Minha alma estava calma e aquecida, meu corpo relaxado e neutro.

O sol tocou minha pele e incomodaram meus olhos, o calor derretia sobre meu pescoço, minha cabeça parecia se perguntar um pouco o real motivo de eu estar aqui, mas juro que já sabia e só não queria aceitar. Encaro o teto branco e logo depois uma cômoda preta ao meu lado, um travesseiro vazio e cadê o Victor?!

Pés quentes em contato com o azulejo de madeira gelado, eu caminhei até o banheiro e procurei por minha roupa, peguei-a em cima da pia e tirei a camisa do loiro pondo minhas roupas por fim, enrolei meus cabelos em um coque frouxo e lavei o rosto.

_ Bom dia... – na cozinha eu disse ao vê-lo preparando o que julgo ser o café da manhã.

_ Bom dia. – resposta sorridente.

_ Um Victor que não conheço... – me referi ao modo que ele estava, sem camisa e com sua calça moletom, com um avental amarrada na cintura e preparando o café.

_ Há muito que não conhece ainda, se quiser é só falar! – ok, isso foi um pouco malicioso não foi?!

_ Quero sim... – brinquei enquanto me aproximava da mesa.

Ele pôs tudo sobre a mesa e se sentou comigo:

_ Quer que eu te leve em casa depois?

_ Pode ser! – respondi sem animo, lembrando que tinha que voltar para lá.

_ Acho que você tem um grande domingo pela frente. – isso era brincadeira não é?!

_ Bota grande nisso. – suspirei e bebi um pouco de café.

***

Mãos nos bolsos da calça, cabelo molhado e desgrenhado, camisa xadrez vermelha, calça escura e coturnos maravilhosos... Ele tinha aquele ar sexy, maduro e descolado. Enquanto íamos para casa, caminhávamos lado a lado e conversávamos sobre coisas aleatórias. Não havia mais caminho, agora era só a porta e varanda da casa que eu temia entrar.

_ Sabe que se as coisas pesarem por ai, pode me ligar e te salvo imediatamente. – parece ter percebido meu nervoso, ele é muito fofo mesmo.

_ Obrigada, herói! – sorri e agradeci com um abraço forte.

Suspiro... Longo suspiro, abri a porta assim que o loiro sumiu na estrada e entrei fechando a mesma atrás de mim. Ok, eu estou esperando gritos tipo *onde estava?* ou *o que estava fazendo?*, mas foi diferente.

_ Olha lá, aquela é a Jenny! – Juliana disse para uma garotinha minúscula, de cabelos castanhos e olhos acinzentados.

_ Oi? – isso foi meio confuso.

_ Jenny, essa é Sophie a irmã mais nova do Castiel. – meu tio disse sorrindo e eu fiz uma cara tipo *ah*.

_ Oi... – a menininha disse sorrindo e correu para perto de mim. _ Você é muito bonita. – ela é bem inteligente, meu deus.

_ Obrigada anjo. – falei me abaixando pra ficar em sua altura. _ Você também! – conclui e ela sorriu e me abraçou.

_ Ela gostou de você! – outra garota um pouco maior, de cabelos também castanhos e olhos da mesma cor, disse.

_ Ah e essa é a Gabriela! – minha tia disse abraçando a mesma de lado.

_ Me chame de Gabi... – gentil ela.

_ Agora me explica por que a senhorita dormiu fora. – lá vem meu tio, queria tanto que ele esquecesse.

_ Dormi na casa de uma amiga. – respondi e encarei o ruivo descendo as escadas com os cabelos molhados, uma camisa cinza e uma calça moletom, ele me olhou de relance e balançou a cabeça negativamente.

_ TIEL... – a pequena gritou e correu para os braços do mesmo, ele a agarrou e carregou-a.

_ Não vai dizer nada, Castiel? – minha tia perguntou sorridente.

_ Deveria? – ótima resposta com pergunta.

_ Sim, afinal ela é sua namorada. – ela continuou e ele me olhou meio desanimado e eu suspirei.

_ Não sou mais... – respondi por ele e passei indo em direção a escada.

_ Vocês terminaram? Por quê? O que aconteceu? – uma pergunta de cada vez titia.

_ Sim e pergunta a ele, titia. – sim, foi meio grosso.

_ Boiando. – Gabi brincou e eu subi as escadas para meu quarto.

P.O.V CASTIEL ON:

Ela foi grossa e orgulhosa demais! Eu queria dizer a ela que estava mal por ela ou só falar um *Oi*, mas ela com certeza iria me ignorar. Coloquei a Sophie no chão e passei as mãos sobre o cabelo meio agoniado.

_ O que aconteceu? – minha mãe estava curiosa e eu não estava nem um pouco a fim de assunto.

_ Os deixa, Juliana. – até que fim o Gustavo reagiu. _ Eles são adolescentes e brigam por minuto, já eles tão de bem. – duvido muito disso, mas tudo bem.

_ Onde está o remédio para dor de cabeça? – perguntei com a mão na nuca.

_ No armário do banheiro do quarto da Jenny. – mas obvio, eu iria morrer de dor de cabeça.

Suspirei incomodado e comecei a subir as escadas sem dizer mais nada, bati na porta do quarto dela e não ouvi resposta, sei que ela vai me matar, mas já foi eu entrei e fechei a porta atrás de mim.

_ Você é louco? O que faz aqui? – ela gritou de toalha enquanto saia do banheiro, ela continua linda como sempre.

_ Dor de cabeça... – a única coisa que consegui dizer.

_ E eu com isso?! – grossa demais.

_ * balancei a cabeça saindo do transe* O remédio para dor de cabeça está no seu banheiro e preciso dele. – expliquei.

_ Ah... – ela entrou no banheiro e voltou com o mesmo na mão e veio até mim. _ Pronto. – ela colocou em minha mão e me encarou, esse era aquele momento em que eu me perdia em seus olhos.

Respirações misturadas, bocas próximas, olho no olho e eu estava a ponto de agarra-la ali mesmo e não solta-la mais...