Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 67
Capítulo 67




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Darkness piscou os olhos, surpreendido.

– O quê? – perguntou ele.

– Nem tentes, Gina! – estoirou Hisui – Durante muito tempo, pensei que o Darkness fosse o meu Deus Supremo! Conheço-o, confio nele e sei perfeitamente que ele jamais faria algo deste género! Além disso, o que é que ele ganharia com estas cartas?! Diz-me!

– Meninas, por favor, tenham calma – pediu Ouro, intrometendo-se na conversa – Apesar de tudo, tenho de concordar com a Hisui. Darkness não ganharia nada por mentir, Gina.

Gina rangeu os dentes, lançou um olhar ameaçador a Darkness que, por seu lado, não parecia querer outra coisa que não aproximar-se dela. Niko deve ter-se dado conta disso, porque chegou-se mais a Gina, tapando-a da vista do Deus Supremo da Morte.

– Vá, lê lá a carta – murmurou Niko a Gina.

Ela suspirou, mas voltou a sua atenção para a carta, começando a ler numa voz clara e forte que chegou a todos os cantos do quarto.

Querida Trinity,

O mundo está cheio de coisas podres, mortas, e é teu dever mudar isso. Apesar de ser também uma grande responsabilidade, o poder da Criação é uma grande dádiva. A Deusa Suprema da Vida, Luz, que te ajudou a trazer a este mundo, ficou absolutamente maravilhada quando te viu. Ela própria admite que o teu poder é muito superior ao dela. Com alcance para fazer muito mais e bem melhor do que ela. É claro que todos os deuses da profecia são importantes, mas tu és ainda mais. A Destruição dar-te-á o espaço de que precisas para criar tudo de novo e o Destino tratará de mantê-lo. Mas serás tu que erguerás os alicerces do novo universo. É uma grande responsabilidade, titânica. E eu sei que te tentarás escapar dela. Não é que não tenha confiança em ti, porque tenho, mas, depois de saber que eras a Deusa da Criação, não me contive e provei uma gota do teu sangue. Sei tudo sobre ti, minha querida, sei da tua personalidade resguardada e discreta. Pessoas como tu não querem segurar uma responsabilidade tão grande quanto a que tens. Mas, como tenho confiança em ti, sei que acabarás por tomar a decisão certa. Que acabarás por tomar o teu lugar de Deusa Suprema da Criação e que serás ótima a desempenhar o teu papel. Lembra-te, minha querida: não tens de aguentar tudo sozinha.

Difícil acreditar nas minhas palavras, não é? Abandonada no mundo humano durante tanto tempo, sem fazer a mínima ideia de quem és ou de onde vens. Segurando a responsabilidade que é o teu poder sozinha por tanto tempo. Mas tenho a certeza que, se isso não mudou já, irá mudar. Tenho a certeza que farás bons e grandes amigos em Atlantis, é o lugar perfeito para isso. Eles ajudar-te-ão, tenho a certeza. E os Adeptos nascem sempre na frente dos seus Supremos, sabias? Antes de nascer o Supremo, já andam pelo mundo alguns dos seus Adeptos, como se para preparar tudo para a sua chegada. Se ainda não encontraste nenhum, procura bem, minha filha. Ele deverá andar por aí.

A não ser que as Parcas já o tenham morto! Sim, Trinity, é por causa das Parcas que tudo isto está a acontecer. Elas estão atentas, mais do que nunca, a todos os bebés que nascem. O Destino e a Destruição já nasceram, contou-nos a Luz. Só faltavas tu. Nem falo na Protetora porque, segundo a profecia, ela será filha de um deus e uma humana. E pelo modo como as Parcas andam vigilantes, duvido que elas permitam que algum deus desça ao mundo humano nos próximos milénios. Tudo para impedir que a profecia fique completa e se realize. Ainda assim, mesmo que falte a Protetora, tenho a certeza de que, se elas conseguirem colocar as mãos em cima de um de vocês, nenhum sobreviverá. É por isso, minha bebé, que terás de ser escondida no mundo humano. Ou deverias ser, pelo menos. Luz está tão maravilhada contigo que se ofereceu para ficar contigo. Mas a tua mãe, tu já sabes como ela é… qualquer coisa e explode logo. “Pensei que tinhas dito que o Firmamento não era seguro o suficiente e que ela teria de ser escondida no mundo humano! Se ficar contigo, ficará no Firmamento! Portanto, qual é a diferença entre estar comigo ou contigo?!”, é o que a tua mãe está a berrar lá em baixo. As paredes do Templo já estão a rachar com os gritos dela, tenho de ir lá impor a ordem entre elas.

