Seus olhos azuis me fitavam e procurava-me demostrar algo desconhecido. Suas mãos se estenderam na intenção de me ajudar a levantar, segurei-as e levantei sem encará-lo e ajeitando a jaqueta nos ombros e tentei me recompor da queda. Mesmo com receio levantei a cabeça devagar e encarei os seus olhos cabisbaixos.

_ Desculpa... – de tantas coisas que ele fez, que nem sei se desculpa é o suficiente. Sorri falso e suspirei.

_ Por entrar em meu caminho e me derrubar ou por estragar algumas coisas de minha vida? – isso pode parecer meio grosso, mas eu não conseguia fingir, não pra ele... Toda vez que eu fingia algo ele descobria.

_ Por tudo... – acho desculpa não completamente suficiente por tudo.

_ Tudo bem... – sorri falso e ele balançou a cabeça negativamente.

_ Não, não está tudo bem. Podemos sentar em algum lugar e conversar? – dito isso eu encarei a praça e vi as três garotas sentadas na praça. Rosa me fitava estranho, tipo *vai ficar ai o dia inteiro?* e Gabi distraia a Sophie.

_ Agora eu não posso. – pus as mãos no bolso da jaqueta. _ Mas estou livre a noite! – sei que não era uma boa ideia, mas queria saber o que ele tinha pra me dizer.

_ Então te pego ás sete. – assenti e sai indo em direção as meninas.

_ Quem é aquele gato? – Gabi assanhada baixando.

_ Aquele gato é o Pietro e o seu coraçãozinho já tem dona. – essa grisalha já gosta de provocar.

_ Jenny? – até você pequena.

_ Isso ai! – elas três dão certinho.

***

Ao chegar a casa, minha tia fez várias perguntas e eu procurei deixar ela bem entendida de tudo. Nós subimos para meu quarto, eu e a Rosa, ela pulou em minha cama agarrando minha almofada em forma de guitarra. Sim, eu já sabia ela queria saber o que eu estava conversando com o Pietro.

_ Ok, ele disse que precisa falar comigo e eu marquei de sair com ele essa noite. – comecei sem esperar ela dizer nada, foi engraçada sua cara, ela me olhou como se dissesse *não te perguntei nada*.

_ Sabe que ele só te traz problemas, não é?

_ Acho que pior do que está não pode ficar. – falei pensando no ruivo, na verdade queria saber como ele estava e o que estava fazendo.

_ Olá Castiel... – congelei ao ouvir a Rosa dizer. Devagar o encarei passando pela porta do meu quarto.

_ Tenho que te aturar final de semana agora também? – ele ignorou o fato de eu estar ali e se se encostou à minha porta sorrindo.

_ Eu sei, é um prazer me ver! – gabou-se a grisalha e eu despertei com o som da campainha. Despertei de seus olhos, que me encaravam de relance, despertei de seu sorriso que era totalmente sem graça, sem cor e sem brilho.

_ Castiel é pra você. – tia gritou da sala, acho que o ruivo tem visita.

_ Manda subir... – ele parecia saber quem era, deveria já estar esperando.

Congelei no tempo e meus olhos arderam, minha garganta engolia em seco e minha respiração avançou o sinal. Era a Debrah nos braços dele, era ela que agora beijava seus lábios e sorria boba. Como ele pode ignorar o fato de estar em frente a minha porta aos beijos com a EX que jurou não estar junto. Aquilo magoou mais do que devia e do que podia, ele me culpa pelo Pietro, mas não se olha no espelho.

_ Oh casalzinho vinte... Estamos aqui! – era de se esperar que a Rosa dissesse algo, só não achei que ela fosse ser tão original. Eles nos olharam de relance, a garota sorrindo e os olhos do ruivo encontraram os meus. Automaticamente levantei e fui até a porta fechando a mesma na cara de ambos. Encarei a Rosa que estava estática e deixei as lágrimas caírem junto comigo ao chão.

