A Grande Queda escrita por BobV


Capítulo 7
Nunca se Render


Notas iniciais do capítulo

Segue mais um episodio da saga :D

Boa leitura.



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Ao ouvir os som das folhas secas sendo amassadas no chão, Ranma ajeitou o corpo sentindo a tensão pré-luta aumentando a medida que o quer que fosse se aproximava. Os passos pareciam ser lentos e curtos, como se a pessoa estivesse andando sem preocupação alguma.

Os arbustos a frente do rapaz se abriram e sob a luz da lua, conseguiu identificar imediatamente quem era a pessoa. Com seus longos cabelos brancos, olhos ridiculamente grandes em relação a face, a pele enrugada, a típica robe predominantemente em tom de esmeralda e em suas mãos, seu inseparável cajado.

— Olá, genro. — A anciã cumprimentou.

Ranma estreitou os olhos, sentindo a intuição gritando em alerta. Havia algo sufocando-o e o deixando desconfortável. E não foi por ela ter se referido a ele como genro. Havia algo mais. Os olhos dela o miravam com uma certa frieza que poderia intimidar facilmente até mesmo os guerreiros mais experientes.

— A noite está ótima para uma caminhada, não acha? — Cologne comentou enquanto se aproximava.

Ranma não respondeu em um primeiro momento, apenas ficou acompanhado Cologne com os olhos.

— E nesses casos, dependendo da companhia, a noite pode ser perfeita.

— Vá direto ao ponto, Cologne. O que você quer? Espero que você não esteja me seguindo.

— Não necessariamente. Eu sou uma das anciãs do vilarejo e estou sempre em modo de alerta. Eu vi você se afastando e decidi vir investigar para ver se tudo estava bem.

— Eu estou bem, não se preocupe. Você pode voltar para o seu sono de beleza agora e me deixar sozinho.

Cologne gargalhou com o comentário ao invés de se sentir ofendida.

— Sempre com a língua afiada, hein? Esse é dos motivos que eu gosto de você, Ranma. Normalmente, todas as outras pessoas nem pensariam em fazer esse tipo de comentário na minha presença. Provavelmente por temor, ou talvez respeito. Mas você não. Você fala o que quer e não abaixa a cabeça para ninguém, um espirito rebelde, um verdadeiro cavalo selvagem*. Posso lhe fazer uma pergunta?

— Não. — Respondeu de imediato e secamente. Mesmo assim Cologne continuou.

— O que você acha daqui? De nossa tribo?

— O que você quer, Cologne. — Perguntou franzindo o cenho.

— Já pensou em morar aqui? Veja o que temos aqui. Lutadores poderosos, pergaminhos com técnicas milenares e templos seculares para serem explorados. Podemos lhe dar tudo que um homem do seu calibre deseja. Aventuras, riqueza, um lar confortável, status e uma esposa linda e poderosa.

Ranma fechou os punhos com força enquanto sentia o sangue começar ferver. "Será que ela não se cansa disso?" Ranma pensou irritado.

— Escute aqui Cologne, — Ranma baixou a voz em tom de ameaça e ultimato. — Eu não irei, NUNCA, me casar com a Shampoo! Entendeu bem? Nunca.

— Não precisa necessariamente ser a Shampoo. Escolha qualquer outra guerreira. — a anciã chinesa retrucou calmamente.

— Não! Não importa quem seja. Eu me recuso a casar-se com alguém daqui.

— É uma pena que você não queira cooperar. — Cologne suspirou profundamente. — Nesse caso terei que fazer as coisas do jeito mais difícil. Você não me deixou escolha.

Antes que Ranma pudesse processar o que fora dito, ele sentiu um forte impacto no peito como se tivesse sido atingido por um pedregulho. A força foi suficiente para lançar o jovem artista marcial alguns metros para trás. Ranma girou o corpo no ar aterrissando de pé e minimizando o dano do impacto. Ele procurou por Cologne a sua frente. Não a encontrou. Em um piscar de olhos ela apareceu do seu lado, segurando seu cajado com as duas mãos. Nos segundos seguintes, Ranma sentiu uma dor aguda na lateral da cabeça e viu o mundo girando a sua volta.

— Estou decepcionada, Ranma.

O jovem artista marcial rolou pelo chão, desorientado. Depois, em um tentativa de fugir da pressão de Cologne, saltou as cegas no ar. No entanto, Cologne não aliviou. Em velocidade impressionante, a mulher diminuta apareceu atrás dele e plantou violentamente seu cajado nas costas do rapaz.

