Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 36
Capítulo 36




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/528977/chapter/36

Gina foi a última a chegar à cave e, mal a porta se fechou atrás dela, Circe bateu as mãos.

– Okay, preciso que vocês se sentem todos num círculo – pediu Circe – E é fazer o favor de deixar um espacinho para mim, claro.

Os amigos sentaram-se todos no chão, num círculo perfeito, deixando um espacinho para depois Circe se sentar entre Hisui e Snow.

– Okay – murmurou Circe, respirando fundo – Vamos a isto.

Ela dirigiu-se para a porta e rodou a chave, trancando-os dentro da cave. Depois vasculhou uma sacola poisada a um canto até tirar uma vara de vidro semelhante à que Darkness usava para escrever no quadro, com a diferença de que esta era negra. Quando Circe começou a desenhar runas no chão, à volta dos amigos, a pedra cedeu debaixo da vara, esculpindo os símbolos no chão, os quais ardiam com um estranho fogo verde e azul. Quando terminou, Circe colocou-se no centro do círculo e desenhou uma enorme runa no espaço livre, a única runa cujo significado L já aprendera: a runa da negação, do nada, do vazio. No momento em que a runa ficou concluída, uma barreira quase invisível, apenas denunciada pelos seus reflexos azuis e verdes, estendeu-se em forma de cúpula sobre as suas cabeças, protegendo-os.

– Okay, está feito – anunciou Circe, sentando-se no espaço deixado para si – As gémeas já não nos podem ver nem ouvir, estamos protegidos de qualquer tipo de olhos, sejam espirituais, físicos ou mecânicos. Somos um ponto negro na perceção delas. E não toquem nos símbolos – acrescentou ela, ao ver Shark estender uma mão curiosa para o símbolo por trás de si – Não queimam, de facto, mas a sensação não é muito confortável.

Shark recolheu a mão lentamente e depois ficaram a olhar uns para os outros, sem saber por onde começar.

– Então…? – resmungou Gina, em jeito de incentivo.

– Podes começar tu a falar – sugeriu L, olhando Gina – Gostaria de saber porque é que andas com uma cobra enrolada no pulso e porque é que o Lilás e o Niko, de repente, te seguem como cachorrinhos.

Gina cerrou os punhos e os maxilares.

– Isto não é a verdade ou consequência – disse ela, o tom de voz arduamente controlado. Niko poisou-lhe uma mão no braço, talvez para a acalmar – Não tenho de te contar todos os meus segredos.

– És uma deusa perdida no mundo dos humanos? – perguntou Hisui, cortante como de costume.

– Deusa perdida no mundo dos humanos? – repetiu Burn, descrente – Desde quando?!

Circe suspirou.

– Eu descobri há algum tempo, através de uma visão, que estão deuses a surgir vindos do mundo dos humanos – disse Circe – Tanto quanto sabemos… a Hisui foi o primeiro desses casos.

Os olhares viraram-se todos para Hisui.

– A-a sério? – perguntou Ouro – Vieste do mundo humano?

Hisui acenou, depois de uma pequena hesitação.

– Não sei quem são os meus verdadeiros pais – disse ela – Não sei rigorosamente nada sobre as minhas origens. Raios, eu nem sei que raio de poderes tenho! Pensei que o meu poder fosse algo ligado à Morte, já que sempre senti um elo com o Darkness. Mas até ele admite que o elo que teve comigo sempre foi diferente, mais fraco do que o elo que ele tem com os outros Adeptos, como o Snow. E quando experimentei, há alguns dias atrás, os meus novos poderes… eu… eu consegui desintegrar uma pedra só por olhar para ela – disse ela, provocando alguns arquejos de choque e espanto – Desfez-se completamente em pó. Parti uma cadeira simplesmente por lhe dar uma palmadinha no acento. Amarrotei e rasguei uma chapa de metal como se fosse papel. Bastou-me soprar no que restava dela para a desfazer também em pó.

– Isso… é incrível – disse Ouro, de boca escancarada.

– Não, não é – negou Hisui – Eu… eu também descobri que consigo fazer mais coisas com uma dentada minha, para além de sugar força e vitalidade.

– O que é que tu fizeste? – rosnou Gina, cerrando os punhos que tinha poisados no joelho.

– Consegui apanhar uma coruja no jardim – disse Hisui, sombriamente – Mordi-lhe a pontinha de uma asa, só uma dentadinha pequenina. Mas matei-a, só com essa dentada. Depois apodreci-a. E no fim desintegrei-a pura e simplesmente.

– Que nojo – murmurou Ónix.

– Como te atreves? – rosnou Gina, tremendo de raiva, os olhos cheios de lágrimas furiosas.

– Gina – murmurou Niko, poisando uma mão no braço dela.

– Como te atreves a terminar uma vida?! – gritou Gina, parecendo pronta a saltar para cima de Hisui – Não tens esse direito!

– Porque é que a coruja te importa tanto? – perguntou Saya a Gina, cruzando os braços na frente do peito.

Gina direcionou o seu olhar irado para Saya.

– Nunca irás compreender – disse ela, simplesmente.

– Gina – chamou Niko, de novo – Se queres que eles compreendam, tens de lhes contar.

– Eles não têm de compreender nada – rosnou Gina – Não têm de saber nada!

– Porque é que odias tanto a Hisui? – perguntou Saya.

– Poderes opostos – murmurou L, para si.

– O quê? – perguntou Shark.

– Poderes opostos – repetiu L, para os outros ouvirem – A Gina tem poderes opostos aos da Hisui, não é verdade? A Gina tem uma qualquer ligação com a Vida, e a Hisui tem uma ligação com a Morte.

– Então a Gina também é uma deusa perdida no mundo dos humanos? – perguntou Burn.

– Não tenho ligação nenhuma com a Morte – negou Hisui, ignorando Burn – Se fosse, seria uma Adepta de Darkness.

– Mas os teus poderes são semelhantes aos dele – insistiu L – Os vossos poderes reconhecem-se, por isso é que há um elo entre vocês. E os teus poderes são opostos aos da Gina, por isso é que ela… enfim, está tão contra ti.

– Mas que puderes poderei eu ter que sejam semelhantes aos do Darkness? – perguntou Hisui, exasperada.

– Destruição – murmurou Yngrid, chocada.

– O quê? – perguntou Hisui.

Yngrid retirou rapidamente um papel do bolso das calças de cabedal negro que trazia vestidas e alisou-o, pigarreando antes de recitar:

– “A Destruição a primeira fase a chegar será e com labaredas nos olhos ela virá. A Criação virá logo de seguida e nos olhos terá o verde da Vida.”

Todos olharam de imediato para os olhos vermelhos de Hisui, e depois saltaram para os verdes de Gina.

Burn soltou um palavrão.

– E o Destino? – perguntou Saya – Quem seria o Destino?

Dest soltou um suspiro e trocou um olhar cheio de significados com o irmão.

– Somos nós – disse ele, ao que Tech acenou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Candidatos a Deuses" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.