POV – Peeta

Acordei de manhã ouvindo uma música vindo da sala, fiquei em silêncio prestando atenção e percebi que era Wonderwall. Me levantei da cama sorrindo e fui até o banheiro, fiz minha higiene matinal e depois coloquei uma bermuda. Abri a porta devagar e fui caminhando silenciosamente até a sala, ela estava de costas com um short Pink curto, uma regata branca e tinha um coque mal feito nos cabelos, sorri com a visão de ela passando o aspirador de pó no tapete e dançando no ritmo da música. Fui lentamente até ela e a abracei pelas costas, ela deu um pulo de susto e depois se virou pra mim.

— Você quase me matou de susto Peeta! – Ela gritou me dando um tapinha no ombro.

— Bom dia. – Respondi puxando-a pela cintura e em seguida depositei um selinho em seus lábios.

— Bom dia amor. – Ela respondeu sorrindo. – Eu te acordei? Me desculpa, não percebi que o som estava tão alto.

— Tudo bem, não se preocupe. Precisa de ajuda com alguma coisa?

— Não, tudo bem.

— Tem muita coisa pra fazer... Deixa eu te ajudar. – Falei com olhos pedintes acariciando sua bochecha e ela sorriu.

— Pode lavar o banheiro. – Ela falou erguendo os ombros e sorrindo de lado.

— Ok, vou tomar café da manhã e já te ajudo ok?

— Ok. – Ela respondeu e em seguida me deu um selinho. – Vem, vou te ajudar com o café. – Fomos até a cozinha e ela colocou meu desjejum, se sentou comigo á mesa pra me fazer companhia e depois nós fomos terminar de limpar a casa. Kat pegou as coisas pra eu poder lavar o banheiro e depois voltou a passar o aspirador de pó nos tapetes, pedi pra que ela erguesse o volume da música e ficamos assim até a hora do almoço, vez ou outra eu parava para dar uns beijos nela deixando-a nervosa, pois dizia que queria terminar a casa o mais cedo possível pra poder descansar.

“— Peeta, por favor! Com você me beijando a cada cinco minutos eu não consigo fazer nada!

— Para de ser chata, vamos lá pro quarto um pouquinho...

— Peeta Mellark! Você está me deixando irritada! – Ela tentou gritar, mas acabou rindo logo depois de dizer meu nome.

— Katniss Everdeen... Futura Mellark! Você está me deixando irritado! – Falei imitando sua voz o que a fez rir. – Vamos descansar um pouquinho vem... – Falei puxando-a pela cintura e beijando seu pescoço.

— A gente descansa depois do almoço, agora me solta... – Ela falou me empurrando. - Sabe que não resisto aos seus encantos. – Ela sorriu de forma maliciosa e depois virou de costas indo até a lavanderia.

— Ei! – Gritei e ela virou pra me olhar. – Eu te amo.

— Eu também. – Ela sorriu e voltou a caminhar até a lavanderia.”

Já era fim de tarde e o sol estava começando a se por, fomos até a varanda e nos sentamos nas cadeiras que havia ali, era um espaço grande até, com várias plantas que Katniss colocou depois que veio pra cá, antes não passava de uma simples varanda sem nada. Ficamos observando o sol se por, estava um fim de tarde agradável, não estava frio e nem muito calor, estava perfeito. Ficamos conversando sobre coisas do cotidiano durante um tempo e não percebemos o quanto a lua já estava alta naquele céu estrelado.

— Amo ficar olhando pro céu e observando como cada estrela brilha de uma forma diferente da outra, ficar procurando constelações e sentir a lua refletir em minha pele. – Ela disse fechando os olhos e respirando fundo.

— E eu amo ficar te olhando enquanto faz isso. – Falei sorrindo levemente e ela abriu os olhos virando-se para mim.

