Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 71
Capítulo 71




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Quando saíram do quarto de L, planeavam ir todos para a biblioteca, para se reunir com os restantes. No entanto, a meio do caminho, um rapaz alto e musculado apareceu a correr.

– Bella! – chamou ele – Reunião da guarda.

– Reunião da guarda? – admirou-se Bella – Agora?

– Sim, agora – confirmou ele – Estão a chamar a guarda da escola inteira.

– O-okay – murmurou Bella, surpreendida – Vou só trocar de roupa e…

– Não há tempo! – negou o rapaz, pegando no pulso de Bella e puxando-a atrás de si. A rapariga mal teve tempo de acenar uma despedida a Dest.

O rapaz puxou-a para o salão grande, onde fora o baile. As mesas continuavam dispostas da mesma forma e ocupadas por todos os Deuses Adeptos da Guerra que constituíam a guarda de Atlantis. Ónix já lá estava, sentando na ponta de uma mesa, com uma cadeira vazia a seu lado. Bella correu a sentar-se ao lado do rapaz negro.

– O que é que se passa? – perguntou-lhe, baixinho.

– Não faço ideia – negou ele – Foram-me chamar à biblioteca, a dizer que tinha de vir para aqui o mais rapidamente possível.

– Estão a chamar a guarda inteira – constatou Bella – Achas que… há alguma espécie de ameaça da qual teremos de proteger a escola?

– E que ameaça seria? – perguntou Ónix – Não, não é nada disso. O mais provável é ser mais uma espécie de ação de formação.

– As ações de formação só são dadas aos novos membros da guarda – lembrou Bella, erguendo uma sobrancelha – E são dadas a pequenos grupos, não há guarda inteira. Não… tenho um mau pressentimento sobre isto. Seja o que for, não será bom.

– Nem pequeno – acrescentou Ónix.

Bella acenou, concordando.

Não demorou muito mais tempo até a guarda de Atlantis estar ali toda reunida. Nessa altura, as gémeas apareceram com nuvens de pó brilhante sobre o estrado em que estava a mesa dos professores, com o Deus Supremo da Guerra a seu lado.

– Pedimos desculpa por vos afastar dos vossos postos e incumbências – começou uma das gémeas por falar.

– Mas temos algo importante sobre que falar – continuou a outra.

– Antes de mais nada, temos de vos agradecer pelo excelente trabalho que todos vocês têm feito a proteger a nossa escola. Estamos-vos muito agradecidas.

– Okay, isto vai mesmo ficar feio – murmurou Ónix a Bella, muito baixinho e disfarçadamente – Se elas nos estão a elogiar, é porque não vem coisa boa.

Bella acenou, concordando.

– No entanto, há ameaças que não são físicas – disse uma das gémeas, erguendo ligeiramente o tom de voz, parecendo ter, apesar de tudo, notado que eles estavam a falar – Há ameaças mentais, espirituais, que estão para além do vosso alcance. É nessa altura que nós, Deusas Supremas do Saber, entramos.

– Porém, desta vez, nem os nossos poderes são suficientes – continuou a outra – Desta vez a ameaça não se estende apenas à nossa escola, mas a todo o mundo.

– E está aqui, na nossa escola – concluiu a mulher loira, fazendo com que se ouvisse um arquejo de choque, logo seguido por burburinhos inquiridores.

Bella e Ónix limitaram-se a trocar um olhar preocupado.

As gémeas ergueram as mãos no ar, pedindo silêncio, o qual obtiveram quase de imediato.

– Para terminar com esta ameaça – recomeçou uma das gémeas a explicar – as Parcas decidiram vir, pessoalmente, à nossa escola.

Ouviu-se um novo arquejo de choque enquanto Bella sentiu um baque gelado no peito. Ónix soltou um palavrão que faria corar um marinheiro antes de sussurrar a Bella:

– Não há ameaça nenhuma. Elas vêm cá para matar o pessoal da pr…

Bella pisou, com toda a sua força, o pé de Ónix por baixo da mesa, fazendo-o calar-se. Ainda assim, foi tarde demais. Os olhos das gémeas já tinham dardejado na sua direção, com um brilho sinistro e muito suspeito. Bella não queria desviar o olhar delas, não queria perder aquela batalha de “vamos ver quem pisca primeiro”, mas sabia que elas lhe leriam os pensamentos se mantivesse o contacto visual. Portanto baixou o olhar para o tronco das gémeas, cerrando os maxilares.

