Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 48
Capítulo 48




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Quando saíram da cave, estavam todos a questionar-se se deveriam ir ou não à última aula da manhã. Saya tinha já decidido que não iria. Era certo que os acontecimentos se estavam a suceder demasiado depressa e que ela não queria juntar ainda mais lenha à fogueira, mas odiava ver aquelas tatuagens no rosto da sua Sobrinha. Queria abrir aquele selo o quanto antes.

Ainda se lembrava das primeiras instruções do livro que Yngrid encontrara na biblioteca. E também se lembrava que Lilás se oferecera para a ajudar com a parte das plantas. Portanto, ao ver o cabelo verde do rapaz virar uma esquina juntamente com Gina e Niko, deu uma corridinha para o apanhar.

– Hey, Lilás – chamou, fazendo com que os três se virassem para ela – Posso falar contigo?

– Claro – confirmou ele, sorrindo levemente, afastando-se dos outros dois para se aproximar de Saya. Gina e Niko continuaram o seu caminho.

– Estás a pensar ir à última aula? – perguntou Saya, quando Gina e Niko tinham já desaparecido.

– Se não arranjar mais nada para fazer, sim – disse Lilás, encolhendo os ombros levemente – Mas aceito outras opções – acrescentou, piscando um olho verde muito brilhante a Saya.

Ela ensaiou um pequeno sorriso de lábios apertados.

– Bem, eu pretendia começar a fazer a poção o mais rapidamente possível. E como tu ofereceste a tua ajuda…

– Vamos a isso – aprontou-se Lilás.

Saya acenou e os dois dirigiram-se para os laboratórios da escola. Procuraram uma sala vazia e trancaram-se lá dentro, não pretendendo que alguém os apanhasse a fazer aquela poção. Afinal, não sabia até que ponto estavam a infringir as regras.

– Okay, vamos começar – aprontou-se Saya.

Começaram primeiro por organizar os ingredientes. Felizmente que as partes “animal” de que iriam precisar estavam todas nos armários da escola, ou Gina ainda esfolaria Hisui por andar a matar animaizinhos para eles retirarem deles aquilo de que precisariam para a poção. No entanto, as ervas de que eles iriam precisar estavam, na sua maioria, fechadas em armários que os alunos não tinham autorização para abrir. Foi nessa altura que entrou Lilás, que só teve de puxar um vaso com terra para fazer brotar todas as plantas de que precisariam.

– Desculpa estar a pedir-te para usares o teu poder – disse Saya, enquanto organizavam as folhas que Lilás estava a tratar de desidratar, para as secar.

– Não importa – negou Lilás, rindo suavemente – Estou sempre a usá-lo, para colocar flores no cabelo da Gina.

– A-a sério? – perguntou Saya, franzido o sobrolho levemente.

Lilás riu-se enquanto acenava.

– Não é nada demais – disse ele, enquanto se esticava sobre a mesa de laboratório para pegar numa madeixa do cabelo acinzentado de Saya. Um pequeno caule prateado subiu em espiral pela madeixa que Lilás segurava e, ao chegar ao couro cabeludo da rapariga, formou um botão que não demorou muito a abrir, numa linda flor de lótus branca – Que tal?

Saya dirigiu-se para junto de um dos armários, usando as portas envidraças como espelho para ver o seu reflexo.

– Obrigada – agradeceu ela, num murmúrio sincero, dirigindo um pequeno sorriso a Lilás por cima do ombro.

Lilás riu-se entredentes.

– Sabes? Cada flor tem o seu significado. Deverias procurar o significado dessa.

* * *

– Não vás para a aula – implorou Shark, segurando L pelo braço.

– Mas tenho de ir – lembrou a rapariga, resistindo, apesar do sorriso que não lhe abandonava os lábios – Quero passar de ano para poder receber os meus poderes.

– Não faz mal se faltares a algumas aulas – negou Shark – Além disso, há tanto tempo que não temos um momentinho só para nós…

L riu-se da sua própria derrota, sabendo que não conseguiria resistir ao sorrisinho aparentemente inocente de Shark.

– Bem… okay – cedeu ela, fazendo o sorriso dele aumentar e deixando-o puxá-la contra o seu corpo.

