A Grande Queda escrita por BobV


Capítulo 5
Duas Tribos


Notas iniciais do capítulo

Ufa! Finalmente terminei mais um capítulo. Vou tentar postar o próximo o mais rápido possível. Isso não é promessa de politico, não se preocupem :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/527730/chapter/5

Os dois segmentos passaram pelo grupo cortando o ar como navalhas mortalmente afiadas, fazendo-os parar momentaneamente. Olhando para baixo, viram uma pequena comitiva vindo até eles. Um deles, que parecia lidera-los, fez um sinal para descerem em uma clareira próxima.

Já no chão, o grupo de aproximadamente cinco guerreiros foi rapidamente alcançado por Ranma, Cologne, Shampoo, Mousse e mais outras três guerreiras.

Uma mulher esguia, com cabelos prateados e curtos; vestindo algo que parecia ser uma maiô adornado com joias e padrões chineses e luvas e botas de couro.

— Então, — Ela mirou o jovem japonês com seus olhos estreitos e penetrantes. — Você não parece ser daqui. Será você o vira-lata das Joketsuzoku que vem atrapalhando os nossos planos?

— Eu não sei quem é o vira-lata que você está se referindo, mas se você estiver falando da pessoa que está surrando os homens-canários, sim sou eu.

A mulher sacou a sua arma que pendia da cintura e a apontou para Ranma. Sua lâmina polida brilhava com as luz do sol. De tão limpa, era possível ver o próprio reflexo nela.

— Você não deveria estar envolvido nessa briga, garoto. Eu sugiro que volte para sua casa e pense bem antes de se meter nos assuntos dos outros. Seu lugar não é aqui.

— Ai é que você se engana. Eu tenho meus motivos para estar aqui.

— Oh, é mesmo? — Ela inquiriu com ironia. — Me diga, o que foi que elas lhe prometeram? Ouro? Joias? Ou algum outro tipo de tesouro? Ou será que foi a mão de uma das guerreiras do vilarejo? O que quer que tenha sido, não espere muito coisa. Essas mulheres são asquerosas. — A mulher-pássaro olhou com uma expressão de desgosto na direção de Cologne.

— Pela língua afiada, — A anciã tomou a frente. — Presumo que você seja Kiema, comandante das tropas de Saffron.

— Fico profundamente lisonjeada em saber que uma das anciãs saiba meu nome. — Kiema se curvou em gesto de deboche para Cologne. — Vigie sua retaguarda, garoto.

Um pouco preocupado, Ranma se virou para Cologne, analisando-a com cuidado.

— Não acredite nela, Ranma. Você sabe que eles não estão nada bem. Nas últimas semanas frustramos a maioria dos ataques deles. Eles estão ficando perdidos e vão tentar essas tácticas baixas para nos desestabilizar. Lembre-se, em breve teremos o mapa de Jusenkyo.

— Então eles lhe prometeram algo de Jusenkyo? Nesse caso confie menos ainda nelas.

— Kiima, — O menor de todos os combatentes, chamou. Ele era tão baixo que poderia facilmente ser tomado como uma criança. — Acredito que você não terá problemas com ele. Voltarei para o meu palácio agora.

— Como quiser, Lorde Saffron.

Todos do lado oposto olharam com surpresa para o homem diminuto. Certamente, ele se vestia como um guerreiro, tinha características comuns de seu povo e carregava um tipo diferente de lança.

— Quer dizer que esse pirralho é o tal do Saffron que eu tanto ouvi falar? Isso só pode ser brincadeira. — Ranma disse para ninguém em particular, sentindo-se indignado.

— Cuidado com a boca, mortal. — Saffron ameaçou, apontoando seu cajado, pronto para atacar.

No entanto, antes que pudesse agir, Kiema interveio:

— Por favor meu senhor, deixem-me cuidar deles.

— Faça como quiser. Vocês dois, — Apontou para dois servos. — Venham comigo.

Pelo chão mesmo, os três recuaram por entre as árvores, sumindo rapidamente.

— Shampoo, Mousse e Ranma, — Cologne chamou. — Cuidem de Kiema. O resto venha comigo.

A anciã saltou por cima da comandante e de outros dois guerreiros, que pareceram não se importar. De fato, nem mesmo olharam na direção da amazona.

