Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 6
Capítulo 6




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L virou o olhar para o deus antipático, confusa.

– Não é todos os dias que vemos um humano resistir à influência de um deus depois de este pronunciar o seu segundo nome – explicou o deus da direita.

– Mas… eu já tenho um terceiro nome! – exclamou L.

– Pois tens – confirmou o deus da direita, acenando – Mas ainda leva algum tempo até esse se tornar realmente o teu nome, até tu te identificares inteiramente com ele. Por isso, o teu segundo nome ainda detém algum efeito sobre ti. E foi extremamente imprudente o modo como o revelaste – disse ele, erguendo uma sobrancelha reprovadora – Ainda assim, não é todos os dias que vemos alguém resistir à influência do segundo nome.

– E porque te recusaste a dar-me uma gota do teu sangue? – perguntou a deusa, com um sorriso maldoso nos lábios – Ter-me-ia permitido descobrir toda a tua linhagem.

L teve de respirar fundo e engolir em seco antes de sentir a voz suficientemente firme.

– É o sangue que faz de mim quem sou – disse L, citando a lengalenga que aprendera de cor desde os seis anos – É o sangue que faz a minha identidade. É no sangue que estou. É no sangue que me encontrarás. E é a partir dele que me controlarás – L tornou a respirar fundo – Basicamente, quer dizer que é através do sangue que se descobre o primeiro nome.

O deus antipático tornou a bater palmas, acenando com a cabeça em aprovação.

– Não preciso de ouvir mais nada, por mim podes ir – disse.

– Sim – confirmou a deusa, com um sorrisinho divertido – Podes ir.

– Bella – chamou o deus da direita, na direção de uma porta que se encontrava por trás de si e ligeiramente ao lado.

Uma rapariga alta, bonita, de longos cabelos loiros e olhos violeta atravessou prontamente a porta, vestida com uma camisola de cavas branca, um laçarote negro sobre uma das alças, e uma minissaia negra presa à cintura com um cinto com uma caveira. Trazia meias de rede e umas elegantes botas até ao joelho, com um pequeno salto em cunha.

– Podes ajudar a L a ir até ao buffet? – pediu o deus, fazendo um gesto na direção da rapariga ainda sentada pesada na cadeira – Acho que a nossa querida Lazúli exagerou um pouco na entrevista.

A rapariga, Bella, acenou e dirigiu-se prontamente para L, ajudando-a a levantar-se e a seguir pela mesma porta por onde saíra, por trás dos deuses.

– Então, estás bem? – perguntou Bella, mal a porta se fechou por trás delas – Estás meia pálida.

– Estou bem – murmurou L.

Bella olhou atentamente L, torcendo a boca levemente.

– Não me digas que eles sabiam o teu primeiro nome e o usaram.

– Não! – negou rapidamente L – Foi só o segundo – murmurou, depois de uma pequena hesitação.

– Oh, estou a ver – disse Bella – Realmente, se tivessem usado o teu primeiro nome, tu estarias em muito pior estado.

– Eu sei – limitou-se L a murmurar, deixando Bella puxá-la.

Usar o primeiro nome contra alguém era algo perigoso, que podia mesmo levar a pessoa à loucura. Se uma ordem fosse dada sob o primeiro nome, a pessoa perderia completamente a vontade própria enquanto a ordem não fosse cumprida. Era por essa razão que era tão importante manter os primeiros nomes escondidos. Quanto a L, não tinha problemas com isso. Ao contrário dos deuses, que sabiam instintivamente o seu primeiro nome, os humanos só o conseguiam descobrir depois de vários rituais. E L não tinha pressa nenhuma em conhecer o seu verdadeiro “eu”.

– Serve-te à vontade – disse Bella, quando chegaram a uma sala em tudo semelhante com a que tinham deixado, com a diferença de que tinha comida por todo o lado, um pequeno bar num canto a servir bebidas – Mas, se me permites, eu aconselho-te a abusar do açúcar. Estás mesmo com cara de quem vai desmaiar.

L fixou de imediato a sua atenção na fonte de chocolate. Pegou num dos charutos de bolacha ao lado da fonte e mergulhou-o no chocolate derretido. Não conseguiu evitar um gemido quando mordeu.

– Que bom – gabou, mergulhando o que restava do charuto no líquido divino.

Bella riu-se.

– Então…? – começou L, em jeito de conversa – Tu és uma deusa adolescente?

– Mais ou menos – confirmou Bella – Já fui humana. Agora sou Dadivada.

– A sério? – admirou-se L, subitamente interessada – Então, passaste por estes exames todos?

Bella acenou.

– É por isso que estou aqui. Para começar, sou uma Deusa Dadivada da Guerra, pelo que tenho uma agilidade fora do usual, mesmo entre os outros deuses. Consigo ser quase tão rápida quanto a luz! De qualquer modo, sou uma das guardas de Atlantis e geralmente é a guarda mais nova que vem para a END durante os Testes. Para ajudar a manter a ordem entre os Testados e também para proteges os Atestados até à chegada à escola.

– Hãm… não era suposto ser proibido falares nos teus poderes? – perguntou L, lembrando-se das regras de Atlantis.

– Não estamos ainda na escola – lembrou Bella, piscando um olho malandro – Além disso, mais tarde ou mais cedo, toda a gente fica a saber os poderes uns dos outros. Em especial os da guarnição de Atlantis, que são todos Deuses da Guerra. Mas enfim, os alunos gostam sempre de se exibir. E, no geral, os professores até ignoram esse desrespeito às regras. É só quando usas o teu poder contra outros ou para coisas – Bella desenhou aspas com os dedos ao lado da cabeça – “maiores” é que eles decidem intervir. E, acredita, o castigo não é nada agradável. Os deuses sabem ser criativos quando se trata de castigar alguém.

– Eu sei – garantiu L, trocando um olhar significativo com Bella.

As duras riram-se e depois uma outra rapariga surgiu, vinda timidamente da sala das entrevistas.

– Aconselho-te a comeres bem – disse Bella, mudando de assunto – Ainda falta fazeres o teste de condição física e ele é sempre um pouco puxado.

L acenou, agradecida pelo conselho, e depois Bella afastou-se com um pequeno aceno de despedida e um piscar de olho:

– Espero ver-te em Atlantis.


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