Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 41
Capítulo 41




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Gina e Niko pararam de cantar quando Lilás os avisou da aproximação de Hisui. Os rapazes olharam para ela com naturalidade, mas Gina reservou-lhe um olhar especialmente hostil.

– Olá, Hisui – cumprimentaram Niko e Lilás em coro.

– Olá… humm… Gina?

– Que é? – perguntou Gina, num tom aborrecido, a suavidade da sua voz enquanto cantava completamente apagada.

– Sempre foste ter com a L? Ela estava bem?

– Não sei – disse Gina, encolhendo os ombros – Porquê?

– A Circe está a recuperar de uma bruta visão que teve agora mesmo com a L – disse Hisui, fazendo um gesto com a mão na direção da escola – Viu a L a gritar, caída de joelhos no chão, agarrada à cabeça. Quando baixou as mãos, deu par ver que ela tinha umas tatuagens esquisitas nos olhos. E depois essas tatuagens racharam e começaram a cair, pedacinho a pedacinho, como vidro.

– Bem, nesse caso não venhas falar comigo – disse Gina – Eu vim embora do quarto dela assim que pude, estava a Saya a planear chamar as gémeas.

– Porquê as gémeas? – perguntou Hisui.

– Porque o mal da L não é físico – respondeu a rapariga estranha – Se fosse, eu tê-lo-ia detetado.

Hisui acenou, pensativa.

– Tens mais alguma coisa para perguntar ou dizer? – perguntou Gina – Caso contrário, podes ir embora.

Hisui ficou alguns segundos a olhar para Gina, sem saber se se deveria sentir ofendida ou triste. Percebendo que não chegaria a uma conclusão tão depressa, decidiu fazer-lhe a vontade e ir-se embora.

Chocou contra Ouro a meio do caminho.

– Ups! – exclamou Ouro, enquanto Hisui esbarrava contra o seu peito, segurando rapidamente a cintura da rapariga para ela não cair no chão quando o impacto a fez cambalear para trás.

– Desculpa – murmurou ela, com as mãos no peito de Ouro, um reflexo tardio que pretendia manter a distância.

– Sem problema – disse ele, com um pequeno sorriso.

Ficaram a olhar um para o outro por alguns instantes, até se darem conta de que continuavam na mesma posição de antes: ele a segurá-la pela cintura estreita e ela com as mãos no seu peito.

Afastaram-se rapidamente, corando.

– O… o Shark está a entrar em parafuso – disse Ouro, depois de pigarrear levemente – Quer saber onde está a L.

– D-deve estar ainda no quarto – murmurou Hisui, começando depois a mordiscar nervosamente o lábio com as presas brancas.

– Não faças isso! – disse Ouro de repente, levando os dedos ao rosto de Hisui, tocando com as pontas nos seus lábios – Vais acabar por te magoar, com esses… bem…

– Esses dentes? – concluiu Hisui, apontando na direção da boca – Não faz mal, estou habituada a morder-me a mim mesma.

– Não devias – negou Ouro.

Hisui encolheu levemente os ombros.

– Então… – Ouro pigarreou de novo – V-vamos almoçar?

Hisui acenou e os dois dirigiram-se para o refeitório.

L ainda demorou um pouco a chegar, mas veio pelo seu próprio pé e com um sorriso tranquilizador nos lábios. Porém, isso não chegou para impedir que se instalasse o caos quando todos olharam o seu rosto, levantando-se enquanto soltavam exclamações de choque.

– Pelos Templos perdidos – ofegou Shark, levantando-se tão depressa que atirou a cadeira para trás, com estrondo, enquanto corria a segurar o rosto de L entre as mãos e o virava de um lado o outro, para ver bem as tatuagens nas suas pálpebras e têmporas – Que é isto, L?! O que é que aconteceu?!

– Isso é um selo? – perguntou Snow, chocando, empalidecendo.

– Um selo? – repetiram Burn e Ónix, incrédulos.

– O que é que isto está a fazer na tua cara? – rosnou Shark – Porque é que não o abriram já?!

– Shark! – exclamou L, para lhe chamar a atenção – Calma. Fala baixo. Eu explico tudo.

– Oh, não.

Viraram-se todos para Hisui, que estava a olhar as novas tatuagens de L, horrorizada.

– Que foi, Hisui? – perguntou L.

– A visão. A visão da Circe. Ele teve uma visão ainda agora em que ela te via… assim – disse, apontando para a tatuagem de L – E viu essas tatuagens rachar como vidro.

– Viu o selo ser aberto – notou Yngrid.

– Ela viu mais alguma coisa? – perguntou L, de respiração suspensa – O que é que me aconteceu, depois de o selo ser aberto?

– Não sei de mais nada – disse Hisui, erguendo as mãos em rendição.

– Temos de ir à biblioteca – constatou Saya – Assim que terminarmos de almoçar, vamos logo procurar uma maneira de abrir esse selo.

Portanto, depois de comerem, dirigiram-se todos para a biblioteca. A meio do caminho, Hisui fez um pequeno desvio, para ir ver como estava Circe, que ficara a dormir depois da visão que a assolara a meio da manhã.

Enquanto Yngrid procurava o livro que continha a informação que eles desejavam, os outros reuniram-se todos numa mesa, a folhear livros ao calhas ou a conversar baixinho. Foi durante esse tempo que L viu os olhares tristes que Softhe lançava a Burn de vez em quando, o qual, por sua vez, estava a fazer um ótimo trabalho a fingir que a sua amiga não existia.

– Softhe? – chamou L.

– Hum? – fez ela, olhando para a amiga.

– Anda cá – chamou L, levantando-se e agarrando no pulso da melhor amiga, puxando-a para um canto resguardado – Tu não estás bem. O que é que se passa?

Softhe soltou um suspiro.

Não queria falar naquele assunto, porque sabia que se iria desfazer em lágrimas, mas, por outro lado, queria desabafar com alguém, ter alguém que a abraçasse enquanto se permitia ir abaixo.

– Eu… discuti com o Burn ontem à noite – revelou ela por fim.

– Conta-me – incentivou L, segurando as mãos da amiga entre as suas.

Softhe contou-lhe tudo sobre a sua discussão com Burn, deixando que as lágrimas lhe deslizassem livremente pelo rosto enquanto falava. L ficou a olhar para a amiga quando ela terminou o relato, tão chocada com a frieza de Burn que nem soube como deveria reagir. Por um lado queria dar meia volta e ir partir uns quantos dentes a Burn. Por outro, sabia que a amiga precisava de apoio.

Decidiu começar por Softhe, que era a mais necessitada de momento. Abraçou-a com força, deixando que ela soluçasse no seu ombro.

– Vá, vá, não te deixes abater – disse L, num tom de voz suave, enquanto tecia pequenas carícias nos longos cabelos castanhos de Softhe – Como tu disseste, ele não pode lutar contra o destino. Mais tarde ou mais cedo, ele vai perceber que não pode viver sem ti e vai implorar-te por perdão. De joelhos. E depois dizes que apenas o perdoas se ele te comprar aquela linda gargantilha de ouro e diamantes.

– Aquela que custava quase dois mil euros? – perguntou Softhe, limpando as faces molhadas pelas lágrimas.

– Essa mesmo – confirmou L, sorrindo quando conseguiu por fim arrancar um risinho à amiga.

– Não é má ideia – concordou ela, acenando com a cabeça.

L fez uma carícia consoladora nas costas de Softhe enquanto as duas voltavam para junto dos outros.

– Irá tudo correr bem – garantiu L.


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