***

Agradeço a Rosa por me confortar e me acalmar, ela tinha uma boa arma, dizia que se eu quisesse mostrar a ele o que ele perdeu, eu deveria parar de chorar e evitar rugas, olheiras e olhos inchados, ainda usou a arma “Pietro”, não me esqueço de ela dizendo *olha o gato com quem tu vai sair você tem que estar maravilhosa* e eu só ria sem graça. Mas enfim, ela foi embora encontrar o namorado e eu deitei um pouco para descansar.

Sophie já esteve aqui umas três vezes perguntando o que eu tinha e se não queria brincar com ela. Gabi já apareceu na porta umas trezentas vezes perguntando se eu queria conversar e algumas outras coisas sobre o Pietro, que ela chama de meu querido gato. Eu só não jurava por uma pessoa aparecer em meu quarto, não ele...

_ Minha mãe mandou perguntar se você não vai jantar. – sua voz foi como um tiro que acabara de atingir meu peito e que em poucos segundos me matara. Respirei fundo e olhei a tela do celular, eram seis da tarde, minha tia não costuma jantar essa hora.

_ Não... – fui curta e grossa e ouvi a porta se fechar.

Suspirei e levantei. Eu tinha que reagir e me arrumar para esperar o Pietro. Fui até o banheiro e tomei um banho demorado e gelado. Enrolada em uma toalha voltei para o quarto e fui até o armário, eu sempre fazia uma bagunça ao procurar uma roupa. E dessa vez não foi diferente, bagunça feita e roupa escolhida.

Eu já estava toda arrumada e ansiosa ás seis e cinquenta e cinco. Peguei meu celular e coloquei o dentro da pequena bolsa. Peguei meu vidro de perfume de morango e tomei um banho com ele *modo de falar*. Respirei fundo e sai do quarto fechando a porta atrás de mim. Desci as escadas e encarei a sala bastante agitada. Olhares para mim mais um pouco e eu cairia da escada.

_ Oh querida está linda! – meu tio sempre gentil, mas até eu não nego, eu estava me sentindo uma diva.

_ Teremos mais um prato na mesa hoje. – marta disse sorrindo sem ao menos pensar no que falou. Fitei a Debrah e imaginei que seria ela de quem a mesma estava falando. Do seu lado o ruivo que me fitava com uma mistura de tudo que era sentimento.

_ Mil desculpas... Mas não jantarei com vocês hoje! – dito isso e a campainha tocara. Marta foi até a porta e a abriu, dela se revelou o galã com seus cabelos bagunçados de ar sexy, uma calça jeans escura e uma camisa branca com uma jaqueta preta por cima. _ Bom apetite. – terminei cínica e caminhei até o Pietro.

_ Isso tudo ai é pra mim? – isso foi malicioso e sexy. Sorri e o abracei depositando um beijo em sua bochecha. Fechei a porta dando uma ultima olhada no ruivo e seus olhos de ódio encaravam o beijo cínico que eu acabara de mandar no ar.

Pietro e sua BMW preta. Entramos na mesma que estava estacionada á frente da casa e logo ele deu partida. Eu não sabia para onde iriamos ou se não estava bem vestida demais para a ocasião. Imaginava que ele e eu fossemos jantar ou curti um lanche simples, mas eu sabia que ele sempre gostava de caprichar.

_ Então... Para onde iremos? – eu estava realmente curiosa pra saber e nervosa um pouco.

_ Surpresa. – sorriso sapeca, ai tem coisa.

_ Sabe que não gosto de surpresas. – era verdade, eu odiava.

_ Mas, sempre gostou das minhas! – nem se acha. Ele piscou sorrindo e manteve sua atenção no volante.

***

Parados em frente ao grande hotel eu imaginava milhões de coisas. Era bastante grande o lugar e muito chique também, digno do garoto mais gato do rock. Nós entramos mesmo eu demostrando um nervoso terrível e fomos direto para o elevador. E passava o primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto... Andar. Mas paramos no que marcava somente uma bolinha, não sei se significava cobertura ou algo diferente, eu sei lá.

Cada vez mais nervosa e a porta do elevador se abriu revelando o lugar... Eu não acredito nisso!