– Já estava com saudades tuas – murmurou ele, com a testa encostada à de L, segundos antes de tomar os seus lábios com os dele.

L riu-se contra a sua boca enquanto fazia as mãos deslizar pelos ombros largos dele até ao pescoço, deslizando os dedos por entre as sedosas madeixas castanhas e loiras do seu cabelo.

– Vamos para o terraço? – convidou Shark, quando se separaram.

L acenou e, de mãos dadas, subiram até ao terraço. Encostaram-se ao muro que o delimitava, observando o ondular do oceano e um bando de gaivotas lá muito ao longe.

– L? – chamou Shark, de repente.

– Diz – incentivou ela.

– Quero contar-te uma coisa.

L fez uma expressão levemente confusa, mas acenou.

– Quero dizer-te… o meu primeiro nome.

– Porquê? – perguntou L, admirada e um tudo nada assustada.

– Tu vais falar nisto na aula do Darkness – disse Shark, olhando para os dedos que estava a espalmar bem uns contra os outros – Mas… sabes que os deuses têm entre eles ligações diferentes daquelas que os humanos têm. Já aprendeste sobre o elo entre Supremos e Adeptos, portanto sabes do que estou a falar. Mas esse não é a única coisa diferente que nós temos – Shark olhou para L, sério mas terno – Nós sabemos sempre quem é a pessoa que queremos ter ao nosso lado para toda a eternidade. Podemos ter alguns “acidentes de percurso”, mas no final… haverá sempre A Tal, aquela rapariga que tu queres ter para ti e a quem tu te queres entregar. E… eu quero entregar-me a ti, L. De corpo e mente. Sabes bem que o meu corpo sempre tiveste – disse ele, fazendo um sorriso atrevido – e eu quero dar-te a minha mente agora.

– Não posso retribuir – lembrou-o L, baixinho – Ainda não sei meu primeiro nome…

– Não importa – disse Shark – Não tens de o fazer agora. Nem nunca, na verdade. Eu sei quão difícil é revelar o primeiro nome. Afinal, estou a passar por esse conflito agora mesmo. Mas… eu quero fazê-lo, L. Quero ser teu. Só teu.

“Ah, que bem que isso soa, dito assim”, pensou L, para consigo, com uma pontinha de sarcasmo.

– E as regras da escola? – perguntou L.

Shark bufou.

– Acabei de perder todo o meu respeito pelas gémeas e pelas Parcas, não quero saber do que me farão. Além disso, as gémeas não podem interferir quando o que está em causa é superior a elas.

– E o que é que está em causa?

– O meu amor por ti – murmurou Shark, afastando ternamente uma madeixa de cabelo vermelho da frente do rosto de L.

A rapariga, por sua vez, ficou petrificada, sem acreditar que o ouvira realmente dizer aquilo. Ela gostava muito de Shark, sentia-se muito bem junto dele… mas não sabia dizer se o amava. Não ainda. A sua vida estava um caos desde que ela chegara a Atlantis e não tivera de todo tempo para pensar em romances sérios. Iria ela cometer um erro por aceitar já aquele tipo de compromisso com Shark? Ou cometeria um erro por o deixar ir? Tech dissera que Shark estava no bom caminho para o amor e nessa altura eles já estavam meio a namorar. Portanto, isso queria dizer que ela e Shark estavam destinados a ficar juntos. Mas seria o destino assim tão rígido? Não poderia ele alterar-se com o tempo e outras decisões?

– Ouve o meu primeiro nome, L – murmurou Shark – Por favor.

L olhou para os olhos verdes de Shark. Aquilo era importante para ele. Ela sabia-o. Mas como poderia ela aceitar se não entendia quão importante aquilo era?

Foi completamente desviada dos seus pensamentos quando Shark segurou o seu rosto entre as mãos e a beijou com força.

– Pensas demasiado… não o faças – murmurou ele, antes de a voltar a beijar, os seus lábios macios pressionando os dela antes de se afastarem para dar passagem à língua.

L perdeu-se completamente no beijo de Shark, e mal notou quando o rapaz teceu uma linha de beijos desde a sua boca até à sua orelha, onde sussurrou:

– Dakota…


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