Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi
– Mas o que é que tu andas a fazer durante a noite? – perguntou Saya a L, sentada em cima da secretária da Sobrinha enquanto a via arranjar-se para o último dia de aulas da semana – Tens umas olheiras que pareces um urso panda…
– Não tenho dormido bem – murmurou L, com uma voz fraca e abatida.
Sentia-se doente, mas não sabia o que se passava consigo. Desde que chegara a Atlantis que se sentia adoecer lentamente, agravando-se a cada manhã. Porém, com o decorrer do dia a coisa melhorava. Mas sentia-se tão em baixo naquele momento que não tinha a certeza de ir melhorar ao longo do dia.
– Tu estás é a precisar de te alimentar bem – resmungou Saya, enquanto saiam do quarto – Aqueles comilões dos rapazes comem tudo e uma pessoa não se aguenta só com umas bolachitas de pequeno-almoço.
E Saya continuou a resmungar contra a pouca comida enquanto se encaminhavam para a sala comum, onde Softhe já estava a tratar de irritar Burn, a tentar fazer-lhe trancinhas na cabeleira vermelha.
– Estás bem, querida? – perguntou Shark, mal L se sentou a seu lado, dirigindo uma mão para lhe acariciar os cabelos – Pareces murchinha…
– Estou bem – negou L, dirigindo a Shark um sorriso tranquilizador.
– Vocês, vocês, vocês! – guinchou Yngrid, aparecendo de repente a correr, abraçando uma resma de papéis contra o peito – Vocês não vão acreditar no que aconteceu ontem à noite.
– O que é que aconteceu? – perguntou Hisui, curiosa, dando palmadas nas mãos de Ouro, que estava a tentar meter o dedo no doce de morango com que Hisui barrara o pão.
– O professor Darkness veio à biblioteca – revelou ela, enquanto organizava apressadamente os seus papéis – A querer entrar… – Yngrid olhou rapidamente em volta, verificando se ninguém estava a ouvir antes de sussurrar – na sala dos Arquivos Classificados.
– Na sala dos Arquivos Classificados? – admirou-se Hisui – E ele podia entrar lá?
Yngrid corou intensamente e começou a brincar com a pontinha de uma das folhas.
– Bem… n-não exatamente. Mas ele prometeu que não estragaria nada e…
– Oh, não, ele lançou-lhe O Sorriso – gemeu Hisui, deixando a cabeça descair para a sua mão aberta.
– O Sorriso dele é fatal – concordou Bella, acenando com a cabeça.
– Continua, Yngrid – pediu Burn, para colocar fim à conversa d’O Sorriso, recostado confortavelmente na sua cadeira, com os braços cruzados na frente do peito e tão curioso que nem sequer reparava no que Softhe lhe estava a fazer ao cabelo.
Yngrid pigarreou suavemente.
– Bem, eu ofereci-me para o ajudar a procurar o que ele queria e ele contou-me de uma profecia antiga que falava numa reorganização do mundo. Aliás, de todo o universo! E era dessa profecia que ele estava à procura.
– Encontraram? – perguntou Bella, curiosíssima.
– Sim! – confirmou Yngrid, muito satisfeita – Vejam só…
Estendeu uma das folhas para o centro da mesa, de onde todos pudessem ler a letra alta, fina e elegante de Yngrid.
Tudo é feito aos círculos e o Universo não é exceção
Para que o velho dê lugar ao novo, vem primeiro a destruição
Construir, destruir e reconstruir, essa será sempre a norma
Construir, destruir e reconstruir, até atingir a verdadeira forma
Três fases são precisas, três novos deuses elas encarnarão
Terão quatro caras e o mundo e a vida dominarão
A Destruição a primeira fase a chegar será
E com labaredas nos olhos ela virá
A Criação virá logo de seguida
E nos olhos terá o verde da Vida
O Destino que também vem tudo manterá
E entre as quatro mãos o mundo segurará
Por fim, da semente divina plantada
Em ventre humano ela será gerada
Protetora da Vida e da Humanidade
Com o Livro de Nomes construirá a felicidade
– Mas que raio é suposto isso querer dizer?! – queixou-se Burn, batendo com o punho na mesa.
– Deuses com quatro caras? – admirou-se Shark.
– E quatro mãos? – repetiu Snow, franzindo o sobrolho com a confusão.
– Parem de tentar fazer de conta que pensam – pediu Hisui, batendo também com o punho na mesa, para impor a ordem – Será que nenhum de vocês reparou no que realmente interessa?
– Desculpa, deuses com quatro caras é algo que interessa – defendeu-se Burn.
– Nem por isso – negou Ouro, endireitando-se – Mas a profecia fala de três fases e atribui um deus a cada uma delas. Mas depois fala num deus a mais.
Hisui acenou, concordando.
– E num Livro de Nomes – acrescentou Saya.
– Que livro é esse? – perguntou Softhe, soltando o totó que terminara de fazer no topo da cabeça de Burn e que o fazia parecer uma ave rara.
– Eu e Darkness estamos a pesquisar – disse Yngrid – Mas ele acha que… é um livro que reúne os primeiros nomes de todos nós.
– Isso parece-me perigoso – comentou a voz resmungona de Gina, enquanto ela aparecia, com Lilás e Niko a ladeá-la, quais guarda-costas.
A rapariga de cabelos negros sentou-se numa cadeira, como se tivesse todo o direito de estar no meio do grupo, e Niko e Lilás sentaram-se um de cada lado dela, chegando-se o mais que podiam para ela, como se algo os colasse uns aos outros.
– Que foi? – resmungou Gina, olhando para as bocas escancaradas em redor.
– Hã… – fez Shark.
Gina ergueu levemente uma sobrancelha, percorreu os rostos em redor com o olhar e depois soltou um risinho escarninho quando o seu olhar poisou em Burn.
– Estás tão lindo… Pareces uma catatua.
– O quê…? – começou Burn a perguntar, levando a mão à cabeça e sentindo o serviço que Softhe lhe fizera ao cabelo – Tu! – gritou ele, antes de se levantar e começar a correr atrás da rapariga, fazendo-a fugir com um gritinho – Anda cá, sua amostra de gente irritante e insuportável! – ia Burn gritando enquanto a perseguia para fora da sala.
Os outros riram-se, até Gina soltando um novo risinho, para admiração de todos os outros.
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