E se eu disser que congelei não estaria mentindo. Meu coração parecia querer pular ali mesmo, minhas pernas pareciam insistir em querer me derrubar, meu corpo totalmente paralisado. Quando o vi no meu quarto, me assustei, mas também admito que eu fiquei muito feliz em achar que ele viria para se desculpar, mas quando ele disse que era somente o remédio que ele queria, eu me senti aliviada pois nem ao menos sabia o que dizer e...

Sua mão fora passada em meus cabelos e em seguida em meu rosto, nossos olhos diziam um ao outro o quanto queríamos, sua mão foi até minha nuca me puxando para perto de si e eu tremi, minhas mãos pararam em seu peito numa tentativa de afasta-lo, seu rosto aproximou-se do meu, seus olhos fecharam-se e sua boca tocou a minha.

Seu beijo me deixava louca, uma mistura doce e ao mesmo tempo bem selvagem, suas mãos caminhavam sobre meu corpo enquanto as minhas se mantinham em seu peito, sua língua desesperada pela minha e a minha pela dele. Eu precisava de fôlego e precisava me afastar. Empurrei-o forte e desferi uma tapa em sua cara, ele precisava saber que e não era que nem as outras que ele pega e que por mais que eu o ame, não serei fácil nunca...

_ Não repita isso... Não sou igual a sua querida Debrah. – era uma mistura de ódio com tristeza, dor e amor.

_ Nunca disse que você era... – sua mão acariciava seu próprio rosto vermelho. _ Você é melhor que ela ou que qualquer outra.

_ Acho um pouco tarde para dizer isso! – meus olhos já se enchiam de lágrimas que insistiam em querer cair.

Seu rosto estava realmente vermelho e seus olhos pareciam se encher de magoa e tristeza, ele se virou e saiu fechando a porta. Cai no chão sem rumo, uma dor terrível me invadia e me preenchia por completo, meus olhos ardiam e choravam...

Eu não podia me deixar levar por isso, precisava resistir e ser forte. Levantei do chão limpando as lagrimas acumulada no rosto e respirei fundo. Caminhei até o armário e procurei uma roupa qualquer para vestir. Fui até a porta e sai do quarto dando de cara com o ruivo, um saco de gelo no rosto e os olhos caídos.

_ Brigou com um tigre? – a garota de treze anos era bem inteligente.

_ Não provoca. – ele estava bem irritadinho.

_ Bom dia de novo, Jenny! – ela ignorou o ruivo.

_ Bom dia, Gabi! – acho que seremos pelo menos amigas.

_ Sophie... – descendo as escadas ouvi minha tia gritando pela pequena que corria pela sala.

_ Mamãe eu não quero fazer balé aqui, quero fazer onde eu fazia. – ela era bem birrenta e fofa.

_ Mas agora você mora aqui, vai fazer aqui. – minha tia estava bem irritada, pelo visto as manhãs dessa casa mudaram.

_ Sophie colabora! – Gabi disse se aproximando da mesma.

_ Eu faço... Mas só se ela me levar amanhã. - a pequena apontou para mim e eu meio que arregalei os olhos.

_ *suspiro* Você pode matricula-la hoje e leva-la amanhã, querida? – minha tia se deu por vencida e eu só assenti.

_ Vou ligar para uma amiga! – me virei, mas voltei. _ Em que escola de balé? – perguntei.

_ É aqui perto... – ela olhou na tela de seu notebook em cima da mesa. _ Chama-se Ballet’s... – assenti e subi para meu quarto.

LIGAÇÃO ON:

_ Rosa meu amor, preciso de você! – sem rodeios eu disse.

_ Bom dia, eu dormi bem e você?! – irônica.

_ Te espero aqui, beijos. – ignorei sua ironia e desliguei.

LIGAÇÃO OFF:

_ Posso ir com vocês? – ela quer me matar de susto.

_ Acho que sim... – respondi a garota e ela assentiu sorridente.

Só troquei minhas havaianas por um Avance preto e coloquei uma jaqueta jeans. Voltei à sala e vi minha tia ofegante no sofá, ela me olhou de relance e suspirou.

_ Por favor, tenta arrumar aquela menina... – o cansaço era notável em sua voz, encarei a pequena sorrindo e abrindo os braços, peguei-a no colo e fui para seu quarto, isso foi muito fácil.

No quarto rosa da pequena eu notei que ela amava Monster High, tinha pôsteres e bonecas para todo lado. Escolhi uma roupa para ela no seu armário e deixei sobre a cama. No banheiro ela me esperava, ajudei-a tomar banho e a vesti, penteei seus cabelos em um rabo de cavalo bem fofo e ela passou sozinha um batom rosa bem clarinho, bem vaidosa.

