Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 9
Capítulo 9




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– Eu sou Aino – disse uma das gémeas.

– E eu sou Aina – disse a outra.

– Somos a entidade suprema de Atlantis – disseram, falando de novo ao mesmo tempo.

– Sinistras – murmurou Softhe, muito baixinho.

As gémeas tinham de facto algo de muito sinistro. Eram altas, magras e delicadas. Os seus cabelos loiros e lisos caiam-lhes até à cintura e os olhos azuis-claros pareciam dois pedaços de gelo aguçado e brilhante. Parecia que conseguiriam penetrar na alma de quem quer que fosse e ler os seus mais profundos segredos.

– A nossa função é garantir que nenhum de vocês desrespeita as regras de Atlantis – disse a gémea que se dizia chamar Aino – E garantir que se tornam deuses íntegros, responsáveis e respeitáveis.

– Não toleramos qualquer tipo de desrespeito às regras – disse Aina.

– E não pensem que nos podem esconder seja o que for – acrescentou Aino – Nós somos as Deusas Supremas do Saber.

– Temos visões do futuro – revelou Aina.

– Lemos pensamentos – acrescentou Aino.

– E detetamos mentiras – concluiu Aina.

– Mas isso é algo que vocês aprenderão com o tempo – disse Aino, fazendo um pequeno sorriso simpático – Por agora, deixamo-vos com os vossos Padrinhos e Madrinhas. E boa sorte a todos.

Aino e Aina deram meia volta e atravessaram a porta de aço e diamantes. Os alunos ainda nos degraus desceram-nos, com sorrisos quentes de boas-vindas, e depois misturaram-se com os alunos novos, apresentando-se.

Na direção de L veio uma rapariga pálida, com os cabelos lisos de um tom acinzentado até aos ombros e olhos de um azul-cobalto muito bonito. Vestia umas calças brancas com as costuras laterais em negro, uma blusa igualmente branca e um sobretudo negro sem mangas por cima. Na mão direita trazia uma luva negra com um símbolo qualquer gravado nas costas, nos pés, umas botas negras e, ao pescoço, uma gargantilha negra semelhante a uma coleira.

– O meu nome é Saya – apresentou-se ela – Tu és a L?

A rapariga limitou-se a acenar nervosamente, um pouco intimidada pela Madrinha que lhe calhara. Era impressão sua ou a rapariga tinha uma cicatriz por baixo do olho esquerdo? Uma linha avermelhada que descia da pálpebra inferir até à maçã do rosto, com aspeto de ter sido queimada.

– Então mexe-te – pediu Saya, virando-se e começando de imediato a subir a escadaria, sem sequer verificar se L a seguia.

L virou-se para acenar uma despedida a Softhe, que parecia estar a dar-se lindamente com a sua Madrinha, e depois seguiu apressadamente atrás de Saya.

– Ora bem, a coisa vai ser assim – disse Saya, quando L se colocou a seu lado – Eu não tenho paciência para idiotas, retardados ou coscuvilheiros. Se fores alguma dessas coisas, é melhor ouvires o que tenho para dizer e depois dares aos patins e desenrascares-te sozinha. Topas?

– Não sou nada disso – informou L.

– Ótimo – disse Saya – Então ouve, cala-te e vê se entendes tudo à primeira. Detesto ter de me repetir, até porque só os idiotas precisam de ouvir as coisas uma segunda vez.

L acenou e Saya inspirou fundo antes de começar:

– A escola é grande, mas não é difícil de conhecer. E, no geral, também não é perigosa. Mas se houver algum sinal a dizer que é proibido entrar naquela sala, é melhor que lhe tomes atenção. Quanto às pessoas, o caso é mais difícil. As pessoas que te possam parecer mais simpáticas são as mais perigosas daqui e as que te parecem mais intragáveis são os melhores amigos que podes fazer – Saya olhou para L pelo canto do olho – Não te pareço simpática, pois não?

– Nem um bocadinho – confirmou L, sem conseguir evitar um sorriso divertido.

– Aí tens – disse Saya, partilhando do sorriso de L apenas com um brilhozinho no olhar – Eu podia agora fazer-te uma lista de todas as pessoas que deves evitar, mas isso levaria muito tempo. Começo só por avisar para teres cuidado com o que fazes: a Aino e a Aina são mesmo as Deusas Supremas do Saber. Ou seja, sabem quase tudo. Só não sabem informações que foram protegidas com o poder de outros deuses, poder esse que quase ninguém tem. Portanto, se decidires andar pelos corredores da escola depois da hora de recolher e se Aino e Aina não te mandarem para o castigo, não penses que elas não sabem. Apenas ignoraram.

L acenou.

– Mas, por agora, vamos ao que interessa – disse Saya – Hoje é a Cerimónia de Abertura, o que é quase um sinónimo de vestidos. Não te preocupes se não tiveres nenhum, o Deus Supremo da Moda vive aqui na escola. Dá para acreditar que já existe um Deus Supremo da Moda? – perguntou Saya, começando de repente a divagar – A sério, é tão ridículo. Não tarda também poderá nascer um Deus Supremo da Condução. Até me enjoa só de pensar.

Nesse instante, chegaram ao final de um corredor, com uma porta de vidro na frente. A porta deslizou para o lado mal elas se aproximaram e entraram no que parecia ser o armazém de uma loja de roupa. Gigantescos rolos de tecido forravam as paredes, com um farnel de cores e texturas que L mal conseguia conceber. Vários manequins cinzentos com perucas estavam espalhados por todo o lado, qual exército de seres de plástico. E, ao fundo da sala, estava um bonito e jovem homem de cabelos e olhos negros, debruçado sobre uma grande mesa quadrada, a medir uma tira de tecido.

– Olá, Sebas – cumprimentou Saya.

Sebas ergueu o olhar de repente e depois fez um pequeno sorriso ao ver Saya e L.

– Olá – cumprimentou ele, devolvendo a atenção ao tecido – Já chegaram os humanos?

– Ná, esta rapariga é só uma manifestação mística da minha avozinha imortal – respondeu Saya, num tom ligeiramente desdenhoso.

– Irónica como sempre – suspirou o rapaz, endireitando-se e virando-se para as duas raparigas – Mas em que é que posso ajudá-las?

– Que tal fazeres um fato para o Halloween? – sugeriu Saya.

– Okay, okay! – exclamou Sebas, erguendo as mãos em rendição – Não batas mais. Já sei o que queres.

– Finalmente – suspirou Saya, revirando levemente os olhos.

– Quantos? – perguntou Sebas.

– Só um, para ela – disse Saya – O meu do ano passado ainda está bom.

– E vais repetir um vestido? – perguntou Sebas, enquanto estalava os dedos na direção dos manequins – Isso não é lá muito elegante.

– Como se eu quisesse saber – resmungou Saya, cruzando os braços – Ah, a propósito. L, este é o Sebas, quem nos faz a roupa toda. Sebas, esta é a L, uma humana acabadinha de chegar.

– Prazer em conhecer-te, L – disse Sebas, fazendo um sorriso muito simpático.

L retribuiu o sorriso, mas não teve tempo para mais. Soltou apenas um grito de susto ao ver várias manequins de plástico a andar na sua direção, de repente com vida.


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