Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 80
Capítulo 80




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Bella sentiu o seu coração apertar-se, a típica reação do seu corpo ao som do seu primeiro nome, mas isso não foi o suficiente para a impedir de abrir um largo sorriso, os olhos alagados em lágrimas de felicidade.

– Sim, a água tinha uma gota do meu sangue… – revelou ela, radiante.

– Louca! – gritou Dest, agarrando-a pelos ombros e abanando-a – Tens noção de quão perigoso isso é?! Qualquer pessoa que agora beba essa água ficará a saber o teu primeiro nome!

– Ninguém bebeu… – murmurou ela, admirada com a explosão de Dest.

– Como sabes?! Tu deixaste a água aqui em cima, completamente abandonada, enquanto me ias buscar! Que garantias tens de que não veio aqui alguém e bebeu da água?!

– Ninguém viria aqui a cima – lembrou Bella – E se viessem, roubariam as sanduiches e a fruta, não a água. Relaxa, Dest. Eu não sou estúpida ao ponto de deixar o meu primeiro nome completamente desprotegido. Eu sabia que a água estaria segura aqui.

Dest gemeu, apertando a cabeça entre as mãos, o seu corpo ainda não completamente refeito do susto que apanhara.

– Temos de fazer alguma coisa – gemeu ele – Temos de nos livrar dessa água, antes que mais alguém beba e fique a saber o teu nome.

– Eu posso bebê-la – disse Bella, pegando no seu copo e bebendo rapidamente a água, esperando que isso acalmasse Dest.

– Eu ajudo-te – sussurrou ele, pegando também no copo e bebendo o que restava da água. Fez uma pequena careta quando finalmente poisou o copo, soltando um suspiro.

– Okay – sussurrou ele – Okay… vou acalmar-me.

Bella esperou pacientemente, vendo Dest respirar fundo várias vezes, exalou o ar todo de uma só vez, ficando de cabeça baixa, as mãos apoiadas nos joelhos, num momento de calmaria depois de todo aquele alvoroço.

– Kathe – sussurrou ele, fazendo o coração de Bella quase saltar-lhe do peito – Ordeno-te que ignores todas as ordens que te foram dadas anteriormente, que te libertes das diretivas que te calam, e que me contes tudo aquilo que me queres contar, seja o que for.

Bella permitiu-se a soltar um suspiro de alívio, por finalmente estar livre, antes de o seu corpo começar de novo a lutar, mas desta vez na direção que ela queria: a de contar tudo a Dest.

– Amo-te! – foi a primeira coisa que lhe escapou da boca – És o homem da minha vida, aquele com quem quero partilhar a minha vida e o resto da eternidade, o pai que quero para os meus filhos…

Bella tapou a boca com as mãos para se impedir de continuar a falar, corando.

Quando Dest lhe ordenara que ela lhe contasse tudo o que tinha para contar, não importasse o que fosse, o corpo e a mente de Bella haviam colocado as coisas que ela queria dizer a Dest, e que nunca dissera, pela prioridade que julgavam adequada. E era óbvio que no primeiro lugar da lista estava uma grande declaração de amor.

Dest ficou a olhar para ela, admirado, até que desatou à gargalhada.

– Okay, tenho de aprender a direcionar as ordens que te dou com o teu primeiro nome – disse ele, rindo.

– Pois – murmurou Bella, controlando o seu impulso para continuar a dizer a Dest tudo o que sentia por ele – Eu pretendia dizer-te tudo isto. Mas mais tarde e não assim.

– Não me importo – negou Dest, sorrindo, empurrando ternamente uma madeixa do cabelo de Bella para trás da sua orelha enquanto lhe diria um sorriso completamente amoroso, ficando sério logo depois – Mas aposto que não era isso que a ordem das gémeas estava a impedir-te de dizer.

Bella negou com a cabeça, respirando fundo antes de dizer:

– As Parcas. As Parcas estão aqui na escola, neste preciso momento. Estão disfarçadas e à tua procura. De ti, do teu irmão, da Gina, da Hisui e da L, de todos os deuses da profecia. Vieram para vos matar a todos.

* * *

A primeira coisa que Circe viu ao entrar na sala comum, foi Snow todo inclinado na direção de três beldades de cortar a respiração, uma de cabelo verde, outra de cabelo ruivo, e uma com longos cabelos castanhos avermelhados, espalhados em seu redor.

Foi imediatamente consumida por uma de ciúmes, sem querer acreditar que Snow estava ali, a seduzir e a ser seduzido por uma rapariguinha qualquer, logo depois do beijo que haviam trocado nessa manhã.

O beijo fora simplesmente para se divertir? Para brincar com ela? Então agora era a sua vez.

