Ranma veio saltando de galho em galho com suas incríveis habilidades acrobáticas. Seus pés pisavam com firmeza na madeira, sem vacilar em momento algum. Estar a uma distância considerável do chão e os finos e traiçoeiros segmentos das árvores que batiam em sua pele como navalhas, não pareciam incomoda-la. Ela parou por um momento e fechou os olhos. Seus ouvidos captaram os sons do vento batendo nas folhas das árvores, dos animais nativos e... Passos. O som de pés descalços amassando folhas secas vinha de diferentes direções. Seus olhos se abriram e se moveram rapidamente de um lado para o outro, tentando fazer contato visual com o mais próximo dele. E ela achou.

Um homem corria por entre as árvores sem olhar para trás, sabendo perfeitamente que estava sendo perseguido. Seu sabre pendia de sua cintura enquanto seus cabelos negros e úmidos insistiam em atrapalhar sua visão. Desacostumado com os pés humanos, sentia-se extremamente desconfortável correndo com eles. Para falar a verdade, preferia estar voando.

Sem os sentidos aguçados de um artista marcial de alto calibre, o homem não viu Ranma descendo em sua direção como uma águia dando o bote em uma cobra. Os pés se chocaram com as suas costas e ele rolou pelo chão.

A ruiva não perdeu tempo e avançou para terminar o serviço. Ela esticou e desceu os dedos indicador e do meio com o intuito de acertar um ponto específico no pescoço do inimigo para pô-lo para dormir. No entanto, encontrou apenas o chão. O homem de cabelos negros rolou para o lado, sacou o sabre e aplicou um corte lateral na altura da cintura.

A herdeira Saotome arqueou o corpo para trás e viu a lâmina passar rente ao seu corpo. Como um João-teimoso, voltou a posição e acertou um forte soco no maxilar do outro, seguido por um chute com a sola do pé na barriga. O homem bateu com as costas no tronco e deixou o sabre cair no chão. Antes que pudesse se recuperar, Ranma pressionou os pontos de shiatsu e inimigos caiu desfalecido no chão de terra.

As costas da pequena garota enrijeceu e os cabelos da nuca se arrepiarem. Seu troco se moveu levemente para a esquerda e seu braço direito se elevou na lateral. No espaço onde entre os dois, passou um sabre afiadíssimo que a teria empalado pelas costas se não tivesse sido rápida o suficiente.

Aproveitando o braço demasiadamente esticado, agarrou o pulso que segurava o sabre com sua mão esquerda, e golpeou seguidas vezes o rosto de seu atacante com o cotovelo direito, até ele ficar inconsciente.

Ao se virar, sentiu uma ponta de culpa quando viu que quem o havia atacado era uma mulher. Ela sempre evitou contra qualquer membro do sexo oposto ao se de nascimento, quanto mais ser violento como ela foi agora. A garota Saotome não teve tempo para se lamentar ao sentir um novo ataque surpresa.

Do céu, descendo em um arco, um homem alado tentou decapitá-la. A ruiva escapou realizado um salto mortal. Ao passar por cima do inimigo, usou a agua do cantil que carregava na cintura para ativar a maldição do homem-pássaro. Em menos de um segundo, todos os traços de ave sumiram. Sem as assas para suportar seu voo, caiu de cara no chão. Ranma pulou em sua direção e caiu sentado nas costas dele. Com a faca da mão, golpeou a nuca fazendo o ex-homem-pássaro se juntar aos seus companheiros no mundo da inconsciência.

A ruiva Saotome respirou aliviada e relaxou por alguns segundos deixando a tensão se dissipar. Porém, não teve muito tempo.

— Saotome! — Uma voz masculina a chamou. — Nós encontramos o comandante deles. Os outros já estão a caminho. Se corremos poderemos alcança-los. — Mousse avisou enquanto descia de uma árvore próxima. Ele jogou uma garrafa térmica para a ruiva que a usou prontamente. — Me siga. — Disse o chinês.

O agora rapaz de cabelos negros sorriu. Um mês atrás ele teria gargalhado das palavras de Mousse. Mas as coisas mudaram. Em troca da localização da fonte do homem afogado, Ranma aceitou ajudar as Juketsuzoku. Uma segunda exigência também foi feita pelo garoto japonês. Ele pediu que algo fosse feito em relação a visão de Mousse. Foi um pedido inusitado, mas que foi atendido.

Mousse ficou surpreso pelo pedido de Ranma e também furioso com as amazonas. O problema de sua visão foi resolvido de maneira simples e rápida. Cologne lhe deu um coquetel de chás medicinais, pressionou alguns pontos em sua cabeça e por último derramou um liquido florescente em seus olhos. Em três dias sua visão estava melhor de quando ele usava óculos. Ele simplesmente não podia acreditar que seu problema fora resolvido tão rapidamente. Anos de sofrimento poderiam ter sido evitados. "Por que que elas não fizeram isso antes?" Ele se perguntava frustrado.

Logo depois Ranma lhe explicou o motivo do pedido. Ele não confiava em nenhuma das amazonas. Toda a historia do beijo de casamento e beijo da morte, ainda estavam frescos em sua memória. Já que Mousse era um homem, logo ele não teria que se preocupar com esses problemas. Até onde ele sabia não existia nenhuma lei em relação de homens com homens. Só de pensar, Ranma tremeu.

E assim eles estreitaram seus laços de amizade. É claro, depois de Ranma afirmar de forma veemente com seus punhos que ele não queria nada com Shampoo. Não que a chinesa não fosse atraente . De fato, ela era linda. O grande problema era que sua atitude nos anos anteriores não somaram nenhum ponto positivo para o japonês.

Um mês havia se passado desde que Ranma aceitou a proposta de Cologne. Junto com Mousse e outros guerreiros da tribo, ele conseguiu enfrentar e derrotar os homens-pássaros. Cologne lhe explicou eles eram habitantes do Monte da Fênix. Um povo secular que por viver em contato constante com uma determinada fonte amaldiçoada, desenvolveu características peculiares. No entanto, Cologne não pode passar muitas informações sobre quais eram os planos deles, por exemplo. A anciã alegou que ela mesma não sabia quais eram os objetivos deles.

Mousse guiava o caminho sendo seguido de perto pelo garoto de rabo de cavalo. Não demorou muito e o grupo se juntou a Cologne, Shampoo e outras três guerreiras. O grupo havia tido sucesso em uma emboscada, impedido um novo ataque do povo da Fênix. Por sorte, eles encontraram o coordenador dos ataques. E era ele, ou melhor ela, que eles perseguiam nesse momento.

O grupo de inimigos foi encontrado logo a frente, voando um pouco acima das árvores. Ranma arrancou dois galhos e os arremessou como se fossem lanças, fazendo os inimigos pararem. Era hora de acabar com tudo isso e voltar a ser homem por completo.