Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 57
Capítulo 57




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Enquanto as duas raparigas vestiam o pijama, L preferiu fixar a sua atenção na parede em que estava a porta, na ponta contrário ao sítio em que estava a secretária com o Stephano. Estava completamente forrada com enormes molduras, penduradas umas por cima das outras ou no chão, encostadas à parede em pequenas e desordenadas filas. No entanto, dentro das molduras não estavam pinturas ou fotografias. Estavam cheias de puzzles, dos mais variados temas e tamanhos, desde puzzles com 500 peças até deles com 5000. Eram todos, obviamente, lindíssimos.

Despacha-te resmungou Gina, subindo para cima da grande cama de dossel, a sua pequena cobra de pulso enrolando-se na mesinha de cabeceira ao lado da cama.

L apressou-se a segui-la, querendo terminar com aquela dor de cabeça o quanto antes. Deitou-se rapidamente, por baixo das cobertas fofas e quentes, e ficou a olhar para Gina, ansiosa como uma criança por uma guloseima.

Gina soltou um pequeno suspiro, mas ajeitou-se na cama a seu lado e poisou a sua mão na testa de L. A dor desapareceu toda de imediato, deixando um delicioso torpor quente no seu lugar. Não demorou muito até L adormecer, esquecida de estar num quarto cheio de toda a sorte de bichos, com a cabeça de uma cobra píton poisada na cabeceira da cama logo acima de si.

Quando teve a certeza de que a rapariga estava a dormir, Gina retirou a mão da sua testa. Não queria manter-se em contacto com L durante demasiado tempo, para a impedir de se viciar naquele seu poder, e, além disso, tinha outras coisas para fazer. Deslizou suavemente para fora da cama, estendendo a mão na direção da mesinha de cabeceira, para a qual a sua pequena cobra deslizou de imediato, enrolando-se-lhe no pulso, como era costume. Saiu do quarto, agarrando pelo caminho uma grande camisa velha e surrada que vestiu por cima da t-shirt que usava como camisa de dormir. Correu rápida e silenciosamente pela escola, até chegar por fim ao jardim. Quando se aproximou do charco, ouviu o murmúrio da voz de Niko a cantar baixinho.

Ajeitou a sua pseudo-camisa de dormir, certificando-se de que a curta peça de roupa tapava tudo como deve ser, antes de avançar na direção do rapaz, que estava sentado na relva fofa, com as costas encostadas ao tronco de uma árvore.

Vieste constatou ele, abrindo um largo sorriso quando viu Gina Senta-te aqui convidou, batendo suavemente na relva a seu lado.

Gina cedeu a sentar-se a seu lado, nem sequer protestando quando Niko ergueu ligeiramente o braço, convidando-a a aninhar-se no seu flanco. Simplesmente cedeu, poisando a cabeça no seu peito enquanto ele lhe envolvia os ombros com o braço, puxando-a mais para si e dando-lhe um suave beijo nos cabelos.

Desde que Lilás os deixara para estar junto de Saya que Niko se aproximara de Gina mais do que a rapariga gostaria. Ela já lhe explicara que não pretendia tomar o seu lugar de Deusa Suprema da Criação, que estava em Atlantis somente para aprender a controlar o seu poder e que pretendia voltar para o mundo humano quando o conseguisse. No entanto, com dois Adeptos a seu cargo, esses seus planos ficavam seriamente ameaçados. E como se ainda quisesse complicar ainda mais as coisas, Niko esforçava-se para tornar o laço entre eles cada vez mais forte. Gina não conseguia travá-lo e temia chegar ao ponto de não conseguir, ou querer, quebrar a elo. Temia ter já chegado a esse ponto. Afinal, ela não era pessoa que gostasse de ser tocada. Mas Niko era diferente. Ela gostava de estar assim, aconchegada a ele. Gostava de ouvir a sua respiração junto do seu rosto, de sentir o seu peito mover-se por baixo dos dedos da mão que ela poisara no seu peito. Gostava de quando ele falava, de ouvir a voz dele vibrar-lhe no peito, e apenas ficava melhor quando ele se ria. Aquele à vontade com ele, aquela intimidade que ela nunca antes tivera com alguém era maravilhoso.

O que querias falar? perguntou Gina por fim, olhando para a superfície calma e brilhante do charco.

Niko soltou um pequeno suspiro, acariciando suavemente os cabelos de Gina antes de dizer:

Não quero que vás embora. Nunca.

Não quero ficar aqui retorquiu ela.

Mas porquê? perguntou Niko, desesperado Porque não queres ficar aqui? Não queres ficar comigo?

Gina soltou um suspiro e virou-se ligeiramente no abraço de Niko, dobrando as pernas, com os joelhos espetados para cima, e brincando com uma folha de erva entre os dedos das mãos.

Sabes que gosto muito de ti.

Mas é só como teu Adepto completou ele, com voz amargurada Bem, então deixa-me dizer, Gina que eu te amo.

Niko sentiu Gina enrijecer nos seus braços, mas não se atreveu a fazer-lhe uma carícia calmante. Sabia que isso apenas pioraria as coisas e que ela se afastaria mal o sentisse tocar-lhe.

Isso é impossível murmurou Gina, abanando suavemente a cabeça enquanto recomeçava a brincar com a folha.

Porquê? perguntou Niko, franzindo levemente o sobrolho.

Porque não sabes nada sobre mim negou Gina Não podes amar alguém que não conheces. Isso é só o elo entre os nossos poderes. Não é amor.

Não me digas o que é, não sou nenhuma criança, para não saber aquilo que sinto negou Niko, irritado.

Não parece.

Niko agarrou os ombros de Gina, deitando-a para trás na relva e debruçando-se sobre ela, prendendo-lhe as mãos ao lado da cabeça. A rapariga franziu ao sobrolho, mas encarou-o, tal como ele queria.

Se duvidas, prova o meu sangue desafiou-a ele.

Não quero o teu sangue negou Gina, tentando libertar-se.

E porquê? Tens medo de descobrir que estou a dizer a verdade? Tens medo de descobrir que te amo? Porque tens medo disso, Gina? Porquê?

Não quero ficar aqui. E será mais difícil ir se tiver cultivado qualquer tipo de relações com as pessoas que aqui conheci explicou ela Em especial, relações amorosas.

Niko ficou a olhar para ela, até que soltou um suspiro de derrota e deixou a cabeça descair, ficando com a testa poisada no ombro de Gina.

Amo-te, Gina murmurou ele A sério.

A rapariga não respondeu, limitando-se a olhar o céu estrelado por cima deles. Também os seus olhos pareciam cheios de pequenas estrelas, enquanto brilhavam com as lágrimas contidas.


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