Esquecendo-se da fome, quase vendo tudo colorido de vermelho tal a sua raiva, Circe aproximou-se com passos pesados do sofá em que aquele patife estava quase enrolado nas três alimárias.

“Primeiro ele”, pensou Circe, enquanto avançava. “Primeiro ele, vou desfazer-lhe aquele rosto bonitinho, arrancar-lhe aqueles lindos olhos verdes, arruinar-lhe aqueles lábios doces… E depois elas. Uma de cada vez, vou arrancar-lhes os cabelos e furar-lhes os olhos. Elas jamais voltarão a olhar para um rapaz, muito menos o meu futuro namorado…”

A sua aproximação pouco discreta acabou por chamar a atenção das três raparigas, que ignoraram Snow e Tech (no qual Circe nem reparara), olhando para ela.

Circe perdeu o chão. Já não sabia se estava de pé, sentada ou deitada, se estava a andar ou parada. Tudo o que importava eram aqueles três pares de olhos que pareciam estar a sugá-la. Parecia que o ambiente se estava a afunilar na direção daqueles olhos, incentivando-a, forçando-a a cair para dentro deles. A entrar nos olhos negros, a deixar-se prender pelos olhos castanhos… e a ser estrangulada pelos olhos verdes! Os olhos verdes! Aqueles olhos verdes, aqueles horríveis olhos verdes, frio, gelados, mortos… Verdes como veneno, como a podridão, como a devastação, como a morte encarnada.

– Não – murmurou Circe, com os joelhos a tremer, sem conseguir controlar a onda de pânico que sentia cair sobre si – Não…!

Circe fechou os olhos com força, baixando a cabeça, apertando-a com força entre as mãos e gritando. Gritando o mais alto que conseguia, desejando que os seus gritos fossem a única coisa que ouvisse, a única coisa que preenchesse a sua mente e que conseguissem afastar a visão daqueles olhos verdes, que flutuava no interior da sua cabeça.

Ela conhecia bem aqueles olhos! Eram os olhos que ela vira antes na lua, que trariam a morte aos seus amigos. Morte essa que a tesoura encantada se recusara a dar-lhes e que então eles procuravam no aço das armas…

– Estás bem? – perguntou uma voz de anjo, fazendo-se perfeitamente ouvir por cima dos seus próprios gritos, enquanto umas mãos frias como um cadáver pegavam suavemente nos seus pulsos, afastando as suas mãos dos cabelos que ela agarrara e começara a puxar, a meio do seu sofrimento.

Ergueu a cabeça e os olhos para fixar o anjo e pedir-lhe clemência, mas voltou a deparar-se com os olhos verdes, ainda mais próximos!

– NÃO! – gritou Circe, com quanta força tinha, usando essa mesma força para depois empurrar aquele anjo maldito para longe de si – Não me toques! Não me toques! Afasta-te de mim! Sua maldita! Maldita!

E depois começou a correr para fora da sala comum, ainda aos gritos.

– O que é que lhe deu? – perguntou Tech, confuso, enquanto viam, Circe correr porta fora, parecendo uma perfeita louca.

– Alucinações? – sugeriu Snow, encolhendo os ombros – Ela contou-me que já as teve, noutras situações. Não pensei que também as pudesse ter vindas do nada.

– Alucinações? – repetiu Il.

– Porquê alucinações? – perguntou Erbma, aparentando curiosidade aos olhos dos rapazes, mas as outras duas notando a nota desconfiada na sua voz.

Snow encolheu levemente os ombros.

– Bem, depois desta demonstração acho que não faz mal revelar… A Circe é uma Deusa Adepta do Saber.

As três raparigas trocaram olhares entre si, deixando Snow e Tech completamente ansiosos por entrar também na troca.

– O que foi? – perguntou Tech, em pulgas, parecendo mesmo estar a ficar sem ar, de tão ansioso.

– Nada – negou Ettolrahc, num tom duro que fez os rapazes encolherem-se rapidamente, com medo de que tivessem irritado as três raparigas.

– Nós vamos indo para os nossos quartos – disse Erbma, dirigindo-lhes um sorriso que os rapazes, ao contrário de até ali, não retribuíram.

– Agora? – admirou-se Snow, triste – Mas…

– Fiquem mais um pouco connosco – implorou Tech.

– Não podemos, temos trabalho para fazer – disse Erbma, rindo suavemente.

– Vemo-nos ao jantar – despediu-se Il, com um leve aceno, antes de as três começarem a afastar-se.

– Provavelmente – acrescentou Erbma, num murmúrio, deixando um sorriso cruel desenhar-se nos seus lábios, quando os dois idiotas já não as podiam ver ou ouvir.


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