A Grande Queda escrita por BobV


Capítulo 3
Na presença dos inimigos


Notas iniciais do capítulo

Informação irrelevante:
Já que o Dream Theater vai fazer uma série do shows aqui no Brasil, nada como fazer uma referência no titulo do capítulo.

Boa leitura.



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O sol já tocava as montanhas no horizonte e as primeiras estrelas começaram a brilhar no céu quando Ranma e Mousse entraram no vilarejo das Juketsuzoku carregando dois homens inconscientes. Por pouco não foram quatro. O chinês atacou Ranma assim que o impediu de cair em uma das fontes amaldiçoadas.

— O que você está fazendo aqui, Ranma? — Ele chiou. — Não me diga que você veio atrás da minha Shampoo?

— Hã? Shampoo? Dá um tempo, Mousse. Será que nem aqui eu tenho paz? Quantas vezes eu vou ter que dizer que dizer que eu não quero nada com ela?

— Mentiroso! Justamente quando eu consigo afastá-la de sua má influência, você decide voltar a nos atormentar.

E assim ele atacou. E o resultado não foi diferente dos que aconteceram no Japão. Depois de três os quatro pancadas na cabeça, Mousse se acalmou. Ele explicou que haviam rumores que Ranma estava na China, mas especificamente em Jusenkyo. E se esses rumores fossem confirmados, ele deveria levar o forasteiro para o vilarejo.

É claro que Ranma queria ficar o mais longe possível das Amazonas considerando todos os problemas que elas já lhe causaram. No entanto ao considerar que Mousse o salvou de ganhar mais uma maldição(ou mudá-la), decidiu acompanhá-lo.

O vilarejo continuava da mesma maneira como Ranma se lembrava. Com as mesmas casas simples, o mesmo chão de terra batida, o tronco gigante usado no torneio e as mesmas mulheres mal-encaradas. Bem, nem todas. Algumas lançavam um olhar apreciador, quase lascivo em sua direção, o que deixou um pouco desconfortável. Outras nem pareciam mulheres para falar a verdade.

Mousse entregou os três homens para um grupo de guardas armadas com lanças, e elas os levaram para longe da vista dos dois artistas marciais. Enquanto conduzia Ranma pelo lugar, o chinês explicou que eles eram agora prisioneiros de guerra, porém se recusou a dar mais detalhes. A caminhada parou em frente a uma casa dois andares claramente maior que qualquer outra e mais detalhada que as demais. Mousse bateu na porta e uma voz conhecida disse para entrar.

Já do lado de dentro, mesmo com apouca iluminação provida pelas velas, Ranma reconheceu imediatamente a figura diminuta a sua frente, sentada em um cadeira bebericando chá. Pele enrugada, longos cabelos brancos, olhos desproporcionalmente grandes comparados a sua face e vestida com a sua típica robe verde.

— Cologne.— Ranma rosnou sem ficar surpreso.

— Ora, ora. Veja o que temos aqui? Se eu soubesse que traze-lo para a China bastaria eu ir embora do Japão, eu já teria feito isso a muito tempo.

— Pode ir tirando o cavalinho da chuva, múmia velha. Eu não pretendo ficar muito tempo. Eu apenas vim aqui para pagar meu débito com o Mousse.

— Hum, interessante. Por favor sente-se e tome um chá comigo.

Ranma e Mousse sentaram-se em duas cadeiras. Um bule com chá estava posto na mesa redonda. O garoto japonês recusou o chá. A experiência lhe ensinou que nada de vem das amazonas vem de graça.

— Vamos direto ao ponto. É óbvio que fui eu quem deu a ordem para traze-lo aqui. Falando a verdade nua e crua: nós precisamos de sua ajuda.

— Não obrigado. — Ranma respondeu sem pensar.

— Genro, — Cologne sacudiu a cabeça negativamente. — será que você pode pelo menos me ouvir?

