Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi


Capítulo 17
Capítulo 17




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L voltou para o baile, tal como Hisui lhe dissera. Bella ainda dançava com Dest enquanto Softhe e Tech limpavam o que restava de alguns doces. Saya estava sentada no seu lugar, com Gina a seu lado, as duas de braços cruzados na frente do peito e ares aborrecidos.

– Então, como foi a conversa? – perguntou Saya, quando L se sentou do seu outro lado. Gina ergueu ligeiramente a cabeça, interessada.

L olhou rapidamente em volta, para Aino e Aina. E encontrou o olhar de uma delas (não sabia dizer qual) a olhar diretamente para si.

– Uma das gémeas está a olhar para mim – murmurou L, baixando o olhar e tentando mexer os lábios o mínimo possível – O que é que isso quer dizer?

Saya olhou discretamente para a mesa sobre o estrado e soltou um suspiro.

– É a Aina – revelou.

– Como sabes? – perguntou L, admirada.

– Porque a outra gémea está de pé a falar com o Darkness – disse Saya – A Aina não é muito faladora, prefere observar. E ela está a observar-nos com muita atenção. Dado que o forte dela é detetar mentiras, deve pressentir que tu estás a esconder algo.

– O que é que ela pode descobrir?

– Nada de concreto. Teria de manter contacto visual por algum tempo para conseguir ler-te os pensamentos. E essa é uma das regras no que diz respeito às gémeas: nunca as olhes nos olhos por muito tempo. Em especial a Aino. Ela chega aos teus pensamentos mais depressa do que a Aina.

– Mas os poderes delas não são idênticos? – perguntou Gina, no seu tom de voz baixo, uma cortina de cabelos negros a esconder o seu rosto da visão das gémeas.

– Não exatamente – negou Saya – Acontecem muitas coisas interessantes quando nascem deuses gémeos. Alguns têm poderes idênticos, outros completam-se e outros ainda têm poderes opostos. A Aina e a Aino são uma mistura. Elas têm poderes idênticos, sim, mas dentro deles, ligam melhor com facetas diferentes, pelo que os poderes delas também acabam por se completar.

– Como é que sabes tanto? – perguntou L.

Saya encolheu os ombros.

– São informações que outros alunos foram recolhendo e que foram passando de geração para geração atrás dos Padrinhos e Madrinhas. Agora é já uma espécie de obrigação dos Padrinhos e Madrinhas contarem aos alunos novos todas as regras da escola que não estão nas listas dos professores.

L tornou a olhar para a mesa no estrado, mas desta vez para a outra gémea, para a que estava a falar com um professor alto e lindíssimo, com longos cabelos castanhos e olhos de uma estranha cor avermelhada.

– Então aquele é o Darkness? – perguntou L.

Saya seguiu o seu olhar.

– Sim – confirmou ela – Como sabes?

L limitou-se a lançar-lhe um olhar sugestivo.

– Estás aqui – disse uma voz conhecida de L, que a fez saltar de susto na cadeira.

Virou-se de repente e deparou-se com o sorriso sedutor de Shark.

– Andei à tua procura – revelou ele, sentando-se ao lado da rapariga.

– A-a sério? – perguntou ela, sem saber que mais haveria de dizer.

Shark acenou e abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompido.

– Com humanas, Shark? Esperava melhor de ti.

As raparigas e o rapaz viraram todos a cabeça na direção do outro lado da mesa, onde o rapaz de cabelos vermelhos, Burn, estava, de braços cruzados e com o restante “gangue” atrás.

– E isso vindo do tipo que parece um fósforo – cuspiu L.

O rosto de Burn endureceu, os punhos cerrando-se com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.

– Estás a esquecer-te que estás a falar com um deus, humanazinha? Se for esse o caso, eu relembro-te já.

– Calma – apelou um dos rapazes, o de cabelo castanho e olhos verdes, poisando uma mão no ombro de Burn – Shark, vamos embora.

– Eu não ando às tuas ordens, Snow – negou Shark, sem sequer olhar o outro – Se é para começar a comparar “hierarquias”, lembra-te que eu sou um Deus Supremo e tu és um Adepto.

– Vamos embora, Shark – repetiu Burn.

– Também não ando às tuas ordens, Burn.

O rapaz de cabelos vermelhos cerrou os maxilares, mas não teve tempo de responder. Antes disso, Softhe furou por entre o grupo de rapazes até se conseguir colocar entre Burn e Shark.

– Pfiu! – exclamou, abanando uma mão na frente do nariz, como se estivesse a tentar afastar um odor desagradável – É impressão minha ou está aqui um fedor a testosterona que nem se aguenta? Os galos andam a lutar? Por quem?

– Acho que é por mim – disse L – O Burn parece estar com inveja de o Shark estar comigo.

Softhe olhou Burn de alto a baixo e depois fez um pequeno esgar de desagrado.

– Cá para mim ele estava com inveja de ti, por lhe teres tirado o Shark.

Burn arregalou os olhos de choque e ultraje.

– Como te atreves?! – trovejou ele, chamando as atenções mais próximas.

– Sabes que estar a lutar com uma miúda por causa de um tipo não é lá muito macho da tua parte – defendeu-se Softhe, erguendo as mãos como se as limpasse do assunto.

– Humanazinha insolente… – rosnou Burn.

– Ouve, pá! – exclamou Saya, levantando-se – Eu já sei como tu és, Burn, mas é com a minha Sobrinha e com a sua melhor amiga que estás a falar. Portanto, é melhor que baixes a bolinha e te vás embora! Deixa o Shark em paz! Ele não é nenhum cachorrinho para tu queres andar com ele pela trela!

– Isso não é, definitivamente, uma coisa de macho – concluiu Softhe.

– Tu…! – começou Burn a gritar, levando a mão atrás como se fosse bater na rapariga. Porém, antes disso, o rapaz negro, com o cabelo cheio de rastas preso na nuca, segurou-lhe o pulso.

– Tu vais acalmar-te, Burn – disse o rapaz, empurrando o amigo para longe – Porque tu não queres fazer nenhuma idiotice na frente das gémeas, em especial quando estás no teu último ano e quase a receber o Néctar e a Ambrósia…

E os rapazes, um a um, foram-se afastando, atrás de Burn e do rapaz que o levara.

– É melhor ir – disse Shark a L – Encontramo-nos amanhã.

L acenou e ficou a ver Shark afastar-se, juntamente com as amigas.

Exceto Gina. O seu olhar verde estava fixo em dois dos rapazes, os que pareciam mais relutantes em ir-se embora. Um deles tinha cabelo branco e os olhos de cores desiguais, um verde e outro dourado. O outro rapaz era Lilás, o de cabelo e olhos verdes. Também eles olhavam para Gina, praticamente escondida atrás dos corpos das outras raparigas, conseguindo apenas ver um olho verde brilhante através dos fios de cabelo negro que lhe tapavam o rosto.

– Vamos embora – chamou o tal Ouro, dando uma palmada amigável no ombro de Lilás, sem se dar conta do sítio para onde ele estava a olhar.

– Sim… vamos – murmurou ele, vagamente, o seu corpo tentando virar-se para se ir embora enquanto a cabeça insistia em estar virada para Gina.

– Vamos – concordou o de cabelo branco, virando costas e afastando-se por fim.


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