – perguntou Lilás, aproximando-se, preocupado.

– Sim, estou bem – confirmou ela, com um novo sorriso tranquilizador.

– Agora é só esperar que a temperatura corporal dele baixe – notou Gina – Deverá ainda demorar algum tempo, talvez só amanhã ele acorde.

– Mas ele vai ficar bem, certo? – procurou Snow confirmar.

– É claro que vai – disse Tech, confiante – Mas, se já não resta fazer nada se não esperar, acho que vou comer qualquer coisa e deitar-me. Estou cansadíssimo.

– É, o melhor a fazer agora é todos descansarmos – confirmou Gina.

– Eu vou pedir uma maca a uma Adepta da Cura, para a Saya poder dormir aqui – murmurou Lilás, saindo da divisão, logo seguido dos outros, cuja fome tinha sido despertada pela alusão que Tech fizera a comida.

Gina tentou segui-los, mas Softhe saltou para lhe pegar na mão, fixando-a com os seus amplos olhos castanhos.

– Obrigada, Gina – murmurou Softhe.

Gina ficou a olhar para ela, surpreendida, até que fez também um pequeno sorriso, a sua expressão suavizando-se visivelmente.

– De nada.

* * *

– Vens? – perguntou Tech a Dest, levantando-se e espreguiçando-se longamente.

– Vou já – disse Dest, desviando a sua atenção de Bella apenas o suficiente para lançar um pequeno sorriso ao gémeo – Vou ficar um pouco mais com a Bella e já vou para o quarto.

– Okay – cedeu Tech, encolhendo levemente os ombros e seguindo caminho para os dormitórios.

Caminhava alegremente, assobiando uma melodia inventada por si, quando uma figurinha de longos cabelos loiros se atravessou na sua frente.

– Então! – exclamou Elpída, em jeito de cumprimento – Não tens nada para me contar?

Tech disfarçou um sorriso enquanto passava por ela e continuava o seu caminho para o quarto.

– Deveria ter? – perguntou.

– Sim – confirmou Elpída – Quero saber quem é esse “homem da minha vida”.

– E porque haveria eu de dizer? – perguntou Tech.

– Porque sou uma rapariga amorosa, mas de coração partido, que está a precisar do carinho de uma cara-metade para voltar a sentir-se em cima?

– Basicamente, usar essa pessoa para esqueceres a Hisui – disse Tech.

– Claro que não! – negou Elpída, ofendida – Quero simplesmente saber quem é… procurar conhecer esse rapaz. É que não me apetece andar a correr atrás de todos os rapazes da escola, até o encontrar.

Tech riu-se suavemente, entredentes.

– Queres mesmo saber quem é? – perguntou, olhando para Elpída por cima do ombro.

A rapariga acenou e Tech sorriu ainda mais.

– Então, fecha os olhos.

Elpída lançou um olhar desconfiado a Tech, mas cedeu a fechar os olhos, aguardado.

Tech aproximou-se dela sorrateiramente, o seu sorriso tornando-se mais malandro a cada passo, até que se baixou e espetou um beijo relâmpago nos lábios de Elpída, fazendo-a escancarar os olhos, chocada.

– O que é que fizeste?! – guinchou ela, furiosa, enquanto Tech fugia a correr, rindo à gargalhada.

– Não sejas má para o homem da tua vida – disse Tech, piscando-lhe um olho rosa muito brilhante antes de virar numa esquina no corredor, deixando Elpída suspensa nas suas palavras.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Candidatos a Deuses" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.