— Em primeiro lugar eu não sou seu genro. E em segundo eu já disse que não. E você sabe por quê? Eu conheço vocês. Provavelmente isso é algum tipo de esquema ou armadilha para me transformar em um membro da sua tribo. Foram dois anos que nós vivemos na mesma cidade. Eu sei muito bem da personalidade traiçoeira de vocês.

— Tirando conclusões precipitadas como sempre. Eu asseguro a você que não há armadilha alguma aqui. O que está acontecendo aqui é muito grave. Um guerra está prestes a acontecer.

— Que seja. — Ele sacudiu os ombros. — Eu não tenho nada a ver com isso. Essa guerra, se é que existe uma, é de vocês, não minha. Eu quero apenas achar a cura para a minha maldição e ir embora daqui. Essa guerra é de vocês que são guerreiras, eu sou apenas um artista marcial.

— Um bem poderoso diga-se de passagem.

— Esqueça, Cologne. Eu não vou ajudar nenhuma de vocês, não quero me meter nos assuntos de ninguém. Quero deixar a China o quanto antes.

— Ranma, você sabe o que nossos inimigos estão fazendo? Eles estão pilhando vilarejos mais isolados. Tomando suprimentos, matando todos. Mulheres e crianças não são exceções. Logo, logo eles irão fazer movimentos mais ousados e irão começar a atacar vilarejos maiores. Nem todos são guerreiros como nós. Haverá carnificina. Não é dever de um artista marcial defender os mais fracos?

— Eu não sei do que você está falando. — Desconversou, virando o rosto.

— Além do mais, nosso espiões informaram que há um plano envolvendo Jusenkyo. Não sabemos ao certo, mas parece que eles estão planejando desviar o fluxo subterrâneo de águas. Sabe o que isso significa? Que as fontes de Jusenkyo irão secar.

Ranma tentou manter a expressão de indiferença, no entanto era claro o seu desconforto ao saber que a cura poderia escapar de sua mãos. Isto é, se o que ela estiver falando for verdade.

— Se o pior acontecer, iremos precisar de guerreiros poderosos.

Como Ranma não pareceu convencido, Cologne decidiu pôr suas cartas na mesa.

— Se você nos ajudar, você poderá casar-se com a Shampoo.

Mousse foi silenciado com uma cajadada na cabeça disparada por Cologne antes que pudesse protestar, e Ranma apenas gargalhou.

— Parece que você melhorou bastante seu senso de humor, Cologne. Se você me chamou aqui apenas para isso, tchau!

Ranma levantou-se da cadeira, caminhou até a porta...

— Nós podemos ajuda-lo a achar sua cura.

E parou.

Cologne examinou as unhas como se procura-se por sujeira.

— A biblioteca das Amazonas é vasta. Nós costumamos usar as águas de Jusenkyo como castigo para os transgressores e para aqueles que falharam em sua missões. Nós sabemos a localização de diversas fontes específicas. Embora não saibamos a localização exata da que você procura, com um pouco de pesquisa será possível encontrá-la .

O garoto de rabo de cavalo ficou de costas para a anciã, imóvel, refletindo por diversos minutos. Será que o que ela está dizendo é verdade? considerando que a tribo fica nas adjacências do vale, é credível que elas conheçam bem lugar. Até onde ele sabia, Shampoo havia sido punida por falhar em cumprir sua missão. Então, sem dúvida eles conheciam bem Jusenkyo.

Em contrapartida, será que ele poderia confiar nelas? É verdade que Cologne já havia lhe ajudado no passado, mas não foram poucas as vezes que ela tentou usar algum meio mágico para controla-lo, tal como poções e etc. Não há como provar se o que eles estão dizendo é verdade ou não.

Todo e qualquer corrente de pensamento que ele viria a ter, foi cortado quando uma chinesa de longos cabelos roxos e curvas generosas, praticamente arrombou a porta e lhe deu uma abraço de urso.

— AIREN!!— Exclamou excitada.

— Sh-Shampoo?! Argh! Me solta!

— Saotome desgraç...

