Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi
– Mais calma? – perguntou Shark, quando a respiração de L normalizou e o seu corpo deixou de estremecer com os pequenos soluços que, de vez em quando, ela soltava no seu choro.
– Sim – murmurou ela, limpando os últimos restos de lágrimas com as costas da mão.
Sentiu o polegar de Shark deslizar por baixo do seu olho, ajudando-a nessa tarefa.
– Sabes? Sempre quis fazer isto. Consolar alguém. E, quando te conheci, soube que tu eras a pessoa que eu mais desesperadamente queria consolar. Cheguei a desejar que, por uma qualquer razão, ficasses triste e que precisas de todo o meu carinho para voltares a ficar bem. Mas agora… descobri que odeio ver-te chorar.
L soltou um risinho triste, chegando-se mais ao corpo de Shark. Ele beijou-lhe a testa.
– Espero não ter de voltar a assistir a isto – murmurou – Porque, juro-te, L, se mais alguém te fizer chorar, eu amarro-lhe uma pedra ao pescoço e atiro-o para a fossa mais profunda do oceano.
L soltou um novo risinho, mais alegre.
– Não sejas tonto – pediu-lhe – Imagina que ainda irei chorar por tua causa?
Shark lançou-lhe um olhar completamente sério.
– Jamais me perdoarei a mim mesmo.
L ficou a olhar para Shark, suspensa na seriedade da sua afirmação.
– Amo-te, L – murmurou ele, chegando depois o seu rosto ao dela.
A rapariga pensou que ele a fosse beijar, mas foi forçada a rir-se de novo quando sentiu os lábios do namorado poisar um beijinho adorável na ponta do seu nariz.
– Também te amo… Dakota.
L sentiu o corpo de Shark enrijecer nos seus braços e a respiração suster-se nos seus pulmões. Olhando o seu rosto, viu as suas pupilas completamente dilatadas, o verde quase sumido e o branco e o negro contrastando com o resto do seu rosto.
– Isso foi… intenso – murmurou ele, com voz rouca, pequenas gotas de suor surgindo na sua testa.
– Desculpa – murmurou L.
– Não peças – negou Shark, dirigindo-lhe um pequeno sorriso – Foi intenso, mas bom. Muito bom, aliás – disse, lançando-lhe um olhar sugestivo enquanto mexia levemente as pernas.
L soltou um risinho nervoso.
– Bem… acho que seria justo se também eu agora te disse o meu primeiro nome.
Shark tornou a enrijecer.
– Não tens de o fazer se não o quiseres.
L puxou o rosto de Shark para olhar para si e depositou um beijo lento e longo nos seus lábios.
– Mas eu quero – murmurou ela, olhando-o nos olhos enquanto sussurrava o nome que lhe fez estremecer os ossos e queimou a língua – Alexandra…
* * *
Yngrid não conseguia parar de se repreender enquanto avançava na direção do gabinete de Darkness. Estaria ela a tomar a decisão certa? Ou iria apenas piorar as coisas? Não o poderia dizer. Mas ela confiava em Darkness. Sabia que ele não lhe queria mal e não acreditava que ele quisesse mal aos seus amigos. Era impossível.
– Entre – chamou a voz suave do Deus Supremo da Morte quando Yngrid bateu à porta.
Hesitante, ainda sem saber se estava a fazer o correto, Yngrid abriu a porta e entrou.
– Oh, olá, Yngrid – cumprimentou Darkness, erguendo o rosto de uma pilha de trabalhos de casa que estava a corrigir e abrindo um largo e caloroso sorriso – Que bom voltar a ver-te. Já tinha saudades das nossas conversas.
– Hum... pois – murmurou Yngrid, corando levemente enquanto se sentava nervosamente na frente de Darkness.
– A que devo o prazer da visita? – perguntou ele, apoiando os cotovelos no tampo da secretária enquanto entrelaçava os dedos das mãos, poisando, por sua vez, o queixo nos dedos.
– Eu… já sei se a L… é ou não a Protetora – revelou Yngrid.
Os olhos avermelhados de Darkness brilharam de curiosidade.
– Ah, sabes? E a resposta é…?
Yngrid engoliu em seco antes de acenar levemente com a cabeça.
– Ela é. Ela é a Protetora.
Darkness ficou alguns segundos a olhar para Yngrid, até que se levantou, com um sorriso admirado nos lábios.
– Mas isso é incrível. Isso é perfeito! A profecia poderá finalmente concretizar-se!
– Ah, sim? – perguntou Yngrid.
– Mas é claro! Os deuses a quem a profecia dizia respeito estão vivos e reunidos. É finalmente chegado o momento de reorganizar as nossas vidas, de destruir o que está podre e de criar algo melhor que o substitua!
Darkness aproximou-se de novo da secretária, puxando, ao mesmo tempo, de uma fina e longa corrente que trazia ao pescoço, escondida por debaixo da roupa. Na ponta, tinha uma pequena chave dourada.
– Agora posso finalmente honrar a tua memória, meu velho amigo – murmurou ele, enquanto usava a chave para abrir uma gaveta na sua secretária.
A rapariga arrepiou-se, sabendo o que se estava a passar. Sendo Darkness o Deus Supremo da Morte, tinha muitos poderes. Sendo, um deles, o de falar com os mortos. Ouvira falar imenso dessa característica de Darkness, de algumas pessoas o acharem estranhíssimo, por acharem que ele falava sozinho. Quando sabiam que ele estava a falar com os espíritos de pessoas já mortas, não ficavam muito mais tranquilizadas. Pelo contrário, ficavam completamente aterradas.
Yngrid sempre tivera dificuldade em acreditar nesse rumor, mas agora era obrigada a dar o braço a torcer.
No entanto, não teve tempo de ficar assustada o que se estava a passar. A sua atenção foi imediatamente sugada por uma pequena caixa de madeira que Darkness retirou da gaveta aberta, escondendo-a cuidadosamente no interior do seu longo casaco.
– Yngrid – chamou ele, endireitando-se a toda a sua altura – Leva-me aos teus amigos, por favor.
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