— Somos apenas nós agora. Vocês acham que podem comigo e meus lacaios? — Kiema abriu os braços como se estivesse desafiando o trio a sua frente.

— Humph! Vocês não parecem grande coisa. Principalmente você de cabelo branco. — Ranma apontou para a líder. — Pela sua idade você parece ser bem experiente, mas contra mim, isso não vai servir para nada.

O jovem japonês sorriu ao ver a mulher estreitando os olhos e o movimento do canto da boca traindo sua expressão calma. O comentário fora feito de propósito com o intuito de desestabilizar o oponente. A tática se mostrou eficaz quando ela gritou ordens para os dois servos dela atacarem.

O primeiro deles, que atendia pelo nome de Masara vou baixo pela lateral. Com suas garras tentou agarra o herdeiro Saotome. O companheiro, Koruma, veio pelo outro lado com o intuito de atacar assim que o inimigo estivesse com os movimentos restritos.

Ranma desviou com facilidade das duas investidas saltando no ar. No entanto, Kiema previu e tentou surpreendê-lo com um ataque pelas costas usando seu espada.

Shampoo viu inimiga subindo, arma em mão para fazer um corte nas costas de Ranma. Seu corpo seu moveu com velocidade surpreendente e em um piscar de olhos, estava frente a frente com Kiema. Seus dois chius foram cruzados em um X, bloqueado a investida da mulher-pássaro. Ainda no alto, a chinesa chutou a outra na altura do umbigo, fazendo-as recuarem.

Mousse ficou de olhos arregalados ao perceber um dos inimigos indo em direção ao lugar onde Shampoo iria aterrissar. Da manga esquerda de sua robe, saíram três segmentos de corrente que envolveram o outro homem. O guerreiro Juketsuzoku usou sua força para girar e joga-lo violentamente contra segundo inimigo que se aproximava.

Ranma correu em direção a eles coma intenção de usar seus conhecimentos em shiatsu para deixá-los fora de combate. Foi então que seus sentidos dispararam. Imediatamente ele saltou no ar. Uma fração de segundo depois uma série de penas afiadas como como uma foice passaram por onde ele estava. Ainda no ar, manobrou o corpo e desviou por um tris de mais penas-lâminas arremessadas por Kiema, que vieram em sua direção. Alguns cortes superficiais apareceram em sua pele como resultado do ataque.

— Nada mal. — Comentou.

Aproveitando que a mulher se concentrava em Ranma, Mousse pôs suas mãos nas longas mangas, puxou diversas armas e as atirou na direção da inimiga.

Kiema não foi pega de surpresa. Sua atenção se voltou rapidamente para chinês de cabelos longos. Suas penas voaram despedaçando as armas arremessadas como se fosse papel e quase fazendo o mesmo com seu dono, que se jogos no chão para não sofrer maiores danos.

Shampoo tentou um ataque sorrateiro por trás, tentando pegar Kiema desprevenida. Quase conseguiu. Koruma bloqueou o chui que descia em direção a cabeça de sua superior, e Masara, golpeou a chinesa de cabelos púrpuros com um chute no ombro.

— Koruma, Masara, — A comandante chamou. — Recuem e façam como nós planejamos.

Kiema recou em grande velocidade por entre as árvores, enquanto seus dois subordinados correram cada um em direções diferentes. Ranma trocou olhares rápidos com Shampoo e Mousse, e sem pensar duas vezes, saiu em perseguição a Kiema.

Minutos e mais minutos se passaram com Ranma correndo pela floresta atrás de comandante. No começo ele conseguiu manter contato visual, no entanto, de alguma forma a mulher conseguiu desaparecer sem deixar qualquer rastro. O mais impressionante é que de alguma forma ela conseguiu esconder sua presença. Nem mesmo aguçando os sentidos ao máximo que pode, o garoto de rabo de cavalo conseguiu detecta-la ou seus subordinados.

— Droga! — Socou o tronco de uma árvore. — Para onde ela foi?

— Ranma. — Shampoo, com seus longos cabelos púrpuros desceu de uma das árvores. — Eles se foram.

— Não pode ser, eles devem ter se escondido em algum lugar.

