– Claro maninho. – a menina disse.

– Desculpe qualquer... Ai meu deus, Annabeth? – Nico finalmente olhou pra mim.

– Oi. – falei.

– Oi pra você também Di Ângelo. – Percy falou com certo ciúme (?) na voz.

– Nico... Eu estou com fome! – disse Ellie puxando a camiseta do irmão.

– Calma, querida, eu já vou levar você tomar sorvete, está bom? – ele disse com a maior calma na voz. – Ah, Percy e Annie, essa é a minha mais nova irmã adotiva, Ellie. Perséfone quis adota-la quando nos mudamos. – a esse momento eu já estava de pé, junto com Percy, ainda assimilando o que estava acontecendo.

– Oi Ellie. Eu sou a Annabeth, uma velha amiga de seu irmão. – fui simpática e me abaixei pra falar com a pequenina.

– Você pode me chamar de Ell se quiser. – ela disse sorrindo.

– Vou me lembrar disso da próxima vez, baixinha, mas só se você me chamar de Annie. – disse.

– Então Ellie, vamos tomar sorvete? – Nico pediu.

– Nico!! A Annie e o amigo dela podem ir junto? – ela fez aquela maldita cara de criança pidona que ninguém resiste.

– Mas eles estão ocupados agora... – Ele tentou.

– Annie, você pode ir? – ela olhou pra mim. Só porque meu fraco são crianças fofinhas e pidonas ela faz isso? Não é justo!

– Se para o Percy estiver tudo certo... – olhei para ele, que ele diga não que ele diga não.

– Por mim tudo bem, eu já ia levar a Annie pra tomar sorvete agora mesmo. – EU JURO QUE ARRANCO TODOS ESSES FIOS DE CABELO DO MORENO UM POR UM.

– Vamos então! – Ell disse animada, pegando a minha mão e a de Nico ao mesmo tempo. Olhei para o Percy um pouco desconfortável, mas duvido que ele tenha percebido já que estava secando uma morena que passava. Homens...

O caminho ate a sorveteria foi um completo silencio, ao chegar lá Percy e Nico foram buscar os sorvetes para nós, enquanto eu e Ellie conversávamos em uma mesa.

– Você é linda, Annie. – ela disse sorrindo e eu sorri também.

– Você é bem mais, com certeza. – não adianta, eu não consigo não ser fofa com uma criança.

– Meu irmão também te acha muito linda! Ele passou a viajem toda até aqui dizendo como estava com saudades e queria ver você. – OI?

– Ah ele acha isso? – usei um pouco de sarcasmo na voz.

– Sim, e ele passou a viagem toda falando disse, Hazel e Bianca ate tentaram tapar a boca dele com uma fita! – ela disse rindo. Ri junto.

– O que as duas moças estão conversando? – Percy pediu quando ele e Nico se juntaram a nós novamente.

– Sobre como o meu irmão gosta da Annie. – Ell respondeu e então o Di Ângelo ficou extremamente corado. – Mas ele me disse que não era pra falar pra ning... oh ouh! – ela escondeu o rosto nas mãos e eu, junto com os meninos, rimos.

– Que tal a gente comer o sorvete agora dona Ellie? – perguntou Nico.

Depois disso não conversamos mais muito, pra falar a verdade, eu não disse quase nada. Eu, por mais bobo que pareça, ainda fico um pouco desconfortável com a presença de Nico...

Depois que terminamos o sorvete eu dei a famosa desculpa do “eu tenho milhões de coisas pra fazer em casa” e tentei sair o mais rápido possível da sorveteria, com o Jackson, aquele mala, atrás de mim.

– Posso saber porque você ficou tão estranha de repente? – ele perguntou quebrando o silencio quando chegávamos já perto da minha casa.

–Não é nada, Percy. – falei – Mas é verdade, eu tenho um monte de coisas pra arrumar em casa.

– Eu te ajudo. – ele disse. Nesse momento eu já tirava a chave do bolso para abrir a porta.

– Vai me ajudar a limpar a casa? – perguntei segurando o riso e já girando a chave na fechadura.

– Só não prometo não quebrar nada! – ele disse e então entramos. – O que tem pra arrumar? Essa casa é impecável, é difícil de se encontrar até um pó na estante!

– Claro que é, eu limpo ela todos os dias. Mas a roupa não se lava sozinha, minhas roupas não se dobram sozinha e mais uma coisa, a louça não se lava sozinha.

– Você conhece lava-louças automática? – ele perguntou.

– Você é preguiçoso demais! Vai por favor, colocar a roupa pra lavar já quer me ajudar? – respondi já empurrando ele em direção à área de serviços. E depois segui até a cozinha pra lavar a louça. Terminei a louça e ele ainda não havia voltado.

– Annie, esse troço não quer ligar. – ele gritou e eu segurei o riso.