Mousse mais uma vez foi silenciado com uma pancada na cabeça. Cologne fez o mesmo com Shampoo para que ela se desgrudasse do japonês.

— Comporte-se, Shampoo!

— Mas bisa, Ranma vir de Japão só para ver Shampoo. — Ela respondeu coçando a área que foi atingida pelo cajado.

— Já chega disso. Nós vamos ter uma conversa bem séria Shampoo. Mousse, como já está escuro, deixe Ranma passar a noite em sua casa. Sem reclamações. Eu acredito que amanhã ele poderá me dar uma resposta.

Grunhindo e sussurrando insultos por entre os dentes, Mousse tirou Ranma de dentro da casa deixando as duas amazonas sozinhas. Os dois caminharam sozinhos e em silêncio pelas ruas escuras. Ainda haviam diversas pessoas caminhando pelas ruas, quase todas tinham um olhar de curiosidade para o par, especialmente para o forasteiro.

— Mousse, posso lhe fazer uma pergunta? — Estava ciente que o chinês disparava adagas com olhos em sua direção desde o pequeno encontro com Shampoo.

— O que é que você quer perguntar? — Ele disse rudemente.

— O que você viu na Shampoo? — Mousse fez uma cara de que não entendeu a pergunta. — Quero dizer, eu sei que ela é muito bonita e tal, mas o que você viu nela? Ela viveu uns dois no Japão, mas eu nunca cheguei a realmente conhece-la. Tudo que eu sei é que ela se apaixonou por mim porque eu a derrotei. As vezes eu fico confuso, se eu não fosse forte e não tivesse a derrotado, será que ainda assim ela iria gostar de mim?

— Aonde você quer chegar, Saotome?

— Você se lembra quando eu fiquei fraco por causa da moxibustão tira força? Se eu ficasse fraco pro resto da minha vida, será que ela ainda ia me querer como marido dela?

— Provavelmente não. Amazonas sempre procuram um homem forte para se casar. O motivo disso é para que dentre outra coisas, os herdeiros, ou melhor, herdeiras venham a ser as mais fortes possíveis.

— Acho que isso é o mesmo que dizer que a uma pessoa se apaixonou por a outra só porque ela é bonita, rica ou qualquer outra coisa assim, não? Não deveria haver algo além disso. Eu não estou tentando ser brega, mas as pessoas não deveriam se importar menos com a aparência?

—Bem, nem sempre ela foi assim. Ela ere uma garota extrovertida. Um pouco violenta comigo as vezes, é verdade, mas sempre bem doce e amigável com qualquer um, mesmo com pessoas que ela mal conhecia. E estava sempre disposta a ajudar os outros também. De certa maneira, ela me lembra um pouco da Akane. Aliás, como ela está?

— A Akane? Ela está bem... Eu acho.

— De qualquer forma, depois de um tempo, ela que ela passou a se importar mais com essas malditas leis amazonas do que com qualquer outra coisa. Você pode sentir isso na pele quando ela foi te caçar pensando que você era uma mulher, e depois quando descobriu que você na verdade era um homem. Acho que eu ainda vejo a Shampoo quando como éramos um pouco mais novos, que foi quando eu me apaixonei por ela. A verdade é que não me importa como ela é, eu sempre irei ama-la. Eu conheço a Shampoo além dessas leis, as aparências não importam para mim.

— Aparências não importam... — Ele sussurrou para si mesmo.

— O que disse?

— Não é nada. — Ele suspirou olhando para as estrelas.

Em outra parte do país, um garoto com uma enorme mochila nas costas e um guarda-chuva passava por entre árvores gigantes, olhando de uma lado para o outro, procurando por algum sinal de civilização.

— Mas que merda! Onde é que eu estou?! — Gritou. — É tudo culpa sua, Ranma Saotome. Você vai se ver comigo quando eu te achar.


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Notas finais do capítulo

Críticas construtivas serão sempre bem-vindas.
Percebeu algum erro de português, concordância, formatação ou qualquer outro tipo? me avise para corrigi-lo.

Até a próxima.