Uma Gabriela toda no estilo e bem arrumada apareceu na porta do quarto e eu meio que pensei que ela não teria só treze anos, cara ela tem corpo de uma garota de dezessete e a maturidade de vinte, ela era bem moderna e gentil.

_ Vamos? – bem apressadinha também.

_ Esperando minha amiga, ela conhece aqui muito bem e vai saber me levar até a escola de balé. – dito isso, ela assentiu e saiu.

_ Estou bonita? – a pequena perguntou girando no quarto.

_ Claro meu anjo. – sou muito fofa com crianças, eu sei.

A mesma pegou minha mão e ambas descemos para sala. Olha quem chegou minha rosinha, linda como sempre Soltei a mão da pequena e fui até a grisalha dando-lhe um abraço forte.

_ Temos muito que conversar sua tratante! – jeito mais lindo de dizer que saudades, amiga.

_ Temos sim... – respondi sorridente.

_ Quem é essa coisa linda? – ela também é fofa com crianças, meu deus.

_ Sophie e você? – nem precisei dizer a pequena se apresenta sozinha.

_ Rosa... – a grisalha respondeu e me olhou confusa.

_ Irmã mais nova do ruivo, ela tem seis anos! – expliquei e ela fez tipo *ah*.

_ Bem inteligente pra idade dela. – isso era verdade mesmo.

_ E essa é Gabriela, também irmã do ruivo! – apresentei assim que a mesma saiu da cozinha com um copo d’agua na mão.

_ Prazer... – ela fez um gesto com a mão. _ Pode chamar de Gabi. – estou dizendo que ela é gentil. _ E você é? – perguntou.

_ Rosa... – ela tornou me olhar.

_ Treze anos! – eu percebi o que ela queria saber.

_ Parece ter dezessete. – já tinha percebido isso, cara amiga!

***

Eu expliquei a Rosa o que eu queria e para que. No taxi fazíamos o caminho para o local enquanto as garotas recém-chegadas observavam com atenção cada canto da cidade. Passamos pelo parque, pelo shopping, pela casa de shows, pelo estúdio que ensaiei *ai que saudades” e por fim chegamos.

O lugar era fascinante por fora e esplendido por dentro. Havia varias crianças dançando lindamente e fazendo seus passos, uma professora com aparência de seus vinte e poucos anos, ela disse algo a suas alunas e veio até nós.

_ Bem vindas... Em que posso ajuda-las? – bem gentil e educada.

_ Gostaria de matricular minha prima... – eu estava fascinada com tamanha beleza, ela tinha cabelos ruivos alaranjados e olhos bem azuis.

_ Ela já tem experiência ou já praticou alguma vez? – começaram as perguntas.

_ Sim... – Gabi respondeu.

_ Ela fazia ballet na cidade em que morava. – conclui.

_ Bem... Então só precisamos que preencha uma fixa de responsabilização e que pague a taxa de matricula. – agora a parte em que falamos de grana.

_ Ok. – falei soltando a mão da pequena. _ Rosa cuida delas pra mim. – pedi e a mesma assentiu.

Acompanhei a ruiva até seu escritório e sentamos uma de frente para outra e comecei a preencher a fixa em silêncio.

_ Bom... Aqui está o carnê de pagamento e alguns anúncios para se conhecer alguém que queira fazer também. – me entregou papéis. _ Temos aula para adultos a até idosos que precisam se recuperar de algo e movimentar os ossos. – bem estratégico o meio de ganhar dinheiro.

_ Quanto seria a taxa de matricula? – vamos direto ao ponto.

_ A taxa é cem reais e o pagamento mensal é de cento e cinquenta. – caralho, minha tia esta ferrada.

_ Ok... – sorte que ela havia me dado dinheiro antes de sair. _ Aqui está. – entreguei os cem.

_ Gostaria de escolher uma data de pagamento?

_ Não... Vou perguntar a mãe da aluna e digo amanhã qual é a melhor data. – dito isso ela assentiu.

_ Então até amanhã e se ela não possui roupa para ballet, amanhã eu entrego. – acho que ela tem, sei lá, só assenti.

***

Onde estão esses três?! Eu mando uma criança cuidar de mais duas crianças *suspiro*.

LIGAÇÃO ON:

_ Onde se meteu? – grossa, eu sei.

_ Estou com as meninas na praça em frente. – calma, eu sei.

_ Ok, eu estou indo. – desliguei.

LIGAÇÃO OFF:

Passei pela porta giratória do espaço e sentir um forte tombo, eu havia esbarrado em alguém, mas quem seria?!