— Sabe Peeta... Nunca me imaginei vivendo com alguém, assim como estou com você. Dormir juntinho e acordar juntinho, tomar café da manhã juntos e á noite conversar como fora o dia de trabalho, compartilhar minhas felicidades e minhas angustias, sentar na varanda vendo o sol se por dando espaço para a noite que tanto me acalma. Você me fez repassar todos os meus conceitos de como viver, de como amar, de como ser feliz apenas com as pequenas e simples coisas que a vida oferece. Você realmente me mudou... Em todos os sentidos da minha vida e agradeço á Deus todos os dias por ter te colocado em meu caminho. – Ela disse olhando em meus olhos e podia ver que ela estava sendo sincera, peguei suas mãos e acariciei-as com meus polegares, um sorriso doce foi estampado em sua face e naquele momento eu me imaginei velhinho com ela, desse mesmo jeito, sentados á varanda de uma casinha qualquer sob as estrelas, fazendo juras de amor até o meu ultimo suspiro de vida.

— Eu te amo. – Falei me aproximando e selei nossos lábios com um beijo terno. Levei minha mão até o seu rosto e acariciei sua face macia como veludo.

— Eu amo mais. – Ela falou separando seus lábios dos meus.

Dois meses depois...

— Peeta, pelo amor de Deus, eu estou atrasada! – Katniss gritava impaciente da sala enquanto eu terminada de escovar os dentes.

— Não está não, sossega esse facho! – Gritei de volta com a voz um pouco estranha devido á quantidade de espuma que estava em minha boca.

— O que? – Ela gritou de volta, apenas rolei os olhos e cuspi a pasta.

— Estou indo. – Falei e logo em seguida tratei de ser rápido com a minha escovação antes que ela tenha um ataque no primeiro dia de trabalho na nova agência de Cinna. Sequei minha boca e mãos na toalha de rosto e fui até a sala onde Katniss me esperava com os braços cruzados abaixo dos seios e estava com uma expressão não muito agradável no rosto.

— Podemos ir? – Ela perguntou descruzando os braços e pegando sua bolsa em cima do sofá.

— Claro. – Falei sorrindo amarelo, ela estava me deixando completamente irritado esta semana devido á sua mudança de humor repentina, mas nem me atreveria a confrontá-la, afinal sua tensão pré-menstrual poderia ser usada de desculpa por ter me matado diante de um juiz. Peguei minha mala que estava encima do balcão da cozinha e saímos, ficamos o caminho todo em silêncio, Katniss apenas batia as unhas descontroladamente no painel do carro. – Dá pra parar? – Falei já irritado.

— Estou nervosa, me deixa em paz! – Ela falou aumento o ritmo das batidas de unhas sobre o painel. Bufei irritado e voltei a dirigir. Este será um longo dia! Assim que parei em frente ao seu novo trabalho ela respirou fundo e abriu a porta do carro.

— Bom trabalho. – Falei antes de ela fechar a porta, ela apenas sorriu e saiu andando sem nem ao menos me dar um beijo. Fiquei esperando por alguns minutos pra ver se ela se tocaria, mas ela nem olhou para trás, apenas liguei o carro e saí em direção ao meu trabalho.

...

— Oi amor. – Falei atendendo o celular.

— Peeta, não precisa vir me buscar pra almoçarmos, eu pedi uma marmita, tenho muito trabalho... Sabe como é, primeiro dia...

— Tudo bem amor, como está sendo o seu... – Tu... Tu... Tu... Ela desligou na minha cara. Minha vontade era de jogar o celular contra a parede, como ela pode desligar na minha cara? Minha cabeça estava a mil, faz quase uma semana que ela está me tratando assim, com indiferença, quase nunca tenho sua total atenção em nossas conversas, eu estava totalmente irritado e chateado. É quando ouço alguém bater na porta da minha sala e eu grito para que a pessoa entre.

— Peeta eu...

— O que é? – Perguntei irritado sentado em minha cadeira.

— Me desculpe, eu posso voltar outra hora. – A minha secretária falou meio tímida e eu me senti culpado, ela não tem nada a ver com os meus problemas.

— Não, eu que tenho que pedir desculpas Glimmer. Pode falar o que queria. – Falei massageando as têmporas.

— O Sr. Haymitch pediu pra te avisar que a entrevista com aquele jogador de basquete será hoje á tarde. – Ela falou com uma voz calma.

