Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 8
Capítulo 8




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– Nervos, nervos, nervos – guinchava Tech, enquanto esperavam a sua vez para levantar os resultados dos Testes.

– Importaste de estar calado? – pediu o seu irmão, já cansado de o ouvir.

– Estou a entrar em pânico! – guinchou Tech, com as mãos à volta do pescoço, os olhos arregalados.

– Tu sabes que nós vamos entrar – disse Dest, num tom sugestivo que fez L e Softhe olharem desconfiadamente para ele.

– Eu sei, mas ainda assim estou nervoso – disse Tech, quase a saltitar.

– Como é que podes ter tanta certeza? – perguntou Softhe, ainda desconfiada.

Dest encolheu os ombros.

– Os Testes correram bem, não vejo razão nenhuma para não encontrarmos.

– Hum – fez L, ainda não muito convencida. Cada vez tinha mais a certeza de que Tech e Dest estavam a esconder alguma coisa. Tal como Gina. Aqueles três tinham algo de muito estranho neles. Conseguiria L descobrir o que era?

Levaram ainda alguns minutos até chegar a sua vez. L entregou as fichas de inscrição de cada teste à rececionista e esta, por sua vez, entregou as folhas a uma jovem secretária que se dirigiu para uma sala restrita. A L foi pedido que fosse esperar o regresso da secretária noutra ponta do balcão, onde algumas outras pessoas também estavam, à espera das várias secretárias que estavam a ajudar as rececionistas.

– L – chamou uma secretária, verificando o nome num envelope grosso, castanho claro, que tinha nas mãos.

– Sou eu – disse L, erguendo a mão.

A secretária entregou-lhe o envelope e foi-se embora, sem uma palavra.

L afastou-se um pouco da azáfama junto da recessão e do grupo de pessoas que constituía aqueles que já tinham recebido o envelope. Alguns estavam sentados, a chorar silenciosamente. Outros ajoelhados no chão, a chorar de felicidade, abraços ao conteúdo do envelope. Outros a gritar e a saltar de contentes. E havia ainda um rapaz a esmurrar uma parede, gritando insultos aos deuses enquanto chorava de raiva. Bella e mais alguns jovens deuses andavam de um lado para o outro, tentando controlar as reações das pessoas que recebiam os resultados.

Para si, L procurou um canto sossegado, onde pudesse ver calmamente aquilo que a esperava no interior do envelope. Inspirou fundo antes de o abrir, e, quando o fez, começou a examinar os papéis. As suas fichas de inscrição dos testes estavam agrafadas a outras folhas que continham nelas as várias informações que os deuses tinham retirado da sua avaliação. No entanto, o que lhe interessava, era o carimbo vermelho por cima das assinaturas. “Aprovado”. Em todas as três folhas, estava o mesmo carimbo. Ou seja, ela passara a tudo!

Com a respiração suspensa, verificou a última folha. Era uma folha de papel amarelado, com enfeites dourados e as letras em negro. Uma folha que ela conhecia muito bem e que sempre esperara ter. O diploma que fazia dela uma candidata a deusa. Que fazia dela uma estudante de Atlantis.

Atrás de si ouviu-se um guincho agudo que ela reconheceu logo como sendo de Softhe. Virou-se e viu que ela tinha um papel exatamente igual ao seu.

– Eu passei, eu passei, eu passei! – guinchou ela, começando saltar, abanando o papel de um lado para o outro.

– Eu também – confirmou L, sorrindo, mostrando o seu diploma.

Softhe voltou a guinchar e depois as duas abraçaram-se, saltando e rindo agarradas uma à outra.

– Passaram? – perguntou Tech, esperançado, chegando junto delas.

– Sim! – confirmou Softhe.

– Nós também! – exclamou Tech, juntando-se ao abraço das duas amigas com Dest.

Ficaram algum tempo a festejar, até que Bella chegou junto deles.

– Olá, L – cumprimentou a rapariga, sorrindo – Passaste?

– Sim – confirmou L, com um largo sorriso – Eu e os meus amigos.

– Que bom! – felicitou Bella – Então, façam o favor de me seguir.

Todos seguiram Bella alegremente, até uma zona do edifício da END que estava interdita ao público em geral. Entraram num grande hangar, onde estavam alguns autocarros cinzentos, com o símbolo de Atlantis na parte lateral. O símbolo consistia somente num sol, com o centro negro e brilhante e os raios à sua volta em dourado.

No hangar também estavam os deuses que tinham tratados dos testes e todos aqueles que tinham passado nos Testes. Dos milhares de jovens que tinham entrado hoje naquele edifício, somente doze tinham passado. Gina estava lá, de cabelos na frente da cara, como sempre.

– Parabéns aos que passaram – disse a deusa que fizera a entrevista a L – O vosso esforço e empenho deu os seus frutos e devem orgulhar-se disso. O vosso lugar é agora em Atlantis e, portanto, devem dirigir-se para lá o mais rapidamente possível. Como sabem, a localização da escola é secreta. A partir do momento em que atravessarem os portões de Atlantis, comprometem-se a não revelar a sua localização a qualquer entidade exterior à comunidade divina. Quem o fizer, será severamente punido – a deusa olhou atentamente para cada um dos jovens humanos, certificando-se de que a mensagem passara antes de continuar – A escola tem imensas regras para além das quatro diretivas principais que todos vocês conhecem, mas este não é o sítio indicado para vos informar disso. Serão informados na escola, durante a Cerimónia de Abertura. Essa cerimónia irá incluir um Baile de Boas-Vindas aos novos alunos. Mas a informação adicional ser-vos-á dada na escola, pelos vossos Padrinhos e Madrinhas. Cada um de vocês terá um aluno mais velho a ajudar-vos a integrar-se na escola. Irão conhecê-los assim que chegarem à escola e eles tratarão de vos guiar. Por agora, vamos entrando nos autocarros.

– E não se preocupem com os vossos pertences – disse um outro deus que L não conhecia – Eles serão todos recolhidos e entregues nos vossos quartos antes mesmo de lá chegarmos.

Os novos alunos acenaram e depois cederam a entrar no autocarro que os deuses lhes apontaram. L e Softhe torciam as mãos nervosamente enquanto o autocarro saia do complexo da END, ainda mal conseguindo acreditar que estavam mesmo a caminho de Atlantis. Nem falaram durante a viagem, muito entretidas a analisar as novas e desconhecidas paisagens que viam através das janelas. E depois mantiveram-se em silêncio quanto o autocarro entrou num ferryboat, sabendo que Atlantis estava cada vez mais perto.

Pareceu uma eternidade o tempo em que estiveram no ferryboat. E quando o autocarro saiu, viram-se no interior de um complexo de aspeto futurista, com as paredes de cimento sem pintura e metal e vidro por todo o lado.

O autocarro teve apenas de avançar alguns metros até chegar junto de uma bonita escadaria de mármore branco, que subia até um grande portão duplo, com portas de aço e jóias que só podiam ser diamantes, pelo modo como brilhavam.

Nos degraus das escadas estavam vários jovens deuses, perfeitamente alinhados, com deuses adultos por trás deles.

– Podem sair – disse o condutor, abrindo a porta do autocarro.

E, nervosamente, todos saíram e se aproximaram da escada.

– Sejam bem-vindos! – exclamaram duas deusas gémeas, no topo da escada, falando ao mesmo tempo – Sejam bem-vindos a Atlantis.


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