Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 90
Capítulo 90




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528977/chapter/90

Niko apenas se moveu alguns minutos depois de deixar de ver os seus amigos, quando sentiu Gina soltar um longo suspiro e os seus músculos relaxar. Deu-lhe um pequeno beijo no topo da cabeça, acariciando lentamente os seus cabelos.

– Não te posso dar uma vida normal – murmurou – E nem sequer posso garantir que te vou dar uma vida feliz. Mas vou tentar tudo para que assim seja. Eu juro, Gina, eu vou fazer tudo ao meu alcance para que sejas a pessoa mais feliz do mundo, do universo, de todos os lugares que existem e não existem. Mas, por favor… fica comigo.

Niko sentiu a tensão regressar, lentamente, ao corpo de Gina, como cimento a solidificar. Os seus próprios olhos encheram-se de lágrimas pois reconhecia isso como sendo o primeiro sinal de que a sua nova tentativa de convencer Gina estava destinada ao fracasso.

– Por favor, Gina – implorou ele, sem conseguir impedir que a voz ficasse embargada pelo choro contigo – Por favor, fica comigo. Eu preciso de ti, sabes bem disso. E não só eu. Também o Lilás é teu Adepto, e sabes que nós não podemos ficar longe da nossa Suprema…

Niko calou-se quando Gina se afastou dele, virando-lhe as costas. O rapaz ficou alguns momentos a olhar para a cabeleira negra de Gina até que tornou a falar:

– É medo que tens, Gina? Medo da responsabilidade que te pesa sobre os ombros? Medo de falhar?

Gina não respondeu quando Niko se calou, dando-lhe a oportunidade de expressar uma qualquer reação. Soltando um suspiro, Niko aproximou-se dela, poisando o queixo no seu ombro enquanto envolvia a cintura de Gina, encostando o peito às suas costas.

– Sabes que não tens de aguentar tudo sozinha – murmurou ele – Até o teu pai sabia, e ele disse-to. Tu tens amigos, Gina. Tens amigos, Adeptos… e a mim. Nós estamos todos aqui para o que der e vier, não te vamos deixar sozinha, vamos ajudar-te de todas as formas que pudermos…

Gina voltou-se nos braços de Niko, erguendo o olhar para ele.

O coração do rapaz apertou-se-lhe dentro do peito ao ver a expressão triste de Gina. Nunca a vira assim.

– Não é medo – negou ela, baixinho – Eu só quero… ser normal.

– Tu és normal – garantiu Niko, empurrando suavemente uma madeixa do cabelo de Gina para trás da sua orelha – Tu és perfeitamente normal, entre os deuses. É entre os humanos que te sentes uma aberração. És diferente deles, Gina, e isso nunca irá mudar.

Gina baixou o olhar para baixo e Niko poisou suavemente a mão sobre o rosto da rapariga, fazendo-a olhar para ele. Esboçou um sorriso.

– É claro que continuas a ser especial entre os deuses, afinal, és a Deusa da Criação…

– Cala-te! – ralhou Gina, apesar de também os seus lábios se esticarem num pequeno sorriso.

– Não serás mais especial para eles do que és para mim – murmurou Niko, olhando para Gina com uma seriedade que fez o sorriso da rapariga desvanecer-se.

Ficaram a olhar um para o outro durante alguns instantes, os olhos de Niko descendo, ansiosos, para os lábios de Gina.

– Seria agora completamente normal se eu te beijasse – murmurou ele – Posso? Gina?

Gina desviou rapidamente o olhar e, para grande choque e agrado de Niko… corou.

– E-eu acho que devíamos ir – disse Gina, tentando escapar-se das mãos do seu Adepto.

Niko riu-se e agarrou-a de novo, apertando-a com força contra si enquanto procurava os seus lábios. Gina tentou virar o rosto, mas Niko agarrou os cabelos da sua nuca e obrigou-a a enfrentar o seu beijo ardente.