Ranma desceu como um cometa e caiu no chão com um sonoro THUD. Cologne o seguiu, trazendo seu cajado abaixo e golpeando a espinha do dorsal do rapaz, fazendo-o se contorcer e gritar de dor.

A anciã tentou ataca-lo novamente, porém, Ranma rolou para o lado escapando do objeto de madeira. Ao ver o japonês se levantando, a mulher de longos cabelos brancos tentou uma estocado. Ranma viu o golpe e conseguiu se defender segurando a cabeça do cajado. Ainda segurando o objeto, contra-atacou com a sola do pé, acertando em cheio o rosto da anciã. O jovem artista marcial não parou. Ele avançou, desviou de um ataque desferido por Cologne, e atingiu a cabeça dela com um forte chute lateral.

A mulher chinesa rolou pelo chão de terra, desorientada, mal conseguiu ver Ranma em cima dela. O moreno manifestou sua aura de batalha e atacou com a técnica que a própria anciã havia lhe ensinado.

"Kachu Tenshin Amaguriken!"

As mãos de rapaz se transformam em um borrão assim que o ataque começou, disparando um sequência incontável de socos por segundo. Não mais de cinco segundos se passaram e o garoto terminou com um cruzado no queixo.

Cologne sentiu o corpo sendo atingido por uma sequência quase infinita de golpes. Foram apenas poucos segundos, mas pareceram muito mais. No final, foi jogada para trás, chocando-se com o largo tronco de uma árvore que se encontrava em sua retaguarda.

Ranma quebrou o cajado com seu joelho, parou por alguns instantes para recuperar o fôlego, e consequentemente, deu Cologne a mesma oportunidade. O corpo ainda sentia as dores dos fortes ataques da anciã. Ele fez o possível para não demonstrar qualquer sinal de que aquilo o incomodava. Nem mesmo Ryoga batia tão forte!

— Esse é meu futuro genro. — Cologne comentou ao se levantar. - Eu não esperaria menos de você. No entanto, você está no mínimo três mil anos atrás de mim.

Cologne estalou os dedos e Ranma sentiu algo se mexendo. Instintivamente, saltou no ar. Ele viu quando algo luminoso passou por onde estava a segundos atrás. No ar, se moveu novamente quando outros deixes luminosos tentavam acertá-lo. Em uma rápida espiada, viu que eram os estilhaços do cajado que voavam em sua direção. Ao aterrissar, se esquivou-se de mais três pedaços pontudos que tentavam perfura-lo.

Cologne aproveitou a oportunidade para surpreender o japonês enquanto ele se ocupava com ataques mágicos. Ela esgueirou-se para trás do jovem e atacou com seus braços curtos, usando a mesma técnicas que ensinou ao jovem artista marcial.

Ranma era um lutador experiente. Foram anos na estrada treinando, enfrentando desafios, lutando contra os mais variados tipos de adversários. Por conta disso, sabia exatamente diferenciar um ataque real de uma distração. Em nem um segundo ele tirou os olhos de Cologne, no entanto, quando esta saiu do seu campo de visão, sabia que um ataque estava por vir.

Os ataques de Cologne vieram uma velocidade sem igual, surpreendo até mesmo Ranma, que tentou se defender como pode. Alguns golpes passaram pelo seu bloqueio, acertando seu tronco e braços. Em determinado momento, em uma fração de segundo, Ranma viu uma brecha. Ele já se preparava para levantar o braço para contra-atacar, quando sentiu uma picada de leve no ombro direito. Imediatamente o membro superior começou a formigar.

Cologne cessou os ataques, saltando para trás, soltando sua típica gargalhada.

Ranma ficou pálido ao perceber que o braço estava imobilizado. O objetivo de Cologne nunca fora atacar para machucar, mas sim para imobiliza-lo.

"Isso não é bom." Pensou. "Eu poderia enfrentar qualquer outro oponente com apenas um braço. Contudo, Cologne é alguém que não se deve brincar."

— Desista, Ranma. Se juntar a nós é sua melhor opção. Você terá tudo que desejar.

— Vá se ferrar, macaca velha! — Ranma gritou. — Veja o que você está fazendo pra que eu me junte a vocês. Eu nunca irei fazer parte de uma tribo imunda como a sua!

— Ah, sim. Você irá. Por bem ou por mal.

Ao ver Cologne pronta para atacar, Ranma recuou. De maneira alguma iria enfrentar a anciã com apenas um braço. Ele deu as costas para mulher e começou a correr.

Cologne assumiu que o garoto estava desesperado para fugir. Uma das regras básicas de qualquer combate é nunca dar as costas para o seu oponente. Com o adversário parcialmente incapacitado, Cologne avançou sem pensar duas vezes.

