Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 81
Capítulo 81




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– Hey, que barulho é este? – perguntou Shark de repente, no segundo em que Yngrid terminou de falar, erguendo a cabeça para ouvir melhor.

– Está alguém a… gritar? – admirou-se Saya, levantando-se da relva, adivinhando que vinham aí problemas.

Levantaram-se todos quando notaram que os gritos se estavam a aproximar, vindo na sua direção. Não demorou até verem Circe surgir de entre as árvores, gritando, completamente alucinada, toda suada, arranhada e esfarrapada, sugerindo várias quedas no caminho até ali. Apressaram-se todos a correr até à rapariga, que se deixou cair nos braços de Hisui e Saya, quando elas a tentaram agarrar.

– Não – gemeu Circe, numa voz desesperada que até metia aflição, o rosto completamente alagado em lágrimas, os olhos inchados pelo choro, de tal modo que ela mal conseguia abri-los. No entanto, a mudança do usual castanho-escuro para um sinistro e brilhante castanho claro era tão gritante que todos a notaram.

– Ela está a ter uma visão – murmurou Hisui – Ou uma alucinação, não sei dizer…

– Agora? – admirou-se Saya, lutando para segurar Circe de pé, que continuava a deixar-se cair para o chão, chorando e gemendo “não” sem parar e cada vez mais alto, até voltar aos gritos que eles já tinham ouvido.

– Algo desencadeou esta reação – disse Hisui, confusa.

– Que horror – murmurou Yngrid, encolhendo-se, assustadíssima com o som dos gritos de Circe.

– Ela parece que está a morrer – concordou Shark, num igual murmúrio, tentando controlar-se mas sem conseguir também ele esconder o medo que estava a sentir – Os gritos dela… parece que lhe estão a arrancar as entranhas…

– Ela está bem – negou Hisui, puxando Circe com mais força, uma vez que ela estava quase caída no chão – Circe… Vá lá, levanta-te…! O que é que se passou?! O que é que vês?!

– Não! Eu não quero ver! Eu não quero ver! – gritou ela, abanando a cabeça veemente, os cabelos castanhos voando com os movimentos do seu rosto, colando-se ao rosto molhado e alguns entrando-lhe para a boca, contribuindo para ficar com um aspeto ainda mais sinistro – Não quero ver, não quero ver, não quero, não quero, não quero…

– Conta-me, Circe! – insistiu Hisui, abanando-a levemente, para logo depois a tornar a puxar, uma vez que ela se deixava cair novamente no chão. Hisui e Saya soltaram um grunhido de esforço antes de a conseguirem prender entre os seus braços, de modo que ela agora não cairia de certeza.

– A morte – sussurrou Circe, de olhos arregalados, o brilho dos seus olhos lançando sombras sobre o seu rosto – Ela está aqui. Ela está aqui, Hisui, está aqui.

– Ah… – fez Hisui, sem saber como mais haveria de reagir – E que está a fazer?

– A morte! – gritou Circe, tornando a debater-se e a deixar-se cair no chão – Ela está aqui, escondido por detrás da face e da voz de um anjo! Mas os olhos… os olhos denunciam-na. E o toque… o toque é frio! Frio como gelo! É a morte que está aqui! Ela está aqui!

– Au! – gritou Saya, quando um dos movimentos descoordenado de Circe resultou num soco na sua cara. Saya cambaleou para o lado, os seus braços acabando por libertar Circe. Hisui não a conseguiu segurar a tempo e a Deusa Adepta do Saber caiu finalmente no chão, desmaiando antes mesmo de o tocar.

Ficaram todos a olhar para o corpo inconsciente de Circe, chocados, ouvindo-se algumas respiração ofegantes.

Hisui, que já estava acostumada àquele tipo de acontecimento, foi a primeira a recuperar, gritando:

– Mas que raios de passou aqui?!

– Malta! – gritou outra voz, logo de seguida, enquanto Bella e Dest apareciam a correr, de mãos dadas – As Parcas – gritou o rapaz, ainda a correr – Elas estão na escola!

* * *

– Quem vamos eliminar primeiro? – perguntou Axinite – A miúda das alucinações ou a Deusa da Criação?

– Não importa – disse Esmeralda – Eles são para matar todos, seja de maneira for.

Não se precipitem – disse a voz de uma das gémeas, na mente das três Parcas – A Circe é o menor dos vossos problemas agora. No estado alucinado em que se encontrava, ela não conseguiu avisar os amigos da vossa presença na escola.

Mas uma rapariga da guarda, Bella, conseguiu libertar-se das nossas ordens e contou ao namorado que vocês estão em Atlantis – disse a outra – Os deuses da profecia estão alerta.

– Exceto a Deusa da Criação, que está trancada no quarto – constatou Obsidiana – Portanto, vamos começar por ela.

– Mas ela é que tem o poder menos ofensivo – lembrou Axinite – Deveríamos começar pela Destruição e pelo Destino, que são os únicos que têm modo de responder ao nosso ataque. Se os deixarmos vivos, eles terão tempo de criar uma estratégia que poderá trazer a nossa derrota.

– É impossível derrotarem-nos – disse Esmeralda, com um olhar assassino – Matá-los-emos a todos.

– Não sejam idiotas! – exclamou Obsidiana – Vocês sabem perfeitamente que nós não somos poderosas o suficiente para os atacar se estiverem em conjunto. Temos de os separar primeiro. E a Deusa da Criação está trancada no interior do quarto, completamente sozinha. Indefesa. Vamos começar por ela.

Não se precipitem – repetiram as gémeas, ao mesmo tempo, na mente das Parcas.

A Deusa da Criação está no quarto sem saber de nada, e com um pouco de sorte, nunca saberá – disse, agora só uma delas a falar.

Mas um dos Deuses do Destino – disse a outra gémea – Aquele de cabelo azul de que vocês se livraram na sala comum, saberá em breve do que se passa. O seu gémeo está já a caminho de o avisar e, se os dois se juntarem, teremos muitos problemas. Matem esse primeiro. Incapacitem o Destino.

– Sim – confirmou Obsidiana, pensativa – Se matarmos um dos gémeos, o poder do outro será gravemente afetado. Para não falar na parte mental. Com certeza que a morte do irmão irá ser um golpe muito duro para o outro rapaz.

– Talvez consigamos enlouquecê-lo – notou Axinite.

E quanto à Deusa da Destruição? – perguntaram as gémeas.

– Eu lido com ela – disse Esmeralda, com um sorriso cruel – Agora, vamos dar cabo do Destino.


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