Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 26
Capítulo 26




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– Uau – murmurou Softhe, depois de Saya desaparecer – Não fazia ideia que ela tinha uma história de vida tão triste.

– Era previsível – contrapôs Lilás – Ninguém apanha cicatrizes numa vida perfeita – acrescentou, lançando um olhar significativo na direção de Hisui, que baixou o olhar, de maxilares furiosamente cerrados.

– É só uma linha minúscula por baixo do olho – resmungou ela, por entre os dentes cerrados.

– Isso não quer dizer que não tenha sido doloroso – defendeu Lilás – E que sabes tu, afinal? Que garantias tens tu de que a roupa dela não esconde ainda mais cicatrizes? Aposto contigo em como aquela luva que ela nunca tira esconde uma mão bem marcada por uma vida dura.

Hisui não respondeu, desviando propositadamente o olhar para o lado. Era óbvio que ela não gostava de perder.

– Aqui estão vocês! – exclamou Tech, enquanto ele e o gémeo se aproximavam, o último com o nariz espetado na PSP – Procurámos-vos por todo o lado.

– Porquê? – perguntou Softhe, curiosa.

– Porque o Shark anda doido à procura da L e o Burn está mesmo insuportável, sempre a resmungar contra o tal Colar Negro. A sério, ele só o tem há vinte e quatro horas. Imagino o humor dele no final da semana.

Softhe e L riram-se.

– E o Shark anda a dizer a toda a gente que vocês são namorados – disse Dest, sem erguer os olhos da consola mas espetando o dedo indicador na direção de L, para logo a seguir o usar para carregar no botão que tinha por baixo.

– O quê?! – admirou-se L, sem conseguir evitar ficar levemente corada.

Ela e Shark tinham passado uma tarde muito agradável no dia anterior e talvez tivessem mantido uma certa proximidade e intimidade, com o rapaz sempre a pegar-lhe na mão e a entrelaçar os seus dedos nos dela, mas isso não fazia deles já namorados.

– Apressado, ele – comentou Softhe.

– Eu vou falar com ele – decidiu L.

Dirigiram-se todos para a sala comum, guiados por Tech e Dest. Hisui colocou-se ao lado de L a meio do caminho, com uma expressão pensativa.

– Aquilo que a Saya contou… – começou ela – Intrigou-me.

– Como assim? – perguntou L.

– Quantos deuses é que vão ao mundo humano em missões? – começou Hisui a ponderar – Para mais um Deus Supremo. Raramente lá vão Deuses Adeptos, quanto mais Supremos. E quais as probabilidades de um Deus Supremo morrer no mundo humano? É muito estranho… Para começar, os humanos não têm forma nenhuma de matar um deus. Um deus só pode ser morto por outro deus. Mas se imaginar um deus no mundo humano já me é difícil, imaginar dois é quase impossível. A não ser… que eles tivessem já um encontro marcado ou assim. Mas porque iriam eles encontrar-se no mundo humano?! Que interesse poderia o mundo humano ter para eles?

– Não sei, pergunta à Saya – disse L, distraída.

– Não estás a chegar lá, pois não? – constatou Hisui, aborrecida – Enfim, não ligues. Eu falarei com a Circe sobre isto e depois então chegaremos a uma conclusão.

– G’anda desprezo – comentou Softhe – A excluir-nos da coisa…

– Não tenho culpa de que vocês não sejam inteligentes que chegue para seguir o meu raciocínio – disse Hisui.

L suspirou e apressou o passo na direção da sala comum.

Os rapazes estavam lá todos reunidos, vendo televisão.

– Olha a tua namorada, Shark! – exclamou Snow, o rapaz de cabelos castanhos e olhos verdes, mal viu L entrar.

Shark desviou logo a atenção da televisão para a rapariga e fez-lhe um sorriso muito quente e sedutor enquanto se levantava e dirigia para ela.

– Qual é a tua? – perguntou L, baixinho, quando o teve ao alcance da sua voz – Nós não somos namorados.

– Ainda – disse Shark, o seu sorriso entortando-se ligeiramente enquanto prendia uma curta madeixa do cabelo vermelho de L atrás da orelha da rapariga – Não te preocupes, L. Vou ser meigo. Prometo.

– Acho que o Shark já está a pensar noutras coisas – disse Softhe, com ar sabedor e atrevido.

– Podes crer – confirmou Shark, erguendo a mão para Softhe bater nela com a sua.

– Olá, L – disse a voz de Circe mesmo atrás da rapariga, fazendo-a soltar de susto.

– Bolas, Circe – disse L, com a mão no peito – Tem lá calma com as aparições súbitas.

– Vinha só dar-te as boas notícias – defendeu-se Circe – Já comecei a ter as aulas avançadas de que falei ontem. E não me parece que sejam muito difíceis.

– Isso é ótimo! – exclamou Softhe.

– Já tens algum trabalho de casa para fazer? – perguntou Shark, com um pequeno sorriso provocador.

– Tenho – confirmou Circe – Mas não é nada de mais. É para eu treinar a direcionar e controlar as minhas visões. Tenho só de prever as condições climatéricas da próxima semana. Simples.

– Então, previste a tempestade que vai devastar a América na próxima semana? – perguntou Dest.

Circe franziu levemente o sobrolho.

– A América não vai ser devastada por nenhuma tempestade – negou ela.

Dest arregalou ligeiramente os olhos, levando a mãos aos lábios, quase como se estivesse surpreendido e chocado com o que dissera. Algo que também Tech parecia pensar, porque ralhou:

– Dest…!

– Oh – fez o gémeo de cabelos negros – Pois…

– Anda – rosnou Tech, agarrando no braço do irmão e puxando-o apressadamente para fora da sala.

No preciso momento em que eles transpuseram a porta, Circe começou a piscar freneticamente os olhos e segurou a cabeça com as pontas dos dedos.

– Raios… ele alterou-me as previsões de toda a próxima semana! – exclamou Circe – Estragou-me o trabalho todo! Como é que ele fez aquilo?!

L, Softhe e Shark trocaram olhares entre si.

– Não fez – negou Softhe – Ele é humano, como nós, lembraste? Não tem poderes para alterar seja o que for.

– Juro-te que as minhas previsões estão completamente diferentes daquilo que estavam antes! – insistiu Circe.

– Se calhar estavas a prever tudo errado – sugeriu Shark, encolhendo levemente um ombro.

– Não estava nada! – negou Circe, desesperada – Estava tudo bem, as previsões estavam perfeitas…! E mesmo que não estivessem, como poderia ele saber da tempestade que vai passar pela América na próxima semana?!

– Se eles tivessem alterado alguma coisa, as gémeas já o saberiam – intrometeu-se Burn, sem desviar os olhos da televisão, mas provando que até estava atento ao que se estava a passar.

– As gémeas não conseguem prever tudo – lembrou Circe – E eu vou descobrir o que aqueles dois estão a esconder. E agora mesmo! Hisui, ajuda-me.

Hisui acenou, com um pequeno sorriso.

– Será um prazer – disse ela, o seu sorriso alargando-se perigosamente e revelando uns caninos longos e afiados… como os dos vampiros!


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