Ranma sentiu a presença se aproximando cada vez mais, e sorriu. Não era apenas a velha youkai que tinha seus truques. O garoto esperou até o último segundo, até senti-la a milímetros de onde se encontrava. No ultimo instante se virou.

— Moko Takabisha! — Ele gritou.

Um bola de luz amarelada saiu da palma de sua mão e acertou em cheio a mulher no rosto, fazendo-a gritar de dor.

Ranma não ficou para ver o resultado. Seus pés batiam com força no chão. Seu objetivo prioritário no momento era se afastar o máximo possível do vilarejo. No fundo, sabia desde o início que não deveria ter confiado em Cologne. Tudo o que ela fez foi lhe usar para seus planos egoístas. Sua possível cura teria que ser esquecida por hora.

As folhas e galhos batiam em seu rosto a medida ia adentrando na floresta. A verdade é que não sabia ao certo para onde estava indo. Seu único ponto de referência era o vilarejo, portanto, sabia que corria na direção contrária.

Estranhamente, não conseguia dizer se Cologne o estava perseguindo. Não ouvia passos na terra ou os dos galhos se mexendo. De fato não conseguia ouvir nada, nem o vento batendo nas folhas produzia ruídos. Ele parou e olhou confuso ao seu redor, procurando por algo para que pudesse provar a si mesmo que não havia nada de errado com sua audição. Foi com surpresa que viu uma figura alada e de cabelos prateados surgindo a sua frente.

— Kiema! — Reconheceu imediatamente.

A mulher não fez qualquer movimento ofensivo, apenas o observava com cautela. Seu sabre pendia em sua cintura, refletindo a luz lunar.

— O que você quer? — Perguntou irritado. — Saia do meu caminho!

Kiema respondeu fazendo um gesto com as mãos, tateando o braço direito com as mãos e depois apontando para Ranma.

O rapaz ficou confuso no primeiro momento, depois entendeu a mensagem. Olhando para o local indicado, viu com uma expressão de choque uma mancha negra no antebraço.

— O qu...Cologne! — Concluiu imediatamente ao se lembrar de como ela havia paralisado seu braço.

Ranma viu a mulher fazendo outro gesto. Desta vez apontando para algo em suas costas. Ainda envolto em ódio pela anciã, virou-se imediatamente e encontrou a pessoa que acabara de gritar o nome. Sem pensar duas vezes correu em sua direção para atacá-la. Porém, tropeçou e caiu no chão. Horrorizado, percebeu que as pernas não obedeciam mais seu comando.

— Realmente, é uma toxina bem poderosa. — Cologne comentou enquanto caminha em direção a mulher-pássaro. — É algo bem útil já que não precisa ser ingerido ou aplicada diretamente na corrente sanguínea. Uma simples aplicação na pele é suficiente para paralisar o corpo inteiro. Até agora eu não consigo acreditar que ninguém em nosso vilarejo tenha pensado nisso.

— É porque vocês são antiquadas demais. — Kiema respondeu.

— Talvez. Mas mesmo sendo antiquadas, obtivemos muitas conquistas ao longo de nossa história.

— Que seja. Ainda não sei o que você viu nesse garoto. Bem, de qualquer forma acredito que nosso acordo ainda esteja de pé.

— Certamente. Logo, logo vocês terão o que querem, contanto que nos o que queremos.

— Cumpriremos nossa parte do acordo.

— Ouviu isso, GENRO. — Cologne abriu um sorriso predatório na direção do jovem artista marcial.

— Ele não pode lhe ouvir, Cologne. A droga já começou a fazer efeito. Estranhamente, a toxina permite que ele ouça a própria vez. Ela funciona assim com o intuito de confundir a vitima. Daqui a alguns segundos, ele irá perder a consciência. Quando acordar, ainda ficará paralisado por mais algumas horas. Espero que você saiba o que fazer para mantê-lo nesse estado após o termino do efeito.

— Não se preocupe. Eu sei o que fazer com ele. — Cologne afirmou. — Tenho certeza que minha bisneta, Shampoo, também saberá o que fazer com ele.


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Notas finais do capítulo

Feliz Natal (atrasado) e boas festas a todos :D

Me desculpem, mas o próximo capítulo será postado apenas no ano que vem... ha-ha-ha. Onde está o contrato do "prassa" para eu assinar XD

Críticas construtivas serão sempre bem-vindas.
Percebeu algum erro de português, concordância, formatação ou qualquer outro tipo? me avise para corrigi-lo.



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