Candidatos a Deuses escrita por Eycharistisi
O jantar foi farto e luxuoso, pelo que L, Softhe, Tech e Dest sentiam os estômagos prestes a rebentar quando terminaram a sobremesa.
– Não há nenhum deus que ajude à digestão? – perguntou L.
Saya riu-se suavemente
– Tanto quanto sei, não – disse.
– Mas é claro que há – negou Softhe, vasculhando um bolsinho muito bem escondido na saia do seu vestido e retirando de lá um pacote de pastilhas – Aí o tens.
Riram-se todos e começaram a partilhar as pastilhas.
– Queres uma, Gina? – ofereceu L.
A rapariga olhou para ela, menos ameaçadora do que antes, mas não falou. Limitou-se a recusar com a cabeça.
– Vocês fazem já a digestão enquanto dançam – disse Bella.
– Dançar? – repetiu Dest, com um pequeno esgar.
E, nesse preciso momento, uma pequena banda entrou no salão, arranjando tudo para começar a tocar.
– Oh, isto vai ser lindo! – festejou Softhe, esfregando as mãos e batendo palminhas.
– Porquê? – perguntou Saya.
– Poderá haver por aí algures um príncipe encantado que me queira convidar para dançar – disse ela, piscando os olhos com ares de inocente, mas olhando para o bando dos rapazes giros pelo canto do olho.
– Esquece-os – disse Saya – São mesmo uma cambada de idiotas.
– E são todos deuses – acrescentou Bella – Têm alguns preconceitos para com os humanos e os Deuses Dadivados. Em especial o Burn.
– Isso é só porque ele ainda não me conheceu – disse Softhe, empinando o nariz de forma engraçada.
– São todos Deuses Supremos? – questionou L, curiosa.
– Humm… não era suposto falarmos nisso – lembrou Saya.
– Oh, certo, desculpa.
– Mas, enfim… não tenho a certeza de quantos deles são Supremos ou Adeptos. Exceto o Lilás e o Niko.
– O Lilás é aquele de cabelo verde, não é? E o Niko, quem é?
– Aquele de cabelo branco – indicou Saya, apontando com o queixo – Eles os dois andam cá há tanto tempo quanto os outros, mas continuam no primeiro ano. O que quer dizer que são Deuses Adeptos que ainda não encontraram o seu Deus Supremo. Estão há anos à espera dele. Ou dela.
– Quanto tempo podem esperar? – inquiriu L.
– Se os deixarem beber Néctar, poderão esperar eternamente. Caso contrário, acabarão por morrer como simples humanos.
– Isso acontece com todos os deuses, não é? – perguntou Softhe – Se não lhes derem a beber Néctar, qualquer deus acaba por morrer normalmente, de velhice, certo?
– Certo – confirmou Saya – É o Néctar que lhes dá a imortalidade.
Não puderam continuar a conversa, porque nesse momento a banda começou a tocar. Alguns pares levantaram-se logo, enquanto outros rapazes se dirigiam para as raparigas que tinham estado a mirar durante todo o jantar, e as convidavam para uma dança. As raparigas que não foram logo escolhidas, levantaram-se e reuniram-se em grupos. E esses grupos, por outro lado, reuniram-se quase todos em redor da mesa em que estava o bando de rapazes.
– Que desesperadas – comentou Dest, num tom aborrecido.
– Olhem só, quem quer ter as atenções todas para si – disse Bella, com um sorrisinho malandro.
– Eu até que as percebo – disse Softhe, enrolando uma madeixa castanha no dedo enquanto olhava, sonhadora, para os rapazes.
– Elas estão a ignorar-nos, Dest – choramingou Tech, deixando cair a cabeça no ombro do irmão.
– Yah, já reparei – resmungou Dest.
– Oh, ‘tadinhos – disse Bella, com um sorriso divertido, fazendo carícias nos cabelos negros de Dest como se fizesse festinhas na cabeça de um cachorrinho triste – Vá, eu compreendo que te sintas intimidado por uma Deusa da Guerra como eu, portanto, vou tomar a iniciativa e convidar-te para dançar. Pode ser?
– Okay – cedeu Dest, esforçando-se por continuar a parecer aborrecido, mas com um brilho satisfeito no olhar.
Os dois levantaram-se e dirigiram-se para o espaço aberto entre as três mesas dispostas em U, que servia como pista de dança.
Tech pigarreou.
– Softhe, poderias desculpar-me por te ter metido na Friend Zone e dançar comigo?
Softhe desviou o olhar do grupo de rapazes e lançou a Tech um olhar divertido.
– Okay – cedeu, sorrindo.
Tech sorriu também e levantou-se.
– A partir de agora estás na Best Friend Zone – disse Tech, com um sorriso safado, quando Softhe já estava de braço dado com ele.
Softhe soltou algo que poderia ser uma exclamação ultrajada, não fosse estar a rir à gargalhada.
L, Saya e Gina permaneceram sentadas.
– Achas que devia ir falar com a Circe agora? – perguntou L à Madrinha.
Saya encolheu os ombros.
– Porque não? Vocês facilmente se conseguem escapar para fora do salão no meio desta confusão e ter uma conversa como deve ser.
L acenou, compreendendo, e depois levantou-se, procurando Circe pelo meio dos dançarinos e dos grupos de raparigas. Encontrou-a sentada num canto mais resguardado, massajando as têmporas enquanto o seu rosto se contorcia levemente, com o que pareciam ser dores. A rapariga de cabelo negro e olhos vermelhos estava a seu lado.
– Humm… olá – cumprimentou L, sem saber se se deveria meter.
– Agora não é boa altura – negou a rapariga de cabelo negro, erguendo-se e colocando-se parcialmente na frente de Circe, tapando-a com seu elegante e justo vestido de seda negra, com pequenas correntes prateadas em redor da cintura, caindo mais para um lado, e um broche prateado com rubis a segurar a única alça.
– Ela está bem? – achou L que devia perguntar.
– Claro que não – negou a rapariga – E só ficará pior. Vou levá-la agora para o quarto.
– Mas… e a conversa? – insistiu L.
A rapariga soltou um suspiro.
– Eu sei o que Circe sabe – revelou ela – Poderei igualmente ser eu a falar contigo. Se estás assim tão desesperada, encontramo-nos na biblioteca daqui a uma hora. Não faltes.
E depois virou-se para a amiga, ajudando-a a erguer-se e alisando-lhe o vestido branco e lilás enquanto a guiava para fora do salão.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!