Assim, minha querida filha, despeço-me.

Um beijo com muito amor,

Do teu pai.

P.S.: Elas calaram-se agora, já s [riscos]

– Acaba assim? – admirou-se Niko, o único que não estava cilindrado por ouvir Gina falar tanto.

A rapariga franziu o sobrolho e procurou dentro do envelope, retirando uma outra folha e uma pequena corrente negra, com um pequeno pendente de vidro verde. Parecia ser uma qualquer espécie de dragão, uma serpente com as asas abertas, parecidas às de uma borboleta.

Gina olhou o colar por alguns momentos e depois desdobrou a segunda carta, começando a ler.

Trinity,

O meu nome é Sol e sou o Deus Supremo da Luz…

Gina parou de ler quando Saya susteve audivelmente a respiração, levantando-se lentamente enquanto olhava, de olhos arregalados, para Gina.

– Continua – pediu, quase exigiu, Saya.

Gina ficou a olhar mais alguns momentos para Saya, mas depois retomou a sua leitura.

O meu nome é Sol e sou o Deus Supremo da Luz. Ou era, porque, se estás a ler isto, é porque morri antes de ter oportunidade de te explicar pessoalmente o que aconteceu com os teus pais. Mas, adiante… Sou dos poucos que sei a real razão para tantos deuses estarem a morrer ao mesmo tempo e sou eu quem está a recolher as cartas que os vossos pais, os pais dos deuses da profecia, vos escreveram. A carta que o teu pai escreveu para ti foi um caso diferente dos outros até agora, como deves ter já percebido pelo modo com ela abruptamente termina, e fiz questão de juntar esta pequena explicação ao envelope que te é dirigido.

Esta carta, ao contrário das restantes, não me foi entregue pelos teus pais ou por alguém enviado por eles. Esta carta vim eu buscá-la ao Templo do teu pai, antes que ele se desmoronasse. (Sim, o teu pai era um Deus Supremo, o Deus Supremo do Dia, para ser mais exato. Éramos grandes amigos, como deves imaginar.) Encontrei esta carta por baixo do corpo sem vida do teu pai. Ainda tinha a caneta com que a escreveu entre os dedos. Quando o teu pai escreveu que a tua mãe e Luz se tinham por fim calado (eu li a carta, peço desculpa por isso) ele estava, sem saber, a falar da morte de ambas. E ele morreu logo de seguida, assassinado pelas Parcas. A confusão instalou-se, como deves imaginar, e tu ficaste caída num canto do Templo, quase esquecida. Felizmente, um Adepto do teu pai pegou em ti e levou-te para o mundo humano, antes que eu ou as Parcas chegássemos. Infelizmente, com a morte do teu pai, também esse Adepto morreu pouco depois, numa ruela do mundo humano, contigo nos braços. Pretendia ir buscar-te, para te entregar numa instituição apta a cuidar de ti. Mas já tinhas desaparecido sem deixar rasto. Não faço ideia de onde estás e lamento ter-te perdido. Espero apenas que estejas bem e apta a cumprir a profecia, quando chegar a altura.

Deixo também no envelope este colar, que foi um presente que o teu pai deu à tua mãe quando ela anunciou estar grávida de ti. Penso que é justo ficares com ele, uma vez que consegui salvá-lo.

E, mais uma vez, desculpa.

Adeus e boa sorte,

Sol.


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