– Não ta vendo a porcaria do botão vermelho ali não? – perguntei, me encostando na porta da área.

– Eu pensava que botões vermelhos fossem pra explodir as coisas. – ele disse, ligando a maquina.

– Então onde esta o seu botão vermelho? – perguntei.

– Se você quiser eu te mostro.

– Jackson! Quando você vai entender a parte do “eu não estou a fim de você”?

– Ah qual é! Eu sou Perseu Jackson, não existe alguém que não esteja a fim de mim.

– Certo. Eu estou a fim de você, mas sabe a fim de que? – dei uma pausa. – De dar umas bofetadas na sua carinha.

– Você é muito violenta! – ele reclamou.

– Você não viu nem a metade. – disse subindo para o meu quarto e sendo acompanhada por ele. Abri a porta do quarto e meu deus... isso ta muito bagunçado.

– Ai deus! Que bagunça! – disse fechando a porta.

– Isso é bagunçado pra você? Sua cama está perfeitamente arrumada, eu duvido que tenha um pó sequer nessa estante e... deuses aquilo é uma pantufa atirada? – ele fez cara de falsa surpresa.

– Pra mim está bagunçado, okay? – disse já começando a arrumar as coisas.

Depois de uns 10 minutos arrumando meu quarto, eu finalmente terminei.

– Nossa como você demorou! – ele disse cínico.

– Se você tivesse levantado a bunda preguiçosa da cama eu teria terminado antes. – reclamei.

– Se fosse no meu quarto você ainda estaria tentando chegar ate a cama. – ele disse rindo.

– Essa é a nossa grande diferença.

– E que também eu não leio esse livros chatos de romance. – ele disse olhando para os meus livros. – Serio? A culpa é das estrelas? Pensei que você fosse mais do que isso.

– O que tem? O livro não pode ser considerado uns dos melhores daqui, mas eu não posso dizer que não gostei dele por inteiro... Ele é basicamente um bom entretenimento.

– Só acho que você poderia ler coisas diferentes... Não imagino você saindo por ai falando okay okay. – ele disse.

– E eu não faço isso. Credo! – disse rindo.

– Annie... –ele chamou

– O que? – perguntei.

– Porque você ficou daquele jeito? Foi o Nico, não é? Você ainda gosta dele.

– Percy, eu não sei, de verdade... Eu pensei que o Nico já era passado, mas ver ele hoje... Foi como se as lembranças voltassem com toda força, entende? – silencio. – Não claro que você não entende, duvido que já tenha se apaixonado! Mas por alguém que já foi apaixonada, dói, dói muito quando algo ruim acontece. E você sabe porque eu te odiei esse tempo todo?

– Não.

– Porque eu perdi ele por sua culpa... – ficamos em silencio mais um tempo.

– Você me disse que tem livros bons ai... Me mostra um. – ele pediu.

– Mas é pra já! – fui ate a estante e peguei meu livro favorito. – As vantagens de ser invisível, Stephen Chbosky. – entreguei o livro pra ele.

– E quais as vantagens de ser invisível? – ele perguntou.

– E quais as vantagens de não ser? – perguntei.

– Você quer mesmo me bugar? – ele perguntou.

– Era a intenção.

– Você é muito mal intencionada. – ele abriu o livro. - Dentro do cartão, eu dizia a Sam que o presente que eu estava dando havia sido dado a mim por minha tia Helen. Era uma velha gravação em 45rpm com "Something", dos Beatles. Eu costumava ouvir todo o tempo quando era pequeno e pensava em coisas de gente grande. Eu ia para a janela do meu quarto e olhava meu reflexo no vidro, e as árvores por trás, e ouvia a música por horas. Decidi na época que, quando conhecesse alguém que eu achasse tão bonita quanto a canção, eu daria o disco de presente a essa pessoa. E não quis dizer bonita por fora. Eu quis dizer bonita de todas as formas. E assim, eu estava dando para Sam. – Ele leu.

– Eu amo essa parte... – disse. – Mas tem uma que eu ainda acho que combina mais com... nós. – tomei o livro de suas maos. - Sei que sou quieto, e que devo falar mais. Mas se soubesse as coisas que passam pela minha cabeça, você saberia o que significou de verdade. O quanto somos parecidos, e como passamos pelas mesmas coisas.

– O que você quis dizer com isso? – ele perguntou.

– Que mesmo que sejamos diferentes, nós temos os mesmos problemas, as mesmas dificuldades, eu você sabe mais que ninguém que não pode passar por isso sozinho. Eu nunca pensei que poderia falar isso, mas acho que todos temos alguém que por mais diferente que seja é inteiramente igual por dentro, e é nessa pessoa que mais podemos estabelecer nossa confiança. Você pode não ter essas dificuldades agora, mas elas aparecem, quando você menos espera. – disse.

– Por que eu fui escolher logo você? – ele disse.