Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 69
Capítulo 69




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Circe virou-se para voltar para junto dos amigos, arfando de susto quando viu Snow mesmo atrás de si.

– O que é que tu queres? – perguntou ela, com maus modos, poisando as mãos na cintura.

O rapaz fez um sorrisinho torto.

– Já te contei que uma camisa minha desapareceu misteriosamente?

Circe engoliu em seco, sentindo o coração acelerar-lhe no peito.

– E já te contei – continuou ele, dando um passo em frente, ficando quase encostado a Circe e obrigando-a a olhar para cima para conseguir ver-lhe o rosto – Que estes dias tens andado com o meu cheiro colado à pele?

– O-o quê? – perguntou Circe, no que pretendia ter sido um guincho revoltado mas que nem lá perto chegou.

Snow pegou delicadamente no pulso de Circe e ergueu-o, encostando o nariz à palma aberta da sua mão enquanto inspirava profundamente.

– Sim – murmurou ele – Está mesmo aqui.

Avançou mais um passo, prendendo Circe entre a estante cheia de livros e o seu corpo. As suas mãos agarraram uma prateleira que estava ao nível da nuca de Circe, encurralando-a.

– Então, diz-me, Circe – murmurou Snow, num tom de voz profundo, baixo e muito íntimo – O que é que andas a fazer com a minha camisa? Estará pendurada no teu armário? Na porta, para a veres todos os dias? Melhor ainda… dormirás com ela vestida?

– E-eu não sei do que estás a falar – negou Circe, poisando as mãos no peito de Snow para o tentar empurrar. Era como tentar derrubar uma parede.

Ele soltou um risinho que lhe arrepiou a pele do corpo todo.

– Mais ninguém sabe a senha do meu quarto, querida – murmurou Snow, o seu rosto baixando na direção do rosto de Circe. A rapariga baixou também o seu, para impedir o beijo que Snow bem poderia estar a tentar dar-lhe. Ainda assim, Snow deixou o seu rosto encostado ao dela, fazendo-a derreter-se que nem manteiga no forno.

– A-afasta-te… – tentou Circe dizer.

– Shh – fez Snow, suavemente, antes de depositar um beijo fresco e suave no pescoço de Circe, fazendo-a estremecer – Tu não queres que eu me afaste. E, sinceramente… eu também não quero afastar-me. Gosto de te sentir, em especial quando estremeces assim…

Voltou a dar um beijo no pescoço de Circe, um pouco mais acima, os lábios roçando a pele sensível logo abaixo da orelha. Ela tentou conter-se, mas os arrepios que a percorriam faziam-na estremecer sem controlo.

– Humm – fez Snow, num misto de aprovação com apreciação – Gosto mesmo disto. Só poderá ficar melhor quando te levar para o meu quarto e te…

– Não te atrevas a terminar essa frase! – guinchou Circe, apanhando Snow desprevenido e conseguindo empurrá-lo um pouco para longe dela, não o suficiente para os seus corpos se descolarem, mas o suficiente para ela lhe lançar um olhar ameaçador. Apenas percebeu que caíra numa armadilha quando um dos cantos da boca de Snow se ergueu num meio sorriso, completamente atrevido.

Quando deu por si, já tinha os lábios de Snow nos seus, beijando-a com força. Uma das mãos do rapaz largou a prateleira para lhe pegar no queixo, abrindo-lhe a boca para permitir a entrada da língua no beijo.

Circe não teve tempo de pensar em resistir. O cheiro de Snow anestesiava-lhe qualquer vontade de resistir enquanto o sabor dos seus lábios a incendiava para exigir ainda mais dele. Abraçou o tronco do rapaz com força, enterrando os dedos nas suas costas. Ouviu-o soltar um gemido de carência masculina, o que apenas a fez arder ainda mais.

– Eh lá! – exclamou a voz alegre de Lilás, fazendo com que um balde de gelada realidade lhes caísse em cima – Isso é que dar-lhe! Mas deviam meter uma bolinha vermelha aqui na entrada do corredor porque…

– Desaparece! – gritou Snow, furioso.

Lilás franziu o sobrolho.

– Estamos numa biblioteca, pá – lembrou-o Lilás – As bibliotecas não são lugar para gritar nem para começar as pré-eliminares.

– Eu vou começar é a “pré-eliminar-te” se não te calares! – rosnou Snow, baixinho mas ameaçadoramente.

– Ui, olha os meus joelhos a tremer de medo – provocou Lilás, apontando para as pernas enquanto sacudia exageradamente os joelhos.

Snow rosnou a Lilás, revelando um belo par de presas afiadas. Não ficou sem resposta, porque Lilás também lhe mostrou as dele, parecendo agora verdadeiramente furioso.

– Okay, pá, já chega! – intrometeu-se Circe, adivinhando que, pelo andar da carruagem, aquilo ainda ia ficar feio – Vocês têm dentes muito lindos e branquinhos e afiados e tal, mas não servem para vocês se andarem a morder um ao outro.

– Fala primeiro com ele, que me rosnou primeiro – cuspiu Lilás, antes de dar meia volta e se ir embora.

Circe lançou um olhar confuso a Snow, que suavizou a expressão ameaçadora assim que olhou para ela.

– Que raio, vocês são alguns animais para andar a rosnar um ao outro? – perguntou Circe, de braços cruzados na frente do peito.

– Desde que tenhamos presas, sim – confirmou Snow.

– Hã? – fez Circe, cada vez mais confusa.

Snow suspirou, esfregando a testa, terminando de se acalmar.

– É uma coisa dos deuses que têm presas – disse ele – Mostrar as presas a alguém é como o insulto ou a ameaça suprema. Um sinal indubitável de que queres… enfim… matar a outra pessoa.

– Humm – fez Circe, por fim entendendo.

Snow esfregou o rosto com as mãos, respirando fundo e depois dirigiu um pequeno sorriso a Circe.

– Vamos voltar para junto do pessoal. Os outros também já devem ter voltado do quarto da L.

– Vamos – aprontou-se Circe, ansiosa por saber o que tinha acontecido no quarto da Protetora.


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