— Obrigado Glimmer.

— Precisa de algo? Está tudo bem? – Ela perguntou antes de sair, parecia preocupada.

— Não, eu estou bem. Pode se retirar agora.

— Ok. – Ela disse e em seguida pude ouvir o barulho do seu salto alto ecoando por toda a minha sala e logo depois a porta se fechar. Decidi sair mais cedo para almoçar e pedi pra Glimmer avisar á Haymitch caso ele perguntasse por mim. Sai com o carro não prestando muito atenção ao transito e parei em um restaurante qualquer, escolhi uma mesa um pouco afastada das pessoas e logo veio um garçom, fiz meu pedido e enquanto esperava fiquei mexendo no celular, olhando meu e-mail e revendo minha agenda semanal.

— Aqui está. – O garçom disse colocando o meu prato na mesa.

— Obrigado. – Respondi desembrulhando os talheres e ele saiu me deixando almoçar. Eu estava com uma sensação estranha, como se algo estivesse pra acontecer, não consegui comer direito e estava inquieto. Pedi para o garçom trazer a minha conta e fui até o caixa, paguei e sai, tinha um tempo ainda antes de voltar ao trabalho e passei no trabalho da Kat, precisava vê-la. Quando entrei uma moça disse que ela estava almoçando em um pequeno refeitório que havia ali e me explicou o caminho, demorou alguns minutos para achar o lugar, afinal ali era muito grande e então eu a vi conversando com um homem alto, de cabelos loiros escuro, ela ria e conversava descontraída com ele, como se fossem amigos de infância, fui até ela que estava de costas pra mim e pigarreei pra que ela olhasse pra trás.

— Peeta? – Ela perguntou surpresa. – O que faz aqui?

— Eu queria te ver. – Falei simplesmente, encarando o homem ao seu lado. – Podemos conversar?

— Hãn... Claro. – Ela falou meio constrangida e depois se virou para o homem ao seu lado. – Cato... Eu já venho. – Fomos pra um tipo de jardim que havia ali e nos sentamos em um dos bancos. – O que foi?

— Cato? – Perguntei arqueando uma das sobrancelhas.

— Ele é meu fotógrafo, estávamos apenas conversando.

— Seu fotógrafo? – Perguntei dando ênfase em seu.

— Sim, meu fotógrafo, cada um aqui tem seu próprio fotografo. E Cinna o designou a mim. – Ficamos em silêncio um tempo até que ela perguntou. – Está com ciúmes Peeta?

— Não é ciúmes. Mas há quase uma semana você tem me ignorado e me tratado mal, saiu hoje de manhã e nem me deu um beijo, ligou dizendo que não almoçaria comigo e desligou o telefone na minha cara, aí quando eu chego aqui você está conversando e rindo com um cara que acabou de conhecer. – Gritei já irritado com tudo aquilo, sentindo meu sangue ferver. Ela não respondeu apenas ficou em silêncio encarando o chão. – O que tem a me dizer Katniss?

— Me desculpe. – Ela sussurrou tão baixo que quase não ouvi direito.

— O que está acontecendo? – Perguntei levantando seu rosto com cuidado e encarando seus orbes cinzentos.

— Nada. – Ela respondeu suspirando.

— Vai mentir pra mim agora?

— Eu não sei o que está acontecendo comigo Peeta. Eu nunca quis te tratar mal e te deixar chateado. Me desculpe. – Ela falou com os olhos marejados e aquilo fez meu coração doer.

— Ei. – Falei abraçando-a com força. – Eu não estou chateado, só estou confuso, você nunca me tratou assim antes. – Ela se soltou do abraço e me olhou com o rosto molhado devido às lágrimas.

— Me desculpe Peeta.

— Tudo bem... Nós conversamos em casa mais tarde ok? Eu tenho que fotografar uma entrevista daqui a pouco e você também tem muito trabalho. – Falei e ela assentiu. – Eu te amo. – Falei lhe dando um selinho.

— Eu também te amo. – Ela me acompanhou até o carro e nos despedimos com um beijo terno.