Bastou o contacto dos seus lábios para Gina parar de resistir, fazendo deslizar, hesitantemente, as mãos pelos ombros de Niko, até conseguir abraçar o seu pescoço. Niko relaxou a mão com que segurava os cabelos de Gina, acariciando suavemente a pele do seu couro cabeludo, para suavizar qualquer dor que lhe pudesse ter causado.

Beijaram-se por alguns longos e bons momentos. Niko deliciava-se com os lábios de Gina, vibrando de satisfação por a sentir corresponder tão completamente ao seu beijo. Ainda mais satisfeito ficou ao senti-la tecer pequenas e tímidas carícias nos seus cabelos, experimentando, ousando… libertando-se.

Afastaram-se alguns momentos depois, ofegantes, e Niko murmurou:

– Amo-te, Gina.

– Génesis – murmurou ela, fazendo os ouvidos de Niko zumbir com a força do nome.

– O quê? – perguntou ele, chocado, sem querer acreditar que Gina acabara de lhe revelar o seu primeiro nome.

– Génesis – repetiu Gina, olhando para ele – O meu nome é Génesis.

* * *

– Deixaram-nas viver? – admirou-se Hisui, franzindo o sobrolho – Depois de tudo o que elas fizeram, vocês deixaram-nas viver?!

– Não nos compete a nós decidir se elas vivem ou morrem – negou Bella, esperando pacientemente que uma Adepta da Cura terminasse de lhe fazer o curativo no golpe que tinha na testa.

– Pois não, tens razão – disse Hisui, com uma leve nota de desprezo na voz – Compete-nos a nós.

– Hisui – chamou Dest, em tom de aviso.

– Eu vou lá agora, acabar com elas – decidiu Hisui, ignorando Dest e preparando-se para sair da enfermaria.

– Hisui – chamou Elpída, de repente, fazendo a Suprema virar-se para a encarar – Deixa-me ir eu. Tenho mais razões do que tu para querer matar as gémeas. Deixa-me fazê-lo.

Hisui olhou Elpída alguns segundos, soltando depois um suspiro e acabando por acenar com a cabeça.

– Como entenderes – cedeu.

– Nós prendemo-las nas masmorras – informou Ónix, vestindo uma camisa com pequenos esgares de dor, devido ao golpe profundo que tinha no ombro, agora fechado com suturas.

Elpída acenou e estava quase a sair da enfermaria quando a Adepta da Cura diz:

– Estão a cometer um erro.

– Que erro? – perguntou Hisui, cruzando os braços.

– As gémeas foram as orientadoras de Atlantis durante milénios, desde a sua fundação – lembrou a Adepta – Não será bom se de repente elas forem mortas por alunos.

– Como se eu quisesse saber – bufou Elpída.

– Talvez devesses – estalou a Adepta da Cura – Ou já te esqueceste que elas são as Deuses Supremas do Saber e, sem elas, a vossa amiga Circe morrerá também?

Os amigos trocaram olhares entre si.

Não se tinham lembrado desse pormenor, no meio de todo o ódio que sentiam pelas gémeas, por elas terem feito parte dos planos maquiavélicos das Parcas. Mas aquela era a verdade: não as podiam, pura e simplesmente, matar.

– Não as podemos matar – constatou Bella.

– Não podemos deixar que elas continuem no poder de Atlantis – insistiu Hisui – E se elas não quiserem sair a bem, sairão à força.

– Deixem-nas presas nas masmorras – sugeriu Elpída, cruzando os braços – Tal como elas me deixaram a mim.

– É uma escolha mais sensata – admitiu Dest.

– Mas posso brincar com elas enquanto isso? – perguntou Elpída, com um olhar maquiavélico.

– É melhor não – disse Hisui, dando uma palmadinha amigável no ombro da sua Adepta, rindo – Ainda acabas por brincar demais e estragar o brinquedo.

Hisui e Elpída trocaram um olhar entendido e riram-se de novo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Candidatos a Deuses" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.