Estando Bella e Ónix prontos, seguiram com Hisui, Elpída, Tech, Dest, L, Shark, Saya e Lilás para outro quarto da enfermaria, encontrando Yngrid e Darkness a conversar com Ouro e Circe, que ainda tinham a cara coberta de fuligem, mas que pareciam ter os pulmões limpos de todo o fumo que tinham inalado. Snow estava sentado na marquesa ao lado da Deusa Adepta do Saber, acariciando-lhe os cabelos e beijando-os de vez em quando.

Começaram logo a disparar perguntar assim que viram os deuses da profecia e, depois de instalados, Hisui, Tech, Dest e L contaram sobre tudo o que tinha acontecido desde que se tinham separado.

– Então e vocês? – perguntou Hisui, na direção de Ouro e Circe, estando o primeiro a envolver-lhe a cintura com os braços, beijando-lhe ocasionalmente os cabelos ou a testa.

– Os professores chegaram pouco depois de vocês saírem – disse Snow – E trouxeram o Ouro e a Circe para aqui. Os Adeptos da Cura limparam-lhes o fumo dos pulmões e colocaram-lhes umas máscaras de oxigénio por algum tempo.

– Safamo-nos ilesos – acrescentou Ouro, com um pequeno sorriso.

– E tu, Yngrid? – perguntou Dest.

– Desci as escadas de volta à escola com a ajuda do Darkness – explicou a rapariga, dirigindo um pequeno sorriso para o professor, que lhe acariciou os cabelos – Quando chegámos, encontrámos a Bella e o Ónix a amarrar as gémeas e então ajudámo-los a carrega-las para as masmorras.

– Hey, mas onde estão a Gina e o Niko? – perguntou Circe de repente.

– Ficaram um pouco mais para trás, mas não creio que demorem muito a regressar – disse Saya.

– E onde está a Softhe? – perguntou L, dando-se de repente conta de que a amiga não estava ali – E o Burn?

Snow, Darkness e Yngrid trocaram olhares cheios de significados.

– O que é que aconteceu? – perguntou Hisui, empalidecendo – Não me digam que as Parcas disseram a verdade e que o Burn… ele… ele está… morto?

Darkness negou tristemente com a cabeça.

– Não está morto. Mas está lá perto…

– Onde é que ele está? – perguntou L – A Softhe está com ele?

– Sim, está. Ele deverá estar num quarto na parte dos cuidados intensivos.

Os amigos trocaram olhares, ainda mais alarmados por ouvirem falar em cuidados intensivos. Abandonaram logo o quarto, correndo até à ala dos cuidados intensivos. Perguntaram a uma Adepta da Cura por quem passaram onde estava Burn e ela hesitou em guiá-los. No entanto, uma ordem de Darkness foi o suficiente para ela lhes permitir a entrada no quarto do rapaz.

– Que calor – bufou Circe, quando entraram na divisão, tentando arejar-se com as mãos.

– Pelos Templos Perdidos – murmurou Shark, o olhar chocado fixo na maca do outro lado da sala.

Burn estava lá, um fino lençol branco cobrindo-o até meio do peito despido. Estava ligado a todo o tipo de máquinas, que mediam a pulsação, a cadência da respiração, e mais uma data de coisas que nenhum dos amigos estava apto a entender. Tudo isso parecia fazer o estado do rapaz parecer ainda pior. A pele de Burn estava vermelha, suada, com ar febril. As pálpebras eram a parte mais avermelhada, ligeiramente inchadas e com as minúsculas veias destacando-se sinistramente na pele. Os lábios estavam secos, gretados e com aspeto de já terem sangrado bastante. Apresentava diversos cortes pequenos e finos espalhados pelo corpo e ligaduras enroladas em certos pontos, que com certeza escondiam cortes maiores.

– O que é que lhe aconteceu? – perguntou Hisui, baixinho, aproximando-se.

Softhe, sentada ao lado de Burn, olhou na direção deles, fazendo um sorriso muito pequenino e completamente forçado.

– Parece que ele está com febre – murmurou Softhe.

– Febre? – repetiu Shark, descrente – O rapaz está a ferver por dentro! Porque não lhe deram alguma coisa para baixar essa temperatura?

– Elas tentaram – murmurou Softhe, com a voz quebrada pela triste – Mas a temperatura corporal é demasiado elevada, o metabolismo dele queimou logo os medicamentos, sem lhes dar tempo de fazer efeito…

Instalou-se um silêncio desconfortável na divisão, até que L perguntou:

– Como é que isso aconteceu?

Softhe encolheu os ombros levemente, sem desviar o olhar do rosto de Burn. Pegou numa pequena compressa molhada e colocou-a sobre a testa de Burn. Libertou-se algum vapor de água e, numa questão de segundos, a compressa estava seca.

– A Deusa Suprema da Cura disse que, de algum modo, as Parcas conseguiram virar o poder dele contra ele – murmurou Softhe, enquanto puxava a compressa da testa de Burn. Mordeu rapidamente o lábio logo de seguida, enquanto os seus olhos de enchiam de lágrimas contidas.

L apressou-se a ir abraçar a amiga, apesar de o calor junto de Burn ser quase insuportável.

– Elas estão a derrete-lo por dentro! – soluçou Softhe, sem se conseguir controlar mais, começando a chorar descontroladamente.

– Vocês não podem fazer nada? – perguntou Snow a Tech e Dest, ao que os dois rapazes encolheram nervosamente os ombros.

– Eu já antes tinha dito, a pedido da Softhe, que o Burn teria uma vida longa – lembrou Tech – Pronunciadas as palavras, já nada posso fazer para as anular. Não era suposto o Burn estar neste estado, tão perto da morte…

– Então isso quer dizer que vamos encontrar uma maneira de o salvar – disse Yngrid, otimista.

– Esperamos que sim – murmurou Dest.

– Onde é que está a Gina quando precisamos dela? – resmungou Lilás.

– A Gina? – repetiu Softhe, parando de chorar.

– Sim, a Gina com certeza que o conseguiria ajudar – disse Lilás – Afinal, ela é a Deusa da Criação.

– Sim, mas isto tem a ver com poderes, não com o corpo – lembrou Hisui – Neste caso, talvez fosse melhor chamar as gémeas…

– Não quero as gémeas perto dele! – rugiu Softhe, furiosa – Elas matá-lo-ão, em vez de o salvar.

– Então só resta mesmo a Gina – constatou Yngrid.

– A falar de mim? – perguntou Gina, entrando nesse momento na divisão.