— Acho melhor voltarmos agora. — Shampoo pegou em uma das mãos de Ranma. — Talvez a bisa tenha tido mais sorte com aquele garoto esquisito. Vamos.

— Não. — Ranma recolheu a mão e se virou na direção oposta da garota. — Eu vou continuar procurando.

— Ranma...

Shampoo puxou o garoto e um movimento rápido e roubou-lhe um beijo. Durante todo o tempo em que ele passou em seu vilarejo, Ranma a ignorou por completo, falando-lhe somente o necessário. O fato sempre ter alguém de por perto não ajudou muito. A ancião a havia proibido de tentar qualquer coisa com o garoto diante dos olhos do vilarejo. No entanto, ao estarem sós ela a encorajou a fazer pequenos gestos, "Faça-o ficar confortável em sua presença. Ranma precisa se tornar um membro de nossa tribo." Sua bisavó dizia. "E quando achar o momento certo, faça o que tiver que fazer." E foi isso que Shampoo fez. Sozinhos no meio da floresta, sua esperança era mostrar tudo o que ela sentia, todo o seu amor pelo garoto, mostrar que ela estaria disposta a fazer qualquer coisa por ele.

Ranma ficou de olhos arregalados por um segundo, até que entendeu o que se passava. Com um movimento brusco, agarrou Shampoo pelos ombros e a empurrou, jogando no chão.

— Que merda, Shampoo? — Ranma limpou os lábios com as costas das mãos, como se estivesse com nojo. — O que deu em você?! O que significa isso?! — Perguntou indignado.

— Você sabe muito bem o que isso significa. O que eu sinto por você nunca foi segredo para ninguém.

— Se afaste de mim. — Ele ordenou em tom de ameaça. — Estamos no meio de uma luta e é nisso que você pensa? — Perguntou indignado.

— Eu passei esse tempo todo te observando, Ranma. As vezes você parecia tão sozinho, triste. A Akane não deveria estar aqui com você? Me dê uma chance, por favor, e eu posso te provar que eu sou muito a mulher certa para você. — Shampoo suplicou do chão, os olhos mostrando a verdade de cada palavra dita.

— Esqueça, Shampoo! Esqueça! Eu já disse que não que nada com você.

Ranma deu as costas, sentindo a raiva fazer os cabelos se arrepiarem e sua pele pegar fogo. Ele queria esmurrar em Shampoo por ela o ter beijado forçadamente, após ele ter dita mais de uma vez que não queria nada com ela. Somente uma pessoa tinha direito de beija-lo daquela maneira. Seus pés se moveram, carregando por entre as árvores e para longe da garota chinesa.

No chão de terra da floresta, uma única frase preenchia os pensamentos de garota de cabelos púrpuros, "Faça o que tiver que fazer para que ele seja seu."

Escondido atrás de uma das árvores, Mousse viu toda a cena com a sua, agora, perfeita visão. Um nó se formou em sua garganta e ele teve que sua toda sua força de vontade para não ir lá, voltar aos velhos hábitos e lutar contra o Saotome. Porém todo esse tempo em que passaram juntos, ele pode ver que Ranma sempre deixou bem clara suas intenções com Shampoo. Ainda assim o forte sentimento de ciúme ao ver os lábios dos dois se unindo fez seu sangue ferver e suas dúvidas antigas voltarem. "Será que o que Ranma disse sobre a Shampoo foi verdade?"

Eu sei que o que eu fiz foi errado. O jeito que eu menti e me aproveitei do que eu não tinha direito foi imperdoável. É claro que tinha esperanças que as coisas iriam mudar e eu não iria precisar esconder mais o segredo, que eu poderia dizer o que sentia. E então nós seriámos felizes. Mas as coisas aconteceram de um jeito diferente.

Depois de um tempo eu finalmente tomei real conhecimento das minhas ações. Meu único jeito de redenção foi fazendo essa promessa. É por isso que eu estou aqui. Eu preciso encontrá-lo e levá-lo de volta. A qualquer custo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora eu não lembro se o nome da mulher é Kiima ou Kiema.

Um ponto para quem descobrir a referência do nome do capítulo :D

Críticas construtivas serão sempre bem-vindas.
Percebeu algum erro de português, concordância, formatação ou qualquer outro tipo? me avise para corrigi-lo.