“Vocês só farão mal ao meu namorado e aos meus amigos por cima do meu cadáver, suas cabras.”

As gémeas acabaram por desviar o olhar dela e de Ónix e voltaram a olhar para o resto da multidão dentro do salão.

– Elas alterarão o seu aspeto para não serem reconhecidas – disse uma das gémeas – Mas todos nós concordamos que elas são demasiado importantes para ser imprudentemente expostas. Portanto, contamos com a vossa ajuda para proteger as nossas preciosas Parcas.

– Preciosas o tanas – rosnou Ónix, baixinho, forçando Bella a pisar-lhe o pé de novo.

– Terão de se sacrificar por elas – continuou a outra gémea – Terão de as proteger com a vossa própria vida e garantir que ninguém fora desta sala fica a saber quem as três “novas alunas” são na realidade.

– Terão de o fazer sob ordem do vosso primeiro nome! – anunciaram as gémeas, falando ao mesmo tempo.

Ouviram-se de imediatos sussurros furiosos de negação, mas ninguém se atreveu a abertamente lhes dizer que não revelariam o seu primeiro nome. Tinham demasiado medo.

– Aino e Aina – chamou o Deus Supremo da Guerra, um pouco nervosa – Não será isso demasiado excessivo? Não bastará um juramento formal?

– Não – negaram elas, de novo ao mesmo tempo, os seus olhos poisando em Bella e Ónix, que se sentiram empalidecer.

– A segurança das Parcas está acima de qualquer coisa – disse uma das gémeas.

– Até acima da vontade própria de cada um – acrescentou a outra.

O Deus da Guerra hesitou, mas acabou por baixar a cabeça, cedendo.

– Pedimos que se mantenham nos vossos lugares – disse uma das gémeas, enquanto as duas desciam do estrado – Provaremos uma gota de sangue de cada um de vós e dar-vos-emos as ordens.

As gémeas começaram na ponta mais próxima de Bella e Ónix, claramente ansiosas por colocarem os dois jovens sobre o seu poder. Eles trocaram um olhar desesperado.

Se as gémeas realmente ficassem a saber o seu primeiro nome, seria um desastre. Não poderiam avisar os amigos de que as Parcas estavam ali disfarçadas. Ou, pior, elas poderiam servir-se do seu primeiro nome para os obrigar a fazer-lhes mal. Depois da ordem proferida sob o primeiro nome, não haveria nada que pudesse ser feito para os travar. A não ser que outra pessoa que soubesse o primeiro nome os libertasse.

Era exatamente isso! Bella poderia revelar o seu primeiro nome a Dest e depois pedir ao rapaz que a libertasse de todas as ordens dadas anteriormente…

– Bella – chamou uma das gémeas, com um sorriso puramente cruel, estendendo a mão na sua direção, a outra segurando uma fina e longa agulha – Uma gota do teu sangue, por favor.

Bella olhou para Ónix, que também hesitava em estender a mão à outra gémea. Mas sabiam que não tinham outra opção, portanto, estenderam as mãos e deixaram que as gémeas lhes picassem o dedo indicador com a agulha. Levaram as agulhas com uma pequena gota de sangue à boca e fizeram sorrisos vitoriosos idênticos. Depois baixaram-se para sussurrar ao ouvido de cada um.

– Ordeno-te que protejas as Parcas de todo e qualquer perigo, assim como te proíbo de revelar a sua presença na escola a quem quer que seja, através de palavras faladas, escritas, pensadas ou gesticuladas, Kathe.

Bella abafou um gemido de desespero quando sentiu a ordem da gémea entranhar-se na sua mente, deturpando a sua vontade, obrigando-a a obedecer. Sentia-se dentro de uma camisa-de-forças, sem se conseguir mover ou escapar. Não havia sítio onde ela se pudesse esconder daquela voz que tão friamente cuspira o seu primeiro nome.

– E estás também proibida de revelar o teu primeiro nome seja a quem for – acrescentou ela, antes de se afastar, escondendo, com dificuldade, o seu sorriso vitorioso.

Bella cerrou os punhos enquanto lutava contra as lágrimas de desespero.

A sua última esperança de salvar os seus amigos acabara de ser esmagada.


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